O Novo Começo
Começamos este ano - ou o recomeçamos, para os que já frequentam este espaço há algum tempo - mais uma vez, tal qual em anos passados, ora meio que com comentários diferentes daqueles feitos em anos anteriores, ora meio que [re]aproveitando os comentários de Tara Singh para algumas das primeiras dez lições. Comentários que acredito, tenham sido bastante proveitosos para todos, ou para a maioria, por algumas manifestações no próprio blogue novamente, ou mais uma vez pelo contato com aquilo que me disseram algumas das pessoas que frequentam o blogue desde o início, ou por pessoas dos grupos de estudos que passaram a fazer suas práticas acompanhando o blogue, algumas das quais com quem ainda mantenho contato, apesar de já não estar fazendo o papel de facilitador de nenhum grupo, há já algum tempo.
Isso continua a ser um estímulo para mim e me leva a seguir - no caso de mais este novo ano a continuar novamente com - a linha de comentários de Tara Singh para os primeiros 50 exercícios que terminamos ontem. Espero também que os comentários postados até aqui tenham servido para esclarecer ou revelar alguns aspectos que podem parecer mais difíceis para quem se aproxima das lições, quer pela primeira vez, quer pela segunda, terceira ou mais.
Hoje vamos começar de novo o primeiro período de revisão. Um período e uma revisão que nos oferece, mais uma vez, como não poderia deixar de ser, a oportunidade de voltarmos todos os dias a uma ou mais de uma das ideias que praticamos como forma de fixá-la(s) na mente - e no coração, se possível - ou mesmo entender - sempre no sentido de aceitar, lembram? - algum aspecto que passou despercebido no primeiro contato com ela(s). Este período, para quem não sabe ainda e também para os que já sabem, vai durar dez dias. Dez dias durante os quais vamos revisitar e praticar a cada um deles cinco das primeiras 50 lições.
E, mais uma vez, como nos anos anteriores, antes de entrarmos na revisão propriamente dita, para fechar este período em grande estilo e iniciar a nova etapa com a melhor disposição possível para a mudança, vou lhes oferecer de novo, como não poderia deixar de ser, a introdução aos comentários de Tara Singh, que é o quarto capítulo de seu livro A Course in Miracles - A Gift for All Mankind [Um Curso em Milagres - Uma Dádiva para Toda a Humanidade], livro que ainda não tem tradução para o Português.
O capítulo, no livro, se intitula The Daily Lesson Offers Miracles [A Lição Diária Oferece Milagres] e tem um subtítulo muito interessante sob a forma de uma pergunta [Will You Decide to Be Transformed?] que é nosso ponto de partida [tudo o que se segue a partir daqui, até o início da revisão, é a tradução do texto de Tara Singh].
Tu Te Decidirás a Ser Transformado?¹
Um Curso em Milagres existe para te despertar do sono do esquecimento. A função dele é pôr fim à separação. Quando o Curso diz: Toda a ajuda que puderes aceitar te será oferecida..., ele se refere àqueles que assumem um compromisso sincero consigo mesmos. Tu podes chegar à convicção para dizer: "Eu sou um estudante do Um Curso em Milagres"? Se puderes, vais ter um relacionamento com o espírito do Curso para o resto da vida.
Esta é uma decisão que tens de tomar. A decisão é: ou apelar para a energia da Mente, ou permanecer com a energia do corpo - o cérebro, o sistema de pensamento do ego. Uma decisão não é nem uma escolha, nem uma preferência. Ela não conhece nenhuma condescendência.
Sem a decisão, nunca descobrirás a energia da Mente - a Mente de Deus da qual és uma parte. Tu precisas da energia da Mente para dizeres: "Não aceitarei a separação. Desfarei a confusão, a tristeza e a ingratidão do cérebro. Apelarei para os milagres". Isto é transformação.
Quando ficas de mau humor ou te achas deprimido e desanimado, a energia da Mente te dirá que isto é ingratidão. A Mente não conhece a carência. O cérebro te dirá que não és capaz de lidar com isso, que tua situação deve ser deste ou daquele jeito. Ele sempre fará nascer uma carência e te tornará dependente do exterior. Para a correção interior, no entanto, tu sempre podes apelar para os milagres.
Estamos juntos, Cristo e eu,
na paz e na clareza de objetivo...
Estás seguro de teu objetivo? Sem a decisão alguém pode ter certeza? Toma tua decisão e porás em ação o poder da Mente. Tua decisão vai confirmar que tu não és uma vítima do tempo com suas ilusões. Quando tu, o Filho de Deus, tomas essa decisão, descobres tua própria pureza, tua própria santidade.
Isso faz sentido para nós, mas parece que não podemos chegar à decisão. No melhor dos casos, optamos pelo entusiasmo, que não dura. O ritmo de nosso desenvolvimento depende de nossa decisão de nos atermos a ela. Ater-se a ela significa entrar na intemporalidade na qual não há nenhuma ansiedade, nenhum medo, nenhuma separação.
Não é fácil, nem difícil, mas exige libertação do apego ao mundo dos sentidos. A questão é soltar. Não há nada mais a se fazer a não ser soltar. Não há nada para se realizar.
Um Curso em Milagres soluciona muitos dos problemas com os quais vivemos ao longo dos séculos. Até mesmo os profetas lutaram para vislumbrar as leis que o Curso compartilha: que não há nada para se realizar, que somos inocentes. A humanidade alguma vez já recebeu tal dádiva?
O Curso deixa muito claro que a compreensão não é necessária; ela não tem importância. Nós sempre pensamos que ela era importante. Toda a nossa vida foi dedicada a compreender. O Curso diz que não precisas compreender a lição, mas tens de praticá-la. De fato, tu podes até mesmo resistir à lição ou achá-la irritante. Está certo. Podes manter tua opinião; tua mente ainda não está treinada.
Tenta viver o dia inteiro com a lição. Podes descobrir por ti mesmo que, quer gostes, quer não, tua opinião não significa nada? Esta descoberta não seria da energia da Mente? Se te aferras a uma opinião acerca da lição, não estás limitado ao nível do cérebro e, deste modo, separado da energia criativa da Mente?
Se vais ler o Curso, tens de praticá-lo. A própria prática apresentará os milagres ao teu cérebro e trará à tona uma nova mente.
Prática e lembrança são sinônimos. De fato, escapar de tua rotina para lembrar a lição é mais importante do que aquilo que a lição do dia pode dizer. Se não puderes lembrar de fazer a lição, ela terá algum significado? Sem tua lembrança e prática, não estás sendo fiel ao Curso.
O tempo para se completar as lições é de um ano - 365 dias. No momento em que chegares à LIÇÃO 50 e às lições de revisão que se seguem, o Curso te conduzirá por um processo acelerado. O Cristo interior se torna teu Professor. E em cada lição há vislumbres de que és parte da Mente de Deus. A separação nunca aconteceu.
Agora começas a reconhecer que o Curso é uma espiral. A cada nível da espiral há menos cérebro e mais Mente. À medida que o "tu" começa a diminuir, o Cristo em ti começa a crescer.
A primeira espiral te ajuda a transcender a compreensão e a dominar a prática. Da prática tu te moves na direção da segunda espiral em que te tornas cada vez mais consciente da Mente que compartilhas com Deus. Este movimento acontece de forma involuntária.
Assim, na medida em que a condição mundana diminui, a santidade cresce. Que ação! Cada espiral desperta potenciais que nunca conheceste e nunca usaste. Ele te apresenta a quem tu és como o Altar de Deus na terra, e desperta tua capacidade de receber a luz da Mente. O cérebro se transforma sem resistência.
Na terceira espiral, tu te apaixonas pelo Curso e jamais o abandonarás. Teu apego às coisas do mundo começa a se desintegrar. Tu não te encaixas mais no mundo de ilusões à medida que tua lembrança de Deus, do Conhecimento Verdadeiro, desperta.
A convicção e a integridade emergem. E, por isso, os humores do cérebro, depressão, medo e insegurança têm pouco efeito. Agora tu tens a generosidade para oferecer a teu vizinho, a tua mulher, a teu marido, a teus filhos e filhas. O que é a vida sem a generosidade?
Aonde se compartilha a generosidade, a dependência desaparece. Tu tens a luz criativa da Mente para oferecer. E o que compartilhas é impessoal. Primeiro tu compartilhaste a proximidade física, agora compartilhas generosidade, gratidão, amor e verdade.
Se tornares as práticas das lições conforme prescritas a primeira de tuas prioridades, dentro de um ano podes estar transformado. Tu serás um estudante de Um Curso em Milagres?² Tomarás esta decisão?³
Nota da tradução:
¹, ² e ³: Estas três frases também poderiam ser traduzidas - e pode ser até que soassem melhor em relação ao clima que Tara Singh cria a respeito da necessidade da tomada de decisão e da diferença que ela faz - da seguinte forma:
¹ Queres te decidir a ser transformado?
² Queres ser um estudante de Um Curso em Milagres?
³ Queres tomar esta decisão?
*
REVISÃO I
Introdução
1. A partir de hoje, teremos uma série de períodos de revisão. Cada um deles abrangerá cinco ideias já apresentadas, começando com a primeira e terminando com a quinquagésima. Haverá alguns comentários curtos depois de cada uma das ideias a respeito dos quais deves refletir em tuas revisões. Nos períodos de prática, os exercícios devem ser feitos da forma indicada a seguir:
2. Começa o dia lendo as cinco ideias e os comentários incluídos. Depois disso não é necessário seguir nenhuma ordem particular para refletir sobre elas, embora cada uma deva ser praticada pelo menos uma vez. Dedica dois minutos ou mais a cada período de prática, pensando a respeito da ideia e dos comentários relativos a ela depois de lê-los. Faze isso com a maior frequência possível durante o dia. Se qualquer uma das ideias te atrair mais do que as outras, concentra-te naquela. Ao final do dia, porém, certifica-te de revisar todas elas mais uma vez.
3. Não é necessário abordar nem de forma literal ou minuciosa os comentários que se seguem a cada ideia nos períodos de prática. Tenta, em vez disso, enfatizar o ponto central e pensa nele como parte de tua revisão da ideia à qual ele se relaciona. Depois de leres a ideia e os comentários relacionados a ela, os exercícios devem ser feitos, se possível, de olhos fechados e quando estiveres sozinho em um lugar tranquilo.
4. Enfatiza-se isto para os períodos de prática em teu estado atual de aprendizado. Contudo, será necessário que aprendas a não precisar de nenhum cenário especial no qual aplicar o que aprendes. Vais necessitar de teu aprendizado principalmente em situações que parecem ser perturbadoras, mais do que naquelas que já parecem ser calmas e tranquilas. O objetivo de teu aprendizado é te capacitar a carregares a serenidade contigo e a curar a aflição e o tumulto. Não se faz isto evitando-os e buscando um refúgio de isolamento para ti mesmo.
5. Tu ainda vais aprender que a paz é parte de ti e só pede que estejas presente para envolver qualquer situação em que te encontrares. E, por fim, aprenderás que não há nenhum limite em relação ao lugar onde te encontras, de modo que tua paz está em todos os lugares do mesmo modo que tu.
6. Vais perceber que, para os objetivos da revisão, algumas das ideias não são dadas exatamente em sua forma original. Usa-as como são dadas aqui. Não é necessário voltar às declarações originais nem aplicar as ideias da forma sugerida então. Agora estamos enfatizando as relações entre as primeiras cinquenta ideias que abordamos e a lógica do sistema de pensamento ao qual elas te conduzem.
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LIÇÃO 51
A revisão para o dia de hoje abrange as seguintes ideias:
1. (1) Nada do que vejo significa coisa alguma.
A razão para isto ser verdade é que eu vejo o nada e o nada não tem nenhum significado. É necessário que eu reconheça isto, para eu poder aprender a ver. O que penso ver agora ocupa o lugar da visão. Eu tenho de abandoná-lo percebendo claramente que isto não tem nenhum significado, a fim de que a visão possa assumir seu lugar.
2. (2) Dou ao que vejo todo o significado que tem para mim.
Julgo todas as coisas que vejo, e é isto, e apenas isto, que vejo. Isto não é visão. É simplesmente uma ilusão de realidade, porque meus julgamentos são feitos de modo bem separado da realidade. Estou disposto a reconhecer a falta de legitimidade em meus julgamentos, porque quero ver. Meus julgamentos me ferem e eu não quero ver em consonância com eles.
3. (3) Eu não compreendo nada do que vejo.
Como eu poderia compreender o que vejo se o julgo errado? O que vejo é a projeção de meus próprios erros de pensamento. Não compreendo o que vejo porque o que vejo não é compreensível. Não há sentido em tentar compreendê-lo. Mas existem inúmeras razões para abandonar isto e criar espaço para o que pode ser visto e compreendido e amado. Posso trocar o que vejo agora por isto simplesmente estando disposto a fazê-lo. Esta não é uma escolha melhor do que a que fiz antes?
4. (4) Estes pensamentos não significam coisa alguma.
Os pensamentos de que estou ciente não significam nada, porque estou tentando pensar sem Deus. Aquilo que chamo de "meus" pensamentos não são meus pensamentos verdadeiros. Meus pensamentos verdadeiros são os pensamentos que penso com Deus. Não estou consciente deles porque crio meus pensamentos para tomar o lugar deles. Estou disposto a reconhecer que meus pensamentos não significam nada e a abandoná-los. Escolho tê-los substituídos por aquilo que eles pretendiam substituir. Meus pensamentos não têm significado, mas toda a criação está nos pensamentos que penso com Deus.
5. (5) Eu nunca estou transtornado pela razão que imagino.
Nunca estou transtornado pela razão que imagino, porque estou constantemente tentando justificar meus pensamentos. Tento constantemente torná-los verdadeiros. Torno todas as coisas minhas inimigas a fim de que minha raiva seja justificada e meus ataques sejam autorizados. Não percebo claramente o quanto uso de modo equivocado todas as coisas que vejo por lhes conferir este papel. Faço isto para defender um sistema de pensamento que me fere e que não quero mais. Estou disposto a abandoná-lo.
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COMENTÁRIO:
Para não tornar este período nem longo demais, nem enfadonho, vou me abster de fazer qualquer comentário, como os que faço para as lições normais, com uma ideia apenas para as práticas do dia a dia. Creio ser desnecessário, uma vez que cada uma das ideias que estamos revisando traz uma orientação para ser seguida. Se alguém achar que há alguma coisa a ser esclarecida em cada uma das ideias que revisamos, pode voltar aos comentários feitos a elas individualmente aqui mesmo. Ou entrar em contato comigo, conforme sua necessidade, pelo e-mail, ou pelos próprios comentários.
Às práticas?
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