segunda-feira, 25 de maio de 2015

A porta para o contato com a verdade do que somos


LIÇÃO 145

Minha mente contém só o que penso com Deus.


(129) Além deste mundo há um mundo que eu quero.

(130) É impossível ver dois mundos.


*

COMENTÁRIO: 

Antes de nos debruçarmos sobre as ideias para a revisão de hoje, antes da exploração de cada uma delas, vamos voltar nossa atenção por alguns instantes para a questão da dor e de sua realidade, posta por nosso colega e companheiro de jornada, David, ao comentar a respeito da lição 142 e da anterior e de seus comentários. 

Óbvio é que, para a maioria de nós, estudantes do Curso, como o próprio David reconhece, quase todas as nossas experiências dizem respeito na maior parte do tempo à ilusão de que vivemos num mundo, neste mundo que, se pensarmos bem, só pode ser ilusório, uma vez que ele não bate em praticamente nenhuma de suas características com qualquer mundo em que viva qualquer uma das cerca de 8 bilhões de pessoas que o dividem conosco. Ou haverá algo comum no mundo que pensamos viver com qualquer outro mundo em que viva algum de nossos semelhantes? Com o mundo em que vive David, por exemplo? 

A experiência da dor, David, como toda e qualquer outra experiência que se apresenta em nossa vida é também uma escolha que fazemos. Seja ela uma dor física, em função de uma doença, ou de um acidente, seja ela uma dor psicológica, uma angústia, uma depressão, ou outra qualquer do gênero. 

É claro que ela é "real", por assim dizer, para quem a sente. No entanto, se já aprendemos que somos nós que criamos e construímos o mundo e as experiências que queremos viver nele, certamente seremos capazes de assumir 100% da responsabilidade por tudo o que acontece em nossa vida. É isso que pode nos dar a possibilidade de fazer escolhas diferentes, quando os resultados das que fizemos nos afastam da alegria, que é nossa condição natural. 

Então, David e colegas, a dor pode acontecer e ser inevitável em algum momento em nossa vida. Porém, não podemos nos identificar com ela, podemos escolher não transformá-la em sofrimento, acreditando em sua terrível realidade e nos deixando abater por ela. Ela, na verdade, não tem nunca nenhum poder, a não ser aquele que damos a ela. 

Ramana Maharshi, que faz parte mais uma vez deste comentário logo abaixo, passou os últimos longos anos de sua vida no corpo, acometido de uma doença que causaria uma dor insuportável dia após dia a qualquer ser humano comum, não desperto. No entanto, pelo que dizem os que o conheceram e escreveram sobre ele ao longo dos anos, ele nunca se queixou em momento algum. Espero que estas observações lhe sirvam de algum auxílio, David, e fique à vontade para continuar a conversa, se achar necessário. 

Vamos, então, à exploração da nossa lição de hoje. Mantenho o título dado à postagem no ano passado, por julgar que ele é pertinente com a questão do David.


Explorando a LIÇÃO 145


"Minha mente contém só o que penso com Deus."

Além deste mundo há um mundo que eu quero.

É impossível ver dois mundos.

As ideias que revisamos hoje são a sequência natural das ideias da revisão de ontem. Abrem nova porta para entrarmos em contato com a verdade a respeito do que vemos a partir da percepção do corpo e dos sentidos. Permitem que nos debrucemos sobre nossas escolhas para refletir a respeito do que nos mantém presos a este mundo. O que há nele que ainda queiramos? A que estamos apegados? 

São as práticas com estas duas ideias que podem explicar e nos fazer ver a razão pela qual não há nada que, de fato, queiramos neste mundo. Ele não é verdadeiro. Pelo menos não da maneira como o percebemos.

Elas também servem para assegurar que não nos sintamos perdidos em um mundo que é apenas fruto de uma ilusão da percepção equivocada. Uma percepção que tem por ponto de partida a crença na possibilidade de uma existência separada daquilo que somos verdadeiramente e, por consequência, separada de Deus e apartada de todas as manifestações d'Ele.

A segunda das ideia de nossa revisão de hoje, ao garantir que não é possível ver dois mundos, nos assegura a existência de apenas um mundo verdadeiro: aquele que está além do que vemos na ilusão e que é o que queremos.

E, mais uma vez - para nos lembrarmos -, o que o Curso nos pede não é que desistamos deste mundo, mas que o troquemos por um mundo muito mais satisfatório, mais pleno de alegria. Um mundo que pode nos oferecer a paz. Para tanto, basta escolhermos mudar nossa forma de pensar a respeito deste mundo que vemos. Como todos já aprendemos, não há nada a mudar fora de nós. Só dentro.

Precisamos nos lembrar também de que o mundo que vemos apenas reflete nossa forma de pensar, que, por sua vez, é influenciada por nossas crenças, para se tornar o reflexo de nossa escolha do que queremos ver. É só a partir de um ponto de vista equivocado que podemos pensar em mundo no qual possam existir o ódio e o amor ao mesmo tempo.

As práticas ensejam a mudança na forma de pensar, de que precisamos para limpar nossa consciência do auto-engano a que nos induz o sistema de pensamento do falso eu, em que este mundo de ilusões se baseia.

Às práticas, pois! 

OBSERVAÇÃO:

Nos dois últimos anos incluí aqui a informação de que neste dia, muitos anos atrás - na contagem do tempo que fazemos -, aconteceu meu nascimento neste mundo. O dia de nosso nascimento, como aprendemos, de nossos pais, e da educação que recebemos é algo a se celebrar. E é bom que nos deixemos contagiar pela alegria da celebração, desde que conscientes de que só celebramos o passageiro. 

Um amigo costumava dizer que o que há para ser celebrado a cada aniversário é apenas o fato de que ficamos cada vez mais próximos do encontro com aquilo que somos de verdade, de que, realmente, nunca nos afastamos. Na mesma linha de raciocínio dele, há algo que li no início deste ano, que me faz convidá-los a refletirem comigo a respeito desta celebração em especial.

O que li, e quero compartilhar com vocês, hoje, foi dito/escrito por Ramana Maharshi e é o seguinte:

"Em um de meus aniversários, enquanto eu estava em Virupaksha Cave, provavelmente em 1912, as pessoas à volta de mim insistiram em cozinhar e preparar a comida como que para celebrar a ocasião... (...) Quando, após a atividade de preparo da comida, a refeição acabou, Iswaraswamy, que costumava estar comigo naqueles dias, disse: 'Swamiji! hoje é seu aniversário. Faça, por favor, dois versos e eu farei dois também'. Foi então que eu escrevi estes dois versos que encontro neste caderno aqui. São estes:

1. Tu, que pretendes celebrar o aniversário, certifica-te de quando nasceste. O dia em que chegarmos a um lugar naquela vida que dura para sempre, que está além do alcance de nascimentos e mortes é o dia de nosso verdadeiro nascimento.

2. Mesmo nestes aniversários que acontecem uma vez por ano, temos de lamentar que tenhamos chegado a este corpo e caído neste mundo. Em vez disso, celebramos o evento com um banquete. Alegrar-nos por isso é como decorar um cadáver. A sabedoria está em perceber claramente o Ser e se deixar absorver por Ele.

Este é o propósito destes versos. Parece que entre as pessoas de uma certa região de Malabar existe o costume de se chorar quando uma criança nasce na casa de alguém e de se celebrar a morte com toda a pompa. Devíamos realmente lamentar ter deixado nosso estado real e ter nascido de novo neste mundo, e não celebrá-lo como uma ocasião festiva!" 

2 comentários:

  1. Agradecer os presentes que recebemos dos outros através de palavras e de tantos escritos que nos incentivam a crescer como seres humanos ou através de nossos ancestrais, partes nossas, de quem recebemos força e sabedorias. Sabemos que é dentro de nós que vivem os que virão de nós. Essa gratidão, nesse dia do nosso nascimento ,nos leva ao encontro da fonte original de onde viemos.Moisés, que esse dia seja de inspiração e que seus gestos de doação multipliquem-se nesse movimento de receber e repassar. Um dia de bênçãos para você.

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    1. Obrigado, Cida.

      Tomara possamos continuar as práticas por muitos e muitos anos, chegando cada vez mais perto do que somos, na unidade com o divino.

      Beijos,

      Moisés

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