quarta-feira, 1 de abril de 2020

Deus não limita nem nosso poder nem nossa vontade


LIÇÃO 92

Vê-se milagres na luz, e luz e força são a mesma coisa.

1. A ideia para hoje é uma extensão da anterior. Tu não pensas na luz em termos de força e nas trevas em termos de fraqueza. Isto porque tua ideia do que significa ver está presa ao corpo e a seus olhos e cérebro. Deste modo, acreditas que podes alterar o que vês colocando pedacinhos de vidro diante de teus olhos. Isto está entre as muitas crenças mágicas que vêm de tua convicção de que és um corpo e de que os olhos do corpo podem ver.

2. Tu também acreditas que o cérebro do corpo pode pensar. Se ao menos compreendesses a natureza do pensamento, só poderias rir desta ideia louca. É como se acreditasses que seguras o palito de fósforo que acende o sol e lhe dá todo o seu calor; ou que tens o mundo bem preso em tuas mãos até o libertares. Isto, não obstante, não é mais tolo do que acreditar que os olhos do corpo podem ver; o cérebro pode pensar.

3. É a força de Deus em ti que é a luz em que vês, assim como é com a Mente d'Ele que pensas. A força d'Ele nega tua fraqueza. É tua fraqueza que vê com os olhos do corpo, perscrutando de um lado para outro nas trevas para ver sua própria semelhança; o pequeno, o fraco, o doente, e o moribundo, os necessitados, o impotente e o amedrontado, o triste, o pobre, o faminto e o infeliz. Estes são vistos por olhos que não podem ver e não podem abençoar.

4. A força ignora estas coisas vendo além das aparências. Ela mantém seu olhar sereno sobre a luz que está alem delas. Ela se une à luz da qual é parte. Ela vê a si mesma. Ela traz a luz na qual teu Ser aparece. Nas trevas tu percebes um ser que não existe. A força é a verdade acerca de ti; a fraqueza é um ídolo venerado e adorado de forma falsa a fim de que a força possa ser afastada para que as trevas reinem no lugar em que Deus determinou que houvesse luz.

5. A força vem da verdade; e brilha com a luz que sua Fonte lhe dá; a fraqueza reflete as trevas de seu autor. Ela é doente e olha para a doença, que é igual a si mesma. A verdade é um salvador que só pode desejar a felicidade e a paz para todos. Ela dá sua força em quantidade ilimitada a todos que pedirem. Ela percebe que a falta em qualquer um seria uma falta em todos. E assim ela dá sua luz para que todos possam ver e se beneficiar como um só. Sua força é compartilhada, a fim de poder levar a todos o milagre no qual eles se unirão em intenção e no perdão e no amor.

6. A fraqueza, que olha nas trevas, não pode ver um propósito no perdão e no amor. Ela vê todos os outros diferentes de si mesma e não vê nada no mundo que queira compartilhar. Ela julga e condena, mas não ama. Ela permanece nas trevas para se esconder e sonha que é forte e conquistadora, uma vitoriosa sobre as limitações que, na escuridão, apenas crescem até atingir proporções enormes.

7. Ela tem medo e ataca e odeia a si mesma, e as trevas cobrem tudo o que ela vê, tornando seus sonhos tão amedrontadores quando ela própria. Aqui não há nenhum milagre, mas apenas ódio. Ela se separa do que vê, enquanto que a luz e a força se percebem como uma só. A luz da força não é a luz que vês. Ela não varia nem pisca, nem se apaga. Ela não muda da noite para o dia e de volta às trevas até que a manhã surja outra vez.

8. A luz da força é confiável, certa como o amor, eternamente alegre por se dar, porque não pode se dar senão para si mesma. Ninguém pode pedir em vão para compartilhar de sua vista e ninguém que penetre em sua morada pode sair sem um milagre diante de seus olhos, e sem a força e a luz habitando em seu coração.

9. A força em ti te oferecerá a luz e guiará tua visão para que não te demores nas sombras inúteis que os olhos do corpo provêm para o auto-engano. Força e luz se unem em ti e, onde elas se encontram, teu Ser fica pronto para te abraçar como àquilo que é Próprio d'Ele Mesmo. É este o ponto de encontro que tentamos achar e no qual descansar hoje, pois a paz de Deus está aonde teu Ser, o Filho d'Ele, espera agora para Se encontrar mais uma vez e ser um só.

10. Vamos dar vinte minutos duas vezes hoje para nos juntarmos a esta reunião. Deixa-te levar a teu Ser. A força d'Ele será a luz na qual a dádiva da visão te é dada. Abandona, então, a escuridão por um momento hoje e praticaremos ver na luz, fechando os olhos do corpo e pedindo que a verdade nos mostre como achar o ponto de encontro do ser com o Ser, no qual luz e força são a mesma coisa.

11. Praticaremos deste modo pela manhã e à noite. Depois do encontro da manhã, utilizaremos o dia na preparação do momento em que, à noite, nos encontraremos de novo em confiança. Vamos repetir com a maior frequência possível a ideia para hoje e reconhecer que estamos sendo apresentados à visão e conduzidos, para longe das trevas, na direção da luz onde só se pode perceber milagres.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 92


"Vê-se milagres na luz, e luz e força são a mesma coisa."

Esta ideia quer - e vai - revelar uma vez mais, para quem ainda não sabe, que luz e força são a mesma coisa. E quem de nós sabe disso? 

Como a lição anterior mostrou, é na luz que vemos milagres. A ideia para as práticas de hoje complementa e estende o alcance da lição de ontem. Daí a necessidade de que escolhamos a luz. Mas quem a quer escolher?

Quem dentre nós, de fato, quer a luz? Como diz a lição:

A ideia para hoje é uma extensão da anterior. Tu não pensas na luz em termos de força e nas trevas em termos de fraqueza. Isto porque tua ideia do que significa ver está presa ao corpo e a seus olhos e cérebro. Deste modo, acreditas que podes alterar o que vês colocando pedacinhos de vidro diante de teus olhos. Isto está entre as muitas crenças mágicas que vêm de tua convicção de que és um corpo e de que os olhos do corpo podem ver.

Todos vocês devem se lembrar de uma lição anterior: Eu quero que haja luz. Por mais incrível que pareça, é simples assim. Só depende de nossa decisão. A força está na nossa decisão, assim como a luz. Aliás, tudo depende apenas de nossa decisão. Inclusive a nossa salvação e, por extensão, a salvação do mundo. No entanto, a lição diz:

... acreditas que o cérebro do corpo pode pensar. Se ao menos compreendesses a natureza do pensamento, só poderias rir desta ideia louca. É como se acreditasses que seguras o palito de fósforo que acende o sol e lhe dá todo o seu calor; ou que tens o mundo bem preso em tuas mãos até o libertares. Isto, não obstante, não é mais tolo do que acreditar que os olhos do corpo podem ver; o cérebro pode pensar.

É a força de Deus em ti que é a luz em que vês, assim como é com a Mente d'Ele que pensas. A força d'Ele nega tua fraqueza. É tua fraqueza que vê com os olhos do corpo, perscrutando de um lado para outro nas trevas para ver sua própria semelhança; o pequeno, o fraco, o doente, e o moribundo, os necessitados, o impotente e o amedrontado, o triste, o pobre, o faminto e o infeliz. Estes são vistos por olhos que não podem ver e não podem abençoar.

Mas não é só quando reconhecemos o problema que ele pode ser resolvido? Quando vamos reconhecê-lo? Até quando vamos adiar a tomada de decisão? Até quando vamos escolher permanecer tateando nas trevas, com medo da luz? 

Vê-se milagres na luz, e luz e força são a mesma coisa.

A escolha é sempre de cada um de nós. E é por isso que ela é sempre individual. Isto é, nada nem ninguém a pode influenciar, mesmo quando acreditamos que foi este ou aquele fator, esta ou aquela pessoa que nos levou a escolher determinada experiência ou situação em nossa vida. 

Ou como diz o livro que eu lia num dos anos passados no momento em que preparava este comentário para postagem:

"Ninguém pode jamais prevalecer sobre os outros! A ideia de prevalecer sobre os outros é uma ilusão... um preconceito da velha humanidade conflituosa, predatória.. perdedora...".

Mesmo quando nos encontramos sob a influência de um grupo, por fazermos parte dele, as escolhas a serem feitas cabem a cada um. E têm de ser respeitadas, sob a pena de o grupo não se manter coeso, ou de aqueles de nós que pensarem ter suas vontades desrespeitadas terem de deixar o grupo. Ou pensamos que livre arbítrio significa o quê? Pois conforme a orientação da lição:

A força ignora estas coisas vendo além das aparências. Ela mantém seu olhar sereno sobre a luz que está alem delas. Ela se une à luz da qual é parte. Ela vê a si mesma. Ela traz a luz na qual teu Ser aparece. Nas trevas tu percebes um ser que não existe. A força é a verdade acerca de ti; a fraqueza é um ídolo venerado e adorado de forma falsa a fim de que a força possa ser afastada para que as trevas reinem no lugar em que Deus determinou que houvesse luz.

A força vem da verdade; e brilha com a luz que sua Fonte lhe dá; a fraqueza reflete as trevas de seu autor. Ela é doente e olha para a doença, que é igual a si mesma. A verdade é um salvador que só pode desejar a felicidade e a paz para todos. Ela dá sua força em quantidade ilimitada a todos que pedirem. Ela percebe que a falta em qualquer um seria uma falta em todos. E assim ela dá sua luz para que todos possam ver e se beneficiar como um só. Sua força é compartilhada, a fim de poder levar a todos o milagre no qual eles se unirão em intenção e no perdão e no amor.

Vê-se milagres na luz, e luz e força são a mesma coisa.

De acordo com o texto intitulado A herança do Filho de Deus, as leis de Deus existem para a nossa proteção, e, mesmo quando O negamos, aquilo que experimentamos ainda é para a nossa proteção, pois o poder de nossa vontade não pode ser diminuído sem a intervenção de Deus contra ele [contra o poder de nossa vontade, o que levaria Deus a investir, na verdade, contra Sua Própria Vontade e contra Seu Próprio Poder]. 

Porém,  se em algum momento tal coisa acontecesse, ficaria caracterizado o fim do livre arbítrio. Mas, uma vez que Deus não é um ditador todo-poderoso, ainda de acordo com o texto, não é Vontade d'Ele qualquer limitação ao nosso poder. Ele nem mesmo se opõe a qualquer uma de nossas vontades, ainda que saiba que estamos querendo muito pouco. Limitando nosso desejo à forma, é como se disséssemos: "Eu não tenho necessidade de tudo. É só esta pequena coisinha que quero e ela será tudo para mim".

Onde está a força de uma escolha assim? Em que a podemos comparar com a força de Deus? Se a Vontade de Deus é que tenhas tudo, por que escolhes menos do que tudo? Vê-se que estamos nas trevas mesmo. Não é possível ver milagres nas trevas. Precisamos nos aproximar da luz. Escolhê-la.

Vê-se milagres na luz, e luz e força são a mesma coisa.

Em função disso é que cabe a cada um de nós escolher o que quer viver, sabendo que nunca há nenhuma razão para culpar ou responsabilizar Deus ou qualquer outra pessoa pelo que vivemos, a não ser para uma percepção equivocada. É, portanto, escolha de cada um viver ou a experiência de um mundo ilusório cheio de equívocos e de coisas assustadoras, horríveis, más, ou a experiência de um mundo no qual todos podem viver um "sonho feliz" e tudo o que se vê são os milagres que o amor mostra, a partir do perdão que oferecemos a tudo e a todos. Mas igualmente ilusório. Pelo menos enquanto tivermos a necessidade da percepção e dos sentidos.

Seguir com toda a atenção possível as instruções da lição deste dia, pode nos levar à luz e a ver os milagres que ela traz consigo. 

Às práticas?

ADENDO:

Caros, caras,

Este texto foi escrito no dia 28 de março, após a prática da lição 88 no oitavo dia da segunda revisão. É algo para se pensar, para se refletir e buscar perceber claramente onde nos encontramos e o que estamos fazendo de nossas vidas, a que estão servindo nossas práticas, se é que estão servindo de alguma coisa.

Praticamos neste dia com a ideia que nos dizia que "a luz veio" e também a que afirmava não estarmos sujeitos "a nenhuma lei a não ser às de Deus". 

Neste período de nossas vidas, neste tempo, em que nos pusemos de quarentena, em isolamento social para não sermos dominados, subjugados e mortos, por um vírus, conseguimos (?), conseguiremos (?) ver a luz?

Ora, o vírus veio. E, mesmo assim, parece-nos possível dizer, neste instante, que não estamos sujeitos a nenhuma lei a não ser às de Deus, não é mesmo?

O vírus veio. E a luz? Será o vírus a luz? Serão as leis do vírus similares às leis de Deus?

Talvez o vírus e as as leis que vêm dele, de sua presença entre nós, façam com que possamos parar por alguns instantes para perceber claramente o que o Curso quer dizer quando afirma que não há mundo, ou que este mundo, assim como o vemos, a partir dos sentidos do ego - a falsa imagem de Deus e de nós mesmos que construímos - é neutro.

O vírus não toma partido, é neutro também. E claro que, de acordo com as projeções, o número maior de mortos se dará entre os pobres, mas não por escolha do vírus, ou de Deus, e sim por escolha nossa, de nossos governantes ou de nosso modo de viver.

É nossa forma de vida, de utilização do planeta e de sua exploração e do esgotamento de seus recursos, da exploração de outros de nós, seja por que meio for, seja da forma que for, que dá condições para que situações como esta que vivemos agora emerjam, se concretizem em nossa experiência.

É nossa falta de compaixão, nossa incapacidade de repartir, de dividir o pão que coloca a maioria das pessoas no mundo em situação de penúria, de pobreza extrema e de saúde precaríssima, nas piores condições possíveis e imagináveis de vida.

Há como mudar isso?

Sim! E não!

Sim, para aqueles de nós que já entenderam a neutralidade do mundo, sua inexistência como realidade verdadeira. Quer dizer, para aqueles de nós que já se perdoaram e perdoaram o mundo, por perceberem que ele não é nada senão a projeção daquilo que trazemos dentro de nós mesmos. E, sabendo disso, resolveram projetar sobre o mundo apenas uma imagem de luz, oferecendo ao mundo, e a tudo e a todos nele, apenas seu amor, sua compaixão, sua alegria e seu perdão. 

Lembremo-nos! Começando pelo perdão a nós mesmos, que o único de que o mundo necessita, uma vez que não há outro modo de perdoar o mundo. Libertá-lo de tudo o que pensamos que ele é, como ensina também uma das lições que veremos adiante.

E não!

Não há como mudar este estado de coisas, porque à grande maioria das pessoas que povoa o mundo não foi dada a consciência de que o mundo em que vive é sua escolha. Não lhes foi dito que elas podem escolher o mundo em que podem viver.

É por esta razão, entre outras, que, diz-se, Jesus afirmou que pobres e doentes vão existir sempre.

Assim como Deus é apenas uma ideia, o vírus que tratamos como ameaça à vida de milhares, quiçá milhões, de pessoas, é também uma ideia tão somente. Lembram-se de que falei há pouco da lição que diz: "se me defendo, sou atacado", quando me referi pela primeira vez a este momento, a este assunto?

O que aquela lição tem a ensinar, a meu modo de ver, é que não há nada que nos possa atacar, a não ser nossos próprios pensamentos, nossa crença, como o Curso também ensina.

A lição, portanto, para a qual devemos voltar nossa atenção a todo momento é outra. É aquela que afirma que "não ha nada a temer". O medo, como já se disse vezes sem fim, é um péssimo conselheiro.

Por quê?

Porque o medo é do ego, que não existe na verdade. Tememos por nosso corpo, por sua morte. Mas não somos corpos, como vimos na lição de ontem. O que somos, em verdade, não tem nada a ver com corpos, por mais que o ego e seu sistema de crenças tente nos convencer disso.

Cuidem-se! Cuidemo-nos uns dos outros. Cuidemos de nossa sanidade, a partir de nossa santidade, de nossa inocência. Somos a luz do mundo. Busquemos iluminá-lo e não nos entreguemos às trevas.

Paz e bem!

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