segunda-feira, 17 de maio de 2021

Para sermos capazes da "alegria sozinha", a de Deus

 

LIÇÃO 137

Quando sou curado, não sou curado sozinho.

1. A ideia de hoje continua a ser o principal pensamento em que se baseia a salvação. Pois cura é o oposto de todas as ideias do mundo, que dão ênfase à doença e a estados separados. A doença é um afastamento dos outros e um fechar-se à união. Ela vem a ser uma porta que se fecha sobre um ser separado e o mantém isolado e sozinho.

2. A doença é isolamento. Pois ela parece manter um ser separado de todos os outros, para sentir o que os outros não sentem. Ela dá ao corpo o poder final para tornar real a separação e manter a mente em uma prisão solitária, dividida ao meio e mantida em pedaços por uma parede sólida de carne doente que ela não pode superar.

3. O mundo obedece às leis a que a doença serve, mas a cura funciona independente delas. É impossível que alguém seja curado sozinho. Na doença ele tem de ficar distante e separado. Mas a cura é sua própria decisão de ser uno novamente e aceitar seu Ser com todas as Suas partes intactas e incólumes. Na doença seu Ser parece estar desmantelado e sem a unidade que Lhe dá vida. Mas a cura se realiza quando ele percebe que o corpo não tem nenhum poder para atacar a Unidade universal do Filho de Deus.

4. A doença quer provar que as mentiras têm de ser a verdade. Mas a cura demonstra que a verdade é verdadeira. A separação que a doença quer impor não acontece nunca verdadeiramente. Estar curado é apenas aceitar o que sempre foi a simples verdade, que continuará a ser exatamente como é para sempre. Porém, deve-se mostrar a olhos acostumados às ilusões que aquilo para que eles olham é falso. Por isto, a cura, de que a verdade nunca precisa, tem de demonstrar que a doença não é real.

5. Deste modo, a cura poderia ser chamada de um contra-sonho, que cancela o sonho de doença em nome da verdade, mas não na própria verdade. Da mesma forma que o perdão ignora todos os pecados, que nunca se realizaram, a cura apenas elimina as ilusões, que nunca aconteceram. Assim como o mundo real surgirá para ocupar o lugar daquilo que absolutamente nunca existiu, a cura apenas oferece reparação para os estados imaginários e ideias falsas que os sonhos bordam em quadros da verdade.

6. Não penses, porém, que a cura não é digna de tua função aqui. Pois o anticristo se torna mais poderoso do que Cristo para aqueles que sonham que o mundo é real. O corpo parece ser mais sólido e estável do que a mente. E o amor vem a ser um sonho, enquanto o medo continua a ser a única realidade que se pode ver e justificar e compreender inteiramente.

7. Da mesma forma que o perdão afasta todo o pecado e que o mundo real virá ocupar o lugar daquilo que fizeste, a cura também tem de substituir as fantasias de doença que manténs diante da simples verdade. Quando se vir a doença desaparecer apesar das leis que sustentam que ela não pode deixar de ser real, então, as perguntas estão respondidas. E não se pode mais alimentar nem obedecer a essas leis.

8. Cura é liberdade. Porque demonstra que os sonhos não prevalecerão sobre a verdade. A cura é compartilhada. E por esta característica ela prova que leis diferentes daquelas que sustentam ser a doença inevitável são mais fortes do que seus contrários doentios. Cura é força. Porque por sua mão benigna supera-se a fraqueza e mentes que estavam emparedadas dentro de um corpo são libertadas para se unirem com outras mentes, para serem fortes para sempre.

9. Cura, perdão e a troca alegre de todo o mundo de pesar por um mundo no qual a tristeza não pode entrar são os meios pelo quais o Espírito Santo insiste contigo para que O sigas. Suas lições benignas ensinam quão facilmente a salvação pode ser tua, quão pouco exercício precisas fazer para permitir que Suas leis substituam as que tu inventaste para te manteres prisioneiro da morte. A vida d'Ele vem a ser a tua tão logo ofereces o pouco auxílio que Ele solicita para te libertar de tudo o que alguma vez te causou dor.

10. E, quanto te permites ser curado, vês todos aqueles à volta de ti, ou aqueles que te passam pela cabeça, ou aqueles que tocas ou aqueles que parecem não ter nenhum contato contigo curados junto contigo. Talvez não os reconheças a todos nem te dês conta de quão imensa é tua oferenda para todo o mundo, quando a cura chega para ti. Mas tu nunca és curado sozinho. E legiões após legiões receberão a dádiva que recebes quando és curado.

11. Aqueles que são curados se tornam instrumentos de cura. E também não existe nenhum intervalo entre o momento em que eles são curados e o momento em que toda a graça da cura lhes é oferecida para que eles a deem. Aquilo que é contrário a Deus não existe e quem não o aceita em sua mente se torna um porto aonde os fatigados podem permanecer para descansar. Pois aí a verdade é concedida e aí todas as ilusões são trazidas à verdade.

12. Não oferecerias abrigo à Vontade de Deus? Tu apenas convidas teu Ser a ficar à vontade. E este convite pode ser recusado? Pede que o inevitável aconteça e não falharás nunca. A outra escolha é apenas pedir que aquilo que não pode existir exista e isto não pode ser bem-sucedido. Hoje, pediremos que apenas a verdade ocupe nossas mentes; que pensamentos de cura queiram que este dia siga adiante daquilo que está curado na direção do que ainda tem de ser curado, cientes de que ambos acontecerão como uma coisa só.

13. À medida que cada hora passar, vamos nos lembrar de que nossa função é deixar que nossas mentes sejam curadas, para que possamos levar cura ao mundo, trocando a maldição pela bênção, a dor pela alegria e a separação pela paz de Deus. Não vale a pena dar um minuto de cada hora para receber uma dádiva como esta? Um pouco de tempo não é um custo pequeno a se oferecer pela dádiva de tudo?

14. No entanto, temos de estar preparados para tal dádiva. E, por isto, começaremos o dia com isto e daremos dez minutos a estes pensamentos, com os quais, à noite, também concluiremos o dia de hoje:

Quando sou curado, não sou curado sozinho. E quero compartilhar
minha cura com o mundo, para que a doença possa ser banida da
mente do Filho único de Deus, Que é meu único Ser.

15. Deixa que a cura aconteça por teu intermédio hoje mesmo. E, enquanto descansas em serenidade, prepara-te para dar da mesma forma que recebes, para guardar apenas o que dás e para receber a Palavra de Deus para tomar o lugar de todos os pensamentos tolos que já foram imaginados. Agora nos reunimos para tornar são tudo o que estava doente e para oferecer a bênção onde havia ataque. Também não deixaremos que esta função fique esquecida enquanto cada hora do dia passar, lembrando-nos de nosso objetivo com este pensamento:

Quando sou curado, não sou curado sozinho. 
E quero abençoar meus irmãos,
porque quero ser curado com eles, 
à medida que eles forem curados comigo.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 137

"Quando sou curado, não sou curado sozinho."

"Curar é fazer feliz." Esta frase abre o capítulo cinco do texto, que diz, em seguida: "A luz que te pertence é a luz da alegria". Tanto isso é verdadeiro que, em outro ponto, o Curso afirma que "curar é devolver a alegria". A alegria completa e perfeita, que é a condição natural do Filho de Deus, que somos todos e todas nós na unidade.

Reza a lenda que Deus criou o mundo porque estava se sentindo sozinho. Entretanto, como tudo o que existe existe n'Ele, e n'Ele se move tão-somente, podemos desconfiar que Ele continua sozinho, assim como nós, cada um e cada uma em seu mundo continua sozinho/a, apesar de tantos e tantas de nós aparentemente existirem para ser a Sua, d'Ele, manifestação no mundo.

Ora, se só existe Deus, então, onde pode estar a doença? Onde pode estar o problema? Onde pode haver a separação? Só na mente daquele, ou daquela, que, de modo equivocado, acredita se ter separado de Deus para viver uma ilusão de mundo, a partir da forma, do corpo, e da percepção dos sentidos.

Na verdade, tudo o que existe existe na unidade. Tudo está em constante e permanente relacionamento com tudo. Tanto assim é que já aprendemos que ao menor gesto que fazemos o mundo inteiro muda e se configura novo a partir daquele gesto. Mesmo quando não vemos a mudança acontecer.

Como a lição ensina logo em seu primeiro parágrafo: 

A doença é um afastamento dos outros e um fechar-se à união. Ela vem a ser uma porta que se fecha sobre um ser separado e o mantém isolado e sozinho.

E, em seguida, no início do segundo: 

A doença é isolamento.

Lá já no finalzinho do capítulo cinco, o Curso diz: "Sempre que não estás totalmente alegre é porque reagiste com falta de amor a uma das criações de Deus". E é deste tipo de reação que precisamos nos curar. A reação que se origina no julgamento e que nos afasta da alegria e nos impede de chegar à paz e à felicidade. Porque nos afasta, isola e separa uns dos outros, umas das outras.

E é disto também que trata a ideia da lição que praticamos hoje. Uma ideia que trata de nos lembrar da unidade que somos e da unidade de que fazemos parte. Um modo de abandonarmos a ideia de que qualquer um, ou qualquer uma de nós pode existir independente do outro, da outra, ou dos outros e das outras, ou de Deus. 

E esta ideia vale também para Deus, uma vez que o Curso ensina - para sabermos de forma clara e cristalina, inequívoca, quão importantes e poderosos/as somos - que: "O próprio Deus é incompleto sem mim". O que é uma forma de nos ensinar que não fazemos nada sozinhos, ou sozinhas. Nunca. Nem Deus, de Quem nunca estamos separados/as. Uma forma de ensinar também que tudo o que fazemos a qualquer um traz consequências para cada um e cada uma de nós, para todos e todas nós e para o mundo inteiro.

Assim, se nos lembrarmos de que não existe nada fora de nós mesmos, vai ser possível entender que "Deus nos dá pessoas e coisas, para aprendermos a alegria... Depois, retoma coisas e pessoas para ver se já somos capazes da alegria sozinha... Essa - a alegria que Ele quer...", conforme nos ensina Guimarães Rosa.

Às práticas?

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