sábado, 12 de julho de 2025

Dentre as lições que resumem o Curso, eis aqui uma

 

LIÇÃO 193

Todas as coisas são lições que Deus quer que eu aprenda.

1. Deus não conhece aprendizado. Mas Sua Vontade se estende àquilo que Ele não compreende, no sentido de que Ele deseja que a felicidade que Seu Filho herdou d'Ele seja serena, eterna e ganhe alcance para sempre, que se expanda eternamente na alegria da criação completa e perenemente aberta e inteiramente ilimitada n'Ele. Esta é a Vontade d'Ele. E, desta forma, a Vontade d'Ele oferece os meios para que isto se realize.

2. Deus não vê nenhuma contradição. Mas Seu Filho pensa vê-las. Assim, ele tem uma necessidade de Alguém Que possa corrigir sua visão desviada e lhe dar a visão que o conduzirá de volta ao lugar em que a percepção acaba. Deus não percebe absolutamente. Mas é Ele Quem dá o meio pelo qual a percepção se torna verdadeira e bela o suficiente para permitir que a luz do Céu brilhe sobre si. É Ele Quem responde àquilo que Seu Filho quer contestar e mantém sua inocência a salvo para sempre.

3. Estas são as lições que Deus quer que aprendas. A Vontade d'Ele reflete todas elas e elas refletem Sua bondade amorosa para com o Filho que Ele ama. Cada lição tem um pensamento central, o mesmo em todas elas. Só a forma muda, com circunstâncias e acontecimentos diferentes; com personagens e temas diferentes, aparentes mas não reais. Todas são iguais em seu conteúdo básico. É este:

Perdoa e verás isto de modo diferente.

4. É certo que nem toda a aflição parece ser apenas falta de perdão. Mas é este o conteúdo sob a forma. É esta igualdade que torna certo o aprendizado, porque a lição é tão simples que, no fim, não pode ser rejeitada. Ninguém pode se esconder para sempre de uma verdade tão verdadeiramente óbvia que aparece sob formas incontáveis e, ainda assim, é tão facilmente reconhecida em todas elas, se se quiser ver apenas a simples lição aí.

5. Perdoa e verás isto de modo diferente.

Estas são as palavras que o Espírito Santo diz em todas as tuas tribulações, toda tua dor, todo sofrimento, independente de sua forma. Estas são as palavras com as quais a tentação termina, e a culpa, abandonada, não é mais reverenciada. Estas são as palavras que põem fim ao sonho do pecado e livram a mente do medo. Estas são as palavras pelas quais a salvação chega para o mundo inteiro.

6. Não aprenderemos a dizer estas palavras quando formos tentados a acreditar que a dor é real e que a morte é nossa escolha em lugar da vida? Não aprenderemos a dizer estas palavras quanto tivermos entendido seu poder para liberar todas as mentes da escravidão? Estas são as palavras que te dão poder sobre todos os acontecimentos que parecem ter recebido poder sobre ti. Tu os vês de modo correto quando manténs estas palavras em plena consciência e não te esqueces de que elas se aplicam a tudo o que vês ou a qualquer coisa que algum irmão vê de maneira imprópria.

7. Como podes saber quando vês de forma errada ou quando alguém deixa de perceber a lição que deveria aprender? A dor parece real à percepção? Se parecer, fica certo de que a lição não foi aprendida. E de que uma falta de perdão continua escondida na mente que vê a dor pelos olhos que a mente controla.

8. Deus não quer que sofras deste modo. Ele quer te ajudar a te perdoares. Seu Filho não se lembra de quem é. E Deus quer que Ele não se esqueça de Seu Amor e de todas as dádivas que Seu Amor traz consigo. Queres renunciar a tua própria salvação agora? Queres deixar de aprender as simples lições que o Professor do Céu põe diante de ti a fim de que toda dor possa desaparecer e Deus possa ser lembrado por Seu Filho?

9. Todas as coisas são lições que Deus quer que aprendas. Ele não quer deixar um único pensamento de falta de perdão sem correção, nem sequer um espinho ou prego para ferir Seu Filho de qualquer modo. Ele quer garantir que seu descanso sagrado permaneça tranquilo e sereno, sem nenhuma preocupação, em um lar eterno que cuide dele. E Ele quer que todas as lágrimas sejam enxugadas, que não fique nenhuma por derramar e que nenhuma fique apenas esperando o tempo estabelecido para cair. Pois Deus quer que o riso substitua cada uma delas e que Seu Filho seja livre novamente.

10. Hoje tentaremos superar milhares de aparentes obstáculos à paz em um único dia. Deixa que a misericórdia venha a ti mais rapidamente. Não tentes evitá-la por mais um dia, mais um minuto ou mais um instante. Para isto se fez o tempo. Usa-o hoje para aquilo que é a finalidade dele. Dedica, pela manhã e à noite, o tempo que puderes para atender ao objetivo que lhe é próprio e não deixes que seja menor do que aquele que pode atender a tua necessidade mais profunda.

11. Dá tudo o que puderes e um pouco mais. Pois agora queremos nos levantar com urgência e ir para a casa de nosso Pai. Estivemos fora tempo demais e não queremos nos demorar mais aqui. E, ao praticarmos, pensemos em todas as coisas que deixamos para resolver por nós mesmos e que nos mantiveram separados da cura. Vamos dá-las todas Àquele Que conhece o modo de olhar para elas a fim de que desapareçam. Sua mensagem é a verdade; Seu ensinamento é a verdade. São Suas as lições que Deus quer que aprendamos.

12. Hoje, e nos próximos dias, a cada hora, passa algum tempo praticando a lição do perdão na forma estabelecida para o dia. E tenta aplicá-la aos acontecimentos da hora, para que a seguinte fique livre da anterior. Deste modo as amarras do tempo se afrouxam facilmente. Não deixes que nenhuma hora lance suas sombras sobre a seguinte e, quando esta passar, deixa que tudo o que aconteceu nela se vá com ela. Assim, permanecerás livre, em paz eterna no mundo do tempo.

13. Esta é a lição que Deus quer que aprendas: há um modo de olhar para cada coisa que permite que ela seja outro passo em direção a Ele e à salvação do mundo. A tudo o que fala de terror, responde assim:

Perdoarei e isto desaparecerá.

Para cada receio, cada preocupação e cada forma de sofrimento, repete estas mesmas palavras. E assim seguras a chave que abre os portões do Céu e traz o Amor de Deus Pai, enfim, para a terra, para elevá-la ao Céu. Deus Mesmo dará este passo final. Não negues os pequenos passos que Ele te pede para dar em direção a Ele.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 193

Caras, caros,

É sempre bom e necessário verificarmos o progresso de nosso aprendizado. De tempos em tempos. Por quê? Porque, como o próprio ensinamento diz, o ego é manhoso, ardiloso e capaz de armar muitas armadilhas para nos enganar. Usando muitas vezes o ensinamento e suas lições, ou suas ideias mais caras, o ego nos garante que estamos progredindo, que já somos capazes de aceitar as outras pessoas sem julgá-las, aceitá-las do modo que são.

Será verdade isso? Ou será que o ego está nos levando ao auto-engano? Fazendo-nos pensar que já somos pessoas melhores do que as outras, porque estamos estudando o Curso, fazendo as lições e levando-as a sério. Isso não será, talvez, soberba? Não será talvez outro modo de julgar as pessoas com quem partilhamos nossa experiência de mundo?

Precisamos estar sempre atentas, sempre atentos. Não se brinca com o ego. É preciso que aprendamos tudo o que ele é capaz de fazer para nos iludir e para nos manter prisioneiras, ou prisioneiros, da ilusão. Tudo o que ele quer e que nos mantenhamos em conflito, em dúvida e não questionemos seu sistema de pensamento.

A ideia com que vamos praticar hoje vai nos auxiliar a entender melhor de que forma podemos lidar com o ego. 

"Todas as coisas são lições que Deus quer que eu aprenda."

A lição que praticamos hoje está entre as minhas lições favoritas, como já lhes disse algumas vezes antes. Não porque ela traz para as práticas uma ideia "melhor" do que qualquer uma das outras. Pois todas a lições - e cada uma delas - trazem em si o poder de nos fazer despertar para viver o Céu. No caso desta, eu a coloco entre as minhas favoritas, apenas porque ela traz, para mim, de forma clara e cristalina, a ideia que põe em nossas mãos a ferramenta perfeita para desfazer o mundo que fizemos até agora, para refazê-lo novo, deixando simplesmente que ele seja o que é em todos os seus aspectos, em todos os momentos em que voltamos nosso olhar para ele. Sem atrapalhar de nenhuma forma. 

É esta ideia que pode nos dar - e de fato nos dá - o instrumento perfeito para abandonarmos todo e qualquer julgamento sobre tudo e sobre todos. Pois não há nada que não passemos a ver à luz da inocência, quando nos perdoamos e perdoamos, por extensão, a tudo e a todos e todas que vemos. Porque todo o equívoco aparente em que pensamos viver nada mais é do que o julgamento que fazemos de nós mesmos/as, de tudo, de todos e de todas no mundo.

De certo modo, esta lição, e a ideia que vamos praticar com ela, nos devolve o olhar da criança divina que somos, o olhar da inocência que pensamos perdida, o olhar da pureza do Filho de Deus ao nos assegurar que todas as coisas são lições que Deus quer que aprendamos. E mais: que todas as coisas e todas as lições não contêm nada mais do que uma única lição, independente da forma com que se apresentem.

Como eu já disse em comentários anteriores, esta é a única lição por detrás de todas as aparentes lições, por trás de todas as coisas e acontecimentos aparentemente diferentes, que pode nos pôr em contato com a ideia que torna mais rápido o aprendizado de nossa função de salvadores e salvadoras do mundo, quando nos decidirmos pela nossa própria salvação, aceitando a Expiação para nós mesmos/as. Ela também torna possível a realização de nossa função de maneira mais rápida e mais segura. Desde que a compreendamos, aceitemos, pratiquemos e a ponhamos em uso, como parte de nosso repertório diário de ações.

Isto porque nada daquilo que vemos a partir da percepção, a partir dos sentidos, pode permanecer do mesmo modo, quando nos valemos da ideia que resume e unifica todas as lições, que é a seguinte: perdoa e verás tudo [aquilo para que olhas, pensas ou imaginas] de modo diferente. O perdão põe fim às interpretações da mente, que, em nós, recebe a orientação do sistema de pensamento do ego.

Por fim, é possível dizer que quem quer que tenha experimentado alguma vez utilizar o poder destas palavras na prática já percebeu e viveu a verdade que elas carregam. E quem ainda não as experimentou precisa dar um jeito de experimentá-las, se, de fato, quiser aceitar o papel que lhe cabe no plano de Deus para a salvação do mundo. E para sua própria salvação.

Se aprendermos apenas isto, teremos aprendido tudo aquilo de que precisamos para cumprir a Vontade de Deus para nós. Afinal, esta é mais uma das lições que resumem todo o ensinamento. 

Às práticas?

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Tudo pode ser só o que é, se pararmos de atrapalhar

 

LIÇÃO 192

Tenho uma função que Deus quer que eu cumpra.

1. É a Vontade santa de teu Pai que tu O completes e que teu Ser seja o Filho sagrado d'Ele, puro como Ele para sempre, criado do amor, protegido no amor, estendendo amor, criando em seu nome, um com Deus e com teu Ser eternamente. Porém, o que tal função pode significar em um mundo de inveja, ódio e ataque?

2. Por isto tens uma função no mundo em seus próprios termos. Pois quem pode compreender uma linguagem muito fora de seu simples entendimento? O perdão descreve tua função aqui. Ele não é criação de Deus, pois é o meio pelo qual a falsidade pode ser desfeita. E quem perdoaria o Céu? No entanto, na terra, tu precisas do meio para abandonar as ilusões. A criação espera tua volta apenas para ser reconhecida, não para ser completada.

3. A criação não pode nem mesmo ser concebida no mundo. Ela não tem sentido aqui. O perdão é o mais próximo da terra que ela pode vir. Pois, sendo natural do Céu, ela não tem absolutamente nenhuma forma. No entanto, Deus criou Alguém Que tem o poder de traduzir em forma aquilo que é completamente sem forma. O que Ele cria são sonhos, mas de um tipo tão parecido com o despertar que a luz do dia já brilha sobre eles e os olhos que já estão se abrindo têm as visões alegres que suas oferendas contêm.

4. O perdão olha de modo benigno para todas as coisas desconhecidas no Céu, vê-as desaparecerem e deixa o mundo um lousa limpa e sem marcas sobre a qual a Palavra de Deus pode agora substituir os símbolos sem sentido escritos aí anteriormente. O perdão é o meio pelo qual o medo da morte é vencido porque agora ele não exerce nenhuma atração violenta e a culpa desapareceu. O perdão permite que se perceba o corpo como ele é: um simples recurso de ensino, a ser deixado de lado quando o aprendizado estiver completo, mas que dificilmente muda de algum modo aquele que aprende.

5. A mente sem o corpo não pode cometer erros. Ela não pode pensar que morrerá, nem ser presa do ataque impiedoso. A raiva fica impossível e, então, onde está o terror? Que medos ainda poderiam assaltar aqueles que perderam a fonte de todo ataque, o centro da angústia e a morada do medo? Só o perdão pode aliviar a mente do pensamento de que o corpo é seu lar. Só o perdão pode devolver a paz que Deus pretendeu para seu Filho Santo. Só o perdão pode convencer o Filho a olhar novamente para sua santidade.

6. Com a ira anulada, tu, de fato, perceberás que, em troca da visão de Cristo e da dádiva da visão, não se pediu nenhum sacrifício e que apenas se retirou a dor de uma mente doente e torturada. Isto não é bem-vindo? É algo para se temer? Ou é algo a se esperar, para se encontrar com gratidão e para se aceitar com alegria? Nós somos um só e, por isto, não desistimos de nada. Mas, de fato, tudo nos foi dado por Deus.

7. Contudo, precisamos do perdão para perceber que isto é verdade. Sem a luz benigna do perdão, tateamos nas trevas, usando a a razão apenas para justificar nossa raiva e nosso ataque. Nossa compreensão é tão limitada que aquilo que pensamos entender é apenas confusão nascida do erro. Estamos perdidos em névoas de sonhos transitórios e de pensamentos assustadores, com nossos olhos bem fechados contra a luz; nossas mentes envolvidas na adoração daquilo que não existe.

8. Quem pode renascer em Cristo a não ser aquele que perdoa todos que vê, ou pensa, ou imagina? Quem poderia se libertar enquanto aprisionar alguém? Um carcereiro não é livre, pois está preso junto de seu prisioneiro. Tem de ter certeza de que ele não fugirá e, assim, passa seu tempo a vigiá-lo. As barreiras que limitam o prisioneiro passam a ser o mundo no qual seu carcereiro vive junto com ele. E é da liberdade dele que depende o caminho para a libertação de ambos.

9. Por isto, não aprisiones ninguém. Libera em vez de prender, pois assim tu te tornas livre. O caminho é simples. Todas as vezes que sentires uma punhalada de raiva, percebe claramente que seguras uma espada sobre tua cabeça. E ela cairá ou será desviada na medida em que escolheres ser condenado ou livre. Desta forma, cada um que parecer te tentar a ficar com raiva simboliza teu salvador da prisão da morte. E, assim, tu lhe deves gratidão em vez de dor.

10. Sê misericordioso hoje. O Filho de Deus merece tua misericórdia. É ele quem pede que aceites o caminho para a liberdade agora. Não o rejeites. O Amor de seu Pai por ele te pertence. Tua função aqui na terra é só perdoá-lo, para poderes aceitá-lo de volta como tua Identidade. Ele é como Deus o criou. E tu és o que ele é. Perdoa os pecados dele agora e verás que tu és um com ele.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 192

Caras, caros,

É muito interessante notar, perceber em nosso comportamento habitual, o quanto estamos comprometidas, comprometidos, com o sistema de pensamento do ego, sem, aparentemente, nos darmos conta disso. Por exemplo: a maioria de nós não tem o menor pudor em criticar o comportamento das outras pessoas, chamando a atenção para tudo o que julga ser negativo nelas, acreditando piamente que está prestando um serviço à humanidade ao revelar a quem quer que seja o quanto fulano, sicrano e beltrano, ou fulana, sicrana e beltrana, são indolentes, pessimistas e não veem nada de bom nas coisas que acontecem.

Esquecemo-nos a maior parte do tempo daquela regra que afirma que, quando apontamos o dedo para alguém, outros três de nossos dedos se voltam para nós. E, notem bem, nós apontamos um e três apontam para nós. Por que será? Eu diria é que para avaliarmos bem qualquer coisa que tenhamos a dizer a respeito de qualquer outra pessoa. 

Se, de verdade, prestarmos bastante atenção, veremos que todas as pessoas só podem fazer o que fazem. Não há nada que elas possam fazer de modo diferente do que fazem, de posse das informações que têm. Cada uma, ou cada um de nós, todas e todos nós só podemos mudar nosso comportamento, quando, ao analisarmos o que fazemos e nos sentirmos infeliz com os resultados que obtemos, nos propomos a buscar fundo em nós mesmas, ou em nós mesmos, as razões que nos levaram - ou nos levam - a agir como agimos.

Para nossa alegria, o ensinamento traz todas as informações de que precisamos, todas as orientações que devemos seguir para chegar à consciência de nossa divindade, para chegar à consciência de nossa unidade com Deus. É claro que cada uma - e cada um - de nós tem de ter bem claro sua função no mundo. E perceber que sua função é apenas aquela que nos foi dada pelo divino em nós, a única Voz a que devemos nos dirigir em situações de dúvida, ou de medo.

Vamos tratar disso com as práticas da ideia de hoje.

"Tenho uma função que Deus quer que eu cumpra."

Todos e todas nós temos uma função que Deus [sempre o divino em nós mesmos e em nós mesmas] quer que cumpramos. Cada um e cada uma de nós tem a sua em particular - e sabe qual é, ainda que às vezes de forma inconsciente, mas que, também, muitas vezes, se nega a reconhecer. E qual seria esta função? Qualquer uma que escolhermos. Qualquer uma que nos dê alegria e nos faça felizes. 

Deus não diz a cada um ou a cada uma de nós qual é o lugar que lhe cabe em Seu plano para a salvação. Toca a cada um, e a cada uma, de nós descobrir isto. E basta para tanto que nos voltemos para dentro e nos perguntemos: "o que me enche de alegria? O que faz com que eu me sinta completo ou completa, no lugar em que estou, quando estou lá?" E, se é Deus quem diz isto, Ele o diz apenas de um modo que só cada um, ou cada uma, de nós pode entender.

E o que Ele/Ela diz, então? Ele diz que tudo o que precisamos fazer é experimentar a paz de forma constante e viver a alegria completa e perfeita em todos os momentos de nossa vida. Esta é a Vontade d'Ele/Ela para cada um e cada uma de nós e para todos e todas nós. Não será também isto mesmo que todos e todas nós ansiamos? Basta, pois, que nos abramos por inteiro para ouvir a Voz que fala por Ele/Ela a nós. E o que isso tem a ver com a nossa função?

Ora, já vimos isso anteriormente. Lembram? Voltem, por favor, às lições 65 e 66, que dizem que "minha única função é a que Deus me deu" e que "minha felicidade e minha função são uma coisa só". Pois bem, a ideia que praticamos hoje, além de nos lembrar daquelas anteriores, reafirma que, de fato, há uma função para cada um e cada uma de nós, e que Deus quer que a cumpramos. Mas diz também que podemos escolher a função que nos cabe, ouvindo, reconhecendo, acolhendo e aceitando a Voz por Deus no interior de nós mesmos e de nós mesmas.

Como fazer isso? Simplesmente escolhendo ser/fazer aquilo que nos coloca em contato constante com a alegria e com a paz perfeitas e completas em todas as situações e em todos os momentos. Só isso é cumprir a Vontade de Deus. Tudo o mais é ilusão e auto-engano.

Pára de atrapalhar! 

Quem lembra dos ensinamentos do Curso, oferecidos por uma das primeiras facilitadoras do Curso entre nós, que aparentemente, depois, se perdeu pelos caminhos do ego, e que se encantou há pouco tempo, há de lembrar que um de seus livros, que resumia tudo o que é preciso aprendermos tinha por título "A vida tende a dar certo, nós é que atrapalhamos". Talvez, por algum tempo, antes de ir ao encontro da Luz, ela se tenha esquecido de que só ensinamos aquilo que precisamos aprender e tenha passado a não dar ouvidos ao que ela própria ensinava.

É isto exatamente, sem tirar nem pôr. Parar de atrapalhar é tudo o que precisamos fazer para cumprir a função que Deus tem para nós. Parar de atrapalhar significa decidir-se a olhar para o mundo, e para tudo, todas e todos que vivem nele, permitindo simplesmente que tudo, todas e todos sejam exatamente aquilo que são. É esta simples cortesia que o Espírito Santo nos pede. Pois parar de atrapalhar encontra sua perfeita sintonia no "eu não preciso fazer nada".

Nalgum momento já pensaste quantas vezes te revoltaste por não poderes fazer alguma coisa que querias fazer, ou quantas vezes te aborreceste por teres de fazer alguma coisa contra a tua vontade? Tua vontade e a de Deus, o Curso ensina, são a mesma e única vontade. Se a Vontade de Deus é soberana, a tua não é menos soberana do que a d'Ele/Ela. É por isso que podes escolher fazer tudo o que quiseres dando preferência àquilo que te deixa feliz. É por isso que Santo Agostinho é lembrado por sua frase máxima: "Ama e faze o que quiseres." Isto basta. Sempre. 

Às práticas?

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Espíritos de luz, alegria, amor e paz é o que somos

 

LIÇÃO 191

Eu sou o Próprio Filho santo de Deus.

1. Eis aqui tua declaração de independência da escravidão do mundo. E aqui o mundo inteiro também é liberado. Tu não percebes o que fizeste ao dares o mundo o papel de carcereiro do Filho de Deus. O que ele poderia ser senão perverso e amedrontado, assustado com sombras, punitivo e violento, destituído de todo bom senso, cego e louco de ódio?

2. O que fazes para que teu mundo seja este? O que fazes para ser isto o que vês? Nega tua própria Identidade e é isto que fica. Olhas para o caos e declaras que ele é tu mesmo. Não há nenhuma visão que deixe de testemunhar isto para ti. Não há nenhum som que não fale da fragilidade dentro e fora de ti; nenhum ar que respires que não pareça te levar para mais perto da morte; nenhuma esperança que tenhas que não se desfaça em lágrimas.

3. Nega tua própria Identidade e não fugirás da loucura que levou a este pensamento estranho, não natural e arrepiante que zomba da criação e ri de Deus. Nega tua própria Identidade e investes violentamente sozinho contra o universo, sem um amigo; uma minúscula partícula de pó contra as legiões de teus inimigos. Nega tua própria Identidade e olhas para o mal, para o pecado e para a morte e observas o desespero arrebatar cada pedacinho de esperança de tuas mãos, não te deixando nada a não ser o desejo de morrer.

4. No entanto, o que é isto exceto uma brincadeira que fazes, na qual a Identidade pode ser negada? Tu és como Deus te criou. Acreditar em tudo o mais que não nesta única coisa é loucura. Todos se libertam neste único pensamento. Nesta única verdade todas as ilusões desaparecem. Neste único fato afirma-se a inocência para que ela seja parte de todas as coisas para sempre, o núcleo central da existência delas e sua garantia de imortalidade.

5. Mas deixa a ideia de hoje encontrar um lugar entre os teus pensamentos e te elevarás muito acima do mundo e de todos os pensamentos mundanos que o mantêm prisioneiro. E a partir deste ponto de segurança e liberdade voltarás e o libertarás. Pois aquele que pode aceitar sua verdadeira Identidade está salvo de verdade. E sua salvação é a dádiva que ele dá a todos, em gratidão Àquele Que indicou o caminho para a felicidade que mudou toda sua perspectiva do mundo.

6. Um único pensamento santo como este e estás livre; tu és o Próprio Filho santo de Deus. E com este pensamento santo aprendes também que libertaste o mundo. Tu não tens nenhuma necessidade de usá-lo de maneira cruel e, então, perceber esta necessidade perversa nele. Tu o libertas de sua prisão. Tu não verás uma imagem perturbadora de ti mesmo andando pelo mundo aterrorizada, com o mundo se retorcendo em agonia porque teus medos impuseram a marca da morte sobre seu coração.

7. Alegra-te hoje com a facilidade tamanha com que o inferno se desfaz. Só precisas dizer a ti mesmo:

Eu sou o Próprio Filho santo de Deus. Não posso
sofrer, não posso sentir dor; não posso sofrer perda,
nem deixar de fazer tudo o que a salvação pede.

E, neste pensamento, tudo o que olhas se transforma por completo.

8. Um milagre ilumina todas as cavernas escuras e antigas onde os ritos de morte ecoaram desde o início do tempo. Pois o tempo perde seu controle sobre o mundo. O Filho de Deus vem em glória para redimir os perdidos, para salvar os desamparados e para dar ao mundo a dádiva de seu perdão. Quem poderia ver o mundo como sombrio e pecaminoso, quando, enfim, o Filho de Deus chega novamente para libertá-lo?

9. Tu, que te percebes fraco e frágil, com esperanças inúteis e sonhos perturbadores, nascido para morrer, para chorar e sentir dor, ouve isto: todo o poder te foi dado na terra e no Céu. Não existe nada que não possas fazer. Tu jogas o jogo da morte, de estar desamparado, lamentavelmente preso à degradação em um mundo que não demonstra nenhuma misericórdia por ti. No entanto, quando lhe concederes misericórdia, a misericórdia dele brilhará sobre ti.

10. Deixa, então, o Filho de Deus despertar de seu sono e, ao abrir seus olhos santos, voltar mais uma vez para abençoar o mundo que ele criou. Ele começou no erro, mas terminará no reflexo de sua santidade. E ele não dormirá mais e nem sonhará com a morte. Une-te, então, a mim hoje. Tua glória é a luz que salva o mundo. Não detenhas mais a salvação. Olha para o mundo e vê aí o sofrimento. Teu coração não está disposto a trazer descanso a teus irmãos fatigados?

11. Eles têm de esperar tua própria liberação. Eles ficam presos até que estejas livre. Eles não podem ver a misericórdia do mundo até que a encontres em ti mesmo. Eles sentem dor até que negues o controle dela sobre ti. Eles morrem até aceitares tua própria vida eterna. Tu és o Próprio Filho santo de Deus. Lembra-te disto e todo mundo fica livre. Lembra-te disto é a terra e o Céu se tornam uma coisa só.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 191

Caras, caros,

Para começar, perguntemo-nos: quem eu sou? O que eu sou?

Que respostas já demos a estas perguntas, se alguma vez as fizemos? Lembram-se? 

Eu diria que são poucas e poucos dentre nós, ou dentre a maioria das pessoas do mundo, que sabem responder para si mesmas, para si mesmos, quem de fato pensam ser, o que de fato pensar ser. A grande maioria das pessoas se assustaria com a afirmação que a ideia para as práticas de hoje faz. Até porque quase todas as pessoas, pelos menos as criadas sob tetos judaico-cristãos, foram ensinadas que o único filho de Deus é uma pessoa a quem deram o nome de Jesus de Nazaré. A se acreditar nas histórias e lendas contadas naquele livro que se chama Bíblia.

Então, como responder às questões, quem sou? o que sou? Vejamos o que o ensinamento no diz.

"Eu sou o Próprio Filho santo de Deus."

Como já fizemos várias vezes antes, sempre que praticamos de forma honesta e sincera, colocando toda a nossa atenção na meta que o Curso oferece, hoje vamos aprender a declarar nossa própria independência da aparente e ilusória escravidão do mundo. Vamos, mais uma vez, estabelecer contato com a verdade acerca daquilo que somos e, deste modo, aprender a reconhecer e a aceitar nossa verdadeira identidade de Filho de Deus. 

Para tanto, comecemos por refletir acerca do que a lição pede que respondamos a partir do seguinte:

Eis aqui tua declaração de independência da escravidão do mundo. E aqui o mundo inteiro também é liberado. Tu não percebes o que fizeste ao dares o mundo o papel de carcereiro do Filho de Deus. O que ele poderia ser senão perverso e amedrontado, assustado com sombras, punitivo e violento, destituído de todo bom senso, cego e louco de ódio?

O que fazes para que teu mundo seja este? O que fazes para ser isto o que vês? Nega tua própria Identidade e é isto que fica. Olhas para o caos e declaras que ele é tu mesmo. Não há nenhuma visão que deixe de testemunhar isto para ti. Não há nenhum som que não fale da fragilidade dentro e fora de ti; nenhum ar que respires que não pareça te levar para mais perto da morte; nenhuma esperança que tenhas que não se desfaça em lágrimas. 

Ainda somos como Deus nos criou e, por mais que a crença em uma separação que nunca aconteceu venha a rondar nossas mentes, esta verdade não muda. Por isto, neste dia, tudo o que temos a fazer é permitir que a ideia que praticamos encontre seu lugar em nossos pensamentos e em nossa mente, substituindo todos os pensamentos equivocados do ego, para podermos nos elevar acima do mundo, e das coisas do mundo, e do valor que atribuímos a ele e a elas de maneira equivocada, confundindo-os, ou confundindo-as com o que somos.

Vejamos de que forma fazer isto, então:

Nega tua própria Identidade e não fugirás da loucura que levou a este pensamento estranho, não natural e arrepiante que zomba da criação e ri de Deus. Nega tua própria Identidade e investes violentamente sozinho contra o universo, sem um amigo; uma minúscula partícula de pó contra as legiões de teus inimigos. Nega tua própria Identidade e olhas para o mal, para o pecado e para a morte e observas o desespero arrebatar cada pedacinho de esperança de tuas mãos, não te deixando nada a não ser o desejo de morrer.

No entanto, o que é isto exceto uma brincadeira que fazes, na qual a Identidade pode ser negada? Tu és como Deus te criou. Acreditar em tudo o mais que não nesta única coisa é loucura. Todos se libertam neste único pensamento. Nesta única verdade todas as ilusões desaparecem. Neste único fato afirma-se a inocência para que ela seja parte de todas as coisas para sempre, o núcleo central da existência delas e sua garantia de imortalidade.

É preciso também que compreendamos que a ideia segundo a qual "Deus criou o homem a Sua imagem e semelhança" não quer dizer absolutamente nada, se pensarmos em nós mesmos e em nós mesmas apenas como corpos, em uma forma. O que somos: uma ideia - que é o que Deus é - não tem forma. Portanto, precisamos nos libertar do equívoco de pensar em Deus em uma forma humana, aquele velhinho de barbas brancas, sentado num trono num céu que é apenas fruto da imaginação ilusória do ego. À imagem e semelhança de Deus em que fomos criados quer dizer em espírito de luz, de alegria, de amor e de paz.

Assim:

... deixa a ideia de hoje encontrar um lugar entre os teus pensamentos e te elevarás muito acima do mundo e de todos os pensamentos mundanos que o mantêm prisioneiro. E a partir deste ponto de segurança e liberdade voltarás e o libertarás. Pois aquele que pode aceitar sua verdadeira Identidade está salvo de verdade. E sua salvação é a dádiva que ele dá a todos, em gratidão Àquele Que indicou o caminho para a felicidade que mudou toda sua perspectiva do mundo.

Um único pensamento santo como este e estás livre; tu és o Próprio Filho santo de Deus. E com este pensamento santo aprendes também que libertaste o mundo. Tu não tens nenhuma necessidade de usá-lo de maneira cruel e, então, perceber esta necessidade perversa nele. Tu o libertas de sua prisão. Tu não verás uma imagem perturbadora de ti mesmo andando pelo mundo aterrorizada, com o mundo se retorcendo em agonia porque teus medos impuseram a marca da morte sobre seu coração.

Como o Curso ensina e conforme está dito também acima: "Deus é uma ideia". E ele diz também que é até relativamente fácil compreendermos e aceitarmos que Deus é uma ideia. A dificuldade começa quando nos toca pensar, refletir, compreender e aceitar que nós, à semelhança de Deus, também somos -  cada um de nós, ou cada uma de nós é - apenas uma ideia. 

Por isso:

Alegra-te hoje com a facilidade tamanha com que o inferno se desfaz. Só precisas dizer a ti mesmo:

Eu sou o Próprio Filho santo de Deus. Não posso
sofrer, não posso sentir dor; não posso sofrer perda,
nem deixar de fazer tudo o que a salvação pede.

E, neste pensamento, tudo o que olhas se transforma por completo.

Um milagre ilumina todas as cavernas escuras e antigas onde os ritos de morte ecoaram desde o início do tempo. Pois o tempo perde seu controle sobre o mundo. O Filho de Deus vem em glória para redimir os perdidos, para salvar os desamparados e para dar ao mundo a dádiva de seu perdão. Quem poderia ver o mundo como sombrio e pecaminoso, quando, enfim, o Filho de Deus chega novamente para libertá-lo?

Então, fica fácil, bem mais fácil, entender que tudo o que o ego fez, ao se perceber "aparentemente" separado de Deus foi criar um deus à imagem e semelhança do corpo, com quem ele - o ego - se identifica. Não existe este deus [o do ego], a não ser para quem se acredita apenas um corpo. 

Chegamos ao fim da lição, pois, abrindo-nos para o que ela diz a seguir e dispondo-nos a praticar com ela o dia inteiro, certos da verdade que ela nos mostra a nosso próprio respeito. Assim:

Tu, que te percebes fraco e frágil, com esperanças inúteis e sonhos perturbadores, nascido para morrer, para chorar e sentir dor, ouve isto: todo o poder te foi dado na terra e no Céu. Não existe nada que não possas fazer. Tu jogas o jogo da morte, de estar desamparado, lamentavelmente preso à degradação em um mundo que não demonstra nenhuma misericórdia por ti. No entanto, quando lhe concederes misericórdia, a misericórdia dele brilhará sobre ti.

Deixa, então, o Filho de Deus despertar de seu sono e, ao abrir seus olhos santos, voltar mais uma vez para abençoar o mundo que ele criou. Ele começou no erro, mas terminará no reflexo de sua santidade. E ele não dormirá mais e nem sonhará com a morte. Une-te, então, a mim hoje. Tua glória é a luz que salva o mundo. Não detenhas mais a salvação. Olha para o mundo e vê aí o sofrimento. Teu coração não está disposto a trazer descanso a teus irmãos fatigados?

Eles têm de esperar tua própria liberação. Eles ficam presos até que estejas livre. Eles não podem ver a misericórdia do mundo até que a encontres em ti mesmo. Eles sentem dor até que negues o controle dela sobre ti. Eles morrem até aceitares tua própria vida eterna. Tu és o Próprio Filho santo de Deus. Lembra-te disto e todo mundo fica livre. Lembra-te disto é a terra e o Céu se tornam uma coisa só.

É isso, o aprendizado de como trazer o Céu à terra, que podemos aprender praticando a ideia de hoje. 

A elas?

quarta-feira, 9 de julho de 2025

O resultado de nossas escolhas é a vida que vivemos

 

LIÇÃO 190

Escolho a alegria de Deus em vez da dor.

1. A dor é uma perspectiva errada. Quando experimentada, sob qualquer forma, é uma prova de auto-engano. Ela não é absolutamente um fato. Não há nenhuma forma que ela tome que não desapareça se vista de forma correta. Pois a dor declara que Deus é cruel. Como isso poderia ser real sob qualquer forma? Ela é testemunha do ódio de Deus Pai por Seu Filho, da pecabilidade que Deus vê nele e do desejo louco de vingança e de morte de Deus.

2. Tais projeções podem ser provadas? Elas podem ser qualquer coisa a não ser totalmente falsas? A dor é apenas uma testemunha dos equívocos do Filho acerca do que ele pensa ser. É um sonho de uma retaliação violenta a um crime que não poderia ser cometido, pois ataca aquilo que é totalmente inatacável. É um pesadelo de abandono por um Amor Eterno, que não poderia deixar o Filho a quem Ele criou no amor.

3. A dor é um sinal de que as ilusões reinam no lugar da verdade. Ela demonstra que Deus é negado, confundido com o medo, percebido como louco e visto como traidor de Si Mesmo. Se Deus é real, a dor não existe. Se a dor é real, Deus não existe. Pois a vingança não é parte do amor. E o medo, que nega o amor e utiliza a dor para provar que Deus está morto, mostra que a morte é vitoriosa sobre a vida. O corpo é o Filho de Deus, perecível pela morte, tão mortal quanto o Pai que ele assassinou.

4. Paz a tal insensatez! Chegou a hora de rir de tais ideias insanas. Não há nenhuma necessidade de se pensar nelas como crimes hediondos ou como pecados secretos com consequências funestas. Quem a não ser um louco poderia concebê-las como causa para qualquer coisa? Sua testemunha, a dor, é tão louca quanto elas e não deve ser mais temida do que as ilusões insanas que ela protege e tenta demonstrar que também têm de ser verdadeiras.

5. São só teus pensamentos que te causam dor. Nada fora de tua mente pode te ferir ou machucar de qualquer modo. Não há nenhuma causa além de ti mesmo que possa surgir e te trazer depressão. Ninguém, a não ser tu mesmo, te afeta. Não existe nada no mundo que tenha o poder de te deixar doente ou triste, ou fraco, ou frágil. Mas és tu quem tem o poder para dominar todas as coisas que vês, reconhecendo simplesmente o que és. Quando perceberes que todas as coisas são inofensivas, elas aceitarão tua vontade santa como sendo a delas. E, agora, aquilo que se via como amedrontador se torna uma fonte de inocência e de santidade.

6. Meu irmão santo, pensa nisto um instante: o mundo que vês não faz nada. Ele não tem absolutamente nenhum efeito. Ele simplesmente representa teus pensamentos. E vai mudar completamente quando optares por mudar teu modo de pensar e escolheres a alegria de Deus como aquilo que realmente queres. Teu Ser fica radiante nesta alegria santa, inalterado, invariável e constante para todo o sempre. E negarias a um cantinho de tua mente sua própria herança e a manterias como um hospital para a dor, um lugar doentio onde as coisas vivas têm de vir para morrer finalmente?

7. O mundo pode parecer te causar dor. E, no entanto, o mundo, como algo sem causa, não tem nenhum poder, para causar. Como um efeito, ele não pode produzir efeitos. Como uma ilusão, ele é o que desejares. Teus desejos vãos representam suas dores. Teus desejos estranhos trazem sonhos maus a ele. Teus pensamentos de medo o envolve no medo, enquanto em teu perdão benigno ele vive.

8. A dor é o pensamento do mal tomando forma e produzindo destruição em tua mente santa. A dor é o resgate que pagas alegremente para não seres livre. Na dor, nega-se a Deus o Filho que Ele ama. Na dor, o medo parece triunfar sobre o amor e o tempo substituir a eternidade e o Céu. E o mundo se torna um lugar cruel e amargo, onde o sofrimento governa e pequenas alegrias recuam diante do ataque violento da dor terrível que espera para pôr fim a toda alegria na amargura.

9. Depõe tuas armas e vem sem defesa para o lugar tranquilo onde, enfim, a paz do Céu mantém todas as coisas serenas. Renuncia a todos os pensamentos de perigo e de medo. Não permitas que nenhum ataque entre contigo. Depõe a espada cruel do julgamento que sustentas contra tua garganta e põe de lado os ataques destruidores com os quais buscas esconder tua santidade.

10. Aqui compreenderás que a dor não existe. Aqui a alegria de Deus te pertence. Este é o dia em que te é dado perceber claramente a lição que contém todo o poder da salvação. É esta: a dor é ilusão; a alegria, realidade. A dor é apenas sono; a alegria é despertar. A dor é engano; só a alegria é verdade.

11. E, assim mais uma vez fazemos a única escolha que em algum momento se pode fazer: escolhemos entre as ilusões e a verdade, ou entre a dor e a alegria, ou entre o inferno e o Céu. Deixemos que nossa gratidão para com nosso Professor encha nossos corações, à medida que ficamos livres para escolher a alegria em vez da dor, nossa santidade em lugar do pecado, a paz de Deus em vez do conflito e a luz do Céu no lugar da escuridão do mundo.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 190

Caras, caros,

Sabemos já por termos ouvido muitas vezes que a vida é feita de escolhas, não é mesmo? No entanto, ainda há uma grande maioria de pessoas que não sabe disso. Ou por falhas em sua educação, ou por não terem acesso à educação, ou por se deixarem enganar por outras pessoas "espertas", que, para se aproveitar da ingenuidade dessas que não sabem que têm o poder de escolha, afirmam que elas têm de seguir a orientação que Deus lhes dá na Bíblia, obedecendo fielmente a tais orientações sob pena de irem parar no inferno.

Outras há que preferem não escolher, ou se enganam pensando que não escolher não é também uma escolha. Um problema bem complicado, não? Às vezes para fugir às consequências de escolher, às vezes para tentar fugir às responsabilidades que as escolhas trazem.

No entanto, "a vida é feita de escolhas". Sim, sim, é isto mesmo. Não existe uma vida vivida ao acaso, por mais que algumas pessoas tentem fugir. Na verdade, deixar de escolher é, como eu disse acima, uma escolha também. E, obviamente, as consequências de não escolher vão se apresentar. E, junto com elas, a responsabilidade da pessoa que optou por não escolher.

É tipo aquele dilema: "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come", não é mesmo? 

Agora, o melhor de se saber disso, é que este saber, esta consciência, nos dá a possibilidade de fazermos escolhas melhores, quando as que fizemos até aqui não nos puseram no caminho da alegria e da paz. É disso que as práticas com a ideia de hoje vai tratar.

"Escolho a alegria de Deus em vez da dor."

Lembram-se da lição de ontem? Ela diz, em seu quinto parágrafo, "o que queres ver? A chance te é dada. Aprende apenas e não deixes que tua mente se esqueça desta lei da visão: tu verás aquilo que sentes dentro de ti". 

Quer dizer, como já vimos outras vezes, a percepção só pode nos mostrar - e nos mostra sempre - aquilo que já tínhamos escolhido ver antes, e não o contrário. Sempre, sempre e sempre. Isto é a mesma coisa que dizer que não há nada fora, não é mesmo? Tudo o que vemos é apenas aquilo que trazemos dentro de nós mesmos e de nós mesmas.

É por isso que nunca é demais lembrar as quatro leis espirituais que se ensinam na Índia. Vamos fazê-lo mais uma vez hoje.

Lembram?

1. A pessoa que vem é a certa.
2. Aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido.
3. Toda vez que você iniciar é o momento certo.
4. Quando algo termina, acaba realmente.

E por que lembrar destas leis? Porque penso que elas, de certo modo, facilitam a compreensão de todas as ideias que praticamos nestes últimos dias e facilitam também as práticas com a ideia de hoje. E de que forma?

Simplificando o entendimento do fato de que "tu não precisas fazer nada". Isto é, basta que não atrapalhemos o desenrolar do plano de Deus para a salvação, atulhando-o de empecilhos, de senões e de "e se?". Simplificando a compreensão de que sempre podemos escolher outra vez, ou olhar de modo diferente para toda e qualquer pessoa, coisa ou situação que se apresente a nossa experiência.

Voltando ainda à lição de ontem, é bom atentarmos também para o que ela diz em seu sétimo parágrafo. Todo ele. Leiam-no mais uma vez, por favor, ainda que apenas como parte da prática de hoje. E reflitam no seguinte:

"Teu papel é simplesmente permitir que se removam suavemente, para sempre, todos os obstáculos que interpões entre o Filho e Deus, o Pai." Isto é a mesma coisa que o Curso diz em sua introdução, quando afirma que seu objetivo é remover de nossa consciência os obstáculos que nos impedem de ver a presença do amor.

Repetindo: o que acontece, em geral, é que queremos entender as coisas de maneira racional e lógica, a partir do que nos aconselha o sistema de pensamento do mundo. Isto é, é sempre só o ego que quer compreender. O Ser em nós sabe, conhece. E se nos deixarmos guiar e orientar por ele podemos ir de olhos fechados. Sempre. É possível deixar de lado todos os sentidos, toda a lógica. Afinal, se olharmos atentamente para o mundo, sem o julgamento de nossa percepção, há alguma coisa sequer que a lógica de nosso intelecto possa explicar? 

Por que não? 

Porque este lado racional e lógico é do ego e depende da percepção. A consciência que temos das escolhas que fazemos nunca percebe o quadro completo. O que ela pensa ver é tão somente sempre uma pontinha do iceberg. A maioria das vezes não temos a menor consciência dos processos que se desencadeiam em nosso interior, a partir de uma fala, de um gesto, de uma lembrança, de um olhar, de um sorriso, de um cheiro, de uma canção ouvida em algum lugar, nalgum momento. 

Aquilo que aprendemos há muito tempo, e que pensávamos ter esquecido, fica registrado como uma memória e está pronto a se manifestar à primeira oportunidade. Daí a necessidade da prática dos exercícios. Daí a necessidade da Expiação. Daí a necessidade da atenção que devemos dar a qualquer coisa que aparentemente contrarie nossos desejos conscientes. Ela bem pode ser resultado de uma escolha que não sabemos ter feito. De um programa obsoleto que ficou implantado em nossa memória e não foi apagado, deletado, como pensávamos que fora.

Mas mais importante que tudo isto é aprendermos a acolher quaisquer pessoas, situações e experiências que se apresentem, entendendo que elas sempre se apresentam para atender a uma escolha nossa, mesmo quando não temos consciência dela, assim como nos ensinam a leis da espiritualidade da Índia.

Às práticas?