segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Entregar-se à experiência, à brincadeira presente


LIÇÃO 243

Não julgarei nada do que acontecer hoje.

1. Serei honesto comigo mesmo hoje. Não pensarei que já sei aquilo que tem de permanecer além de minha compreensão atual. Não pensarei que compreendo o todo a partir de fragmentos de minha percepção, que são tudo o que posso ver. Reconheço hoje que isto é verdadeiro. E, por esta razão, fico desobrigado de julgamentos que não posso fazer. Deste modo, eu me liberto e liberto àquilo que vejo para ficar em paz tal como Deus nos criou.

2. Pai, hoje deixo a criação livre para ser ela mesma. Aceito todas as suas partes, nas quais me incluo. Somos um só porque cada parte contém a memória de Ti e porque a verdade tem de brilhar em todos nós como um só.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 243

Voltando ainda uma vez ao que eu disse nos comentários anteriores a esta mesma lição, a ideia para as práticas de hoje remete imediatamente à lição de número 132: Libero o mundo de tudo aquilo que eu pensava que ele fosseLembram? Uma lição de importância muito grande para a meta que nos propõe o Curso com a primeira parte do Livro de Exercícios: o desaprender aquilo que o mundo ensina. 

Passadas, porém, as lições cujo objetivo era o desaprender o que o mundo ensina, voltamo-nos, agora, desde o início desta segunda parte do livro de exercícios, para a possibilidade do aprendizado da percepção verdadeira, a percepção que nos dá o espírito em nós. 

Tratamos agora de buscar aprender verdadeiramente o que é o mundo. Aprender para que serve o mundo e qual é a nossa função nele, uma vez que escolhemos a experiência da forma e dos sentidos por algum tempo. É por isso que a pergunta: O que é o mundo?, tema desta terceira série de lições, se justifica. Pois, de verdade, se formos bem honestos para com nós mesmos, não sabemos o que ele é ou para que serve. E temos sérias dúvidas acerca do que nós mesmos somos e das razões, ou razão, pela qual estamos aqui, não é?

Então, repetindo mais uma vez o que já disse antes, de que modo aprender ou apreender o significado do mundo, enquanto o mantemos preso a conceitos e "pré-conceitos", porque baseados apenas na experiência de nossas percepções individuais, que mudam tantas vezes quantas mudam as posições de um ponteiro que marca os segundos em um relógio, se é que alguém ainda lembra como é um relógio com ponteiros?

A verdade é que, se de fato prestamos atenção às práticas da primeira parte, aprendemos que elas se destinavam a nos oferecer instrumentos e ideias para desaprendermos os conceitos e 'pré-conceitos' do sistema de pensamento que recebemos do e no mundo [do ego, do falso eu], que aprendemos ao longo do tempo. E que continuamos e continuaremos a aprender enquanto ainda influenciados por aquele sistema, vivendo esta experiência, no tempo, neste mundo.

Ora, repito, o desaprender de um sistema de pensamento por si só pode facilitar o aprendizado de outro [ou preparar para um salto a uma consciência mais abrangente]. É mais ou menos como aquela historinha zen, se vocês lembram, uma xícara cheia não pode receber mais chá do que sua capacidade, não importa o quanto continuemos a vertê-lo. Para colocar chá novo e quente é necessário esvaziá-la primeiro.

Lembremo-nos de que a ideia que praticamos hoje também tem a ver com a exortação de Jesus a que voltemos a ser como as criancinhas, não no sentido de uma regressão a um estado infantil, mas no sentido de se poder experimentar o mundo e as coisas do mundo sempre como se fora a primeira vez. 

As criancinhas não têm nenhum pré-conceito. Olham para o mundo com os olhos da inocência. E conseguem se maravilhar com as coisas mais simples, que nós já reputamos corriqueiras. A xícara de sua inteligência continua a se esvaziar depois de cada experiência. E a deixam pronta para receber o chá da sabedoria e da informação que se lhes apresente. O tempo não tem significado para elas. Seu maravilhar-se com a vida e com as formas que a vida lhes revela é sempre novo. E se renova a cada instante, a cada experiência, a cada descoberta.

O segredo [se é que existe algum] de que nos esquecemos - por acumularmos conceitos e "pré-conceitos" ao longo de nossa jornada, sem os descartamos a cada passo na direção do novo - é a prontidão que as crianças têm para aprender. A capacidade que elas têm de se entregarem à experiência, à brincadeira presente, sem reservas. A capacidade de abandonar o que aprenderam anteriormente, a brincadeira anterior, para viverem apenas a do momento. E, como o Curso ensina, elas sabem naturalmente que não precisam fazer nada. Basta ser!

É a isso que as práticas de hoje, feitas de forma honesta e aberta, podem, mais uma vez, nos conduzir.

Às práticas?

domingo, 30 de agosto de 2015

A quem pensamos que podemos dar alguma coisa?


LIÇÃO 242

Este dia é de Deus. É meu presente a Ele.

1. Não conduzirei minha vida sozinho hoje. Eu não compreendo o mundo e, por isto, tentar conduzir minha vida sozinho só pode ser tolice. Mas há Alguém Que conhece tudo o que é melhor para mim. E Ele está contente em não fazer nenhuma escolha por mim, a não ser aquelas que levam a Deus. Dou este dia a Ele, pois não quero atrasar minha volta ao lar e é Ele Quem conhece o caminho para Deus.

2. E, então, Te damos o dia de hoje. Vimos com mentes inteiramente abertas. Não pedimos nada do que podemos pensar querer. Dá-nos aquilo que Tu queres que recebamos. Tu conheces todos os nossos desejos e todas as nossas necessidades. E Tu nos darás tudo aquilo de que precisamos para nos ajudar a encontrar o caminho para Ti.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 242

Tudo o que dou, dou a mim mesmo. Tudo o que faço é a mim mesmo que faço. "Para ter, dá tudo a todos." "Para ter paz, ensina a paz para aprendê-la." "Sê vigilante só a favor de Deus e do Seu Reino." Na verdade, todas estas frases iniciais deste comentário têm a ver com as ideias essenciais do ensinamento e também com a ideia para as práticas de hoje. De que modo?

Vejamos. Como diz um amigo meu, é porque Deus é onipotente que ele nos faz nem mesmo precisar dele. Ou dizendo de outro modo, independente do que fizermos, somos e vivemos na unidade com Deus. Vivemos nele e ele em nós. Nós não existimos sem Ele, mas, em contrapartida, Ele também não existe sem nós. Ou, para lembrar o que o próprio Curso diz, como vimos há pouco: O próprio Deus é incompleto sem mim. Para ressaltar quão importante somos.

É só quando aprendermos isso que, de fato, começaremos a compreender a grandeza que nos é própria, porque própria do Próprio Deus. Assim, quando damos este dia a Deus, fazemos um presente a Ele, mas também damos um presente a nós mesmos, pelo reconhecimento de que é a Ele que nos dirigimos, quando nos voltamos para o interior de nós mesmos, à procura de nossa verdadeira identidade, uma vez que este voltar-se para dentro de nós mesmos significa que entendemos, reconhecemos e aceitamos que não há nada fora de nós.

Não precisamos fazer nada, como o Curso ensina, a não ser nos deixarmos guiar pelo espírito que nos anima, que é o que somos, na verdade e em Deus.

Às práticas? 

Vejam aí abaixo, por favor, um cartazinho - retirado do Espaço Moksha, publicado no facebook - que resume o que eu disse acima, no primeiro parágrafo e que resume também a ideia da lição e o ensinamento de que não nada fora. Será que é preciso desenhar?

Observe, sinta, interiorize-se Emoticon heart
Foto de Espaço Moksha.

sábado, 29 de agosto de 2015

Não querer nada deste mundo é que nos torna livres


3. O que é o mundo?

1. O mundo é percepção equivocada. Ele nasce do erro e não abandona sua fonte. Ele não continuará a existir quando o pensamento que lhe deu origem deixar de ser apreciado. Quando a ideia de separação se transformar em um pensamento de perdão verdadeiro, o mundo será visto sob outra luz; e uma luz que leva à verdade, na qual o mundo inteiro tem de desaparecer e todos os seus erros sumirem. Como consequência disto, sua fonte desaparece e seus efeitos também.

2. O mundo foi feito como um ataque a Deus. Ele simboliza o medo. E o que é o medo exceto ausência de amor? Desta forma o mundo tinha por objetivo ser um lugar aonde Deus não pudesse entrar, e onde Seu Filho pudesse estar separado d'Ele. A percepção nasceu aqui, pois o conhecimento não poderia produzir tais pensamentos insanos. Mas os olhos enganam e os ouvidos escutam de forma errada. Então, os erros se tornam bem possíveis, pois a certeza desaparece.

3. Em seu lugar nasceram os mecanismos da ilusão. E, agora, eles partem para encontrar o que lhes cabe buscar. Seu objetivo é servir à finalidade para a qual o mundo foi feito para testemunhar e tornar verdadeira. Eles veem, em suas ilusões, apenas uma base sólida na qual a verdade existe, mantida ao lado das mentiras. Porém, tudo o que elas informam é só ilusão que é mantida ao lado da verdade.

4. Do mesmo modo que a vista foi feita para conduzir para longe da verdade, ela pode ser reorientada. Os sons se tornam o chamado por Deus e toda percepção pode receber uma nova finalidade d'Aquele a Quem Deus nomeou Salvador do mundo. Segue Sua luz e vê o mundo da forma que Ele vê. Ouve só a Voz d'Ele em tudo o que fala a ti. E deixa Ele te dar a paz e a certeza que jogaste fora, mas que o Céu preserva n'Ele para ti.

5. Não nos acomodemos até que o mundo se junte a nossa percepção transformada. Não nos demos por satisfeitos até que o perdão se torne total. E não tentemos mudar nossa função. Temos de salvar o mundo. Pois nós, que o fizemos, temos de vê-lo pelos olhos de Cristo, para que aquilo que foi feito para morrer possa ser devolvido à vida eterna.

*

LIÇÃO 241

A salvação chegou neste instante santo.

1. Quanta alegria há hoje! É um momento de celebração especial. Pois o dia de hoje oferece ao mundo sombrio o instante em que se dá sua liberação. Chegou o dia em que a tristeza acaba e a dor desaparece. Hoje a glória da salvação desponta sobre um mundo liberto. Este é o momento da esperança para incontáveis milhões. Eles serão reunidos agora à medida que os perdoas a todos. Pois hoje serei perdoado por ti.

2. Nós nos perdoamos uns aos outros agora e, por isto, chegamos finalmente a Ti mais uma vez. Pai, Teu Filho, que nunca partiu, volta ao Céu e a seu lar. Quão alegres estamos por ter de volta nossa sanidade e por lembrar que somos todos um só.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 241

Recebemos hoje, mais uma vez, a terceira das instruções para orientar as práticas das dez lições que virão em seguida nesta segunda parte do livro de exercícios. O tema desta vez é: O que é o mundo?

E o que lhes parece que é o mundo, assim como o veem? Da forma com que o vemos? Será que cada um de nós o vê da mesma forma? E, se não, isto é indicador de quê? Que lhes parece? Será que, se, de fato, o mundo que vemos fosse real, não deveríamos todos vê-lo do mesmo modo? E, se ele não é real, o que é então? O que é que pode ser real, se visto de milhares de maneiras diferentes ao mesmo tempo?

A ilusão?

É para podermos responder a estas questões que precisamos das práticas. Pois, se o mundo é apenas uma ilusão, por que nos importamos tanto com ele? Por que há milhões de pessoas buscando vender a ideia que sustenta a necessidade de se mudar o mundo? A necessidade de torná-lo melhor, mais justo, pacífico e equilibrado?

Não será isso apenas mais uma das infinitas artimanhas do ego - o falso eu - buscando nos convencer de que o mundo traz em si algo que queremos de fato? Algo de valor, que pode nos levar na direção da alegria e da paz completas e perfeitas, que são a Vontade de Deus para nós?

Li outro dia, em algum lugar, uma frase de um mestre que dizia algo como nem mesmo um rei poderoso ou um imperador soberano pode qualquer coisa contra aquele que não deseja nada do mundo. Eu diria que isto é muito significativo, uma vez que a maior parte dos problemas que enfrentamos está relacionada a coisas que queremos do mundo, no mundo, acreditando que podemos mudá-lo, sem pensar nem sequer por um instante que qualquer mudança tem de se dar sempre a partir do interior, já que a percepção só nos mostra aquilo que escolhemos ver. Isto mostra também que a liberdade só é verdadeiramente possível quando não queremos nada do mundo. Isto é, quando reconhecemos, em sintonia com o Curso, que não há nada que queiramos no mundo.

De verdade, parece-me, que se pode perfeitamente dizer que aquele que não deseja nada do mundo já encontrou a salvação, para si e para o mundo. Tal é a ideia que praticamos novamente para começar as práticas com a primeira das lições que terão como ponto central a instrução que o Curso nos traz hoje.

Aprender que, de fato, o mundo não me pode dar nada que eu já não tenha, que ele não é nada mais do que a projeção daquilo que trago em mim, não é nada mais nada menos do que reconhecer minha salvação, que chega neste instante santo. O instante em que abrimos mão do mundo, em favor da identidade verdadeira, em Deus, com Ele. 

Às práticas? 

OBSERVAÇÃO: 

Um adendo para aprofundar a reflexão: 

Esta é uma das mensagens-relâmpago de um amigo, já encantado, cujas mensagens levam sempre a questionarmos a "realidade" que pensamos haver no mundo que vemos. É dele, por exemplo, a frase: "A verdade é que é tudo mentira". Pensemos, pois, nesta aí abaixo:

Você pensa que tem livre arbítrio?
Então porque não escolhe virar Deus?
Prefere ser menos?
Das duas uma: ou você não tem livre arbítrio, ou não é inteligente.



sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Como chegar à experiência de conhecer Deus?


LIÇÃO 240

O medo não se justifica de nenhuma forma.

1. Medo é engano. Ele revela que tu te vês de uma forma que nunca poderias ser e, por esta razão, olhas para um mundo que é impossível. Nem sequer uma única coisa neste mundo é verdadeira. Não importa a forma com que ela possa se apresentar. Ela apenas testemunha tuas próprias ilusões acerca de ti mesmo. Não nos deixemos enganar hoje. Nós somos os Filhos de Deus. Não há nenhum medo em nós, pois cada um de nós é uma parte do Próprio Amor. 

2. Quão tolos são nossos medos! Tu permitirias que Teu Filho sofresse? Dá-nos fé hoje para reconhecermos Teu Filho e para libertá-lo. Vamos perdoá-lo em Teu Nome, para podermos compreender a santidade dele e sentir por ele o amor que é também Teu Próprio Amor.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 240

Repetindo mais uma vez em parte comentários de anos passados, a ideia para as práticas de hoje vai nos pôr em contato, desta vez, de maneira um pouco diferente, com uma ideia que já praticamos na primeira parte do livro de exercícios. Uma das que ideias que podemos, creio, considerar das mais importantes dentre todas as que já aprendemos, apesar de não se pode dizer que uma é mais importante do que outra qualquer, pois, conforme o Curso ensina, qualquer uma delas posta em prática pode ensejar a salvação: a nossa e a do mundo inteiro. A ideia de que estou falando, porém, é a da lição 48: Não há nada a temer

O que o Curso quer que aprendamos - ou lembremos - com a ideia de hoje e também com a da lição 48 é mais ou menos o que Wayne Dyer diz em um de seus livros a respeito daquilo que é necessário para que cheguemos à experiência de conhecer Deus, que é sinônimo do autoconhecimento, objetivo que nos propõe o Curso.

Diz ele que, para chegar a conhecer Deus, "precisas abandonar teus receios e criar o lugar em tua vida em que estejas livre de influências externas, [tens de te permitir] galgar a escada da energia [das vibrações mais elevadas] e entrar diretamente em contato com essas [vibrações que te levam à consciência do espírito em ti]. Quando viveres nesse lugar, e respirares a energia da percepção de Deus [a partir do divino interior], terás uma fé da qual ninguém conseguirá te fazer desistir [porque a fé que terás é fé em ti mesmo, pelo reconhecimento da verdade a teu próprio respeito, uma fé em um Deus que não pode existir separado de ti mesmo e, portanto, um Deus que é o EU SOU que é o que és]. Fazes isso dissipando o medo que surge quando tomas a decisão de ter essa experiência direta, independentemente da opinião de forças externas que foram [e continuam querendo ser] tão poderosas na tua vida". 

Na verdade, não há nada fora de ti, ou fora de cada um de nós, como o Curso ensina. O que aparentemente vês fora de ti não passa de projeção daquilo que acreditas a teu respeito, quando estás em sintonia com o falso eu - o ego, acerca do qual o Curso fala. Quando tua sintonia se dá com o Espírito em ti, com teu Deus interior, sabes que o que as aparências mostram são apenas aspectos sagrados de ti mesmo.

Tomar "a decisão de ter essa experiência direta" do divino interior equivale a reconhecer e experimentar em tua própria vida o fato de que não há nunca qualquer justificativa para o medo. O medo é apenas uma sensação ilusória gerada pela crença em mundo no qual estás separado de Deus. Esse mundo não existe!

Assim a lição de hoje, neste momento vem nos dar nova perspectiva do mundo, oferecendo-nos a possibilidade de uma percepção corrigida, a partir da visão do Espírito Santo, que sabe que o medo não se justifica em nenhuma circunstância e por razão nenhuma, a menos que ainda não tenhamos aprendido que a separação é só ilusória.

Para nos libertarmos desta crença é que precisamos das práticas. São elas que vão nos dar a possibilidade de reconhecer e aceitar a responsabilidade por tudo o que se apresentar a nossa experiência. São também as práticas que vão nos permitir acolher as experiências que se apresentarem, sejam quais forem. E  ainda são as práticas que vão nos ensinar a agradecer por tudo o que se apresentar e nos oferecer a possibilidade de escolher outra vez, se, e quando, for o caso. 

A elas?

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

A humildade real é reconhecer-nos filhos de Deus


LIÇÃO 239

A glória de meu Pai é minha própria glória.

1. Não deixemos que a verdade acerca de nós mesmo fique escondida hoje por uma humildade falsa. Sejamos gratos, em vez disto, pelas dádivas que nosso Pai nos concedeu. Podemos ver qualquer sinal de pecado ou culpa naqueles com quem Ele compartilha Sua glória? E é possível que não estejamos entre eles, se Ele ama Seu Filho para sempre, e com total fidelidade, sabendo que ele é como Ele o criou?

2. Nós Te agradecemos, Pai, pela luz que brilha em nós para sempre. E nós a exaltamos porque Tu a compartilhas conosco. Somos um só, unidos nesta luz Contigo, em paz com toda a criação e com nós mesmos.

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COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 239

Parece-me que vale a pena repetir uma vez mais quase que de forma integral o comentário feito a esta lição em anos anteriores. É claro que há necessidade de algumas poucas e pequenas alterações. Para, quem sabe?, facilitar um aprofundamento da ideia que vamos praticar novamente hoje. Uma ideia que oferece a cada um de nós oportunidade e ocasião para o reconhecimento de que somos portadores da glória e da luz de Deus, nosso Pai, conforme já falamos outras vezes antes, se formos capazes de nos aproximar das práticas com a verdadeira humildade, que é consentir, permitir e trazer a presença divina a toda realidade.

Vamos hoje também, tomar a decisão de buscar, em sintonia com a verdadeira humildade, que é reconhecer-nos filhos de Deus, reconhecer também que todos aqueles que andam pelo mundo conosco são igualmente portadores desta glória e desta luz, pois sabemos que Deus compartilha tudo de Si com todos e com cada um de Seus Filhos, na unidade e na totalidade de que somos parte.

Observemos, para tanto, que a "cola" natural a unir os membros de um grupo (seja ele de que natureza for), em meio à diversidade de dons de cada um, tem de ser "o amor de Cristo e o amor de um pelo outro. Quanto mais profunda for a unidade tanto maior o pluralismo que a comunidade [o grupo] pode absorver. A variedade dos pontos de vista e dos dons é experimentada não como ameaça às práticas e às visões de cada um, mas como enriquecimento", conforme nos ensina Thomas Keating em seu livro Convite ao Amor, que já citei outras vezes em comentários anteriores. 

Isso também lembra, repetindo, o que diz Mia Couto, escritor moçambicano, a respeito de Guimarães Rosa e dos motivos que o levaram [a ele, Mia] a receber uma grande influência do escritor brasileiro. Diz ele, em um de seus livros mais recentes - E se Obama fosse africano? -, que Rosa, como autor, oferece uma alternativa à "hegemonia da lógica racionalista como modo único e exclusivo de nos apropriarmos do real. A realidade é tão múltipla e dinâmica que pede o concurso de inúmeras visões. Em resposta ao to be or not to be [ser ou não ser] de Hamlet o brasileiro avança outra postura: 'Tudo é e não é'. O que ele sugere é a aceitação da possibilidade de todas as possibilidades: o desabrochar das muitas pétalas, cada uma sendo o todo da flor".

Ora, o posicionamento que, tanto Keating - para se ir na direção de um raciocínio conclusivo parecido ou igual ao oferecido em comentário anterior -, quanto Mia Couto nos oferecem, só pode ser alcançado se aceitarmos como verdade a ideia que o Curso traz para as práticas de hoje, reconhecendo ao mesmo tempo, como eu disse acima, que todos aqueles que vivem no mundo conosco são igualmente portadores da glória do Pai. Isto é, somos todos e cada um "uma das muitas pétalas" e todos contemos em nós "o todo da flor".

Às práticas?

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Expiação: desfazer o erro. Sinônimo: ho'oponopono


LIÇÃO 238

A salvação inteira depende de minha decisão.

1. Pai, Tua confiança em mim é tão grande que eu tenho de ser digno dela. Tu me criaste e me conheces como sou. E, mesmo assim, Tu puseste a salvação de Teu Filho em minhas mãos e permitiste que ela dependa de minha decisão. Tenho de ser, de fato, amado por Ti. E tenho também de permanecer imperturbável na santidade para que Tu queiras, na certeza de que ele está seguro, me entregar Teu Filho, Que ainda é parte de Ti e, ao mesmo tempo parte de mim, porque Ele é meu Ser.

2. E, por isto, mais uma vez hoje, paramos para pensar o quanto nosso Pai nos ama. E quão caro Seu Filho, criado por Seu Amor, continua sendo para Aquele Cujo Amor se torna completo nele.

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COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 238

Vamos buscar nos lembrar hoje, uma vez mais, juntamente com as práticas que o Curso nos reserva para este dia, daquilo de que falamos também no comentário feito para esta lição em anos passados: a responsabilidade total e completa que temos para com o mundo inteiro e para com tudo o que vemos, construímos e colocamos nele, no mínimo para com tudo aquilo que nos chega à consciência.Já aprendemos que tudo aquilo que vemos no mundo das aparências é apenas aquilo que colocamos nele. Lembram-se do livro Limite Zero, sobre o qual falamos várias vezes, e suas práticas de ho'oponopono?

Pois, como já vimos e falamos, a palavra havaiana 'ho'oponopono' tem exatamente o mesmo significado que a palavra Expiação, conforme a aprendemos no Curso. Isto é, desfazer o erro. E desfazê-lo aonde ele está: na percepção que nos diz que podemos cometer erros e no julgamento que fazemos de nós mesmos quando erramos e nos culpamos pelo erro. No julgamento que fazemos de tudo e de todos a partir dos sentidos. E, aqui, podemos aproveitar para lembrar também que a mensagem central do ensinamento é o perdão. Ainda é possível que nos lembremos também de que uma das acepções de perdoar é des-culpar: isto é, tirar a culpa, eliminar a culpa.

Conscientes, pois, de que tudo, tudo,tudo, absolutamente tudo, o que vemos no mundo é fruto apenas de nossos próprios pensamentos, como eu já disse outras vezes, torna-se óbvio o fato de que, se quisermos que qualquer coisa mude nele [no mundo] - seja ela na aparência - isto é, na percepção - a mais insignificante, seja a mais deslumbrante que for, é preciso, primeiro, que a mudemos em nós mesmos, no interior de nós mesmos, em nossa forma de pensar a respeito dela e do mundo.

É isto que praticamos, na tentativa de aprender e de integrar a nossa experiência a ideia que o Curso nos oferece para as práticas de hoje, atentos para o fato de que ela é a mesma do ho'oponopono, dita de modo diferente, usando outras palavras.

Ou - repetindo de novo a pergunta feita anteriormente -, não lhes parece que dizer que "a salvação inteira depende de minha decisão" é o mesmo que dizer [e assumir conscientemente, ao dizer] que eu tenho total e completa responsabilidade por tudo o que acontece no mundo [pelo menos por tudo aquilo me chega à consciência], inclusive por sua [dele, do mundo] salvação, que está diretamente ligada a minha salvação? 

Às práticas?

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Não temos mais do que nossas próprias sensações


LIÇÃO 237

Agora quero ser como Deus me criou.

1. Hoje aceitarei a verdade acerca de mim mesmo. Eu me elevarei em glória e deixarei que a luz em mim brilhe sobre o mundo ao longo de todo o dia. Trago ao mundo as boas novas da salvação que ouço quando Deus, meu Pai, fala comigo. E vejo o mundo que Cristo quer que eu veja, ciente de que põe fim ao sonho amargo de morte, ciente de que ele é o Chamado de meu Pai para mim.

2. Cristo é os meus olhos hoje e Ele é os ouvidos que ouvem a Voz por Deus hoje. Pai, venho a Ti por meio d'Ele, Que é Teu Filho e também meu Ser verdadeiro. Amém.

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COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 237

"Agora quero ser com Deus me criou". Podemos querer mais do que isto? Mais do que a ideia que o Curso nos oferece para as práticas de hoje? Como eu já disse em anos passados, nós nos esquecemos de que isto é tudo, e é a única coisa que podemos querer de verdade no mais íntimo de nós mesmos. 

Dizendo de outra forma, tudo o que precisamos aprender a fazer - e que é o que vai nos colocar em contato com a alegria e com a paz perfeitas e completas, que são a Vontade de Deus para nós - é reconhecer que só existe um poder, e que este único poder é Deus. E que somos um com Ele, hoje e sempre. E que, exatamente por isso, podemos nos satisfazer, na entrega, com a ideia de que não precisamos fazer nada, como ensina o Curso.

Quando nos decidimos a dar ouvidos ao mundo da ilusão, e às coisas do mundo da ilusão, perdemos - mas só aparentemente -, nossa Identidade verdadeira. Afastamo-nos do Ser. Pensamos, com isto, estar separados de Deus, da Fonte. Isto não é verdade. É só uma ilusão passageira da qual podemos nos libertar num piscar de olhos. 

Basta, repito, como já disse tantas vezes, que tomemos a decisão a que nos convida a ideia que praticamos hoje. A decisão de ser. A decisão de ser [ou de trazer de volta à consciência o fato que só podemos ser] como Deus nos criou. Pois não pode existir outra forma. Não há como ser diferente, a não ser nos delírios do ego, que acredita numa separação que nunca aconteceu.

Voltemos, pois, mais uma vez, nossa atenção à visão de Bernardo Soares, um dos heterônimos, talvez menos conhecido, de Fernando Pessoa, em seu Livro do Desassossego:

"A vida é para nós o que concebemos nela. Para o rústico cujo campo próprio lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe é ainda pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais do que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas veem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida". 

Agora, o melhor de tudo é que, como vimos na lição de ontem, as sensações que temos dependem de nossa mente, que só nós podemos governar. Quer dizer, se nossas sensações estão estreitamente ligadas ao que pensamos, basta mudar nosso modo de pensar para que vivamos as sensações que quisermos. Não é mesmo?

E voltemos uma vez mais a Ken Wilber, ao texto a que já me referi várias vezes antes. Um texto de que é bom lembrar sempre para trazermos de volta à lembrança, à consciência, aquilo que pode nos auxiliar na caminhada do autoconhecimento, objetivo que nos propõe o Curso.

Diz Ken Wilber a respeito da Mente, ou Deus, ou o nível mais profundo do espectro da consciência, em um capítulo intitulado "Aquilo que é sempre já", em seu livro O Espectro da Consciência:

"Embora por conveniência falemos da Mente como o 'nível mais profundo' do espectro, ela não é, de fato, um nível particular, que dirá 'profundo'. O 'nível' da Mente não está de forma alguma enterrado ou escondido nas profundezas ocultas de nossa psique - ao contrário, o nível da Mente é nosso estado de consciência atual e comum, pois, sendo infinito e todo-abrangente de forma absoluta, ele é compatível com cada nível ou estado de consciência imaginável. Isto é, o 'não-nível' da Mente não pode ser um nível particular separado de outros níveis, pois isso imporia uma limitação espacial à Mente. A Mente é, antes, a realidade todo-abrangente, embora sem dimensão, da qual cada nível representa um desvio ilusório.Por esta razão deve-se enfatizar isto - nosso estado de consciência atual, do dia-a-dia, seja ele qual for, triste, alegre, deprimido, em êxtase, agitado, calmo, preocupado ou com medo - justamente este, tal qual ele é, é o Nível da Mente. Brahman [Deus, O Divino] não é uma experiência particular, um nível de consciência ou estado de alma - em vez disso ele é precisamente qualquer nível de consciência que tenhamos agora, e perceber isto claramente dá-nos um vívido centro de paz, que se sustenta e subsiste ao longo das piores depressões, ansiedades e medos."

Por isso volto a lhes perguntar: aprender isto não será parte de aprender: O que é a salvação?, o tema que orienta as práticas desta segunda série de lições?

Às práticas? 

NOTA: 

Um convite a uma reflexão especial para a amiga e colega, Majô, que viu sua mãe se encantar, como diria Guimarães Rosa, no último sábado - e, é claro, também para todos os que leem as postagens neste espaço

Será a morte do corpo o fim da vida de um ser humano? Pelo que nos diz a maioria dos grandes mestres que já frequentaram este mundo da forma, valendo-se de um corpo, o que somos - isto é, a essência em nós, que é o que conta verdadeiramente, é imortal. E se tivéssemos consciência de nossa imortalidade também o corpo poderia ser imortal, uma vez que ele é apenas um veículo para o espírito divino que é o que somos. 

Dizem também os mestres que quando colocamos mente e corpo a serviço do espírito não há limites para o que podemos fazer, para o que podemos viver, melhor dizendo, é só quando pomos corpo e mente a serviço do espírito é que de fato vivemos. Na verdade, o corpo é um limite e é uma fonte de impedimento à vida, quando nos identificamos com ele e tememos perdê-lo, tememos sua deterioração ou qualquer outra coisa que impeça o corpo de estar bem de se movimentar e fazer as coisas que um corpo deveria fazer normalmente. 

Esquecemo-nos, em geral, de que o corpo só pode funcionar a partir do comando da mente e que a mente é que tem de mudar, quando o corpo dá sinais de cansaço, de doença ou de fadiga. É isso que os mestres todos ensinam, se tivéssemos uma fé do tamanho de apenas uma semente de mostarda - que é minúscula - seríamos capazes de mover montanhas. E - por que não? - de permitir que o corpo vivesse e se mantivesse saudável por anos e anos, indefinidamente. 

No entanto, o mundo nos vende a ideia da doença, da degeneração, da deterioração, de perda e da morte. E nós a compramos. Não vivemos bem com elas, mas temos medo de desafiar as crenças do mundo. O próprio Curso ensina que não há mundo. Ora, se tudo o que existe só existe dentro de cada um de nós mesmos, a partir daquilo que cada um de nós escolhe para si, então não há como negar que escolhemos acreditar na morte, apesar de querermos acreditar na vida sem fim. 

Assim, há que se tomar uma decisão em relação à vida, há que se escolher a vida, se quisermos de fato viver para sempre, e esta decisão tem de ser renovada a cada segundo, permanentemente, dia a dia, segundo a segundo. Precisamos deixar de acreditar na morte e de prestar homenagens a ela, como se ela fosse o acontecimento mais importante da vida de alguém. Precisamos aprender a viver sem temer a morte, por nos sabermos espíritos imortais. Seres cuja essência é a luz que não se apaga jamais. Só assim viveremos como seres que Deus criou. 

Ou alguém ainda acredita num Deus que nos criou apenas para nos matar? Para nos fazer sofrer com a ausência das pessoas que amamos? Para nos castigar e punir pela nossa falta de fé? Que Deus seria este? 

A morte do corpo, quando acontece, é apenas uma escolha do ser que resolveu voltar aos braços amorosos do divino, sem os limites que lhe impunha o corpo. A função dos que ficam, e veem alguém partir, ausentar-se da companhia dos seus, é a de agradecer pelo tempo que tiveram com esse alguém, de celebrar o amor que puderam compartilhar enquanto estiveram juntos no convívio. É tempo, enfim, de alegrar-se por saber que o espírito venceu a morte, voltou à luz original para iluminar todos quantos ainda continuam sua jornada na forma, que continuam a experimentar o mundo a partir dos sentidos. 

Um beijo, Majô!

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A quem vamos entregar o controle de nossa vida?


LIÇÃO 236

Eu controlo minha mente, que só eu tenho de controlar.

1. Possuo um reino que tenho de governar. Às vezes não parece absolutamente que sou seu rei. Ele parece triunfar sobre mim e me dizer o que fazer e o que sentir. E, não obstante, ele me foi dado para servir a qualquer propósito que eu perceba nele. Minha mente só pode servir. Hoje, ofereço os préstimos dela para que o Espírito Santo os utilize como achar melhor. Deste modo, controlo minha mente, que só eu tenho de controlar. E, assim, eu a liberto para fazer a Vontade de Deus.

2. Pai, hoje minha mente está aberta para Teus Pensamentos e fechada para qualquer pensamento que não os Teus. Eu controlo minha mente e a ofereço a Ti. Aceita minha dádiva, pois ela é Tua para mim.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 236

Desculpem-me, mais uma vez e outra vez mais, os que já se cansaram de me ouvir falar [escrever] a respeito de uma das primeiras coisas que aprendi em meus contatos iniciais com o Curso. Mas devido à importância do tema, e para que nos apercebamos de forma muito clara, que cabe apenas a nós - a cada um de nós - a escolha do mundo em que queremos viver, vou repetir, com algumas pequenas modificações, o que já disse em anos passados a título de comentário para a lição que vamos praticar hoje. Pensando também nos que estão acessando este espaço pela primeira vez.

Quero dizer de novo que uma das primeiras coisas que aprendi, se não a primeira, foi a ideia que as práticas de hoje nos orientam a exercitar. A ideia que, em certa medida, talvez seja uma, entre outras, das mais importantes que podemos aprender, pois de seu aprendizado dependem e resultam todos, ou quase todos, os outros aprendizados. Dela depende até mesmo o aprendizado do que é a salvação.

A ideia para as práticas de hoje traz em si o aprendizado de que tudo o que aparentemente existe é fruto de meu pensamento, e me ensina e assegura que meus pensamentos são só meus e que só eu os posso e devo controlar. A lição primeira, de onde extraí este conhecimento, foi, é e continua sendo a mais importante, pois ela revela que todas as transformações por que passa o corpo que me serve de veículo de comunicação são resultado de alterações químicas provocadas na biologia pelas mudanças nas emoções, pelas mudanças em meu estado de consciência.

Hoje, é claro para mim, como deveria ser para todos nós, que estas alterações nas emoções só podem ser - e, de fato, são - provocadas, desencadeadas, por meus pensamentos. Ou seja, toda a gama de emoções que experimento pode ser modificada, se eu decidir mudar meu modo de pensar, em qualquer momento ou em qualquer situação que se apresente a minha experiência.

Assim, por exemplo, quando sou tomado de uma raiva incontrolável por alguém, por acreditar que este alguém tenha feito alguma coisa que me prejudicou, envergonhou ou humilhou, tudo o que faço na verdade é entregar o controle de minha mente, de meus pensamentos, àquela emoção. Isto é, à raiva e, por consequência, entregar o controle de minha vida, naquele momento, à pessoa a quem responsabilizei por minha raiva aparentemente incontrolável, mas, na verdade, controlável, desde que eu o queira.

E isto funciona para tudo, para todas as situações, para todas as emoções e para quaisquer experiências que se apresentem em minha vida. Sou eu quem as cria. Só eu. E se não tenho consciência disto e não aceito a responsabilidade total pelo mundo que vejo e faço, ainda não aprendi, como a lição de hoje ensina, que sou eu quem controla minha mente e que só eu tenho de controlá-la. 

Podemos até aproveitar para rever o que nos diz o jagunço Riobaldo, em Grande Sertão: Veredas, a este respeito, se vocês me permitem relembrar. Diz ele a certa altura em seu aparente diálogo com alguém a quem ele conta a história de sua vida na jagunçagem: 

"Do que de uma feita, por me valer, eu entendi o casco de uma coisa. Que quando eu estava assim, cada de-manhã, com raiva de uma pessoa, bastava eu mudar querendo pensar em outra, para passar a ter raiva dessa outra, também, igualzinho, soflagrante. E todas as pessoas, seguidas, que meu pensamento ia pegando, eu ia sentindo ódio delas, uma por uma, do mesmo jeito, ainda que fossem muito mais minhas amigas e eu em outras horas delas nunca tivesse tido quizília nem queixa. Mas o sarro do pensamento alterava as lembranças, e eu ficava achando que, o que um dia tivessem falado, seria por me ofender, e punha significado de culpa em todas as conversas e ações. O senhor me crê? E foi então que eu acertei com a verdade fiel: que aquela raiva estava em mim, produzida, era minha sem outro dono, como coisa solta e cega. As pessoas não tinham culpa de naquela hora eu estar passeando pensar nelas. (...) Mas, na ocasião, me lembrei dum conselho que Zé Bebelo... um dia tinha me dado. Que era: que a gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se deve de tolerar de ter. Porque, quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a ideia e o sentir da gente; o que isso era falta de soberania, e farta bobice, e fato é."

Ás práticas?

domingo, 23 de agosto de 2015

Compreender a misericórdia de Deus: a salvação


LIÇÃO 235

Deus, em Sua misericórdia, quer que eu seja salvo.

1. Eu só preciso olhar para todas as coisas que parecem me ferir e assegurar a mim mesmo com perfeita certeza: "Deus quer que eu seja salvo disto", para vê-las desaparecerem simplesmente. Eu só preciso ter em mente que a Vontade de meu Pai para mim é só a felicidade para descobrir que só a felicidade veio a mim. E eu só preciso lembrar que o Amor de Deus envolve Seu Filho e conserva sua inocência perfeita para sempre, para ter certeza de que estou salvo e seguro para sempre nos Braços d'Ele. Eu sou o Filho que Ele ama. E estou salvo porque Deus, em Sua misericórdia, quer assim.

2. Pai, Tua Santidade é minha. Teu Amor me criou e tornou minha inocência parte de Ti para sempre. Não tenho nenhuma culpa nem pecado em mim, porque não há nenhum em Ti.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 235

Hoje vamos praticar uma vez mais uma ideia que pode nos libertar de uma vez por todas de quaisquer problemas e dificuldades que estejamos encontrando, já no momento mesmo em que o problema, ou a dificuldade, se apresenta. A ideia que praticamos hoje, se transformada em crença, vai resolver o único problema que precisamos seja resolvido: vai substituir a crença na separação que, conforme o Curso ensina, é a única questão que nos faz ver todos os conflitos que aparentemente percebemos a partir dos sentidos. 

Ora, se acreditarmos de fato que Deus quer que sejamos salvos, vamos entender que já estamos salvos, pois a Vontade de Deus e a nossa são a mesma. E, uma vez que encontrar Deus significa encontrar a paz que dura para sempre, vou me valer novamente de parte de um texto de Wayne Dyer, de um livro que li há já algum tempo, para nos ajudar a refletir acerca das formas pelas quais podemos transformar o mundo que vivemos em um lugar pacífico. Isto é, um mundo em que já estamos salvos, pela misericórdia de Deus. 

Dyer, em seu livro, valendo-se da Oração de São Francisco para nos ensinar a sermos pacíficos, diz o seguinte:

Exercita o hábito de ter pensamentos de paz. Lembra-te de que tu te tornas aquilo em que pensas o dia inteiro. Com que frequência entopes tua mente com pensamentos que não são de paz? Quantas vezes por dia declaras em voz alta que o mundo é um lugar terrível? Que nós nos tornamos extremamente violentos? Que não nos importamos uns com os outros? Que somos extremamente racistas? Que o governo não dá a mínima para nós?

Todos esses pensamentos, bem como a expressão deles, indicam que estás preso em uma mente da qual a paz está ausente e, portanto, que estás em um mundo não-pacífico. Todas as vezes que deploras os horrores do mundo, assistes às reportagens da mídia a respeito de tudo o que é nocivo, ou lês os jornais e revistas que exploram os fatos desagradáveis da vida das outras pessoas, estás dando seguimento ao condicionamento que te impede de te tornares um instrumento da paz de Deus.

Lembra-te, de que não podes dar o que não tens e de que, se não estás em paz contigo mesmo, não podes oferecer a paz. E, se não outorgares a paz, nunca te tornarás um instrumento de paz. Decide-te a perdoar a ti mesmo por todos teus fracassos e fraquezas e a abandonar tua culpa autodestrutiva por erros que pensas ter cometido no passado. Conscientiza-te de que houve valor em tua jornada pela noite escura da alma. Faze as pazes contigo mesmo.

Com isso vais compreender a misericórdia de Deus e, com certeza, te sentirás salvo. 

Às práticas?