sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Abrir mão do mundo em favor do espírito, do eterno


10. O que é o Juízo Final?

1. A Segunda Vinda de Cristo oferece esta dádiva ao Filho de Deus: ouvir a Voz por Deus revelar que aquilo que é falso é falso e que aquilo que é verdadeiro não muda nunca. E este é o julgamento no qual a percepção acaba. No começo tu vês um mundo que aceita isto como verdadeiro, projetado a partir de uma mente agora correta. E, com essa visão santa, a percepção dá uma bênção silenciosa e, então, desaparece, alcançada sua meta e cumprida sua missão.

2. O juízo final sobre o mundo não contém nenhuma condenação. Pois ele vê o mundo como totalmente perdoado, inocente e totalmente sem propósito. Sem uma causa e, agora, sem uma função na visão de Cristo, ele simplesmente desaparece no nada. Aí ele nasceu e também aí acaba. E todas as imagens no sonho em que o mundo começou se vão com ele. Agora, os corpos são inúteis e, por isso, se desvanecerão, porque o Filho de Deus não tem limites.

3. Tu, que acreditaste que o Juízo Final de Deus condenaria o mundo ao inferno junto contigo, aceita esta verdade santa: o Julgamento de Deus é a dádiva da Correção que Ele concedeu a todos os teus erros, libertando-te deles e de todos os efeitos que eles já pareceram ter. Ter medo da graça redentora de Deus é apenas ter medo da liberação total do sofrimento, da volta à paz, à segurança e à felicidade, e da união com tua própria Identidade.

4. O Juízo Final de Deus é tão misericordioso quanto cada passo no plano designado por Ele para abençoar Seu Filho e lhe pedir que volte à paz eterna que Deus compartilha com o filho. Não tenhas medo do amor. Pois só ele pode curar toda a tristeza, enxugar todas as lágrimas e despertar suavemente, de seu sonho de dor, o Filho a quem Deus reconhece como Seu. Não tenhas medo disso. A salvação pede que tu lhe dês acolhida. E o mundo espera tua alegre aceitação, que o libertará.

5. Este é o Juízo Final de Deus: "Tu ainda és Meu Filho santo, eternamente inocente, eternamente amoroso e eternamente amado, tão sem limites quanto teu Criador e inteiramente imutável e puro para sempre. Desperta, portanto, e volta para Mim. Eu sou Teu Pai e tu és Meu Filho".

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LIÇÃO 312

Vejo todas as coisas como quero que sejam.

1. A percepção vem depois do julgamento. Depois de julgar, vemos então aquilo que queremos ver. Pois a vista serve simplesmente para nos oferecer o que queremos. É impossível não ver aquilo que queremos ver e deixar de ver aquilo que escolhemos ver. Com quanta certeza, então, o mundo real tem de vir saudar a visão sagrada de qualquer pessoa que adota o propósito do Espírito Santo como sua meta para a visão. Porque ela não pode deixar de olhar para aquilo que Cristo quer que veja e de compartilhar o Amor de Cristo por aquilo que vê.

2. Não tenho nenhum objetivo hoje a não ser o de olhar para um mundo liberado, livre de todos os julgamentos que fiz. Pai, esta é Tua Vontade para mim hoje e, por isso, ela tem de ser também a minha meta.



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COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 312

Repetindo em parte os últimos comentários feitos para esta mesma lição em anos anteriores, continuo a acreditar que a esta altura do aprendizado já sabemos fazer algumas ligações entre as ideias que o Curso nos apresenta para as práticas e algumas das razões por que resistimos ao ensinamento, se ainda apresentamos algum tipo de resistência a ele. E me parece claro que, por mais que mergulhemos no estudo e nas práticas do ensinamento, o ego sempre vai resistir de uma ou outra maneira.

Acredito também que já aprendemos a identificar algumas das razões para que as experiências que vivemos se deem da forma com que se dão. Não poderia ser diferente com as práticas da ideia de hoje. Ela é naturalmente uma extensão daquela que praticamos ontem. E ambas são essenciais para nos ajudar a pôr em xeque os motivos que nos levam a ver o mundo do modo que vemos. E também as razões para acreditarmos que há algo de real no que vemos.

Se vocês estiverem atentos, hão de ver que há uma estreita ligação entre a ideia que praticamos hoje e uma lição das mais importantes - em meu modo de ver -  da primeira parte do livro de exercícios: a 132, lembram? Libero o mundo de tudo o que eu pensava que fosse. Além disso, é claro, ela está diretamente relacionada à ideia da lição de ontem: Julgo todas as coisas como quero que sejam. 

Poderia ser diferente? 

Não, não mesmo! A não ser que continuássemos no auto-engano de acreditar que existe alguma coisa fora de nós. Ou que existe uma vontade diferente da Vontade Deus. Ou que existe algo fora de Deus, ou de nós n'Ele, ou d'Ele em nós.

É por esta razão: a de que não há nada fora de nós, que precisamos ter sempre muito cuidado com aquilo que pensamos, com aquilo que ouvimos, com aquilo que dizemos e com aquilo que aceitamos para fazer parte de nossa experiência, de nossa vida. O tempo inteiro. Daí, a recomendação milenar: "Orai e vigiai".

Wayne Dyer, em um de seus livros, nos alerta para ficarmos atentos a nosso diálogo interior. Pois, diz ele, um dos maiores obstáculos à sintonia com o espírito são os nossos pensamentos e, claro, com ela, nossa conversa com nós mesmos, ou a conversa que o ego - o falso eu - tenta travar conosco. E Eckhart Tolle, em seu livro, O Poder do Agora, conforme já citei outras vezes, diz que precisamos nos lembrar de que não somos os nossos pensamentos. Apenas temos pensamentos. 


Diz ele, também, que um dos grandes medos que temos em relação aos pensamentos é o medo de que - acreditamos - se pararmos de pensar, vamos morrer. Isso não é verdade. Se aprendermos a parar os pensamentos, o que vai acontecer é que vamos entrar em contato com aquilo que somos verdadeiramente. Aí é que podemos ter a experiência do que é viver de verdade. Viver no presente. Agora. No único tempo que existe.

Assim a ideia para as práticas de hoje, estendendo a de ontem, chama nossa atenção para o fato de que aquilo que vivemos - e que aparentemente vem de fora - é apenas o resultado dos pensamentos e decisões que tomamos internamente. É por isso que precisamos parar e pensar, por exemplo, na forma pela qual somos tratados por aquelas pessoas com quem convivemos. 


Tudo o que elas fazem é apenas aplicar a nós aquilo que nós mesmos aplicamos. A nós mesmos e aos outros. Isto é, o modo com que os outros nos tratam tem absolutamente tudo a ver com o modo com que nos tratamos. O modo como cada um de nós trata de si mesmo. Porque aquilo que pensamos se expande, mesmo quando pensamos a respeito daquilo que nos aborrece, mesmo quando pensamos acerca daquilo que não queremos em nossa vida. Ou daquilo que nos agrada. Assim como daquilo que queremos.

Este comentário, mais uma vez, tem muito a ver com os que fiz para esta mesma lição em anos anteriores, como já disse acima. Tem a ver também com o momento que estamos vivendo, tanto nas práticas, quanto em nossas experiências neste mundo. É por isso que é preciso trazer à mente mais uma vez aquela parte do texto de que já falei algumas vezes, que está no capítulo 26 e que tem por título: VI. O amigo indicado

É essa parte do texto que vai nos mostrar que, ao acreditar em qualquer medida na percepção que nos oferecem os sentidos, só podemos estar todos errados, pois não se pode acreditar que nada do que vemos neste mundo pode ser alguma coisa diferente de ilusão. Na verdade, não há como acreditar que alguma coisa fora de nós exista. Nada no mundo, nem dinheiro, nem poder, nem prestígio, por exemplo, pode fazer com que o mundo venha a ser de alguma forma um lugar mais fácil de se viver. Tudo o que se pode fazer aqui é melhorar o sonho, torná-lo, talvez, feliz. Mas, mantendo-se a consciência de que o mundo é sonho.

Repito, pois, uma vez mais, a partir daqui o comentário dos anos anteriores. 

Notar, perceber, entender, trazer à consciência, aceitar e reconhecer que "A percepção vem depois do julgamento" (grifo meu) é IMPORTANTÍSSIMO. Aqui, na compreensão disto, está a chave para se entender as razões pelas quais nossas experiências se apresentam a nós desta ou daquela forma. É nosso julgamento que determina a percepção que vamos ter. 

Como o Curso diz em outro momento: "A percepção é um espelho, não um fato". Vejam bem: "Depois de julgar, vemos então aquilo que queremos ver". Pois a visão dos olhos do corpo, ou a percepção de qualquer de nossos sentidos, só nos oferece aquilo que queremos, aquilo que escolhemos ver, tocar, cheirar, ouvir ou saborear, provar. O mesmo acontece em relação ao que escolhemos sentir a partir da percepção. A experiência se apresenta, nós a interpretamos [em nosso julgamento, damos um significado à neutralidade dela] e decidimos sofrer, sentir dor, raiva, medo, culpa, mágoa, e assim por diante.

Lembram-se das primeiras lições que nos diziam que nada do que vemos tem qualquer significado? Ou que somos nós quem damos significado a tudo que vemos? Ou que não entendemos nada do que vemos? Ou ainda aquela que nos garante que nunca estamos transtornados, aborrecidos, magoados ou preocupados pela razão que imaginamos, pois só nos aborrecemos ou preocupamos com ideias que vêm do passado, um tempo que não existe?

Na verdade, o Curso nos ensina também que não somos capazes de ver as coisas - ou pessoas - para as quais olhamos como elas são no momento em que dirigimos nosso olhar para elas, pois nossos pensamentos não têm qualquer significado e só vemos o passado. Porque julgamos para poder ver o que queremos. Nossos pensamentos são julgamentos que fazemos e transformam muitas vezes o que vemos em "uma forma de vingança".

Bem feito! 


Não é assim que reagimos quando alguém vem nos contar que lhe aconteceu alguma coisa acerca da qual já o(a) havíamos alertado? E quantas vezes "torcemos" para que alguém, que não nos quis ouvir, se dê mal para provar que estávamos certos?  Quantas vezes pedimos uma prova concreta para um pensamento que sabemos correto, mas no qual não queremos acreditar porque vai de encontro à crença [isto é, a contraria] que queremos manter, sabendo que "o concreto" é apenas mais uma forma de ilusão que "materializamos" para provar nossos próprios pontos de vista, confirmá-los?

Daí o Curso nos perguntar a certa altura se queremos ser felizes ou ter razão. Não é possível ter os dois. Aliás, é preciso aprendermos a abrir mão de todas as certezas que não venham do Amor. Precisamos aprender a abrir mão do mundo inteiro para ganhar o mundo. Precisamos nos entregar por inteiro ao espírito, se quisermos, de fato, encontrar a paz de espírito por que ansiamos e que só o Amor de Deus, em nós mesmos, pode nos dar. 

E acrescento uma historinha que li recentemente, acerca do "abrir mão do mundo". Diz ela:

... Era uma vez um grande rei, bonitão, comilão, que gostava de se divertir, tinha 365 mulheres em seu harém. Um dia, foi a um mosteiro e viu um eremita: "Que grande sacrifício você está fazendo!" disse-lhe, e olhou para ele com misericórdia. "Seu sacrifício é maior, meu rei", respondeu o eremita. "Como assim?" "Porque eu reneguei o mundo efêmero, enquanto você renegou o eterno". 

Às práticas?


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