quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Tudo no mundo que vemos é nossa responsabilidade

 

LIÇÃO 54

Estas são as ideias para a revisão de hoje:

1. (16) Eu não tenho nenhum pensamento neutro.

Pensamentos neutros são impossíveis porque todos os pensamentos têm poder. Eles tanto criarão um mundo falso quanto me conduzirão para o mundo verdadeiro. Mas os pensamentos não podem deixar de ter efeitos. Da mesma forma que o mundo que vejo surge dos erros de meu modo de pensar, o mundo verdadeiro também despontará diante de meus olhos quando eu permitir que meus erros sejam corrigidos. Meus pensamentos não podem ser verdadeiros e falsos ao mesmo tempo. Eles têm de ser uma coisa ou outra. O que vejo me mostra qual das duas coisas eles são.

2. (17) Eu não vejo nenhuma coisa neutra.

O que vejo testemunha o que penso. Se eu não pensasse, não existiria, porque vida é pensamento. Que eu olhe para o mundo que vejo como a representação de meu próprio estado de espírito. Sei que meu estado de espírito pode mudar. E, por isso, sei também que o mundo que vejo pode mudar do mesmo modo.

3. (18) Não estou sozinho ao experimentar os efeitos de meu modo de ver.

Se não tenho nenhum pensamento privado, não posso ver um mundo privado. Até mesmo a ideia louca de separação teve de ser compartilhada antes de poder dar forma à base do mundo que vejo. Contudo, esse compartilhar foi um compartilhar do nada. Eu também posso apelar a meus pensamentos verdadeiros, que compartilham tudo com todos. Uma vez que meus pensamentos de separação convocam os pensamentos de separação dos outros, meus pensamentos verdadeiros também despertam os pensamentos verdadeiros neles. E o mundo que meus pensamentos verdadeiros me mostram despontará tanto na sua vista quanto na minha.

4. (18) Não estou sozinho ao experimentar os efeitos de meus pensamentos.

Não estou sozinho em nada. Tudo o que penso, ou digo, ou faço ensina a todo o universo. Um Filho de Deus não pode pensar ou falar ou agir à toa. Ele não pode estar sozinho em coisa alguma. Por isso, está ao meu alcance mudar todas as mentes junto com a minha, porque o poder de Deus me pertence.

5. (20) Eu estou decidido a ver.

Reconhecendo a natureza fracionada de meus pensamentos, estou decidido a ver. Quero olhar para as testemunhas que me mostram que o modo de pensar do mundo mudou. Quero ver a prova de que aquilo que foi realizado por meu intermédio capacitou o amor a substituir o medo, o riso a substituir as lágrimas e a abundância a substituir a perda. Quero olhar para o mundo verdadeiro e deixar que ele me ensine que minha vontade e a Vontade de Deus são uma só.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 54

Já passamos algumas vezes por aqui antes. Será que passamos? Quantas vezes? Uma, duas, três, mais...? Alguém lembra? Mesmo assim, as ideias que vamos explorar hoje devem ser vistas e praticadas como se fora a primeira vez. Pois, de fato, depois de termos deixado o passado para trás, é a primeira vez que nos aproximamos da lição.

"Eu não tenho nenhum pensamento neutro."

Esta é a primeira das oportunidades que a lição de hoje nos traz para um novo começo, para uma nova decisão, uma nova escolha. 

É já sabido que, apesar de não significarem coisa alguma, são nossos pensamentos que criam as experiências que vamos viver na ilusão de tempo em que aparentemente nos encontramos. É por isso que eles não podem ser neutros. É por isso que precisamos vigiá-los. Para sermos capazes de utilizá-los agora para ver de modo diferente. Para que a visão nos mostre apenas o mundo verdadeiro, presente, que está adiante e além de todas as ilusões que pensamos viver a partir dos sentidos e dos pensamentos equivocados.

"Eu não vejo nenhuma coisa neutra."

Não há escapatória, pois não? Se meus pensamentos não são neutros e inventam o mundo da ilusão e, além disso, raramente me põem em contato com o real em mim - e sempre mais quando consigo calá-los do que quando lhes dou ouvidos -, não posso ver nenhuma coisa que seja neutra. Pois ao olhar para as coisas com os olhos do corpo, a partir de pensamentos equivocados, já as estou julgando. Meu olhar e meus sentidos, de modo geral, aprisionam todas as pessoas e todas as coisas em conceitos, negando-lhes e, por consequência, negando a mim mesmo, a liberdade de que preciso para ver todas as coisas de modo diferente e para permitir que todas as pessoas e coisas sejam exatamente como são. É isso que me impede de ver a realidade.

A prática com esta segunda ideia que revisitamos hoje dá-nos nova oportunidade de escolher mudar nosso modo de ver. Uma oportunidade que pode nos fazer perceber, finalmente, que:

"Não estou sozinho ao experimentar os efeitos de meu modo de ver."

Ou como lhes disse, como nova possibilidade de traduzir a ideia do original, "não sou só eu que experimento os efeitos de meu modo de ver". Isto lhe parece chover no molhado? Não é! Para olhos e ouvidos atentos, e para mentes e corações abertos, nunca é demais repetir que a responsabilidade pelo mundo que vemos é nossa, de cada um, de cada uma, de nós mesmos/as, tanto individual quanto coletivamente. E que quando escolhemos olhar para isto ou aquilo desta ou daquela forma, fazemos que todas as pessoas que povoam nosso mundo, recebam os efeitos do modo que escolhemos para ver.

Um exemplo até banal é pensar que eu conheço uma pessoa a quem vejo como maravilhosa, boa, inteligente, caridosa, generosa, modelo de pessoa bela, do bem. É claro que vou me referir a ela destacando as qualidades e características que vejo, e que, por ver nela, também são minhas. As pessoas outras a quem eu falar dela podem vir a ter presente em sua mente aquilo que eu disse e, ao conhecê-la, podem vê-la e achar nela as mesmas coisas de que falei. 

Ou não! Porque cada um, cada uma, de nós olha para o mundo a partir de suas próprias referências internas e, mesmo que eu fale maravilhas de alguém que conheço, uma pessoa que não se acha maravilhosa e que se julga e condena por todas as suas falhas, isto é, pelas falhas que pensa que tem, pode ser incapaz de ver as qualidades que vejo e a que me refiro quando falo de alguém. Porque não as vê em si mesma.

É em função disso que existe a necessidade de pensarmos bem antes de dizer qualquer coisa de alguém. Até porque sempre falamos apenas de nós mesmos.

"Não estou sozinho ao experimentar os efeitos de meus pensamentos."

Aqui também vale lembrar que a ideia original pode ser traduzida como "não sou só eu que experimento os efeitos de meus pensamentos". E o desafio que esta quarta ideia que revisamos nos oferece é bem claro e simples: aprender que posso e devo buscar ter consciência daquilo que penso, sob pena de multiplicar as ilusões do julgamento que trazem meus pensamentos para meu olhar para o mundo e para tudo o que há nele. É bem fácil perceber que tudo aquilo que penso - e meus pensamentos não são neutros - materializa o mundo que quero ver. Mas muitas vezes, em função de meus equívocos, materializa também coisas que não quero ver.

O que fazer neste caso? Mudar meu modo de pensar, meu modo de ver. Pois os efeitos do que penso atingem todas as pessoas a quem meu pensamento se dirige. E, exemplificando, se me dirijo ao encontro de alguém achando que vou encontrar um monstro, uma pessoa inflexível, injusta, exigente ao extremo, temendo o que pode acontecer no encontro, é muito provável que o resultado dele seja uma completa decepção. Uma experiência que me leva para bem longe da alegria e me tira a paz. Sem dúvida, a pessoa "captou" - recebeu e absorveu a energia de - meus pensamentos e fez com que eles fossem a materialização de minhas expectativas. E todas as pessoas a quem encontro também vão ser atingidas pelos efeitos daquilo que pensei.

"Eu estou decido a ver."

Por fim, esta quinta e última ideia, traz o desafio da tomada de decisão. Uma vez aceito este desafio o milagre que se apresenta é a visão. Não a visão que os olhos do corpo oferece, mas a visão que transcende os sentidos. A visão que nos põe em contato com o divino no interior de nós mesmos/as. E, por extensão, nos permite ver a manifestação do divino em tudo e em todos.

Às práticas?

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