sábado, 26 de novembro de 2016

É impossível conflito entre tua vontade e A de Deus


12. O que é o ego?

1. O ego é idolatria; o sinal do ser limitado e separado, nascido em um corpo, condenado a sofrer e a terminar sua vida na morte. Ele é a "vontade" que percebe a Vontade de Deus como inimiga e toma uma forma na qual ela é negada. O ego é a "prova" de que a força é fraca e de que o amor é amedrontador, de que a vida é, na verdade, morte e de que só aquilo que contraria Deus é verdadeiro.

2. O ego é louco. Com medo, ele se põe diante de Todos os Lugares, separado do Todo, separado do Infinito. Em sua loucura, ele pensa ter se tornado um vitorioso sobre o Próprio Deus. E, em sua autonomia insuportável, ele "percebe" que a Vontade de Deus foi destruída. Ele sonha com castigo e treme diante das imagens de seus sonhos; seus inimigos, que buscam assassiná-lo antes de ele poder garantir sua segurança atacando-os.

3. O Filho de Deus não tem ego. O que ele pode saber da loucura e da morte de Deus, se habita n'Ele? O que ele pode saber da tristeza e do sofrimento, se vive na alegria eterna? O que ele pode saber do medo e do castigo, do pecado e da culpa, do ódio e do ataque, se tudo o que existe à volta dele é a paz perene, livre de conflitos e imperturbada para sempre, no silêncio e na tranquilidade mais profundos?

4. Conhecer a realidade é não ver o ego e seus pensamentos, seus esforços, seus atos, suas leis e crenças, seus sonhos, suas esperanças  seus planos para a própria salvação e o custo que a crença nele cobra. Em termos de sofrimento, o preço pela fé no ego é tão imenso que a crucificação do Filho de Deus é oferecida diariamente em seu santuários sombrio, e o sangue tem de jorrar diante do altar em que seus seguidores doentios se preparam para morrer.

5. Porém, um único lírio de perdão transformará as trevas em luz; o altar às ilusões no santuário à Própria Vida. E a paz será devolvida para sempre às mentes santas que Deus criou como Seu Filho, Sua morada, Sua alegria, Seu amor, inteiramente Seu, um só com Ele totalmente.

*

LIÇÃO 331

Não há nenhum conflito, pois minha vontade é Tua.

1. Quão tolo, Pai, acreditar que Teu Filho pudesse causar sofrimento a si mesmo! Ele poderia fazer um plano para sua própria maldição e ser deixado sem uma forma segura de liberação? Tu me amas, Pai. Tu nunca poderias me deixar abandonado, para morrer em um mundo de dor e de crueldade. Como pude pensar que o Amor abandona a Si Mesmo? Não existe nenhuma vontade a não ser a Vontade do Amor. O medo é um sonho, e não existe nenhuma vontade que possa entrar em conflito com a Tua. Conflito é sono, e paz despertar. Morte é ilusão; vida, verdade eterna. Não existe nenhuma oposição a Tua Vontade. Não existe nenhum conflito, pois minha vontade é Tua.

2. O perdão nos mostra que a Vontade de Deus é Uma Só, e que nós a compartilhamos. Vamos olhar para as imagens sagradas que o perdão nos mostra hoje, a fim de podermos encontrar a paz de Deus. Amém.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 331

Chegamos hoje, mais uma vez - a sétima para os que acompanham as postagens deste blogue desde seu início -  à décima segunda das quatorze instruções que o Curso nos oferece para acompanhar e dar unidade às práticas das lições desta segunda parte do Livro de Exercícios. Esta parte que, como eu já disse várias vezes antes, de acordo com o Curso, quer nos oferecer os meios para que alcancemos a percepção verdadeira. 

O tema da instrução para a qual voltamos nossa atenção é: O que é o ego? E é necessário que voltemos a ele diariamente nos próximos dez dias. Ao menos uma vez antes das práticas com a ideia para o dia. Para tanto, como tenho feito desde o início das lições desta segunda parte do livro, vou continuar a postar a instrução a cada dia, antes de cada lição.

Conforme vocês já devem ter percebido, em particular aqueles que já estão passando por este ponto pela segunda, terceira ou mais vezes, esta instrução traz informações preciosas a respeito do ego [o falso eu que quer usurpar o lugar de Deus, como nos ensina o Curso] e de seu sistema de pensamento. Ao mesmo tempo ela nos ensina a olhar para além dele, para nos auxiliar a entrarmos em contato com a verdade do que somos, para nos colocarmos na posição e no lugar em que a Vontade de Deus, em Seu Amor infinito, quer que estejamos. E que é o único lugar em que podemos estar.

Vamos, pois, às práticas com a primeira das dez ideias que as lições deste período nos oferece. Uma ideia que mais uma vez busca nos ensinar o caminho para nos libertarmos de todos os conflitos que o sistema de pensamento do ego quer que acreditemos verdadeiros. Uma ideia que assegura não ser possível qualquer conflito entre a minha, a tua e a nossa vontades e a Vontade de Deus. É por esta razão, pois, que a ideia que praticamos para iniciar este bloco de dez lições diz: 

Não há nenhum conflito, pois minha vontade é Tua. 

É claro que já aprendemos que a Vontade de Deus e a nossa são a mesma e uma só. Por isso não deve haver nenhuma dificuldade a esta altura para nos alinharmos à ideia que praticamos. 

Por isso, podemos dizer em uníssono com a lição: 

Quão tolo, Pai, acreditar que Teu Filho pudesse causar sofrimento a si mesmo! Ele poderia fazer um plano para sua própria maldição e ser deixado sem uma forma segura de liberação? Tu me amas, Pai. Tu nunca poderias me deixar abandonado, para morrer em um mundo de dor e de crueldade. Como pude pensar que o Amor abandona a Si Mesmo? Não existe nenhuma vontade a não ser a Vontade do Amor. O medo é um sonho, e não existe nenhuma vontade que possa entrar em conflito com a Tua. Conflito é sono, e paz despertar. Morte é ilusão; vida, verdade eterna. Não existe nenhuma oposição a Tua Vontade. Não existe nenhum conflito, pois minha vontade é Tua.

Aproveitemos, pois, mais uma vez, a fim de facilitar a compreensão - tendo sempre em mente que compreender é aceitar - da ideia e estender a reflexão, para acompanhar a meditação de Julian de Norwich, mística do século XIV, que também mostra não haver nenhum conflito entre o que Deus quer para nós e aquilo que queremos. Vejamos o que ela diz:

Temos o poder de pedir a nosso Amado,
reverentemente,
tudo o que desejamos.

Pois nosso desejo natural é possuir a Deus
e o bom desejo de Deus é nos possuir.

Não deixaremos nunca de ter esse desejo e 
anseio,
enquanto não possuirmos nosso Amado
na plenitude da alegria.

Então, não teremos mais nenhum outro
desejo. 

E há também, para ilustrar claramente a necessidade de que aceitemos e escolhamos a Vontade de Deus, e apenas a Vontade d'Ele, como a nossa, a história do grande santo, que lutava para chegar a Deus, contada assim por Níkos Kazantzákis, em seu "Relatório ao Greco":

Um grande santo lutou durante quarenta dias e não pôde chegar a Deus; havia alguma coisa no meio que o impedia; depois de quarenta anos entendeu: era o jarrinho de que gostava muito porque jogava dentro dele a água que bebia e o refrescava: quebrou-o e, imediatamente, uniu-se a Deus.

E há ainda o koan budista que diz o seguinte:

O mestre conserva a cabeça do discípulo sob a água, por muito, muito tempo; pouco a pouco as bolhas se rarificam; no último instante, o mestre tira o discípulo, o reanima: quando tiveres desejado a verdade [Deus] como desejaste o ar, então saberás o que ela [Deus] é.

Então, quando não houver "mais nenhum outro desejo" a não ser o de conhecer Deus, fazer de Sua Vontade a nossa, há de ser porque reconhecemos, aprendemos e aceitamos o que o perdão nos mostra. Como diz a lição:

O perdão nos mostra que a Vontade de Deus é Uma Só, e que nós a compartilhamos [com Ele]. Vamos olhar para as imagens sagradas que o perdão nos mostra hoje, a fim de podermos encontrar a paz de Deus. Amém. 

Às práticas?

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