domingo, 15 de janeiro de 2017

Só julgamento e aparência é o que vemos no mundo


LIÇÃO 15

Meus pensamentos são imagens que faço.

1. É em razão de os pensamentos que pensas que pensas aparecerem como imagens que não os reconheces como nada. Tu pensas que os pensas e, por isto, pensas que os vês. É deste modo que teu "ver" foi feito. Esta é a função que dás aos olhos de teu corpo. Não é ver. É construir imagens. Toma o lugar de ver, substituindo a visão por ilusões.

2. Esta ideia introdutória ao processo de construção de imagens que chamas de ver não fará muito sentido para ti. Tu começarás a compreendê-la quanto vires pequenas bordas de luz em torno dos mesmos objetos familiares que vês agora. Isto é o começo da visão verdadeira. Podes ter certeza de que a visão verdadeira virá rapidamente quando isso acontecer.

3. Conforme prosseguirmos, poderás ter muitos "episódios de luz". Eles poderão assumir muitas formas diferentes, algumas das quais bastante inesperadas. Não tenhas medo deles. Eles são sinais de que estás abrindo os olhos finalmente. Eles não perdurarão, porque simplesmente simbolizam a percepção verdadeira e não estão relacionados ao conhecimento. Estes exercícios não vão te revelar o conhecimento. Mas prepararão o caminho para ele.

4. Ao praticares a ideia para hoje, primeiro repete-a para ti mesmo e, depois, aplica-a a qualquer coisas que vires à volta de ti, utilizando o nome dela e deixando que teus olhos descansem sobre ela enquanto dizes:

Este(a) _______ é uma imagem que faço.
Aquele(a) ________ é uma imagem qu faço.

Não é necessário incluir um número grande de sujeitos específicos para a aplicação da ideia de hoje. É necessário, porém, continuar a olhar para cada sujeito enquanto repetes a ideia para ti mesmo. A ideia deve ser repetida bem lentamente a cada vez.

5. Embora obviamente não sejas capaz de aplicar a ideia a um número muito grande de coisas durante o minuto aproximado de prática que se recomenda, tenta tornar a seleção o mais aleatória possível. Se começares a te sentir inquieto, menos do que um minuto será suficiente para os períodos de prática. Não faças mais do que três períodos de aplicação da ideia para hoje, a menos que te sintas inteiramente à vontade com ela, e não ultrapasses quatro. Todavia, a ideia pode ser aplicada conforme a necessidade ao longo do dia.

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COMENTÁRIO:


Explorando a LIÇÃO 15

"Meus pensamentos são imagens que faço."

Parece-lhes claro este título para a lição de hoje? Já lhes passou pela cabeça que nossos pensamentos, na verdade, não têm forma, não têm significado? Eles se apresentam como imagens que vamos aprendendo ao longo de nossas vidas, Imagens a que damos nome e separamos do todo. Imagens que mudam o tempo todo. E que mudam ao sabor do que sentimos.

Lembram-se da sétima lição? Aquela que nos chama a atenção para o fato de que só vemos o passado. Há lá um exemplo que pode servir para ilustrar também a ideia que praticamos hoje. Um exemplo que nos pede para olhar para uma xícara e questionar o que sabemos a respeito dela no presente, aqui e agora. Um exemplo que nos leva a concluir que tudo o que pensamos saber da xícara é apenas o que aprendemos dela no passado. Não a vemos verdadeiramente. Não sabemos o que ela é. E isso vale para tudo.


Meus pensamentos são imagens que faço.

É assim que nossa memória registra as coisas, pessoas e situações que experimentamos: com imagens do passado. No presente não podemos fabricar imagens porque vivemos a unidade com tudo o que nos rodeia. Não há tempo, não há espaço, não há um "eu" para ver, sentir, tocar, cheirar ou provar. Também não há um "eu" que duvide do que vê. Há só sintonia, comunhão, comunicação perfeita.

O que é ver, então, para nós? Quem pode garantir que o que vemos é real? Os pensamentos que temos não significam coisa alguma, assim como as coisas que pensamos ver. Nossa mente só se preocupa com pensamentos do passado e não somos capazes de ver nada tal como é agora, neste exato momento.

O que a lição nos diz a respeito? Vejamos o primeiro parágrafo: 


É em razão de os pensamentos que pensas que pensas aparecerem como imagens que não os reconheces como nada. Tu pensas que os pensas e, por isto, pensas que os vês. É deste modo que teu "ver" foi feito. Esta é a função que dás aos olhos de teu corpo. Não é ver. É construir imagens. Toma o lugar de ver, substituindo a visão por ilusões.
 
Ela também diz a seguir, no segundo parágrafo, que esta ideia pode não fazer sentido para nós, de início. Para nenhum de nós, que acreditamos no que nos mostram os sentidos. Mas diz ainda que vamos começar a entendê-la melhor a partir do momento em que virmos pequenas réstias de luz circundando os mesmos objetos que vemos agora, e que nos são familiares - imagens do passado. A partir daí começaremos a ter contato com a verdadeira visão.

Podemos dizer, metaforicamente, que começar a ver a luz em torno dos objetos, pessoas e situações a que estamos acostumados, significa apenas que começamos a perceber que, na verdade, os olhos do corpo não podem mesmo ver. Eles se limitam a registrar as imagens de um passado que já não existe.

Do mesmo modo, os outros sentidos de que somos dotados não são úteis para a apreensão do mundo real, da Realidade, uma vez que eles, a exemplo da visão, dependem dos pensamentos que não tem significado, que aprendemos no - e do - mundo. Tudo no mundo é julgamento e aparência. Isto é, o que vemos no mundo é só julgamento e aparência. Tudo o que vemos, tocamos, ouvimos, cheiramos ou provamos está ligado ao passado, a pensamentos e imagens, impressões, sons, aromas e sabores que não existem a não ser em nossa memória, em nossa mente. 


Meus pensamentos são imagens que faço.

Peguemos, por exemplo, uma fotografia. Uma fotografia de algum tempo atrás de alguém que "conhecemos bem". Não importa quem. Uma fotografia daquela pessoa de um tempo em que ainda não a conhecíamos. Como podemos dizer que ela é a mesma pessoa que pensamos conhecer hoje? Como ela mesma pode dizer isso? Ao vê-la numa foto anterior muitas vezes somos levados a pensar que não é possível que ela já tenha tido a aparência que a fotografia nos mostra. Onde está a verdade? Na pessoa que julgamos conhecer? Na fotografia? 


Meus pensamentos são imagens que faço.

Nada, nada, nada, mas nada mesmo em nossa experiência de fazedores de imagens se sustenta. Nenhuma das imagens que fazemos pode sobreviver. "Tudo muda o tempo todo no mundo", como diz Lulu Santos na canção. Nenhuma das imagens que vemos é real. Podemos escolher milhares de maneiras diferentes para testar a ideia que o Curso nos oferece para as práticas de hoje e vamos concluir, em relação a todas elas, que esta ideia é verdadeira.

Ela pode nos conduzir imediatamente à experiência da liberdade, fazendo-nos deixar para trás todo e qualquer apego que tenhamos a quaisquer coisas no mundo. Também pode nos libertar do apego a pessoas e situações que acreditamos serem as mais importantes em nossa vida.

Ela pode, igualmente, nos conduzir ao vislumbre de uma experiência do amor de Deus, ou como quer que chamemos aquela energia vital que nos anima, pois nos permite perceber que as pessoas, as coisas e situações de nossas vidas são prisioneiras de imagens que fazemos. Se quisermos, pois, experimentar a liberdade, libertar o mundo e tudo o que pensamos haver nele, a ideia de hoje pode nos fazer aplicar o que diz a canção de Sting: "If you love somebody, set them free", o que significa dizer: "Se amas alguém, liberta-o", ou ainda, "Se amas alguém, dá-lhe liberdade, deixa-o(a) livre".

Às práticas?

Um comentário:

  1. Estive alguns dias, nesse final e início de ano, em uma fazenda em Gonçalves ( perto de Campos de Jordão). Tive uma experiência incrível desse estado de quietude da mente e não identificação com os conceitos já estabelecidos. Como a Natureza é muito exuberante lá, não conseguia pensar da forma que sempre faço. Era só olhar para aquilo tudo e nada pensar.Como se estivesse nascendo naquele momento e descobrindo um mundo novo.Não havia passado, só o momento presente. Voltando para São Paulo, entrando na rotina daqui, reconheci o movimento que faço ao identificar-me com alguma situação. Essa mente tão quieta e translúcida, que se apresentava em Gonçalves, agora reage a cada acontecimento e torna-se agitada e totalmente particularizada.Sei que, mesmo em grandes metrópoles,é possível fazer escolhas e viver de maneira mais natural.O meu desafio, agora, é não fazer comparações com o que vivi lá e buscar essa vivência de silêncio e harmonia mental aqui, no meio de todas essas confusões.

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