quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Quanto tempo até entendermos a Vontade de Deus?


5. O que é o corpo?

1. O corpo é uma cerca que o Filho de Deus imagina ter construído para separar partes de seu Ser de outras partes. É dentro desta cerca que ele pensa viver para morrer quando ela enfraquecer e se deteriorar. Pois dentro desta cerca ele pensa estar a salvo do amor. Identificando-se com sua segurança, ele percebe a si mesmo como aquilo que sua segurança é. De que outra forma ele poderia ter certeza de que permanece no interior do corpo e de que mantém o amor do lado de fora?

2. O corpo não permanecerá. Mas ele vê isto como segurança em dobro. Pois a impermanência do Filho de Deus é "prova" de que suas cercas funcionam e cumprem a tarefa que sua mente atribui a elas. Pois, se sua unidade ainda permanecesse intocada, quem poderia atacar e quem poderia ser atacado? Quem poderia ser vitorioso? Quem poderia ser sua presa? Quem poderia ser vítima? Quem o assassino? E, se ele não morresse, que "prova" haveria de que o Filho de Deus pode ser destruído?

3. O corpo é sonho. Igual a outros sonhos, algumas vezes ele parece retratar a felicidade, mas pode bem repentinamente retroceder para o medo, onde nascem todos os sonhos. Pois só o amor cria na verdade e a verdade nunca pode ter medo. Criado para ser medroso, o corpo tem de servir ao propósito que lhe foi dado. Mas nós podemos mudar o propósito a que o corpo obedecerá mudando o que pensamos acerca de sua finalidade.

4. O corpo é o meio pelo qual o Filho de Deus volta à sanidade. Ainda que ele tenha sido feito para prendê-lo no inferno de forma irremediável, apesar de a meta do Céu ter sido trocada pela busca do inferno. O Filho de Deus estende sua mão para alcançar seu irmão e para ajudá-lo a caminhar pela estrada junto com ele. O corpo se torna sagrado imediatamente. Agora ele serve para curar a mente à qual ele tinha feito para matar.

5. Tu te identificarás com aquilo que pensas que te deixará seguro. Seja isso o que for, acreditarás que é um contigo. Tua segurança está na verdade, e não em mentiras. O amor é tua segurança. O medo não existe. Identifica-te com o amor e estás seguro. Identifica-te com o amor e estás em casa. Identifica-te com o amor e encontras teu Ser.

*

LIÇÃO 269

Minha visão vai além para ver a face de Cristo.

1. Peço Tua bênção sobre minha visão hoje. Ela é o instrumento que Tu escolheste para vir a ser o modo de me mostrar meus erros e de olhar para além deles. Cabe a mim encontrar uma nova percepção a partir do Guia que Tu me deste e, a partir das lições d'Ele, ultrapassar a percepção e voltar à verdade. Peço a ilusão que transcende todas as que inventei. Hoje escolho ver um mundo perdoado, no qual todos me mostram a face de Cristo e me ensinam que aquilo para que olho me pertence, que não existe nada a não ser Teu Filho santo.

2. Hoje, de fato, nossa visão é abençoada. Compartilhamos uma só visão, quando olhamos para a face d'Aquele Cujo Ser é o nosso. Somos um por causa d'Ele Que é o Filho de Deus, d'Ele Que é nossa própria Identidade.


*

COMENTÁRIO:


Explorando a LIÇÃO 269

Antes de entrar no comentário à lição, vou novamente registrar e agradecer a nossa colega Cida Guimarães por um comentário feito por ela, em anos passados, após nossas práticas com a ideia da lição 266: Meu Ser sagrado vive em ti, Filho de Deus


Contou-nos ela, na ocasião, que estivera fora do Brasil, distante das práticas e do contato com blogue, prática diária que passou a retomar aos poucos.

Uma vez que ela ainda está conosco, quero agradecer a ela, exatamente por isto, por estar conosco e se dar ao trabalho de compartilhar suas vivências. Quanto ao aprendizado que ela disse ter tido fora do país, e que considerou bastante significativo, foi o fato de não ter tido preocupações ou medos sobre a realidade brasileira, por ter ficado sem saber dos acontecimentos por aqui. O que, pode-se dizer, é apenas a confirmação de que não existe nada fora, como o Curso ensina. 

Na verdade, "a realidade brasileira" é apenas mais um dos aspectos da ilusão que nos oferece o mundo, que construímos, individual e/ou conjuntamente, em nossas mentes. A Realidade é una e diz respeito ao Ser sagrado que somos e de que fazemos parte na unidade. Não existem aspectos separados por indivíduos ou nações, a não ser na ilusão. Assim, é muito claro que ao nos afastarmos momentaneamente de uma situação para colocar nossa atenção em outra, a situação de que nos afastamos desaparece, pois já não ocupa espaço em nossa mente.

O outro ponto de que Cida falava em seu comentário é também passível de ser visto a partir do ensinamento do Curso como a confirmação da ideia para as práticas de sábado. O Ser sagrado de cada um de nós vive no Filho de Deus, em nós mesmos. Ou não seria sagrado. Ou não seríamos como Deus nos criou. É também muito claro que quando nos pomos em contato com a natureza e nos deixamos levar, ou fluir, por seu ritmo, estamos simplesmente deixando que tudo seja exatamente como é, ou seja, estamos praticando liberar o mundo de tudo o que pensávamos que ele fosse. Daí, só podem surgir paz e alegria. 

Por outro lado, quando nos deixamos absorver pela estática e pelo burburinho de gentes e gentes nos espaços urbanos [e nos espaços das redes sociais também, é claro] que têm pressa, precisamos fazer um grande esforço para não sucumbir aos enganos do ego, do falso eu, e embarcar no julgamento.

Assim, é como Cida dizia, a integração de vivências diversas exige que nos desapeguemos de nossas preferências - que são sempre do ego -, para ampliar nossa visão e perceber que é só a ilusão que nos cerca e que, por isso, é preciso que nos voltemos sempre e cada vez mais para dentro de nos mesmos na busca do equilíbrio e da visão crística, que só o Ser sagrado em nós nos pode oferecer.

E outra vez agradeço a Cida por estar conosco, acompanhando nossas práticas, e por fazer parte de nosso convívio.

Dito isto, então, acho que vale a pena repetir ainda uma mais vez o comentário feito anteriormente para a lição deste dia. É uma forma de estender e ampliar o alcance da reflexão da ideia para as práticas. Assim, como o fiz em anos passados, em lugar de um comentário feito por mim, vou dividir de novo com vocês um pequeno capítulo que traduzi do livro "Christ in You" [O Cristo em ti] de que já falei outras vezes. 

Como já disse antes também, cada um dos capítulos do livro é uma lição. Esta em particular, acredito, pode ser de grande auxílio para o aprendizado da mudança de percepção. Ela trata dos processos que os pensamentos desencadeiam, o que nos permite aprender que precisamos prestar mais atenção a eles ["Orai e vigiai."], se de fato quisermos aprender a olhar e a ver em todos a face de Cristo.

A lição/capítulo se intitula A vontade de Deus e diz o seguinte:

Quanto tempo demora para entendermos a vontade de Deus!

Com frequência usas a expressão: "eu me decidi". Esta expressão tem um significado muito forte, se parares para refletir a respeito dela, pois naquele processo mesmo começas a trazer para a manifestação o desejo da mente. Desta forma dizes: "Percebo uma condição errada em minha mente, em minha mentalidade, em minhas circunstâncias; vou me decidir que isto desapareça". Mentalmente pões em movimento as forças visíveis e invisíveis do universo para realizar tua vontade.

Vês, é impossível viver de forma desatenta ou leviana no plano espiritual e estas lições seriam inúteis para qualquer um que não tenha despertado para a verdadeira consciência espiritual, a consciência da humanidade divina, o Eu Sou. De que forma a vontade de Deus pode se exprimir a não ser pela vida, pela humanidade nos corações e mentes de seres que existem n'Ele Mesmo? Sabe, portanto, que a vontade de Deus opera em ti mesmo.

Como é, então, que as coisas que queremos e desejamos não vêm a nós, podes perguntar.

Porque no mais fundo em todos os teus desejos, pensamentos e propósitos existe, por assim dizer, uma propensão oculta, o pensamento dentro do pensamento, o desejo dentro do desejo, e aquilo que tu mais desejas verdadeiramente está sempre na raiz de todas as tuas impressões passageiras e humores do momento. Não sentes muitas vezes que a própria coisa que desejas não é para teu bem permanente? Bem, essa mesma ideia vaga, essa leve sugestão, é do teu Ser que está fazendo tua vida. Dentro de ti mesmo, tu conheces a verdadeira qualidade, as experiências verdadeiras melhor indicadas para teu bem mais elevado. Quando fazes uso integral desta sugestão sutil por detrás de todo o teu sistema de pensamento, tu estás em unidade com a vontade de Deus, que é tua própria vontade. Esta é a voz do espírito, presta atenção a seus sussurros. Não peques contra o Espírito Santo*, ou perderás teus olhos e teus ouvidos e te tornarás cego e surdo*.

No plano dos sentidos isto é mais desastroso, porque tu estás exatamente aonde estás para cumprir a vontade de Deus. Ela é tua comida e bebida. Esta voz interior é tão delicada e tão sutil que tens de permanecer bem tranquilo e humilde, se quiseres ouvi-la. Deixa que Jesus [não a pessoa, mas o Cristo] fale contigo mais e mais, lê os Evangelhos até seres guiado mais e mais na direção de eliminar o véu que te esconde de teu Ser verdadeiro. Eu só respondi a tua pergunta, mas espero falar contigo de novo a respeito deste assunto.

Paz, Graça Celestial. Deus vive em ti, Ele é tua vida.


*NOTA: 


Uma observação apenas em relação a esta frase. Este texto foi publicado pela primeira vez em 1909/1910. Em meu modo de ver, de acordo com o ensinamento do Curso, "pecar contra o Espírito Santo" significa apenas fazer o que fazemos diariamente ao não darmos ouvidos a esta voz interior em nós mesmos [talvez possa se dizer que pecado é sinônimo de inconsciência, de falta de atenção], o que traz como resultado toda a insatisfação que vemos no mundo, a partir de nossa própria insatisfação, por estarmos a maior parte do tempo em transe, isto é, cegos e surdos. 

OBSERVAÇÃO:

Desculpem-me um texto tão longo, mas não posso, mais uma vez, me furtar a repetir aqui também - porque se refere à ideia que praticamos hoje - uma pergunta feita há já algum tempo por uma de nossas colegas de grupo de estudos. Pergunta feita de longe, pois ela estava em viagem pelos países do Leste Europeu quando lhe surgiu a dúvida. Publico aqui também a resposta que dei a ela na ocasião. Abreviando tudo ao máximo para não me alongar demais. 

A pergunta:

Nós que participamos do [grupo de estudos do] curso temos muitos propósitos em comum; certo que são vários e que com muito esforço tentamos dia a dia nos corrigir. Agora, o que eu quero aprender é como lidar com pessoas que não têm nenhum objetivo de mudar ou mesmo achar que nunca têm equívocos e que sempre estão certas. Existe uma resposta para isso ou o silêncio e a aceitação total do outro é que vale? 

A resposta:



Se você estiver bem lembrada do que o Curso ensina, "não existe nada fora". Isto quer dizer que "o outro" [ou os outros] não existe, a não ser como uma projeção de uma parte minha que ainda não reconheci, não acolhi, aceitei, em mim e não agradeci por ela se ter apresentado.

O fato de termos problemas em nossos relacionamentos é revelador apenas da necessidade de que atentemos à orientação do Curso e tomemos a decisão de olhar para o mundo [que, aliás, só existe também como projeção de tudo aquilo que trazemos dentro de nós] de modo diferente.

O que o Curso quer nos ensinar quando nos aconselha a perdoar o mundo é apenas isto: se o mundo se está apresentando de alguma forma que não nos deixa felizes, que nos afasta da alegria, é porque o estamos olhando com os olhos do falso eu, do ego. Isto é, estamos oferecendo ao mundo um julgamento de nós mesmos, considerando-nos culpados por alguma coisa, mesmo que não vejamos isto de forma consciente. É por isto que o Curso diz: "perdoa e verás de modo diferente".

Assim, em resposta a sua pergunta, que você já respondeu para si mesma, mas que o ego [o falso eu] em você parece não querer aceitar ainda, a resposta para isso é, sim, "o silêncio e a aceitação total do outro" [uma visão que vai além para ver no outro, e, por consequência, em nós mesmos, a face de Cristo], uma vez que aceitar o outro não é nada mais do que aceitar um aspecto de você mesma que você ainda não reconhece, não aceita, e pelo qual você [seu ego] ainda não é capaz de demonstrar  gratidão. 

OBSERVAÇÃO 2: 

Num dos encontros posteriores das pessoas do grupo de estudos, a mesma pessoa repetiu a pergunta de modo diferente. Daí esta segunda observação repetida aqui novamente.

Voltei e volto a repetir, reafirmando a resposta dada acima, também de modo diferente. Isto é, o fato de aprendermos, ou não, que não há nada fora, nos autoriza a pensar que, como afirma Neale Donald Walsch, em sua trilogia Conversando com Deus, nenhum de nós tem nenhuma responsabilidade para com ninguém a não ser para consigo mesmo. 

Ou dizendo ainda de outro modo diferente, se nossos órgãos dos sentidos, olhos, ouvidos, nariz, boca e corpo como órgãos táteis, estão atentos apenas ao que está acontecendo aparentemente fora de nós, eles estão forçosamente fechados para o espírito em nós, quer dizer, não estão sendo usados pelo espírito que nos ensina que somos todos um.

Tratemos, pois, de nos voltarmos para dentro de nós para analisar e refletir a respeito daquilo que me/nos incomoda. Será que é algo que vejo/vemos no outro, ou será que é algo que não aceito, ou não quero aceitar, em mim/nós mesmo(s)? 

O que digo, e que é exatamente o que quero dizer em relação a isto, é que enquanto repetirmos os mesmos comportamentos e tivermos as mesmas perguntas, estamos dando a clara indicação de que, no fundo, no fundo, no mais íntimo de nós mesmos, ainda não tomamos a decisão que pode nos fazer ver tudo e todos de modo diferente, e abandonar o julgamento [aquele que faço dos outros, do mundo e que no fundo revelam o quanto eu mesmo me julgo, sem perceber que meu julgamento de mim mesmo não é real, porque estou julgando apenas uma imagem que criei de mim mesmo, o falso eu, que acredito ser, mas que não é nem de longe o que sou, na verdade], e perceber claramente que o mundo é neutro. E que o valor que ele, e tudo nele, tem aparentemente é só aquele que eu mesmo atribuo a ele. 


Na verdade, parece-me, que a pessoa que tem sempre o mesmo comportamento e repete as mesmas perguntas não quer, de fato, aprender com o ensinamento. Parece-me que a dificuldade maior que a pessoa tem é ouvir, e ouvir-se, mesmo em pensamento, sem cair no julgamento de si mesma, o que a leva a julgar o(s) outro(s) e o mundo inteiro. Ela quer - e isso não é possível - que o(s) outro(s) mude(m), que o mundo mude, sem se dar ao trabalho de fazer qualquer mudança em seu modo de pensar e agir no mundo. 

Caso haja ainda qualquer dúvida para alguém em relação à pergunta feita e respondida nestas observações, talvez valha a pena olhar com vagar e atenção o comentário feito para a lição de ontem. Lá, além do que está dito aqui, estão todas as respostas possíveis para as perguntas que fazemos e que envolvem a ideia de efetuar uma mudança no mundo, ou em alguém no mundo, ou alguma coisa no mundo. Se todas as coisas são perfeitas exatamente do modo que são, quem há-de querer mudar qualquer coisa, a não ser o ego?

Às práticas? 


OBSERVAÇÃO 3:

Uma última observação que alonga ainda mais o comentário, mas que não posso me furtar a fazer, para que reflitamos acerca da maneira como nos posicionamos no mundo em relação àqueles e aquelas que convivem conosco, que pensamos conhecer bem, que mal conhecemos, de quem ouvimos falar, mas que de alguma forma compõe nosso universo, aquele que nós mesmos escolhemos construir e manter.

Ao voltar para casa depois de almoçar, no domingo, passei por três meninas, moças, que vinham em direção contrária a minha, conversando.

O que ouço de uma delas às outras duas:

"O pior é que ela se acha bonita. Isso não é demência?"

Pus-me a pensar nos comentários que fazemos a respeito deste, desta, daquele ou daquela, em determinados momentos. Será que os/as estamos vendo com o olhar crístico. Estamos vendo nas pessoas que passam por nossas vidas um ser divino e amoroso a quem devemos ser agradecidos por ter tanto a nos ensinar a nosso próprio respeito, ou estamos jogando sobre elas o nosso julgamento de nós mesmos?

Pensemos!


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