quarta-feira, 8 de junho de 2022

Só aquilo que dás ao universo tu podes receber dele

 

LIÇÃO 159

Eu dou os milagres que recebo.

1. Ninguém pode dar o que não recebeu. Dar alguma coisa exige, em primeiro lugar, que a tenhas em teu próprio poder. Aqui, as leis do Céu e as do mundo estão de acordo. Mas aqui elas também se separam. O mundo acredita que para se possuir uma coisa ela tem de ser conservada. A salvação ensina o contrário. Dar é a maneira de reconhecer que recebeste. É a prova de que o que tens te pertence.

2. Tu compreendes que estás curado, quando ofereces a cura. Tu aceitas o perdão como realizado em ti mesmo, quando perdoas. Tu reconheces teu irmão como tu mesmo e, deste modo, percebes que és íntegro de fato. Não há nenhum milagre que não possas oferecer, pois todos te são dados. Recebe-os agora abrindo o depósito de tua mente aonde eles estão guardados e distribuindo-os.

3. A visão de Cristo é um milagre. Ela vem de muito além de si mesma, pois reflete o amor eterno e o renascimento do amor que nunca morre, mas que se manteve escondido. A visão de Cristo retrata o Céu, pois vê um mundo tão semelhante ao Céu que aquilo que Deus criou perfeito pode se espelhar aí. O espelho opaco que o mundo apresenta só pode mostrar imagens distorcidas em cacos. O mundo real retrata a inocência do Céu.

4. A visão de Cristo é o milagre no qual nascem todos os milagres. Ela é a fonte deles, permanecendo com cada milagre que ofereces e, ainda assim, continuando a ser tua. Ela é o laço pelo qual se unem em extensão doador e receptor aqui na terra, da mesma forma que são um só no Céu. Cristo não vê nenhum pecado em ninguém. E em sua visão os inocentes são como um só. A santidade deles foi dada por Seu Pai e por Ele Mesmo.

5. A visão de Cristo é a ponte entre os mundos. E podes confiar seguramente no poder dela para te levar deste mundo a um mundo que se tornou santo pelo perdão. As coisas que parecem sólidas aqui são apenas sombras lá; transparentes, vistas vagamente, esquecidas às vezes e nunca capazes de esconder a luz que brilha além delas. Devolveu-se a santidade à visão e os cegos podem ver.

6. Esta é a dádiva singular do Espírito Santo: a casa do tesouro à qual podes apelar com total segurança em busca de todas as coisas que podem contribuir para tua felicidade. Todas já estão depositadas aqui. Todas podem ser recebidas, basta pedir. Aqui a porta nunca está trancada, e não se nega a ninguém seu menor pedido ou sua necessidade mais urgente. Não há nenhuma doença que já não esteja curada, nenhuma falta não satisfeita, nenhuma necessidade não atendida dentro desta fonte preciosa de Cristo.

7. Aqui o mundo se lembra, de fato, do que se perdeu quando ele foi criado. Pois aqui ele se conserta, torna-se novo mais uma vez, mas sob uma luz diferente. Aquilo que devia ser o lar do pecado se torna o centro da redenção e o núcleo da misericórdia, onde os sofredores são curados e acolhidos. Ninguém será mandado embora deste novo lar, aonde a salvação espera. Ninguém é estranho para ele. Ninguém pede nada a ele a não ser a dádiva de sua aceitação e de sua acolhida.

8. A visão de Cristo é o solo sagrado no qual os lírios do perdão fincam suas raízes. Este é o lar deles. Daqui, eles podem ser levados de volta ao mundo, mas não podem crescer nunca em seu solo desnutrido e raso. Eles precisam da luz e do calor e do cuidado benigno que a caridade de Cristo oferece. Precisam do amor com que Ele olha para eles. E eles se tornam mensageiros d'Ele, que dão do mesmo modo que receberam.

9. Retira do depósito d'Ele, a fim de que seus tesouros possam aumentar. Seus lírios não deixam seu lar quando são levados de volta ao mundo. Suas raízes permanecem. Eles não deixam sua fonte, mas carregam sua benevolência consigo e transformam o mundo em um jardim igual àquele de onde vieram e ao qual vão mais uma vez com mais perfume. Agora são duplamente abençoados. As mensagens de Cristo, que trouxeram, foram entregues e voltaram para eles. E eles a devolvem a Ele com alegria.

10. Olha para o depósito de milagres planejado para dares. Não és digno da dádiva, se Deus escolheu que ela te fosse dada? Não julgues o Filho de Deus, mas segue no caminho que Ele indica. Cristo sonha o sonho de um mundo perdoado. É Sua dádiva, pela qual se pode fazer uma transição agradável da morte para a vida, da desesperança para a esperança. Sonhemos com Ele por um instante. Seu sonho nos desperta para a verdade. Sua visão nos dá o meio para uma volta a nossa santidade em Deus, nunca perdida e eterna.


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COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 159

"Eu dou os milagres que recebo."

Vamos buscar nos lembrar, mais uma vez, enquanto praticamos novamente a ideia de hoje, que já aprendemos, como o Curso ensina, que só temos, de fato, aquilo que damos? Esta é uma das ideias mais importantes que podemos aprender - e talvez das mais difíceis de se aceitar -, se desejarmos realmente alcançar a meta que o Curso propõe com seu ensinamento. Esta ideia contraria tudo aquilo que o mundo nos ensina a respeito da posse, a respeito de ter. Pois o mundo ensina que "ter" é algo separado de "ser". Enquanto o Curso ensina que "ter" e "ser" são sinônimos e que dar e receber são a mesma coisa.

O que o mundo nos ensina é apenas um equívoco, que tem origem na crença em uma separação que nunca aconteceu. Uma separação que não pode acontecer e não acontecerá jamais. Isto é, um equívoco gerado pela ideia de que podemos existir e viver separados/as da Fonte, de Deus, que é a origem da vida e da existência, dê-se a Ela/Ele o nome que quisermos. 

É por esta razão que o Curso ensina que "dar e receber são a mesma coisa". Pois só podemos dar aquilo que recebemos de Deus, quando queremos dar verdadeiramente. O que damos na experiência da ilusão não conta porque só faz aumentar a ilusão. Além disso, devolve a nós, muitas vezes, aquilo que não queremos. Porque acreditar que qualquer coisa ilusória [do mundo] possa ter qualquer valor é confirmar e reforçar a crença na separação. Da mesma forma que acreditar que qualquer coisa nos falte é revelador de que nos percebemos separados/as da Fonte, acreditando que não tenhamos recebido tudo, e que ainda nos falta alguma coisa.

Na criação, porém, recebemos tudo. Na verdade, ainda de acordo com este ensinamento, só temos, de fato, aquilo que somos [e damos], conforme eu já disse acima, e nunca é demais repetir. Por consequência, quanto mais aprendermos a dar de nós mesmos/as [sendo o que somos de verdade] a tudo, a todas e a todos [que também são o que somos], tanto mais receberemos.

As dúvidas que podemos ter acerca de dar se referem apenas ao fato de que, em geral, não sabemos qual é nossa função no mundo. Isto é, não temos certeza do propósito que nos trouxe até a experiência que passamos neste mundo.

Wayne Dyer, mais uma vez, pode nos socorrer a este respeito. Ele diz que cada um, ou cada uma, de nós chega a este mundo sem nada. E vai deixar o mundo exatamente da mesma maneira. Tudo o que fizermos no mundo, tudo o que adquirirmos aqui não vai nos acompanhar. É por isso que só podemos fazer com nossa vida uma única coisa: doá-la.

Dyer diz que o propósito da vida de cada um e de cada uma de nós envolve "o serviço". Envolve deixarmos de nos concentrar em nós mesmos/as e em interesses pessoais e nos colocarmos a serviço das outras pessoas todas do mundo de alguma forma [lembremo-nos de que tudo o que damos é a nós mesmos/as que damos].

A lição mais importante que podemos aprender, segundo ele, é aquela que nos faz decidir a deixar de encarar a vida de modo pessoal. Podemos eliminar todo e qualquer sofrimento se nos lembrarmos de que "nada no universo é pessoal". Sim, sim, é claro que, no mundo ilusório do ego, nos ensinaram, e vão continuar a nos ensinar sempre, encarar a vida de modo extremamente pessoal, mas este modo de encará-la faz parte apenas da ilusão, das tentativas do ego de provar sua existência, sua realidade.

É necessário, pois, aprendermos a domesticar o ego [que, na verdade, não existe a não ser como uma projeção de nossa crença na separação] - o que é bem possível a todos e todas, e a cada um e cada uma de nós - e a nos libertarmos totalmente de levar qualquer coisa para o lado pessoal. De novo: "Nada no universo é pessoal". Aquilo que recebemos dele tem a ver unicamente com o que oferecemos a ele. E o que podemos oferecer a ele é só o que temos, o que trazemos interiormente. Lembram-se do exemplo de ontem? O que podemos extrair da laranja se a espremermos?

Às práticas?

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