LIÇÃO 205
Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.
1. (185) Eu quero a paz de Deus.
A paz de Deus é tudo o que quero. A paz de Deus é minha única meta; o objetivo de todo o meu viver aqui, o fim que busco, meu propósito e minha função, e minha vida, enquanto eu morar em um lugar em que não estou em casa.
Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.
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COMENTÁRIO:
Explorando a LIÇÃO 205
Repetindo a postagem dos últimos anos com algumas pequenas alterações, e repetindo inclusive seu título, voltemos mais uma vez a atenção às perguntas feitas anteriormente:
O que eu quero? O que tu queres? O que queremos? Quem, de fato, sabe o que quer? Quem está buscando atender aos anseios mais profundos de seu coração? Será que alguém entre nós se ocupa verdadeiramente de buscar aquilo que quer ou, como a maioria, está preocupado tentando afastar aquilo que não quer?
Quem de nós já experimentou, alguma vez, alguma coisa, uma sensação melhor do que estar na mais absoluta paz de Deus e ainda pôde pensar que pode existir algo mais a se querer depois de experimentar essa paz?
Haverá - alguém pode afirmar de forma categórica a partir de sua experiência pessoal - algo melhor do que a paz de Deus para se desejar neste mundo, ou em qualquer mundo que possa existir?
A resposta a estas perguntas e a todas as perguntas que possamos ter e que possamos pensar e que possamos vir a fazer ao longo de nossa vida está na ideia que revisamos hoje.
A maioria dos equívocos a que nos leva o sistema de pensamento do ego se deve ao fato de ele nos fazer pensar que podemos, "um pouquinho só", enganar a Deus. Quer dizer o ego nos faz acreditar que podemos, sim, desejar pra valer as coisas do mundo e ao mesmo tempo estabelecer um relacionamento satisfatório com Ele. Na prática, isto não é nada mais do que auto-engano, ou a quem pensamos enganar, acreditando que podemos esconder alguma coisa de Deus?
É sempre só a nós mesmos que buscamos enganar, pois Deus não está em nenhum lugar que não em nós mesmos. Não existe um Deus exterior a nós, a quem possamos recorrer para nos livrar da dor, do sofrimento, da doença ou da morte. O único Deus que existe só diz sim a tudo o que escolhermos. E estas experiências, dor, sofrimento, perda, escassez, miséria, doença ou morte, só existem para aqueles de nós que as escolhem. Ou não acreditamos que existem pessoas felizes, alegres, satisfeitas com tudo o que têm, que não aspiram nada mais por que Deus - seu Deus interior - lhes dá tudo aquilo de que precisam em todos os momentos?
A pessoa, minha parceira, a mulher com quem divido meus dias desde muitos anos, a partir de uma conversa a respeito de uma das últimas experiências que tivemos em nossa viagem pelo sertão no ano passado, logo que voltamos, me lembrou de um filme a que ela assistiu, uma espécie de documentário, que retratava a experiência de um jornalista ocidental que passou um ano entre os mongóis, no deserto, junto àquelas tribos que vivem em tendas e se deslocam pelo deserto de período em período.
Para o jornalista, segundo ele mesmo, a experiência foi riquíssima, e ele queria, ao encerrar seu tempo entre os mongóis, enquanto eles finalizavam os preparativos para mais uma jornada, dar um presente de despedida aos que o acolheram, sem atinar o que poderia ser. Resolveu, então, perguntar a eles qual era a coisa de que mais sentiam falta. E eles não entenderam a pergunta. Pois é só a partir do ponto de vista do ocidental, que vive no dito mundo civilizado e tecnológico, que alguém pode pensar que uma tribo nômade pode sentir falta de alguma coisa em seu modo de viver.
Na verdade, a ideia de que alguma coisa pode faltar a alguém é apenas mais um dos disfarces a que recorre o sistema de pensamento do ego para nos fazer pensar que alguma coisa no mundo pode vir a nos satisfazer, a nos dar a felicidade. Nós nos comparamos, egoicamente, uns aos outros a partir daquilo que pensamos ter e que "falta" - em nossa percepção equivocada - a outros. Para nos julgarmos melhores do que outros. É aquela ideia: "eu tenho, você não tem". Ou a ideia da inveja que tenho de algo que outro "tem" e eu não. No entanto, isso só aprofunda mais e mais a ideia de separação, porque, por mais que acreditemos ter neste mundo, há sempre alguém que tem mais. E isso tira a paz de qualquer um que ainda esteja iludido, pensando que há algum valor em alguma coisa do mundo.
Na verdade, só quem tem a paz de Deus tem tudo. Nada lhe pode faltar. Lembram-se: "O Senhor [o divino em mim] é meu pastor e nada me pode faltar"?
É por isto que a ideia para as práticas de hoje pode nos ensinar - e ensina a quem quiser aprender de fato - a manifestar de forma clara e inequívoca o único desejo que pode nos levar a alcançar salvação, para nós mesmos e para o mundo inteiro, além de nos colocar a todos em contato com a luz de que somos feitos e que nos mostra a verdade a nosso próprio respeito.
Como eu já disse várias vezes antes - e repito uma vez mais hoje -, o pensamento que vamos utilizar para as práticas de hoje é o único pensamento verdadeiro de que precisamos para transformar de modo indescritível nossa experiência de estar no mundo. Ele é um pensamento que pode nos transportar para além de todas as aparentes barreira e obstáculos que parecem nos impedir de alcançar a alegria e a paz perfeitas, que são a Vontade de Deus para todos e cada um de nós.
Só por isso vale perguntar mais uma vez: Quanto tempo ainda vamos esperar para aceitar a ideia de que tudo o que queremos, de fato, é a paz de Deus? De que ela é a única coisa que pode preencher nossas vidas com a alegria perfeita e completa, que é a condição natural do Filho de Deus? Quanto tempo ainda vamos levar para decidir que só queremos que o Deus em nós viva a vida por nós e escolha o que é melhor para nós?
Às práticas?
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