quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Nós mesmo escolhemos tudo aquilo que vamos viver

 

5. O que é o corpo?

1. O corpo é uma cerca que o Filho de Deus imagina ter construído para separar partes de seu Ser de outras partes. É dentro desta cerca que ele pensa viver para morrer quando ela enfraquecer e se deteriorar. Pois dentro desta cerca ele pensa estar a salvo do amor. Identificando-se com sua segurança, ele percebe a si mesmo como aquilo que sua segurança é. De que outra forma ele poderia ter certeza de que permanece no interior do corpo e de que mantém o amor do lado de fora?

2. O corpo não permanecerá. Mas ele vê isto como segurança em dobro. Pois a impermanência do Filho de Deus é "prova" de que suas cercas funcionam e cumprem a tarefa que sua mente atribui a elas. Pois, se sua unidade ainda permanecesse intocada, quem poderia atacar e quem poderia ser atacado? Quem poderia ser vitorioso? Quem poderia ser sua presa? Quem poderia ser vítima? Quem o assassino? E, se ele não morresse, que "prova" haveria de que o Filho de Deus pode ser destruído?

3. O corpo é sonho. Igual a outros sonhos, algumas vezes ele parece retratar a felicidade, mas pode bem repentinamente retroceder para o medo, onde nascem todos os sonhos. Pois só o amor cria na verdade e a verdade nunca pode ter medo. Criado para ser medroso, o corpo tem de servir ao propósito que lhe foi dado. Mas nós podemos mudar o propósito a que o corpo obedecerá mudando o que pensamos acerca de sua finalidade.

4. O corpo é o meio pelo qual o Filho de Deus volta à sanidade. Ainda que ele tenha sido feito para prendê-lo no inferno de forma irremediável, apesar de a meta do Céu ter sido trocada pela busca do inferno. O Filho de Deus estende sua mão para alcançar seu irmão e para ajudá-lo a caminhar pela estrada junto com ele. O corpo se torna sagrado imediatamente. Agora ele serve para curar a mente à qual ele tinha feito para matar.

5. Tu te identificarás com aquilo que pensas que te deixará seguro. Seja isso o que for, acreditarás que é um contigo. Tua segurança está na verdade, e não em mentiras. O amor é tua segurança. O medo não existe. Identifica-te com o amor e estás seguro. Identifica-te com o amor e estás em casa. Identifica-te com o amor e encontras teu Ser.

*

LIÇÃO 267

Meu coração bate na paz de Deus.

1. Toda a vida que Deus criou em Seu Amor está a minha volta. Ela me chama em cada batida do coração e em cada respiração. A paz enche meu coração e inunda meu corpo com o propósito do perdão. Minha mente está curada agora e tudo o que preciso para salvar o mundo me é dado. Cada batida do coração me traz paz; cada respiração me infunde força. Eu sou um mensageiro de Deus, guiado por Sua Voz, animado por Ele no amor e mantido sereno e em paz para sempre em Seus Braços amorosos. Cada batida do coração chama Seu Nome e cada uma recebe a resposta de Sua Voz, que me assegura que n'Ele estou em casa.

2. Que eu ouça a Tua Resposta, não a minha. Pai, meu coração bate na paz que o Coração do Amor criou. É lá, e só lá, que posso estar em casa.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 267

Repetindo mais uma vez quase que de cabo a rabo o comentário de anos anteriores, vamos relembrar o que eu já disse várias outras vezes a respeito desta jornada espiritual que fazemos juntos, cada um em direção de si mesmo, e cada um de seu próprio jeito. Lembremo-nos, portanto, de que a descoberta de que existe apenas um lugar em que podemos desfrutar da paz e da alegria completas, expressões da Vontade de Deus para nós, envolve algum esforço inicial. 

Ou melhor, como eu também já disse antes, envolve em primeiro lugar que nos conscientizemos de que cada um de nós tem de tomar a decisão de buscar viver a Vontade de Deus de paz e de alegria completas para nós de forma mais frequente e duradoura, mesmo aqui neste mundo.

Os que já se decidiram e estão atentos, hão de lembrar que a lição 253 diz ser impossível que alguma coisa se apresente a nossa experiência sem ter sido solicitada por nós mesmos. E mais: diz que [tudo] o que acontece, em qualquer circunstância, é [sempre] o que queremos que aconteça, mesmo quando não temos consciência disso, ou mesmo quando pensamos que o que nos aconteceu era tudo o que não queríamos que acontecesse. 

Ela diz, ainda mais, que o que não acontece deixa de acontecer porque não queremos que aconteça. E afirma de modo categórico que "mesmo neste mundo" de ilusões e aparências somos nós - cada um de nós a sua própria maneira - que governamos nosso destino (grifo meu). 

Para reconhecer isto, basta nos lembrarmos, por exemplo, de uma das leis espirituais da Índia, que diz que, em qualquer situação, precisamos ter presente em nós que "aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido".

Lembram-se do filme Invictus? Quem já o assistiu há de se lembrar de Mandela dizendo ao capitão da equipe de rúgbi da África do Sul que o que o manteve sempre firme, confiante e o ajudou a suportar os longos vinte e seis anos em que esteve preso foi o poema Invictus, de William E. Henley*, que, aliás, empresta o título ao filme.

Uma lição mais antiga, pela qual já passamos, diz que não somos vítimas do mundo que vemos. O que isso quer dizer? Exatamente a mesma coisa que diz a lição 253 com outras palavras. Isto é, nós mesmos escolhemos tudo aquilo que vamos viver, tudo aquilo que queremos experimentar. Somos cem por cento responsáveis por tudo o que nos acontece. E não só a nós mesmos, mas ao mundo inteiro [pelo menos pelas partes do mundo que nos chegam à consciência]. Porque o mundo só existe como representação dos desejos e pensamentos que trazemos no interior de nós mesmos. É por isso que o mundo, em aparência, é diferente para cada um de nós.

A ideia que praticamos hoje nos oferece mais uma vez a oportunidade e a ocasião para a tomada de decisão. Ela nos convida a irmos, dentro de nós mesmos, ao lugar em que Deus nos espera, para nos acolher e envolver em Seu abraço amoroso e pleno de paz. E é só nesse abraço amoroso e nessa paz que podemos experimentar a alegria perfeita e sentir o coração bater em total sintonia com "toda a vida que Deus criou em Seu Amor". 


*NOTA: 


O poema Invictus, na tradução de André C. S. Masini ficou assim:

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi'alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

Às práticas?


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