domingo, 19 de fevereiro de 2023

Todas as ilusões estão destinadas a desaparecer

 

LIÇÃO 50

É o Amor de Deus que me anima.

1. Eis aqui a resposta a todos os problemas com os quais te defrontarás hoje e amanhã e ao longo do tempo. Neste mundo, tu acreditas que tudo te dá forças, menos Deus. Colocas tua fé nos símbolos mais insignificantes e loucos; pílulas, dinheiro, roupa "de proteção", influência, prestígio, ser querido, conhecer as pessoas "certas" e uma infinidade de formas do nada às quais dotas de poderes mágicos.

2. Todas estas coisas são teus substitutos para o Amor de Deus. Todas estas coisas são alimentadas para assegurar uma identificação com o corpo. Elas são cantos de louvor ao ego. Não ponhas tua fé naquilo que é inútil. Ele não te dará forças.

3. Só o Amor de Deus te protegerá em todas as circunstâncias. Ele te elevará acima de todas as provações e te erguerá bem alto, acima de tudo o que se considera serem os perigos deste mundo, na direção de um clima de paz e segurança perfeitas. Ele te transportará a um estado de espírito que nada pode ameaçar, nada pode perturbar e no qual nada pode se intrometer na serenidade eterna do Filho de Deus.

4. Não ponhas tua fé em ilusões. Elas te abandonarão. Põe toda a tua fé no Amor de Deus dentro de ti; eterno, imutável e infalível para sempre. Esta é a resposta para qualquer coisa que enfrentares hoje. Por meio do Amor de Deus em ti podes resolver todas as aparentes dificuldades sem esforço e com confiança infalível. Dize isto a ti mesmo com frequência hoje. É uma declaração de libertação de tua crença em ídolos. É teu reconhecimento da verdade a teu próprio respeito.

5. Por dez minutos, duas vezes hoje, pela manhã e à noite, deixa a ideia para hoje mergulhar profundamente em tua consciência. Repete-a, pensa a respeito dela, deixa que ideias afins venham te ajudar a reconhecer sua verdade, e permite que a paz flua sobre ti como um manto de proteção e segurança. Não deixes que nenhum pensamento inútil e tolo entre para perturbar a mente santa do Filho de Deus. Assim é o Reino do Céu. Assim é o local de repouso em que teu Pai te colocou para sempre.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 50

Caras, caros,

Hoje, vamos praticar a partir da ideia abaixo:

"É o Amor de Deus que me anima."

Vamos lá?

Perguntemo-nos, pois, para começar:

O que sou?

O ponto de partida para todas as vidas e para tudo na vida de todos e de todas está nesta pergunta: "O que sou"?

Responde a esta pergunta e terás alcançado o sentido para tua vida, para toda vida que percebes, para tudo o que vês.

É na direção da resposta a esta pergunta que todos e todas caminham. Que caminhamos todos e todas nós.

E uma, e apenas uma, coisa nos anima: o Amor de Deus. Nada mais. Um poema português, que fala a respeito da morte de Isabel de Portugal, diz: 

"Nunca mais servirei senhor que possa morrer... 
Nunca mais amarei quem não possa viver sempre..."

Isto explica a razão pela qual devemos pôr Deus em primeiro lugar? Por que a única coisa que nos anima é o Amor de Deus?

A lição de hoje pode nos dar as respostas que buscamos. Comecemos, pois, com ela:

Eis aqui a resposta a todos os problemas com os quais te defrontarás hoje e amanhã e ao longo do tempo. Neste mundo, tu acreditas que tudo te dá forças, menos Deus. Colocas tua fé nos símbolos mais insignificantes e loucos; pílulas, dinheiro, roupa "de proteção", influência, prestígio, ser querido, conhecer as pessoas "certas" e uma infinidade de formas do nada às quais dotas de poderes mágicos.

Não é bem verdadeiro que, em geral, neste mundo, nossa atenção está voltada para os "símbolos mais insignificantes e loucos"? Acreditamos precisar do último modelo de telefone celular, do carro mais moderno e potente, da receita do novo creme ou do mais moderno tratamento que vai impedir ou retardar a chegada da velhice, nos tornar novamente jovens, e nos devolver a aparência de garotos ou garotas de 18, 19 anos. Ou a nova dieta que vai nos colocar em corpos de modelos, que, por sua vez, obedecem a um padrão que não é nem de longe o que os/as fazem felizes. Ou... uma infinidade de outras coisas a que vamos nos apegar para esquecer que é preciso que nos voltemos para dentro para aprender o que somos de verdade, na verdade.

Será que é isso que vai e pode responder à questão primordial acerca de nossa identidade? Ou será que é só isso que somos: corpos?

Será que é nisso que podemos confiar: pílulas, dinheiro, influência, prestígio, conhecer as pessoas certas [a pessoa que vem é a certa, lembram?]? Não vimos há pouco que há um Único Poder em que confiar?

E o que são estas coisas a que pensamos dever dar nossa confiança?

É a lição que responde. Assim:

Todas estas coisas são teus substitutos para o Amor de Deus. Todas estas coisas são alimentadas para assegurar uma identificação com o corpo. Elas são cantos de louvor ao ego. Não ponhas tua fé naquilo que é inútil. Ele não te dará forças.

Se pararmos para pensar em todas as coisa que passaram por nossa vida, qual delas ainda está conosco, desde que tivemos um mínimo de consciência de estar aqui, neste mundo, desde que, como se diz, "nos conhecemos por gente"?

Quantas são as pessoas com quem tivemos algum contato e que ainda permanecem em nossa vida [há uma música de Oswaldo Montenegro, "A Lista", se não me engano, que faz esta mesma pergunta]? E quantas foram as que nos decepcionaram, prometendo alguma coisa que não cumpriram? E a quantas decepcionamos, fazendo com que saíssem de nossa vida? Quantas vezes pensamos, ao conhecer alguém, que aquela era a pessoa certa [e, de fato era, naquele momento]? Que era ela o amor que preencheria para todo o sempre nossa vida vazia e carente?

É o Amor de Deus que me anima.

Em geral, pensamos em nós mesmos, ou nós mesmas, como seres incompletos, imperfeitos, metades que buscam outra metade de si para poderem viver a completude. Não é assim que se diz: "estou à procura de minha cara-metade", a outra metade da maçã, ou da laranja? Uma letra de música recente diz até: "procuro um amor que ainda não encontrei, diferente de todos que amei".

Mas isso não é verdade. Não é possível não encontrar o amor. O amor, que é o que somos, na verdade, está em nós mesmos/as, nunca é incompleto e só pode aumentar e se estender ao ser dado.

Aqueles e aquelas de nós que dizem se encontrar "sem amor", ou que dizem estar "à procura de um amor" que ainda não encontraram estão a procurar fora de si mesmos/as. Em alguém ou em alguma coisa. Não buscaram encontrá-lo no interior de si mesmos/as. E é só lá que vão achá-lo. E só vão achá-lo, quando começarem a compartilhá-lo. 

Talvez, iludidos e iludidas pelo ego e seu sistema de pensamento, muitos e muitas de nós ainda pensemos que o amor é aquele "amor romântico", de livros e de novelas ou filmes, um amor construído, inventado, para atender as necessidades de contradição do ego. Um amor que pode ser ódio ao mesmo tempo e trazer consigo tudo o que não atende às prerrogativas do amor divino. Certamente não é deste amor que o Curso fala. Não é este amor que o ensinamento quer nos mostrar, ensinar.

É o Amor de Deus que me anima.

Esperar que o amor se apresente, vindo de alguém ou de algum lugar é acreditar nas ilusões românticas com as quais o ego espera que substituamos o Amor de Deus.

No entanto, a lição ensina:

Não ponhas tua fé em ilusões. Elas te abandonarão. Põe toda a tua fé no Amor de Deus dentro de ti; eterno, imutável e infalível para sempre. Esta é a resposta para qualquer coisa que enfrentares hoje. Por meio do Amor de Deus em ti podes resolver todas as aparentes dificuldades sem esforço e com confiança infalível. Dize isto a ti mesmo com frequência hoje. É uma declaração de libertação de tua crença em ídolos. É teu reconhecimento da verdade a teu próprio respeito.

Todas as ilusões estão destinadas ao desaparecimento. Nascer, crescer, desabrochar, mostrar-se toda beleza em flor e fenecer é o destino da rosa e de todas as flores. Nascer, crescer, desabrochar, florir e tornar-se fruto é o destino que espera todos os frutos, para, depois de maduros, colhidos, se transformarem em alimento e desaparecerem. Mas uma rosa colhida, ao murchar e morrer, não determina o fim da roseira que, novamente e novamente, vezes sem conta, vai oferecer suas flores ao mundo. Nem a colheita dos frutos, ou sua queda pura e simples das árvores, marca a morte da árvore de onde o fruto brotou. Tudo se renova e recomeça de forma cíclica. E os ciclos parecem ser eternos. E são. É assim a vida neste mundo.

Nós, nos corpos, experimentamos a ilusão de estar vivos e de sermos corpos dotados de sentido, destinados a fenecer e a desaparecer, mas a vida, que é a dádiva de Deus, não morre jamais. Terminado o tempo durante o qual escolhemos viver a experiência do corpo, voltamos à Fonte, a Deus, de onde, aliás, nunca saímos, a não ser na ilusão do ego, que quer nos fazer acreditar que somos apenas corpos. Aliás, talvez fosse até melhor dizer, que voltamos a ter consciência da Fonte, uma vez que não há como sair dela. A questão básica é: somos capazes do desapego, das coisas do mundo, do corpo, da vida que aparentemente anima o corpo? 

Uma historinha, retirada do livro "Contos filosóficos de mundo inteiro", de Jean-Claude Carrière, pode nos dar uma pista daquilo que precisamos ser capazes de fazer. Diz assim: 

"Um jovem extremamente bem dotado, mas cuidadoso para não se ligar a nada, como os preceitos dos sábios recomendavam, encontrou um viajante que fumava um cachimbo e o imitou. Quando sentiu que começava a adquirir o gosto pelo fumo, desistiu.

"Ele encontrou um astrólogo que o ensinou a ler o destino dos humanos nas estrelas e, assim, a ganhar, muito desonestamente, a vida. Ele se tornou um astrólogo perito, mas, quando se deu conta de que tinha prazer em ludibriar seus semelhantes com uma pseudociência, desistiu.

"Ele se lançou na caligrafia, na qual excedeu e da qual desistiu, com medo de se ligar àquela forma artística. Tornado monge em um convento, ele recebeu do superior a oferta de sucedê-lo depois da sua morte. Ainda que seduzido pela ideia, desistiu dela, por receio de se ligar àquela promoção, e abandonou o convento.

"O mesmo aconteceu com a pintura, o teatro, o canto e a arte do sabre. Depois que conheceu o sucesso em cada uma dessas disciplinas, renunciou a elas, ainda com medo de se sentir ligado a qualquer coisa.

"Quando sentiu que seu fim se aproximava, mandou chamar um médico famoso, que o examinou. O doente parecia preocupado em se curar.

" - O que devo fazer? - ele perguntou ao médico, com uma espécie de ansiedade.

" - Que posso dizer? - respondeu-lhe o médico. - Você é tão ligado à vida que quer conservá-la a toda força?"

É o Amor de Deus que me anima.

Os corpos, como eu dizia acima, as formas que escolhemos, precisam nascer, crescer, amadurecer, e vão se deteriorar no tempo, com o tempo, como todas as coisas no - e do - mundo (que é só ilusão). Ao longo do tempo em que experimentamos viver o que nos oferecem os sentidos e a percepção, passamos por muitas situações, enfrentamos muitos perigos e adversidades. Muitas vezes pensamos ser necessário à sobrevivência, como se diz comumente, "matar um leão por dia".

Isso tudo se dá, porém, apenas no nível da matéria, o nível da ilusão. Como diz Joel Goldsmith em seu livro A Arte de Curar pelo Espírito, o que chamamos de corpo não é nada exceto "um conceito material do corpo. É este conceito que nos atrapalha e nos emaranha em todas as espécies de males; mas o corpo em si não tem o poder de causar males. O corpo não tem o poder de causar o bem ou o mal, de produzir saúde ou doença; é a nossa concepção [do corpo] que se revela [e o revela, por extensão] como corpo sadio ou como corpo doente".

E a lição diz:

Só o Amor de Deus te protegerá em todas as circunstâncias. Ele te elevará acima de todas as provações e te erguerá bem alto, acima de tudo o que se considera serem os perigos deste mundo, na direção de um clima de paz e segurança perfeitas. Ele te transportará a um estado de espírito que nada pode ameaçar, nada pode perturbar e no qual nada pode se intrometer na serenidade eterna do Filho de Deus.

É exatamente disto que trata o Curso nesta lição: de nos devolver ao que somos em Deus, protegendo-nos de todo e qualquer perigo deste mundo, ao nos indicar o caminho que pode nos conduzir a um estado de espírito que nada pode ameaçar, nada pode perturbar e no qual nada pode se intrometer na serenidade eterna do Filho de Deus.

Esse estado pode nos levar a compreender, como diz Goldsmith, que não somos um corpo material. E, pouco a pouco, esta compreensão, vai dissipar o conceito materialista do corpo, fazendo-nos perceber que não existe "poder algum no mundo visível, que não há poder algum no corpo, nos órgãos e nas funções do corpo, assim como não há poder em bactérias e no alimento". 

Podemos pensar até que o vírus da Covid-19, responsável pela pandemia, que assolou todo o planeta, e que parece já estar mais ou menos sob controle, apesar de toda a gama de variantes que ainda teimam em se apresentar em alguns pontos do mundo, também não tem nenhum poder, uma vez que tudo o que ele pode afetar é o corpo, que é apenas ilusório. E, mesmo assim, ele só pode afetar o corpo, se nossos pensamentos lhe derem o poder para tanto, porque sem a nossa permissão nada nem ninguém tem qualquer poder sobre nós. Pois todo o poder nos foi dado, não à imagem falsa que temos e construímos de nós mesmos/as via ego, mas à imagem do que somos na verdade.

Isso é que vai nos fazer compreender de que fala Goldsmith quando diz: "não tens saúde porque teu coração funciona normalmente - mas ... teu coração tem saúde porque existes harmoniosamente. Tu não andas porque tuas pernas funcionam bem - mas as tuas pernas andam porque tu és harmonioso. Fisicamente, tu tens saúde somente porque o teu corpo é sadio; mas espiritualmente tens saúde e integridade porque a tua integridade governa a atividade do teu corpo".
 
É o Amor de Deus que me anima.

Saber disso, compreender isso, praticar e aplicar esta ideia é que vai mostrar que somos nós que dominamos o corpo, pela consciência de nossa verdadeira natureza. Esta consciência reverterá em saúde também para todos que se aproximarem de nós.

Terminemos assim nossa exploração com o que a lição nos orienta a fazer neste dia:

Por dez minutos, duas vezes hoje, pela manhã e à noite, deixa a ideia para hoje mergulhar profundamente em tua consciência. Repete-a, pensa a respeito dela, deixa que ideias afins venham te ajudar a reconhecer sua verdade, e permite que a paz flua sobre ti como um manto de proteção e segurança. Não deixes que nenhum pensamento inútil e tolo entre para perturbar a mente santa do Filho de Deus. Assim é o Reino do Céu. Assim é o local de repouso em que teu Pai te colocou para sempre.

Às práticas?

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