sexta-feira, 16 de junho de 2017

A vida é uma só apesar da diversidade de aparências


LIÇÃO 167

Há uma só vida e é esta que compartilho com Deus.

1. Não existem tipos diferentes de vida, pois a vida é igual à verdade. Ela não tem graus. É a única condição da qual tudo o que Deus criou compartilha. Como todos os Pensamentos d'Ele, ela não tem oposto. Não há morte porque aquilo que Deus criou compartilha de Sua vida. Não há morte porque não existe um oposto para Deus. Não há morte porque o Pai e o Filho são um só.

2. Neste mundo, parece haver um estado que é o contrário da vida. Tu o chamas de morte. No entanto, aprendemos que a ideia da morte toma muitas formas. É a única ideia subjacente a todas as sensações que não sejam extremamente felizes. É o alarme ao qual atendes quando reages de qualquer modo que não seja alegria completa. Qualquer tristeza, perda, ansiedade, sofrimento e dor, mesmo um suspiro de cansaço, um leve mal-estar ou a mais simples expressão de desagrado admitem a morte. E, deste modo, negam que vives.

3. Tu pensas que a morte está relacionada ao corpo. Porém, ela é apenas uma ideia inaplicável ao que se vê como físico. Uma ideia existe na mente. Por isto ela pode ser aplicada da forma que a mente a orienta. Mas é em sua origem que ela tem de ser mudada, se a mudança acontecer. As ideias não deixam sua fonte. A ênfase que este curso coloca nesta ideia se deve ao fato de ela ser primordial em nossas tentativas de mudar teu modo de pensar acerca de ti mesmo. Ela é a razão pela qual podes curar. Ela é a causa da cura. Ela é o motivo pelo qual não podes morrer. A verdade dela te estabeleceu como uno com Deus.

4. A morte é a ideia de que estás separado de teu Criador. É a crença de que as condições mudam, as emoções variam em razão de causas que não podes controlar, que não inventaste e que não podes mudar nunca. É a crença arraigada de que ideias podem deixar sua fonte e assumir qualidades que a fonte não tem, tornando-se diferentes de sua própria origem, separadas dela tanto em estado quanto em espaço, tempo e forma.

5. A morte não pode vir da vida. As ideias permanecem unidas a sua fonte. Elas podem estender tudo o que sua fonte contém. Neste aspecto, elas podem ir muito além de si mesmas. Mas não podem dar origem àquilo que nunca lhes foi dado. Conforme foram feitas, assim será seu fazer. Conforme foram criadas, assim criarão. E voltarão ao lugar de onde vieram.

6. A mente pode imaginar que dorme, mas isto é tudo. Ela não pode mudar aquilo que é seu estado desperto. Ela não pode inventar um corpo, nem morar no interior de um corpo. Aquilo que é estranho à mente não existe, porque não tem fonte. Pois a mente cria todas as coisas que existem e não pode lhes dar qualidades que lhe faltem, nem mudar seu próprio estado de atenção eterna. Ela não pode fazer o físico. Aquilo que parece morrer é apenas o sinal da mente adormecida.

7. O contrário da vida só pode ser outra forma de vida. Como tal, ela pode ser conciliada com o que criou, porque ela não é um oposto na verdade. Sua forma pode mudar; ela pode parecer ser o que não é. No entanto, mente é mente, acordada ou dormindo. Ela não é seu contrário em nada criado, nem naquilo que ela parece fazer quando acredita que dorme.

8. Deus só cria a mente desperta. Ele não dorme, e Suas criações não podem compartilhar aquilo que Ele não dá, nem inventar condições que Ele não compartilhe com elas. A ideia da morte não é o contrário dos pensamentos de vida. Por serem eternamente não contrariados por opostos de qualquer tipo, os Pensamentos de Deus continuam a ser imutáveis para sempre, com o poder para se estenderem imutavelmente, mas ainda no interior de si mesmos, pois eles estão em todos os lugares.

9. Aquilo que parece ser o contrário da vida está dormindo simplesmente. Quando a mente escolhe ser o que ela não é e simular um poder estranho que não tem, um estado estranho no qual não pode penetrar ou uma condição falsa que não se encontre em sua Fonte, ela simplesmente parece ir dormir um pouco. Ela sonha com o tempo; um intervalo no qual o que parece acontecer não acontece jamais, as mudanças feitas não têm sentido e todos os acontecimentos não estão em parte alguma. Quando a mente desperta, ela apenas se mantém como sempre foi.

10. Sejamos, hoje, filhos da verdade e não neguemos nossa herança sagrada. Nossa vida não é como a imaginamos. Quem muda a vida em razão de fechar os olhos, ou fazer de si mesmo o que não é porque dorme e vê em sonhos um oposto ao que é? Não pediremos a morte em nenhuma forma hoje. E também não permitiremos , nem por um instante, que opostos imaginários à vida habitem no lugar em que o Pensamento da vida eterna foi posto pelo Próprio Deus.

11. Hoje lutamos para manter Seu lar sagrado como Ele o estabeleceu e quer que ele seja para todo o sempre. Ele é o Senhor do que pensamos hoje. E em Seus Pensamentos, que não têm opostos, compreendemos que há uma só vida e que é esta vida que compartilhamos com Ele, com toda a criação, com os pensamentos dela também, a quem Ele criou em uma unidade de vida que não pode se separar na morte e deixar a Fonte da vida de onde veio.

12. Compartilhamos uma única vida porque temos uma única Fonte, uma Fonte da qual a perfeição vem a nós, permanecendo sempre nas mentes sagradas que Ele criou perfeitas. Do modo que éramos, também somos agora e seremos para sempre. Uma mente adormecida tem de despertar, quando vê sua própria perfeição espelhando o Senhor da vida de forma tão perfeita que se desvanece no que está refletido aí. E agora ela não é mais um simples reflexo. Ela se torna a coisa que reflete e a luz que torna o reflexo possível. Não se necessita de nenhuma visão agora. Pois a mente desperta é aquela que conhece sua Fonte, seu Ser e sua Santidade.


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COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 167

"Há uma só vida e é esta que compartilho com Deus."

Voltamos, hoje, uma vez mais a uma das ideias que talvez esteja entre as mais difíceis de se entender a partir da lógica do ego, da lógica daquele a quem Elio D'Anna chama de ser humano comum, que, a rigor, somos todos nós, quando ainda não iniciamos o movimento consciente e decidido de buscar tomar consciência de nós mesmos e do papel que nos cabe neste mundo das ilusões e dos sentidos.

Por isso repito, para esta lição, quase que integralmente, a não ser por  algumas pequenas alterações, os comentários feitos a ela nos últimos anos. Acredito que é a partir do entendimento desta ideia de hoje que vamos poder chegar ao ponto de questionar a ideia da inevitabilidade da morte. É a partir dela que podemos chegar a questionar a própria morte, que é uma das ferramentas mais caras ao sistema de pensamento do ego, conforme vimos em uma das lições recentes. 

Assim é que, entender que a vida é uma só, e que tudo aquilo que vemos e que pensamos existir na aparência é apenas a manifestação desta vida única, apesar de toda a diversidade de formas que vemos, e entender também que esta vida única é a vida que compartilhamos com Deus, é dar um passo gigantesco em direção da cura da percepção, em direção do autoconhecimento e em direção do contato direto com o divino de quem nunca nos separamos. 

Esse contato direto se dá o tempo todo, mesmo quando temos a impressão de que não ouvimos a Voz por Deus. Mesmo quando pensamos que estamos distantes da Presença, por não A termos trazido à consciência. Mesmo quando nos recusamos a abrir os ouvidos para a Voz do divino em nós mesmos, ou quando ficamos cegos à manifestação da Graça. Nos momentos em que tudo o que conseguimos ver é a crise, por exemplo. Ou situações para as quais aparentemente não há saída. Como as que se apresentam, apenas na ilusão - que muitos dentre nós tentam reforçar como se fosse realidade -, para a maioria de nós, brasileiros, no momento por que passamos neste país.

É esta compreensão que pode nos pôr - e, de fato, nos põe - aptos a curar pelo espírito, pois já aprendemos a não dar crédito àquilo que nos mostram os corpos e a percepção dos sentidos, colocando toda a nossa confiança na informação que nos chega a partir do divino em nós, a partir da atenção e da escuta da Voz por Deus, que brota da Fonte da criação daquilo que somos na verdade. Deixando de dar ouvidos às informações todas que nos chegam das fontes do ego e que buscam apenas perpetuar a ilusão.

Em seu livro A Arte de Curar pelo Espírito, Joel Goldsmith diz que "... a cura pelo espírito é algo tão estranho, tão revolucionário, tão diferente do modo cotidiano de pensar, que é difícil ensiná-la ou comunicá-la a outros". Eu diria: muito difícil.

Ele diz também que: "no momento em que alguém se torna instrumento pelo qual outro recebe cura - mesmo que se trate apenas de uma simples indigestão ou de uma dor de cabeça comum - é isto uma prova de que há uma presença, uma força; entramos em contato com Algo, que transcende a capacidade ou a inteligência humana [sua lógica]. E isto quer dizer que, a partir daí, nosso trabalho deve consistir em continuar a procurar, intensificando a consciência dessa presença e fazendo exercícios práticos, até que venha a compreensão, seguida da verdadeira realização".  

É claro, como vimos muitas vezes antes, que, a partir do que nos ensina o Curso, já somos capazes de entender que aquilo que o curador faz não é nada mais do que "auxiliar" o outro, o doente, a abrir-se para a presença do divino em si mesmo, o que permite que ele transcenda/ultrapasse a crença/o pensamento que o mantém aparentemente preso à doença, qualquer que ela seja. 

Também precisamos, como nos chamou a atenção a lição de ontem, ficar atentos aos efeitos de nossas escolhas sobre aqueles que compartilham o mundo conosco. Isto é, se choramos, nós os autorizamos a chorarem. Nosso medos justificam para eles os medos que vemos e de que ouvimos falar nuns e noutros. Nossa dor autoriza o sofrimento e a dor deles. Nossa doença apenas demostra que a cura pode ser demorada e que a doença é uma possibilidade, que pode ser real e pode atingi-los da mesma forma que nos atingiu.

É para isso que se orientam nossas práticas. Hoje, e em todos os dias, nos momentos que escolhemos dedicar nossa atenção ao encontro com o divino em nós mesmos, como forma de alcançar o conhecimento que pensamos ter esquecido, quando, enganados pelo falso eu, nos acreditamos separados de Deus e, por consequência, de nós mesmos e daquilo que somos na essência, na verdade, e de todos os que andam por este mundo conosco.

Já aprendemos em uma lição anterior que a morte não existe. O que morre não é o que Deus criou, pois "aquilo que Deus cria é eterno", uma ideia que está em perfeita sintonia com a ideia que a lição nos oferece para a práticas de hoje. 

Acreditar, perceber, reconhecer, compreender, no sentido de aceitar, a ideia de que a vida é uma só permite que nos libertemos da ideia do tempo, para compreender que o passado passou e não deixou nada a não ser a beleza e uma bênção, para aqueles que aprendem a olhar para o mundo livres do medo que serve apenas para esconder o Ser, que sempre foi, ainda é, e sempre será parte de nós, aliás, a única parte verdadeira de nós, que está além do tempo e que já venceu a morte. E que também não há futuro para se temer.

E é Goldsmith, mais uma vez, que nos garante que: "em sentido absoluto, não há futuro: o futuro é a constituição do presente, é o prolongamento do presente no tempo e no espaço; nosso futuro será este presente [o que cada um de nós cria para si], qualquer que seja, a se estender através do tempo e do espaço".

E é um presente com consciência da Presença que as práticas nos oferecem. Porque, citando Goldsmith ainda mais uma vez: "Eis aqui agora o dia da salvação" (II Cor, 6:2). Agora é o único tempo, agora é o tempo perfeito. Agora Eu sou. Agora somos filhos de Deus. Agora - não amanhã, não quando estivermos mortos, mas agora! Agora vivemos, nos movemos e temos nosso ser na Consciência-Cristo". É só agora que podemos viver esta vida única que compartilhamos com Deus.

Às práticas?


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