quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Mesmo a situação"desagradável" é escolha nossa


LIÇÃO 22

O que vejo é uma forma de vingança.

1. A ideia de hoje descreve de forma precisa o modo com que uma pessoa que alimente pensamentos de ataque em sua mente tem de ver o mundo. Ao projetar sua raiva no mundo, ela vê a vingança prestes a cair sobre si. Assim, seu próprio ataque é percebido como auto-defesa. Isto se torna um círculo vicioso crescente até ela estar disposta a mudar seu modo de ver. Caso contrário, pensamentos de ataque e de contra-ataque a perturbarão e povoarão o mundo inteiro. Que paz de espírito é possível para ela, então?

2. É desta fantasia cruel que queres escapar. Não é uma boa notícia ouvir que isto não é verdade? Descobrir que podes escapar não é uma descoberta feliz? Tu construíste aquilo que queres destruir; todas as coisas que odeias e queres atacar e matar. Tudo aquilo de que tens medo não existe.

3. Olha para o mundo ao teu redor pelo menos cinco vezes hoje por, no mínimo, um minuto a cada vez. Enquanto teus olhos se moverem lentamente de um objeto para outro, de um corpo para outro, dize a ti mesmo:

Eu vejo apenas o perecível.
Eu não vejo nada que vá durar.
O que vejo não é real.
O que vejo é uma forma de vingança.

Ao final de cada período de prática, pergunta a ti mesmo:

Este é o mundo que realmente quero ver?

A resposta certamente é óbvia.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 22

Antes de passarmos à exploração propriamente dita da lição, quero agradecer as manifestações dos colegas que continuam a compartilhar suas impressões e a praticar as lições juntamente com todos os anônimos e não-anônimos que passeiam por este espaço, quer diariamente, quer de forma esporádica.

Como está dito na abertura do blogue, o objetivo para a criação de tal espaço foi exatamente a troca de ideias a respeito das lições, além, é claro, de facilitar o acesso de todos a um só lugar onde as lições se apresentem dia a dia, com um comentário que quer ser um facilitador no entendimento dos pontos principais da lição a cada dia, todos os dias. 

Assim, muito obrigado ao David, que no ano passado comentou a lição do dia 19 de janeiro, dizendo que "é tão difícil não julgar... mas [que] sem dúvida... não julgar é o grande salto para a compreensão da união [unidade] de todos nós". Só para ilustrar mais uma vez, repetindo uma pequena reflexão a respeito do que ele diz, precisamos pensar, lembrar, ter em mente, que somos nós mesmos - cada um de nós a seu modo - que fazemos este mundo e escolhemos as experiências que queremos viver.

Como fazemos isso? A partir de nossos pensamentos, de nossas crenças. São nossos pensamentos que criam as experiências por que escolhemos passar. Assim, é claro que, se eu penso que "é tão difícil não julgar", é este pensamento que vai criar as experiências que vão me fazer julgar, ou que vão me dar argumentos [ao ego em mim] para justificar meus julgamentos, pois "é tão difícil não julgar". Percebem, como nós criamos para nós mesmos as armadilhas em que nos colocamos?

Agradeço também a Eliane e a Nina, por todos os comentários, confirmando que continuam conosco. E a Lena que também comentou uma ou outra lição, dizendo-se perceber, em 2014, diferente da Lena de 2013, ao praticar mais uma vez as lições. É claro que sou enormemente agradecido também a todos que visitam o blogue, mesmo quando não fazem comentários. Espero que ele dê a todos a oportunidade de entrarem em contato com uma forma de se buscar chegar ao autoconhecimento. 

Preciso lembrar também da Paula, que fez um primeiro comentário há pouco. O Murilo, que se juntou a nós recentemente. Há ainda a Majô, que respondeu "presente" pelo WhatsApp e a Maria José, nossa colega, que de vez em quando comenta a lição ou faz alguma pergunta a respeito dela por e-mail. David também já respondeu presente em comentário a uma das lições deste ano. Desculpem-me se esqueci alguém.

E, mais uma vez, para explorar a ideia para as práticas de hoje, vou me valer, entre outros, do comentário que fiz neste espaço em 2009, quando estava apenas começando e quando os comentários e o blogue ainda não tinham a forma que têm hoje. Que lhes parece? Estão dispostos, mais uma vez, a voltar no tempo - que não existe - e trazer à luz aquilo de que se falou para, quem sabe, começarmos a praticar ver as coisas de modo diferente?

"O que vejo é uma forma de vingança."

Curso pede:

Olha para o mundo ao teu redor pelo menos cinco vezes hoje por, no mínimo, um minuto a cada vez. Enquanto teus olhos se moverem lentamente de um objeto para outro, de um corpo para outro, dize a ti mesmo:

Eu vejo apenas o perecível.
Eu não vejo nada que vá durar.
O que vejo não é real.
O que vejo é uma forma de vingança.

Como se dá este tipo de visão?

É óbvio que, sem o conhecimento de que nossos pensamentos não significam coisa alguma, pensamos poder atribuir a eles, e ao que vemos a partir deles, todo o significado que têm para nós. E é óbvio também que o fazemos. E, porque acreditamos que é só deste modo que o mundo funciona, acreditamos também que é só assim que podemos agir. Projetando nossos pensamentos sobre o mundo e vendo-os se materializarem do jeito que queremos ou na maioria das vezes do jeito que não queremos. Outras do jeito que pensamos querer. Ou mesmo projetando-os sem saber, inconscientes de que é a partir do que pensamos que as experiências se apresentam em nossa vida. Ou, noutras ainda, reclamando por esta ou aquela situação "desagradável" se ter materializado, como se ela não fora uma escolha nossa. 

O que vejo é uma forma de vingança.

Ou não é isso que nos leva a dizer: "Bem feito! Eu bem que avisei que era isso que ia acontecer.", quando alguém a quem demos um conselho, ou uma opinião, e que se recusou a nos ouvir, se dá mal? Isso não um ataque?

A lição diz:

A ideia de hoje descreve de forma precisa o modo com que uma pessoa que alimente pensamentos de ataque em sua mente tem de ver o mundo. Ao projetar sua raiva no mundo, ela vê a vingança prestes a cair sobre si. Assim, seu próprio ataque é percebido como auto-defesa. Isto se torna um círculo vicioso crescente até ela estar disposta a mudar seu modo de ver. Caso contrário, pensamentos de ataque e de contra-ataque a perturbarão e povoarão o mundo inteiro. Que paz de espírito é possível para ela, então?

Lembram-se do que eu disse nos dois últimos anos?

Por que razão vocês imaginam que insistimos tanto em manter um ponto de vista, uma forma de pensar que nos foi ensinada e que só faz impedir que vivamos a paz de espírito que nos colocaria de forma permanente no céu? De que imaginam que temos de nos vingar? Do passado? Do futuro? De maus tratos que sofremos na infância, na adolescência ou mais tarde, após nos termos tornado adultos, quando embarcamos na viagem a que estamos todos destinados como responsáveis por nós mesmos, pela nossa própria manutenção e sustento em um mundo absolutamente competitivo, em que não se pode dar lugar à alegria, à atenção e cuidado para com o outro, sob pena de termos nosso tapete "puxado", ou de sermos taxados de bobos, ingênuos e outros adjetivos similares?

Como eu disse em 2009, a "mudança" necessária para que vejamos o mundo de forma diferente não é um estado para ser obtido, ou perseguido e alcançado em muitas vidas. No tempo. Pode-se [é possível!] consegui-la instantânea e imediatamente. Num piscar de olhos. Ela depende apenas de uma decisão. Depende de se buscar um estado de atenção permanente a nós mesmos. Ao que somos e ao que vivemos, e ao que criamos a partir do que somos, ou seja, a partir do estado de atenção. Ao que sentimos em nosso contato particular com o mundo que criamos e recriamos a cada instante, a cada nova informação, a cada experiência nova. É um estado de "iluminação" constante e permanente que se pode, sim, alcançar pela consciência de que não existe, para nenhum de nós, um estado diferente daquele que vivemos agora. Todos vivemos a cada instante apenas aquilo que nos é dado viver, a partir das escolhas que fazemos, das crenças e dos pensamentos que usamos para construir nossa experiência de mundo e o próprio mundo.

O que vejo é uma forma de vingança.

Enquanto não escolhermos e decidirmos, de fato, ver de modo diferente, o que o mundo vai nos mostrar é apenas uma forma de vingança, que justifique e devolva o ataque que fazemos. Um ataque que pensamos fazer a outro(s) mas que, na verdade, só fazemos a nós mesmos.

Aproveitando ainda parte do que eu disse nos últimos anos: quando iremos aprender que esta guerra absurda e inconsequente que travamos - uns mais, outros menos - contra o mundo é apenas reflexo de conflitos interiores, resultantes de nossa não-aceitação do papel que nos cabe como filhos de Deus?

E o Curso ensina:

É desta fantasia cruel que queres escapar. Ouvir que isto não é verdade, não é uma boa notícia? Descobrir que podes escapar não é uma descoberta feliz? Tu construíste aquilo que queres destruir; todas as coisas que odeias e queres atacar e matar. Tudo aquilo de que tens medo não existe.

Por isso precisamos olhar para o mundo e, atentos, aplicar a ideia a cada coisa que vemos, questionando-nos, depois de declarar que o que vemos não é real e que é apenas uma forma de vingança, como a lição aconselha:

Este é o mundo que realmente quero ver?

Às práticas?


2 comentários:

  1. O Curso diz: "eu ataco no outro algo que está em mim". Ataco e aí sinto-me culpado ,pois na verdade o outro não é responsável pelo meus julgamentos. A culpa gera o medo, medo de ser punido pelo que fiz. Então preciso defender-me. Sempre que tenho que me defender é porque sinto-me culpado. Como esse processo é em grande parte inconsciente, instala-se esse círculo vicioso sem fim. A única saída é começar a olhar os ataques , culpas, medos, defesas e tudo mais como nossos e convidar o Espírito Santo para corrigir nossa limitada visão.

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    1. Sim, Cida.

      Certamente o processo de mudança, para se sair do círculo vicioso, é forçosamente o reconhecimento de que "o outro" não existe senão como uma projeção daquilo que quero ver fora de mim. Isto é, "o outro" também é o que eu sou.

      É por isso que o Curso ensina que todo o ataque é dirigido primeiramente a mim mesmo. E, só depois, àquilo que vejo, aparentemente, fora de mim, uma vez que não existe nada fora, conforme o Curso ensina.

      Além disso, o convite ao Espírito Santo é também apenas uma forma de eu me voltar para o divino dentro de mim, que posso chamar de Cristo, de Deus, ou mesmo de Espírito Santo, de acordo com o que me soar melhor para a minha experiência.

      Obrigado por continuar conosco e por compartilhar seus insights.

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