domingo, 23 de outubro de 2022

Devemos estender ao mundo a neutralidade do corpo

 

8. O que é o mundo real?

1. O mundo real é um símbolo, igual ao resto do que a percepção oferece. Contudo, ele representa o contrário daquilo que tu fizeste. Teu mundo é visto pelos olhos do medo e te traz à mente as evidências do horror. O mundo real não pode ser visto senão por olhos que o perdão abençoa, a fim de que eles vejam um mundo no qual o horror seja impossível e não se possa encontrar indícios de medo.

2. O mundo real possui uma contrapartida para cada pensamento infeliz que se reflete em teu mundo; uma compensação infalível para as cenas de medo e para os ruídos de luta que teu mundo contém. O mundo real apresenta um mundo visto de forma diferente, por olhos serenos e por uma mente em paz. Não há nada aí a não ser paz. Não se ouve nenhum grito de dor e de tristeza aí porque não fica nada fora do perdão. E as imagens são serenas. Só imagens felizes podem chegar à mente que se perdoa.

3. Que necessidade esta mente tem de pensamentos de morte, ataque e assassinato? O que ela pode perceber a sua volta a não ser segurança, amor e alegria? O que há para ela querer escolher condenar e o que há para ela querer julgar de modo desfavorável? O mundo que ela vê nasce de uma mente em paz consigo mesma. Não há nenhum perigo à espreita em nada do que ela vê, porque ela é benigna e só vê benignidade.

4. O mundo real é o símbolo de que o sonho de pecado e de culpa acabou, e de que o Filho de Deus já não dorme. Seus olhos despertos percebem o reflexo seguro do Amor de seu Pai; a garantia infalível de que ele está redimido. O mundo real indica o fim do tempo, pois a percepção dele torna o tempo inútil.

5. O Espírito Santo não tem nenhuma necessidade do tempo depois que o tempo cumpre o propósito d'Ele. Agora, Ele espera aquele único instante a mais para que Deus dê Seu passo final e o tempo desapareça, levando consigo a percepção enquanto se vai, e deixa apenas a verdade para ser ela mesma. Esse instante é nossa meta, porque ele contém a lembrança de Deus. E, quando olhamos para um mundo perdoado, é Ele Quem nos chama e vem para nos levar para casa, lembrando-nos de nossa Identidade, que nosso perdão nos devolve.

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LIÇÃO 296

O Espírito Santo fala por meu intermédio hoje.

1. O Espírito Santo precisa de minha voz hoje, para que o mundo inteiro possa ouvir Tua Voz e escutar Tua Palavra por intermédio de mim. Estou decidido a deixar que Tu fales por meio de mim, pois não quero nenhuma palavra a não ser as Tuas e não quero ter nenhum pensamento que esteja separado dos Teus, pois só os Teus são verdadeiros. Eu quero ser o salvador do mundo que fiz. Pois, tendo-o amaldiçoado, quero libertá-lo, para poder achar saída e ouvir a Palavra que Tua Voz sagrada vai dizer para mim hoje.

2. Hoje ensinamos aquilo que precisamos aprender, e só isso. E, por isso, a meta de nosso aprendizado se torna uma meta sem conflitos e pode ser facilmente alcançada e realizada. Quão alegremente o Espírito Santo vem para nos resgatar do inferno, quando permitimos que Seu ensinamento, por nosso intermédio, convença o mundo a buscar e a achar o caminho natural para Deus.


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COMENTÁRIO:


Explorando a LIÇÃO 296

A certa altura, ainda no início do livro The Power of Intention [A Força da Intenção, na versão em Português], de que lhes falei no comentário de ontem, Wayne Dyer diz o seguinte:

"Em qualquer [dado] instante no tempo, todo o Espírito está concentrado no ponto em que focalizas tua atenção. Por isso, tu podes combinar [e pôr em ação] toda a energia criativa num dado momento no tempo [qualquer que seja ele]. Isso é teu livre arbítrio em ação."

A ideia que praticamos hoje é, de certa forma, expressão disto mesmo de que fala Dyer. Isto é, quando nossa atenção está focalizada por inteiro no divino interior, é o divino que se manifesta [e fala, e age] por nosso intermédio. E é a partir do divino que funcionamos e vemos funcionar tudo no mundo.

O que acontece, como  eu já disse outras vezes, é que, em geral, andamos pelo mundo, e pela vida, distraídos de nós mesmos/as, do divino em nós mesmos/as, bombardeados/as que somos o tempo todo pelas mensagens do falso eu. Aquele "eu" - ego, a imagem que temos de nós - que construímos a partir de todos os equívocos que o mundo ensina, e nos quais, equivocados/as, acreditamos.

O que precisamos fazer é perceber claramente que a neutralidade do corpo deve ser estendida ao mundo e que podemos fazer isso também com o nosso olhar, se o entregarmos ao divino em nós, se deixarmos nossa visão do mundo a cargo do Espírito Santo, abandonando por completo a ideia que construímos a respeito de quem, ou do que, somos, a que nos referimos como "eu", este "eu" a que o Curso chama de ego.

As crenças que temos e que dão existência ao ego e a todos os seus-nossos equívocos são, de acordo com Wayne Dyer, as seguintes:

1. Eu sou o que tenho. Minhas posses me definem.

2. Eu sou o que faço. Minhas conquistas me definem.

3. Eu sou o que os outros pensam de mim. Minha reputação me define.

4. Eu estou separado/a de todos. Meu corpo e só meu corpo me define.

5. Eu estou separado/a de tudo o que está faltando em minha vida. O espaço de minha vida está desligado de meus desejos.

6. Eu estou separado/a de Deus. Minha vida depende do estabelecimento de meu valor por Deus [um Deus que existe fora de mim].

É, pois, para nos livrarmos de uma, duas, três, ou de todas estas crenças que praticamos hoje. Assim como é para isto que o Curso nos oferece todas as ideias que praticamos. Pois não importa o quanto tentemos, não podemos chegar ao Espírito, ou desenvolver a visão amorosa d'Ele em nós, ou permitir que Ele fale por nós, a partir dos sentidos e da percepção do corpo, ou do ego, que não consegue, nem quer, ver a neutralidade do corpo ou dos sentidos.

Para que o Espírito fale por intermédio de nós, é necessário que nos rendamos a Ele, com disciplina, sabedoria e amor, e também perseverança e persistência, para que sejamos constantes e consistentes nas práticas. E isto, é claro, só as práticas diárias podem nos dar. 

Às práticas?

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UM ADENDO IMPORTANTE:

Apenas para registrar, a neutralidade do corpo, que devemos estender ao mundo, não tem nada a ver com nos omitirmos diante das responsabilidades que temos perante o mundo, perante as pessoas que o dividem conosco e com quem o dividimos.

A neutralidade de que o Curso fala tem a ver apenas com a necessidade de abolirmos o julgamento de nossa experiência cotidiana, buscando ver e agir apenas de acordo com o que nos dita o divino interior.

Assim, para a experiência que vivemos hoje, nós, brasileiros e brasileiras, neste país, é necessário que consultemos o divino interior para que ele nos oriente quanto ao voto que vamos depositar nas urnas no próximo dia 30, domingo. Esta consulta deve ser feita de forma a responder a todas as questões que o Curso nos propõe no que respeita a viver uma vida de alegria plena e de perfeita paz: a Vontade de Deus para todos, todas, cada um e cada uma de nós.

Precisamos olhar para dentro e pedir ao divino que identifique para nós que candidato preenche melhor os requisitos que temos de trazer para uma vida de alegria e de paz. 

Será aquele que fala em nome da igualdade, do respeito ao ser humano e sua dignidade, ao respeito por toda e qualquer forma de religiosidade, ao cuidado e respeito que se há ter pelas escolhas das pessoas quanto a sua forma de se relacionarem umas com as outras, ao respeito pelas questões de gênero, ao respeito pela cor da pele das pessoas seja ela qual for, ao respeito pelo direito à alimentação, ao vestuário, à moradia, à educação e à saúde, ao respeito pela ciência, pela informação clara e pela transparência das ações e dos gastos governamentais?

Ou será aquele que prega a destruição, a morte, o armamento de todas as pessoas, a invasão das terras indígenas e a destruição da Amazônia, a morte de todas as pessoas diferentes, dos pretos, dos índios, a submissão das mulheres (uma fraquejada), a violência, a corrupção, o enriquecimento ilícito, a compra de votos, a distribuição sigilosa de verbas para fins escusos  e não especificados?

A neutralidade do corpo que devemos estender ao mundo não nos isenta da responsabilidade para com nós mesmos/as e para com todos, todas, cada um e cada uma das pessoas que são espelhos de nós mesmos/as, que são o que somos, o que nos completa e a quem completamos. 

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