quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Pertence a cada um a escolha do que se quer viver


12. O que é o ego?

1. O ego é idolatria; o sinal do ser limitado e separado, nascido em um corpo, condenado a sofrer e a terminar sua vida na morte. Ele é a "vontade" que percebe a Vontade de Deus como inimiga e toma uma forma na qual ela é negada. O ego é a "prova" de que a força é fraca e de que o amor é amedrontador, de que a vida é, na verdade, morte e de que só aquilo que contraria Deus é verdadeiro.

2. O ego é louco. Com medo, ele se põe diante de Todos os Lugares, separado do Todo, separado do Infinito. Em sua loucura, ele pensa ter se tornado um vitorioso sobre o Próprio Deus. E, em sua autonomia insuportável, ele "percebe" que a Vontade de Deus foi destruída. Ele sonha com castigo e treme diante das imagens de seus sonhos; seus inimigos, que buscam assassiná-lo antes de ele poder garantir sua segurança atacando-os.

3. O Filho de Deus não tem ego. O que ele pode saber da loucura e da morte de Deus, se habita n'Ele? O que ele pode saber da tristeza e do sofrimento, se vive na alegria eterna? O que ele pode saber do medo e do castigo, do pecado e da culpa, do ódio e do ataque, se tudo o que existe à volta dele é a paz perene, livre de conflitos e imperturbada para sempre, no silêncio e na tranquilidade mais profundos?

4. Conhecer a realidade é não ver o ego e seus pensamentos, seus esforços, seus atos, suas leis e crenças, seus sonhos, suas esperanças  seus planos para a própria salvação e o custo que a crença nele cobra. Em termos de sofrimento, o preço pela fé no ego é tão imenso que a crucificação do Filho de Deus é oferecida diariamente em seu santuários sombrio, e o sangue tem de jorrar diante do altar em que seus seguidores doentios se preparam para morrer.

5. Porém, um único lírio de perdão transformará as trevas em luz; o altar às ilusões no santuário à Própria Vida. E a paz será devolvida para sempre às mentes santas que Deus criou como Seu Filho, Sua morada, Sua alegria, Seu amor, inteiramente Seu, um só com Ele totalmente.

*

LIÇÃO 335

Escolho ver a inocência de meu irmão.

1. O perdão é uma escolha. Nunca vejo meu irmão tal qual ele é, pois isso está muito além da percepção. O que vejo nele é apenas o que quero ver, porque isso representa o que quero que seja a verdade. É só a isso que reajo, não importa o quanto eu pareça ser impelido por acontecimentos externos. Escolho ver aquilo que quero ver e é isso, e apenas isso, que vejo. A inocência de meu irmão me mostra que quero ver minha própria inocência. E eu a verei, se escolher ver meu irmão em sua luz santa.

2. O que poderia devolver a memória de Ti para mim, exceto ver a inocência de meu irmão? A santidade dele me lembra de que ele foi criado um comigo e igual a mim mesmo. Nele encontro meu Ser e em Teu Filho encontro também a memória de Ti.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 335

Talvez seja conveniente, e sirva de alguma ajuda, como fizemos nos últimos quatro anos, porque já nos aproximamos do final de mais um destes que medimos por um calendário de dias, recapitular algumas ideias de lições que, a meu ver, têm algo a acrescentar a nossa reflexão com as práticas da ideia de hoje. Recapitulo, pois, apesar de alguma pequenas mudanças, inclusive o título dado à postagem no ano passado. Vejamos, então: 

Escolho ver a inocência de meu irmão.

Vamos pois, mais uma vez, recapitular os comentários anteriores a esta mesma lição e as ideias que, acredito, podem nos levar a aprofundar a reflexão e, ao mesmo tempo, oferecer exemplos bem claros da coerência do ensinamento. E, desde já, como também fiz anteriormente, peço-lhes mais uma vez que me perdoem se o comentário lhes parecer demasiado longo. Fiquem, por favor, só com a lição e com as práticas da ideia, se lhes parecer melhor.

A primeira delas é a ideia da lição 22, lembram?: 


O que eu vejo é uma forma de vingança. 

De acordo com o que aprendemos na lição 312, "a percepção vem depois do julgamento". Isto é, só depois que damos um nome à coisa, ou atribuímos um valor ou uma qualidade à pessoa para quem olhamos, é que as vemos. E as vemos de um modo que representa aquilo que queremos que seja a verdade a respeito delas, tanto das pessoas quanto das coisas, ou das situações por que passamos ou vemos alguém passar.

A segunda é a da lição 34: 


Eu poderia ver paz em vez disso. 

A prática desta ideia juntamente com a da ideia de hoje serve para reforçar em nossa consciência a ideia de que, conforme o Curso afirma: Existe outro modo de olhar para o mundo. E para todas as coisas e pessoas que existem no mundo. Um modo que pode nos devolver a segurança, a serenidade, a paz e a alegria, que são nossa herança natural.

A terceira das ideias que me ocorre como forma de aprofundar e estender as práticas da ideia da lição de hoje é a da lição 138: 


O Céu é a decisão que tenho de tomar. 

Cabe aqui nos perguntarmos - cada um de nós para si mesmo - "o que é o Céu para mim"?

Não seria viver o Céu, olhar para meu irmão ou irmã, seja qual for a forma com que ele, ou ela, se apresente, e ver apenas sua inocência, isto é, ver nele, ou nela, apenas a manifestação do divino? Há como se experimentar isso? Há! - diz o Curso. Mas temos de tomar a decisão e mantê-la, "no matter what", quer dizer, não importa o que aconteça. Não importa que obstáculos se interponham entre nossa decisão e o necessário para cumprir o compromisso que assumimos ao tomá-la.

E aqui entra a quarta das ideias relacionadas à de hoje para recapitulação. É a da lição 152: 


O poder de decisão é meu. 

Aí já não há mais como fugir. É preciso que reconheçamos que não vivemos o Céu apenas porque ainda não nos decidimos por isso. Mais: esta ideia nos ensina também não haver ninguém, a não ser a nós mesmos, a quem responsabilizar. Ninguém é culpado de nada. O que acontece apenas é que ainda não tomamos a decisão. Devemos nos culpar por isso? Não! Muitas vezes não sabemos como fazê-lo. Muitas vezes pensamos que já a tomamos, mas as experiências se apressam a nos mostrar coisas diferentes do Céu. São as práticas diárias que podem nos ajudar, sem dúvida -, e muito.

A última das ideias, então, que gostaria que revíssemos, para finalizar este comentário, é a da lição 253: 


Meu Ser é o soberano do universo. 

E aqui, creio, cabe até voltar às primeiras frases desta lição específica. Que são as seguintes:

É impossível que qualquer coisa não solicitada por mim mesmo venha a mim. Mesmo neste mundo, sou eu que governo meu destino. Aquilo que eu desejo é o que acontece. O que não acontece é aquilo que não quero que aconteça.

Dito isto, resta-nos voltar para as práticas com a ideia de hoje: 


Escolho ver a inocência de meu irmão. 

E a lição começa dizendo, ainda que de modo diferente, a mesma coisa que nos dizem as lições que trouxemos de volta à lembrança: 

O perdão é uma escolha

Isto é, somos nós - cada um de nós a sua própria maneira -, e apenas nós, que podemos decidir aquilo que queremos viver. E isto é livre arbítrio. 

E continua:

Nunca vejo meu irmão tal qual ele é, pois isso está muito além da percepção. O que vejo nele é apenas o que quero ver, porque isso representa o que quero que seja a verdade. É só a isso que reajo, não importa o quanto eu pareça ser impelido por acontecimentos externos. Escolho ver aquilo que quero ver e é isso, e apenas isso, que vejo. A inocência de meu irmão me mostra que quero ver minha própria inocência. E eu a verei, se escolher ver meu irmão em sua luz santa.

É por isso que, por mais que queiramos em determinadas ocasiões, não podemos abrir mão de nossa responsabilidade por qualquer coisa que se apresente a nossa consciência. Pois ninguém, mas ninguém mesmo, pode escolher ou decidir por nós, a não ser quando, equivocados, entregamos a outro o poder que nos pertence por direito. E, mesmo assim, temos de assumir a responsabilidade por aquilo que o outro fez com o poder que lhe demos.

Só teremos de volta, porém, o poder que nos pertence, quando tivermos de volta a memória de Deus em nós. Com ela poderemos desfrutar de tudo o que nos pertence como filhos d'Ele.  quando formos capazes de tomar a decisão de perdoar o mundo e ver a inocência do filho de Deus, e de entregar a Ele toda a nossa vida, dizendo, como orienta a lição:

O que poderia devolver a memória de Ti para mim, exceto ver a inocência de meu irmão? A santidade dele me lembra de que ele foi criado um comigo e igual a mim mesmo. Nele encontro meu Ser e em Teu Filho encontro também a memória de Ti.

Vamos, então, aprofundar a reflexão acerca do que queremos? Acerca do que estamos fazendo para chegar lá? Até quando vamos apelar para o auto-engano, dizendo a nós mesmo que estamos fazendo tudo o que podemos? Que não conseguimos fazer mais? Lembremo-nos daquela instrução que diz que "não consigo" é sinônimo de "não quero". 

Às práticas?


terça-feira, 29 de novembro de 2016

Perdoar o mundo é apenas perdoar a nós mesmos


12. O que é o ego?

1. O ego é idolatria; o sinal do ser limitado e separado, nascido em um corpo, condenado a sofrer e a terminar sua vida na morte. Ele é a "vontade" que percebe a Vontade de Deus como inimiga e toma uma forma na qual ela é negada. O ego é a "prova" de que a força é fraca e de que o amor é amedrontador, de que a vida é, na verdade, morte e de que só aquilo que contraria Deus é verdadeiro.

2. O ego é louco. Com medo, ele se põe diante de Todos os Lugares, separado do Todo, separado do Infinito. Em sua loucura, ele pensa ter se tornado um vitorioso sobre o Próprio Deus. E, em sua autonomia insuportável, ele "percebe" que a Vontade de Deus foi destruída. Ele sonha com castigo e treme diante das imagens de seus sonhos; seus inimigos, que buscam assassiná-lo antes de ele poder garantir sua segurança atacando-os.

3. O Filho de Deus não tem ego. O que ele pode saber da loucura e da morte de Deus, se habita n'Ele? O que ele pode saber da tristeza e do sofrimento, se vive na alegria eterna? O que ele pode saber do medo e do castigo, do pecado e da culpa, do ódio e do ataque, se tudo o que existe à volta dele é a paz perene, livre de conflitos e imperturbada para sempre, no silêncio e na tranquilidade mais profundos?

4. Conhecer a realidade é não ver o ego e seus pensamentos, seus esforços, seus atos, suas leis e crenças, seus sonhos, suas esperanças  seus planos para a própria salvação e o custo que a crença nele cobra. Em termos de sofrimento, o preço pela fé no ego é tão imenso que a crucificação do Filho de Deus é oferecida diariamente em seu santuários sombrio, e o sangue tem de jorrar diante do altar em que seus seguidores doentios se preparam para morrer.

5. Porém, um único lírio de perdão transformará as trevas em luz; o altar às ilusões no santuário à Própria Vida. E a paz será devolvida para sempre às mentes santas que Deus criou como Seu Filho, Sua morada, Sua alegria, Seu amor, inteiramente Seu, um só com Ele totalmente.


*


LIÇÃO 334


Reivindico, hoje, as dádivas que o perdão dá.

1. Não vou esperar outro dia para achar os tesouros que meu Pai me oferece. Todas as ilusões são vãs e os sonhos desaparecem, mesmo porque se baseiam em percepções falsas. Permite que hoje eu não aceite dádivas tão mesquinhas novamente. A Voz de Deus oferece a paz de Deus a todos que ouvem e escolhem segui-Lo. Esta é minha escolha hoje. E, assim, vou encontrar os tesouros que Deus me dá.

2. Busco apenas o eterno. Pois Teu Filho não pode se satisfazer com nada menos do que isso. O que, então, pode servir de consolo para ele, a não ser aquilo que Tu ofereces a sua mente confusa e coração amedrontado, para lhe dar segurança e lhe trazer paz? Quero ver meu irmão sem pecado hoje. Esta é Tua Vontade para mim, pois deste modo verei minha inocência.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 334

A ideia para as práticas de hoje tem a ver com o renovar nossa decisão de tomar posse da herança de filhos de Deus, a que temos direito natural, por ainda sermos tal qual Deus nos criou, conforme ensina o Curso de várias maneiras e em várias ocasiões ao longo do texto e dos exercícios. 

Tal decisão começa com a afirmação que cada um de nós vai fazer da ideia: 

Reivindico, hoje, as dádivas que o perdão dá.

Ela tem a ver com o perdão, porque é a forma de acessar essa herança. Pois perdoar o mundo é o mesmo que abandoná-lo, é o mesmo que abrir mão dele, para ganhá-lo por inteiro, à luz da percepção verdadeira, sabendo que ele não vai durar, que ele não é eterno e não tem senão o valor que lhe damos, que é sempre temporário e variável. Por dependente da percepção que temos e que, ora nos mostra algo como útil, ora como inútil. 

Ora, se nos parecer difícil pensar na enormidade do gesto que parece ser oferecer o perdão ao mundo todo, é preciso que nos lembremos que o Curso ensina que não há nada fora. Assim é que podemos ficar tranquilos e aceitar a tarefa, pois, além de tudo, perdoar o mundo não é nada mais nada menos do que apenas nos perdoarmos a nós mesmos, por tudo e por nada, aceitando que ainda somos como Deus nos criou, escolhendo viver a Vontade d'Ele para nós, que é a mesma que a nossa, como vimos há pouco 

E é urgente que tomemos esta decisão. A decisão que pode nos salvar e salvar o mundo inteiro. Pois por que esperar para fazer em outro momento, se a decisão pode nos pôr em contato com a paz e a alegria perfeitas e completas, que são a Vontade de Deus para nós? Assim é que dizemos:

Não vou esperar outro dia para achar os tesouros que meu Pai me oferece. Todas as ilusões são vãs e os sonhos desaparecem, mesmo porque se baseiam em percepções falsas. Permite que hoje eu não aceite dádivas tão mesquinhas novamente. A Voz de Deus oferece a paz de Deus a todos que ouvem e escolhem segui-Lo. Esta é minha escolha hoje. E, assim, vou encontrar os tesouros que Deus me dá.

Vamos, pois, perdoar o mundo, em sintonia com o que o Curso ensina, para podermos encontrar e desfrutar dos tesouros que Deus nos dá. Perdoemos o mundo e tudo o que há nele e esqueçamos o passado. Pois perdoar o mundo é, como já disse outras vezes, entregá-lo a seu próprio destino, juntamente com seu futuro, sem sequer uma única intenção de controle, sem qualquer pretensão de saber ditar a ele "melhores" modos e maneiras.

Repetindo, perdoar o mundo é reconhecer que ele não tem nada que queiramos realmente. É dar a ele apenas o valor que lhe é devido por sua impermanência, por sabê-lo passageiro e mutável, reconhecendo a diversidade apenas como aspectos diferentes da mesma ilusão, que o cria e constrói a partir de pensamentos baseados na crença em uma ideia que valoriza a separação, como se ela fosse verdadeira, esquecendo-se da Unidade, de que todos somos partes. 

Não há nada no mundo que vá durar para sempre, para a eternidade; e o que buscamos, unindo-nos à orientação do Curso nesta lição é apenas o eterno. Por isso dizemos:

Busco apenas o eterno. Pois Teu Filho não pode se satisfazer com nada menos do que isso. O que, então, pode servir de consolo para ele, a não ser aquilo que Tu ofereces a sua mente confusa e coração amedrontado, para lhe dar segurança e lhe trazer paz? Quero ver meu irmão sem pecado hoje. Esta é Tua Vontade para mim, pois deste modo verei minha inocência.

Para nos lembrarmos de tudo isso, ofereço-lhes mais uma vez, outra, a passagem do livro Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa, na qual ele nos apresenta a compreensão disto, a partir da percepção do Menino, em um trecho de uma das estórias:

"E, vindo outro dia, não no não-estar-mais-dormindo e não-estar-ainda-acordado, o Menino recebia uma claridade de juízo - feito um assopro - doce, solta. Quase como assistir às certezas lembradas por um outro; era que nem uma espécie de cinema de desconhecidos pensamentos; feito ele estivesse podendo copiar no espírito ideias de gente muito grande. Tanto, que, por aí, desapareciam, esfiapadas.

"Mas naquele raiar, ele sabia e achava: que a gente nunca podia apreciar, direito, mesmo as coisas bonitas ou boas, que aconteciam. Às vezes, porque sobrevinham depressa e inesperadamente, a gente nem estando arrumado. Ou esperadas, e então não tinham gosto de tão boas, eram só um arremedo grosseiro. Ou porque as outras coisas, as ruins, prosseguiam também, de lado e do outro, não deixando limpo lugar. Ou porque faltavam ainda outras coisas, acontecidas em diferentes ocasiões, mas que careciam de formar junto com aquelas, para o completo. Ou porque, mesmo enquanto estavam acontecendo, a gente já sabia que elas já estavam caminhando para se acabar roídas pelas horas, desmanchadas..." 

Não lhes parece que as práticas podem nos levar mais depressa ao encontro de nós mesmos, no Ser, em Deus, com Ele? Não lhes parece que perdoar o mundo vai permitir que, de fato, reivindiquemos e recebamos as dádivas que o perdão oferece, e que, na verdade, já são nossas? 

Às práticas?


segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Tratando dos comportamentos ditos irresponsáveis


12. O que é o ego?

1. O ego é idolatria; o sinal do ser limitado e separado, nascido em um corpo, condenado a sofrer e a terminar sua vida na morte. Ele é a "vontade" que percebe a Vontade de Deus como inimiga e toma uma forma na qual ela é negada. O ego é a "prova" de que a força é fraca e de que o amor é amedrontador, de que a vida é, na verdade, morte e de que só aquilo que contraria Deus é verdadeiro.

2. O ego é louco. Com medo, ele se põe diante de Todos os Lugares, separado do Todo, separado do Infinito. Em sua loucura, ele pensa ter se tornado um vitorioso sobre o Próprio Deus. E, em sua autonomia insuportável, ele "percebe" que a Vontade de Deus foi destruída. Ele sonha com castigo e treme diante das imagens de seus sonhos; seus inimigos, que buscam assassiná-lo antes de ele poder garantir sua segurança atacando-os.

3. O Filho de Deus não tem ego. O que ele pode saber da loucura e da morte de Deus, se habita n'Ele? O que ele pode saber da tristeza e do sofrimento, se vive na alegria eterna? O que ele pode saber do medo e do castigo, do pecado e da culpa, do ódio e do ataque, se tudo o que existe à volta dele é a paz perene, livre de conflitos e imperturbada para sempre, no silêncio e na tranquilidade mais profundos?

4. Conhecer a realidade é não ver o ego e seus pensamentos, seus esforços, seus atos, suas leis e crenças, seus sonhos, suas esperanças  seus planos para a própria salvação e o custo que a crença nele cobra. Em termos de sofrimento, o preço pela fé no ego é tão imenso que a crucificação do Filho de Deus é oferecida diariamente em seu santuários sombrio, e o sangue tem de jorrar diante do altar em que seus seguidores doentios se preparam para morrer.

5. Porém, um único lírio de perdão transformará as trevas em luz; o altar às ilusões no santuário à Própria Vida. E a paz será devolvida para sempre às mentes santas que Deus criou como Seu Filho, Sua morada, Sua alegria, Seu amor, inteiramente Seu, um só com Ele totalmente.

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LIÇÃO 333

O perdão acaba com o sonho de conflito aqui.

1. O conflito tem de ser resolvido. Se quisermos nos livrar dele, não podemos evitá-lo, pô-lo de lado, negá-lo, disfarçá-lo, vê-lo em outro lugar, dar-lhe outro nome ou escondê-lo por meio de qualquer tipo de truque. Ele tem de ser visto exatamente como é, onde se pensa que ele está, na realidade que lhe foi dada e com o propósito que a mente conferiu a ele. Pois só assim suas defesas são suspensas e a verdade pode brilhar sobre ele à medida que ele desaparece.

2. Pai, o perdão é a luz que Tu escolheste para eliminar todo conflito e toda dúvida, e para iluminar o caminho de nossa volta a Ti. Nenhuma luz a não ser essa pode pôr fim a nosso sonho mau. Nenhuma luz a não ser essa pode salvar o mundo. Pois apenas essa não falhará em nada jamais, pois é Tua dádiva para Teu Filho amado.

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COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 333

Continuo a crer que nunca é demais repetir as palavras, ou as histórias que buscam facilitar o contato e a sintonia com o que somos na verdade, e que podem nos fazer abandonar as ilusões e os conflitos por inteiro e de uma vez por todas. É isto que vamos fazer mais uma vez hoje para explorar a ideia que o Curso oferece para as práticas. 

Pois é hoje que vamos reconhecer e aceitar o que a ideia nos diz e pô-la em prática. Para tanto, basta que digamos para nós mesmos de forma decidida:

O perdão acaba com o sonho de conflito aqui.

E, após esta tomada de consciência, vamos nos voltar para o interior de nós mesmos à procura da luz que pode perdoar a tudo e a todas as coisas, em nós, e em tudo o que está aparentemente fora de nós também.

Podemos fazer uso novamente da história que reproduzo abaixo como forma de exercitar o perdão, valendo-nos dela para aprender a reconhecer o divino no outro, para lhe oferecer a paz e a alegria do reencontro com o divino, em si mesmo, por nosso intermédio.

Gerald Jampolsky, um dos estudantes de UCEM de primeira hora e fundador do primeiro Center for Attitudinal Healing [Centro para Cura das Atitudes - CCA], escreveu, a partir de suas interpretações dos ensinamentos do UCEM, entre outros, um livro inteiro a respeito do perdão.

O livro se chama Perdão e vale a pena ser lido, pois traz explicações para as muitas razões pelas quais achamos difícil perdoar e ilustra os motivos por que "apegar-se a sentimentos de revanche e de vingança é uma atitude que só pode causar sofrimento". Um livro que descreve de forma clara e simples, "os motivos pelos quais [muitas vezes] nos negamos a perdoar e como a nossa mente trabalha para justificar essa atitude". O que, é claro, tem a ver com a ideia para nossas práticas de hoje.

Além do mais, a fim de ajudar a nos decidirmos pelo perdão, o livro "aponta os efeitos colaterais tóxicos causados [pela] intolerância e os males que isso pode provocar no nosso corpo e na nossa vida em geral. Mas, acima de tudo, revela-nos os incomensuráveis benefícios do perdão".

Entre as várias histórias que Jampolsky conta, e "que abrem nossos corações aos milagres que acontecem quando acreditamos verdadeiramente que todas as pessoas merecem o nosso amor", está a seguinte:

Na tribo Babemba, da África do Sul, quando uma pessoa age de maneira injusta ou irresponsável, ela é colocada sozinha no centro da aldeia, mas não é de maneira alguma impedida de fugir.

Todos os habitantes da aldeia param de trabalhar e formam um círculo em volta da pessoa acusada. Em seguida, cada um, independentemente de sua idade, começa a lembrar o acusado de todas as boas ações que ele praticou ao longo da vida.

Tudo o que é lembrado sobre a pessoa em questão é descrito em pormenores. Todos os atributos positivos do acusado, suas boas ações, seus pontos fortes e generosidades são ressaltados em benefício dela. Cada pessoa do círculo faz isso de forma detalhada.

Todos os fatos da vida dessa pessoa são expostos com o máximo de sinceridade e amor. Ninguém pode exagerar os acontecimentos e todos sabem que não podem inventar histórias. Ninguém mente nem é irônico ao fazer esse relato.

Essa cerimônia prossegue até que todos os habitantes da aldeia tenham relembrado os feitos dessa pessoa como membro respeitado de sua comunidade. Esse procedimento pode prolongar-se por vários dias. No final, a tribo desfaz o círculo e começa uma celebração jubilosa em que a pessoa é recebida de volta à tribo.

Pelos olhos do amor, que essa cerimônia descreve de maneira tão bela, só a reconciliação e o perdão têm lugar. Cada pessoa no círculo, bem como a pessoa colocada em seu centro, é lembrada [de] que o perdão nos dá a oportunidade de abandonar o passado e os medos do futuro. A pessoa que está no centro não é considerada uma pessoa má nem é excluída da comunidade. Em vez disso, ela é lembrada do amor que existe em seu interior e é acolhida por todos à sua volta.


A forma utilizada pelos babembas para tratar o conflito é que vai resolvê-lo de forma definitiva. Pois, como diz a lição:

O conflito tem de ser resolvido. Se quisermos nos livrar dele, não podemos evitá-lo, pô-lo de lado, negá-lo, disfarçá-lo, vê-lo em outro lugar, dar-lhe outro nome ou escondê-lo por meio de qualquer tipo de truque. Ele tem de ser visto exatamente como é, onde se pensa que ele está, na realidade que lhe foi dada e com o propósito que a mente conferiu a ele. Pois só assim suas defesas são suspensas e a verdade pode brilhar sobre ele à medida que ele desaparece.

Podemos, então, perguntar-nos: é isto o que fazemos quando alguém à volta de nós age, para o nosso julgamento, nosso modo particular de ver, de maneira injusta e irresponsável? E se, mesmo que apenas na imaginação, adotássemos o hábito de criar na mente um Círculo de Perdão [o Curso nos oferece a ideia de um círculo de Expiação], no qual colocássemos todas as pessoas que, por qualquer razão, ainda nos parece difícil perdoar? 

É possível!  Podemos fazê-lo, valendo-nos das palavras finais da lição, repetindo-as para nós mesmos sempre que uma situação de conflito se apresentar, dizendo:

Pai, o perdão é a luz que Tu escolheste para eliminar todo conflito e toda dúvida, e para iluminar o caminho de nossa volta a Ti. Nenhuma luz a não ser essa pode pôr fim a nosso sonho mau. Nenhuma luz a não ser essa pode salvar o mundo. Pois apenas essa não falhará em nada jamais, pois é Tua dádiva para Teu Filho amado.

As práticas de hoje se destinam a nos ensinar a encontrar a alegria e a liberdade que só o perdão dá.

A elas?


domingo, 27 de novembro de 2016

Só se pode viver o real pela alegria e pelo perdão


12. O que é o ego?

1. O ego é idolatria; o sinal do ser limitado e separado, nascido em um corpo, condenado a sofrer e a terminar sua vida na morte. Ele é a "vontade" que percebe a Vontade de Deus como inimiga e toma uma forma na qual ela é negada. O ego é a "prova" de que a força é fraca e de que o amor é amedrontador, de que a vida é, na verdade, morte e de que só aquilo que contraria Deus é verdadeiro.

2. O ego é louco. Com medo, ele se põe diante de Todos os Lugares, separado do Todo, separado do Infinito. Em sua loucura, ele pensa ter se tornado um vitorioso sobre o Próprio Deus. E, em sua autonomia insuportável, ele "percebe" que a Vontade de Deus foi destruída. Ele sonha com castigo e treme diante das imagens de seus sonhos; seus inimigos, que buscam assassiná-lo antes de ele poder garantir sua segurança atacando-os.

3. O Filho de Deus não tem ego. O que ele pode saber da loucura e da morte de Deus, se habita n'Ele? O que ele pode saber da tristeza e do sofrimento, se vive na alegria eterna? O que ele pode saber do medo e do castigo, do pecado e da culpa, do ódio e do ataque, se tudo o que existe à volta dele é a paz perene, livre de conflitos e imperturbada para sempre, no silêncio e na tranquilidade mais profundos?

4. Conhecer a realidade é não ver o ego e seus pensamentos, seus esforços, seus atos, suas leis e crenças, seus sonhos, suas esperanças  seus planos para a própria salvação e o custo que a crença nele cobra. Em termos de sofrimento, o preço pela fé no ego é tão imenso que a crucificação do Filho de Deus é oferecida diariamente em seu santuários sombrio, e o sangue tem de jorrar diante do altar em que seus seguidores doentios se preparam para morrer.

5. Porém, um único lírio de perdão transformará as trevas em luz; o altar às ilusões no santuário à Própria Vida. E a paz será devolvida para sempre às mentes santas que Deus criou como Seu Filho, Sua morada, Sua alegria, Seu amor, inteiramente Seu, um só com Ele totalmente.

*

LIÇÃO 332

O medo aprisiona. O perdão liberta.

1. O ego cria ilusões. A verdade desfaz seus sonhos maus, afastando-os com sua luz. A verdade nunca ataca. Ela é simplesmente. E a partir da presença dela a mente se lembra das fantasias e acorda para o real. O perdão convida esta presença a entrar e a tomar seu lugar legítimo na mente. Sem o perdão, a mente fica aprisionada, acreditando em sua própria inutilidade. Com o perdão, entretanto, a luz brilha, de fato, por entre as trevas, oferecendo-lhe esperança e lhe dá o meio para perceber claramente a liberdade que é sua herança.

2. Não queremos aprisionar o mundo novamente hoje. O medo o mantém prisioneiro. E, não obstante, Teu Amor nos dá o meio de libertá-lo. Pai, queremos libertar o mundo agora. Pois na medida em que oferecemos a liberdade ela nos é dada. E não queremos continuar a ser prisioneiros, quanto Tu nos ofereces a liberdade.

*

COMENTÁRIO


Explorando a LIÇÃO 332

O Curso oferece hoje, mais uma vez, a oportunidade de aprendermos a perdoar o mundo inteiro. A oportunidade de abraçarmos, também para nós mesmos, a liberdade. A de deixarmos de lado, de uma vez por todas, qualquer ideia de medo que nos aprisione. Daí, novamente, o convite-pergunta: vamos aprender a libertar o mundo e, por consequência, aprender a liberdade para nós mesmos, libertando-nos de toda e qualquer ideia de medo, que faz de todos nós prisioneiros ao mesmo tempo, 
por manter o mundo todo em uma prisão? A do julgamento.

Pois:

O medo aprisiona. O perdão liberta.

E, como diz Joel Goldsmith, não podes sentir medo e ter fé em Deus. Uma coisa exclui a outra. Pois, para se chegar à liberdade, é preciso que nos libertemos de todo e qualquer medo. E que outra coisa além do perdão pode nos libertar?

O perdão vai nos ensinar que o medo não é real. Tudo o que não é amor não é real. A única realidade com a qual podemos ter contato é o amor, que é sinônimo de alegria e de liberdade. Ou como diz Julian de Norwich:

A plenitude da alegria
é
contemplar 
Deus
em tudo.

Para ver/contemplar Deus em tudo, preciso experimentar/viver "a plenitude da alegria" - cada um de nós precisa - ser capaz de me ver em tudo e em todos o tempo inteiro. Isto é, preciso ser capaz de abandonar qualquer ideia de separação. Qualquer ideia que me coloque distante, por mais perto que seja a distância, do(s) outro(s). E mais, preciso ser capaz de não perceber qualquer distância, qualquer separação, entre Deus e eu. Ou como já disse Goldsmith, não existe Deus e eu, ou Deus e nós, ou Deus e o mundo. Só existe Deus. Eu sou o EU SOU que Deus é.

Enquanto não formos capazes de olhar para tudo e para todas as coisas e perceber em tudo e em todas as coisas a manifestação de Deus, ainda estaremos olhando para as ilusões que nos oferece o ego. É disto que a lição fala, ao dizer:

O ego cria ilusões. A verdade desfaz seus sonhos maus, afastando-os com sua luz. A verdade nunca ataca. Ela é simplesmente. E a partir da presença dela a mente se lembra das fantasias e acorda para o real. O perdão convida esta presença a entrar e a tomar seu lugar legítimo na mente. Sem o perdão, a mente fica aprisionada, acreditando em sua própria inutilidade. Com o perdão, entretanto, a luz brilha, de fato, por entre as trevas, oferecendo-lhe esperança e lhe dá o meio para perceber claramente a liberdade que é sua herança.

É a possibilidade da plenitude de que fala Julian que as práticas com o perdão da ideia de hoje nos oferece. As práticas vão nos trazer, de fato, a grande oportunidade para aprendermos a viver o que é real, a única coisa que é real em nós mesmos. De que modo?

Pela alegria e pelo perdão. O perdão, que é o meio de "remover os bloqueios à consciência da presença do amor" e da verdade, que "nunca ataca" e simplesmente "é". É o perdão que vai nos permitir libertar o mundo e nos libertarmos com ele, pois da mesma forma que não nos queremos prisioneiros da ilusão,

Não queremos aprisionar o mundo novamente hoje. O medo o mantém prisioneiro. E, não obstante, Teu Amor nos dá o meio de libertá-lo. Pai, queremos libertar o mundo agora. Pois na medida em que oferecemos a liberdade ela nos é dada. E não queremos continuar a ser prisioneiros, quando Tu nos ofereces a liberdade.

E o perdão é o meio de que precisamos nos valer para chegar à alegria e à liberdade, a nossa própria e a do mundo. Para tanto, é preciso, primeiro, que deixemos a verdade tomar seu lugar legítimo em nossa mente, para desfazer as trevas que nos impedem de ver a luz.

E é só a luz que vai permitir que cheguemos ao perdão, que abandonemos toda e qualquer condenação que fazemos de nós mesmos sempre que condenamos a quem quer que seja, e que nos libertemos, oferecendo o perdão ao mundo todo que, deste modo, se libertará conosco.

Às práticas?


sábado, 26 de novembro de 2016

É impossível conflito entre tua vontade e A de Deus


12. O que é o ego?

1. O ego é idolatria; o sinal do ser limitado e separado, nascido em um corpo, condenado a sofrer e a terminar sua vida na morte. Ele é a "vontade" que percebe a Vontade de Deus como inimiga e toma uma forma na qual ela é negada. O ego é a "prova" de que a força é fraca e de que o amor é amedrontador, de que a vida é, na verdade, morte e de que só aquilo que contraria Deus é verdadeiro.

2. O ego é louco. Com medo, ele se põe diante de Todos os Lugares, separado do Todo, separado do Infinito. Em sua loucura, ele pensa ter se tornado um vitorioso sobre o Próprio Deus. E, em sua autonomia insuportável, ele "percebe" que a Vontade de Deus foi destruída. Ele sonha com castigo e treme diante das imagens de seus sonhos; seus inimigos, que buscam assassiná-lo antes de ele poder garantir sua segurança atacando-os.

3. O Filho de Deus não tem ego. O que ele pode saber da loucura e da morte de Deus, se habita n'Ele? O que ele pode saber da tristeza e do sofrimento, se vive na alegria eterna? O que ele pode saber do medo e do castigo, do pecado e da culpa, do ódio e do ataque, se tudo o que existe à volta dele é a paz perene, livre de conflitos e imperturbada para sempre, no silêncio e na tranquilidade mais profundos?

4. Conhecer a realidade é não ver o ego e seus pensamentos, seus esforços, seus atos, suas leis e crenças, seus sonhos, suas esperanças  seus planos para a própria salvação e o custo que a crença nele cobra. Em termos de sofrimento, o preço pela fé no ego é tão imenso que a crucificação do Filho de Deus é oferecida diariamente em seu santuários sombrio, e o sangue tem de jorrar diante do altar em que seus seguidores doentios se preparam para morrer.

5. Porém, um único lírio de perdão transformará as trevas em luz; o altar às ilusões no santuário à Própria Vida. E a paz será devolvida para sempre às mentes santas que Deus criou como Seu Filho, Sua morada, Sua alegria, Seu amor, inteiramente Seu, um só com Ele totalmente.

*

LIÇÃO 331

Não há nenhum conflito, pois minha vontade é Tua.

1. Quão tolo, Pai, acreditar que Teu Filho pudesse causar sofrimento a si mesmo! Ele poderia fazer um plano para sua própria maldição e ser deixado sem uma forma segura de liberação? Tu me amas, Pai. Tu nunca poderias me deixar abandonado, para morrer em um mundo de dor e de crueldade. Como pude pensar que o Amor abandona a Si Mesmo? Não existe nenhuma vontade a não ser a Vontade do Amor. O medo é um sonho, e não existe nenhuma vontade que possa entrar em conflito com a Tua. Conflito é sono, e paz despertar. Morte é ilusão; vida, verdade eterna. Não existe nenhuma oposição a Tua Vontade. Não existe nenhum conflito, pois minha vontade é Tua.

2. O perdão nos mostra que a Vontade de Deus é Uma Só, e que nós a compartilhamos. Vamos olhar para as imagens sagradas que o perdão nos mostra hoje, a fim de podermos encontrar a paz de Deus. Amém.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 331

Chegamos hoje, mais uma vez - a sétima para os que acompanham as postagens deste blogue desde seu início -  à décima segunda das quatorze instruções que o Curso nos oferece para acompanhar e dar unidade às práticas das lições desta segunda parte do Livro de Exercícios. Esta parte que, como eu já disse várias vezes antes, de acordo com o Curso, quer nos oferecer os meios para que alcancemos a percepção verdadeira. 

O tema da instrução para a qual voltamos nossa atenção é: O que é o ego? E é necessário que voltemos a ele diariamente nos próximos dez dias. Ao menos uma vez antes das práticas com a ideia para o dia. Para tanto, como tenho feito desde o início das lições desta segunda parte do livro, vou continuar a postar a instrução a cada dia, antes de cada lição.

Conforme vocês já devem ter percebido, em particular aqueles que já estão passando por este ponto pela segunda, terceira ou mais vezes, esta instrução traz informações preciosas a respeito do ego [o falso eu que quer usurpar o lugar de Deus, como nos ensina o Curso] e de seu sistema de pensamento. Ao mesmo tempo ela nos ensina a olhar para além dele, para nos auxiliar a entrarmos em contato com a verdade do que somos, para nos colocarmos na posição e no lugar em que a Vontade de Deus, em Seu Amor infinito, quer que estejamos. E que é o único lugar em que podemos estar.

Vamos, pois, às práticas com a primeira das dez ideias que as lições deste período nos oferece. Uma ideia que mais uma vez busca nos ensinar o caminho para nos libertarmos de todos os conflitos que o sistema de pensamento do ego quer que acreditemos verdadeiros. Uma ideia que assegura não ser possível qualquer conflito entre a minha, a tua e a nossa vontades e a Vontade de Deus. É por esta razão, pois, que a ideia que praticamos para iniciar este bloco de dez lições diz: 

Não há nenhum conflito, pois minha vontade é Tua. 

É claro que já aprendemos que a Vontade de Deus e a nossa são a mesma e uma só. Por isso não deve haver nenhuma dificuldade a esta altura para nos alinharmos à ideia que praticamos. 

Por isso, podemos dizer em uníssono com a lição: 

Quão tolo, Pai, acreditar que Teu Filho pudesse causar sofrimento a si mesmo! Ele poderia fazer um plano para sua própria maldição e ser deixado sem uma forma segura de liberação? Tu me amas, Pai. Tu nunca poderias me deixar abandonado, para morrer em um mundo de dor e de crueldade. Como pude pensar que o Amor abandona a Si Mesmo? Não existe nenhuma vontade a não ser a Vontade do Amor. O medo é um sonho, e não existe nenhuma vontade que possa entrar em conflito com a Tua. Conflito é sono, e paz despertar. Morte é ilusão; vida, verdade eterna. Não existe nenhuma oposição a Tua Vontade. Não existe nenhum conflito, pois minha vontade é Tua.

Aproveitemos, pois, mais uma vez, a fim de facilitar a compreensão - tendo sempre em mente que compreender é aceitar - da ideia e estender a reflexão, para acompanhar a meditação de Julian de Norwich, mística do século XIV, que também mostra não haver nenhum conflito entre o que Deus quer para nós e aquilo que queremos. Vejamos o que ela diz:

Temos o poder de pedir a nosso Amado,
reverentemente,
tudo o que desejamos.

Pois nosso desejo natural é possuir a Deus
e o bom desejo de Deus é nos possuir.

Não deixaremos nunca de ter esse desejo e 
anseio,
enquanto não possuirmos nosso Amado
na plenitude da alegria.

Então, não teremos mais nenhum outro
desejo. 

E há também, para ilustrar claramente a necessidade de que aceitemos e escolhamos a Vontade de Deus, e apenas a Vontade d'Ele, como a nossa, a história do grande santo, que lutava para chegar a Deus, contada assim por Níkos Kazantzákis, em seu "Relatório ao Greco":

Um grande santo lutou durante quarenta dias e não pôde chegar a Deus; havia alguma coisa no meio que o impedia; depois de quarenta anos entendeu: era o jarrinho de que gostava muito porque jogava dentro dele a água que bebia e o refrescava: quebrou-o e, imediatamente, uniu-se a Deus.

E há ainda o koan budista que diz o seguinte:

O mestre conserva a cabeça do discípulo sob a água, por muito, muito tempo; pouco a pouco as bolhas se rarificam; no último instante, o mestre tira o discípulo, o reanima: quando tiveres desejado a verdade [Deus] como desejaste o ar, então saberás o que ela [Deus] é.

Então, quando não houver "mais nenhum outro desejo" a não ser o de conhecer Deus, fazer de Sua Vontade a nossa, há de ser porque reconhecemos, aprendemos e aceitamos o que o perdão nos mostra. Como diz a lição:

O perdão nos mostra que a Vontade de Deus é Uma Só, e que nós a compartilhamos [com Ele]. Vamos olhar para as imagens sagradas que o perdão nos mostra hoje, a fim de podermos encontrar a paz de Deus. Amém. 

Às práticas?