sexta-feira, 30 de setembro de 2011

"O silêncio é a principal linguagem de Deus."


LIÇÃO 273

A serenidade da paz de Deus é minha.

1. Agora talvez estejamos prontos para um dia de tranquilidade imperturbável. Se isso ainda não for possível, ficamos contentes e até mesmo mais do que satisfeitos em aprender de que modo se pode alcançar um dia assim. Se dermos espaço para um incômodo, vamos aprender como desfazê-lo e voltar à paz. Precisamos apenas dizer a nossas mentes com convicção: "A serenidade da paz de Deus é minha." e nada pode penetrar na paz que o Próprio Deus dá a Seu Filho.

2. Pai, Tua paz é minha. Que necessidade eu tenho de temer que qualquer coisa possa roubar de mim aquilo que Tu queres que eu conserve? Eu não posso perder Tuas dádivas para mim. E, por isso, a paz que Tu deste a Teu Filho ainda está comigo, no silênico e no meu amor eterno por Ti.

*

COMENTÁRIO:

Nesta sexta-feira,dia 30 de setembro, a ideia que praticamos vem para nos trazer a oportunidade de vivermos um dia inteiro na paz de Deus. Ela nos dá os meios para descansarmos em Deus, longe de toda a turbulência e dos ruídos do mundo, em que aparentemente vivemos.


Como diz Thomas Keating, lembrando uma de suas frases que já citei antes, "o silêncio é a primeira linguagem de Deus", e é só no silêncio que poderemos experimentar a serenidade da paz de Deus. Em outras palavras, é só quando deixarmos de dar qualquer atenção ao que nos sussurra aos ouvidos o falso eu, por saber que tudo o que ele diz só nos faz mergulhar mais fundo na ilusão, que vamos ser capazes de dar espaço para a Voz por Deus em nossas vidas.


Aproveitando parte do que lhes disse no comentário do ano passado, vale lembrar que nesta jornada que empreendemos em conjunto, a partir das práticas diárias, "o desafio [que enfrentamos] é estritamente interno. O convite [que nos faz a prática] é para que nos elevemos acima de nossa mediocridade, para abdicarmos do hábito de dar desculpas por nossa própria preguiça, para pararmos de nos desculpar por sermos quem somos, e para pararmos de culpar os outros ou nossa infância por aquilo que nos tornamos".

Ainda de acordo com Thomas Keating, "quando nos comprometemos com a jornada espiritual, a primeira coisa que o Espírito faz é começar a remover o lixo emocional de dentro de nós". É por isso que, muitas vezes, temos dúvidas a respeito do progresso que fazemos, ou pomos em dúvida a eficácia das práticas, quando parece que não estamos indo a lugar nenhum. Ou mesmo que a pressão que enfrentávamos anteriormente aumentou, em lugar de diminuir. 



Isso não é verdade. O que acontece é que, ao deixarmos de dar ouvidos ao falso eu por alguns instantes todos os dias, ele passa a sentir ameaçado e busca voltar ao controle, solicitando que voltemos a nos identificar com ele. Para tanto, ele se vale de tudo o que estiver ao seu alcance na ilusão do mundo. No entanto, quanto mais profundo for nosso silêncio interior, tanto mais profundamente Deus vai trabalhar em nós. Mesmo sem o nosso conhecimento consciente. É isto que vai permitir que rendamos ao mistério último de Deus como Ele é, não como pensamos que Ele é, ou como alguém nos disse que Ele é, mas como Ele é em Si Mesmo. E em nós mesmos.


É praticando deste modo que vamos alcançar a "serenidade da paz de Deus".

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

"O mundo é só um véu que encobre a verdade."


LIÇÃO 272

Como ilusões podem satisfazer o Filho de Deus?

1. Pai, a verdade me pertence. Meu lar está localizado no Céu por Tua Vontade e pela minha. Sonhos podem me satisfazer? Ilusões podem me trazer felicidade? O que, a não ser ser a lembrança de Ti, pode satisfazer Teu Filho? Não aceitarei nada menos do que Tu me dás. Estou cercado por Teu Amor, sempre tranquilo, sempre bondoso e sempre seguro. O Filho de Deus tem de ser como Tu o criaste.

2. Hoje vamos ignorar as ilusões. E, se ouvirmos a tentação nos chamar para ficarmos e nos demorarmos em um sonho, nós nos desviaremos e nos perguntaremos se nós, os Filhos de Deus, que podemos escolher o Céu tão facilmente quanto o inferno, poderíamos ficar satisfeitos com sonhos, e o amor substituirá todo o medo com alegria.

*

COMENTÁRIO:

Precisamos aprender e fixar em nós a ideia de que tudo o que o mundo pode nos oferecer são apenas ilusões. Não há nada que, de fato, queiramos no mundo, uma vez que nada do que aparentemente existe no mundo vai durar até a eternidade. Pois, conforme o que já aprendemos, o mundo em si mesmo não tem nenhum valor. Lembram-se do texto do capítulo 26 que lhes ofereci dia destes?

O mundo é apenas um véu que encobre a verdade e não permite ver a realidade, enquanto olharmos para ele com os olhos do corpo apenas. Neste período, o tema que unifica nossas práticas ensina o que é o Cristo. É a visão d'Ele que vai nos permitir ignorar o mundo, as coisas do mundo, as ilusões todas, para vermos, além delas, o Céu, nosso verdadeiro lar.

A ideia que praticamos nesta quinta-feira, dia 29 de setembro, é um instrumento precioso para aprendermos a questionar nossos desejos. A partir dela podemos avaliar o quanto estamos apegados às ilusões. A partir dela podemos voltar nosso olhar para dentro de nós mesmos e decidir olhar para o mundo de modo diferente.

Às práticas, pois.


Uma observaçãoEstou quase que praticamente repetindo os comentários feitos no ano passado porque estou com meu computador no conserto. Acredito que em alguns poucos dias volto a comentar normalmente.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Estamos aqui só para cumprir a Vontade de Deus

6. O que é o Cristo?


1. Cristo é o Filho de Deus tal qual Ele O criou. Ele é o Ser que compartilhamos, que nos une uns aos outros e também a Deus. Ele é o Pensamento que ainda mora no interior da Mente que é Sua Fonte. Ele não abandona Seu lar santo, nem perde a inocência na qual Ele foi criado. Ele habita na Mente de Deus.

2. Cristo é o elo que te mantém um com Deus e garante que a separação não é mais do que uma ilusão do desespero, pois a esperança habitará n'Ele para sempre. Tua mente é parte da d'Ele e a d'Ele é parte da tua. Ele é a parte aonde a Resposta de Deus está, aonde todas as decisões já foram tomadas e na qual os sonhos acabaram. Ele permanece intocado por qualquer coisa que os olhos do corpo percebem. Pois embora Seu Pai tenha depositado n'Ele o meio para tua salvação, ainda assim Ele continua sendo o Ser Que, tal qual Seu Pai, não conhece nenhum pecado.

3. Lar do Espírito Santo e à vontade em Deus apenas, Cristo, de fato, continua em paz no interior de tua mente santa. Na verdade, esta é a única parte de ti que é real. O resto são sonhos. Esses sonhos, porém, também serão entregues a Cristo, para se desvanecerem diante de Sua glória e te revelarem, por fim teu Ser santo, o Cristo.

4. O Espírito Santo, a partir do Cristo em ti, alcança todos os teus sonhos e lhes ordena que venham a Ele, para serem traduzidos em verdade. Ele os trocará pelo sonho final que Deus designou como o fim dos sonhos. Além do mais, quando o perdão descansar sobre o mundo e a paz chegar a todo Filho de Deus, o que poderia haver para manter as coisas separadas, pois o que resta ver exceto a face de Cristo?

5. E por quanto tempo essa face será vista, se ela é apenas o símbolo de que nesse momento acabou o tempo para o aprendizado de que alcançou-se, enfim, a meta da Expiação? Busquemos, por isto, então, achar a face de Cristo e não olhar para mais nada. Quando virmos Sua glória saberemos que não temos nenhuma necessidade de aprendizado ou de percepção ou de tempo, nem de não a não ser do Ser santo, o Cristo a Quem Deus criou como Seu Filho.

*

LIÇÃO 271

É a visão de Cristo que usarei hoje.

1. Todo dia, toda hora, todo instante escolho o que quero ver, os sons que quero ouvir, as evidências daquilo que quero que seja a verdade para mim. Hoje escolho ver aquilo que Cristo quer que eu veja, escutar a Voz de Deus e buscar provas para aquilo que é verdadeiro na criação de Deus. Na visão de Cristo, o mundo e a criação de Deus combinam e, quando eles se reúnem, toda a percepção desaparece. Sua visão generosa redime o mundo da morte, pois nada do que Ele olha não deve senão viver, lembrando o Pai e o Filho; Criador e criação unificados.

2. Pai, a visão de Cristo é o caminho para Ti. O que Ele vê solicita que Tua lembrança me seja devolvida. E escolho isso para ser o que quero ver hoje.

*

COMENTÁRIO:

Nesta quarta-feira, dia 28 de setembro, chegamos à sexta instrução que o Curso oferece para as práticas das lições desta segunda parte do livro de exercícios. Ela se refere a um tema de especial importância para o aprendizado que buscamos com as lições diárias, repetindo o que eu disse no ano passado. Pois ela se refere ao aprendizado acerca de nós mesmos, do que somos, na verdade, e do que é nossa função no mundo. Esta sexta instrução é: O que é o Cristo? É ela que deve nos guiar, ou orientar nossas práticas ao longo dos próximos dez dias. E, se vocês estiverem bem lembrados, o Curso pede que voltemos a ela diariamente antes das práticas da ideia para o dia.

Hoje, praticamos olhar para o mundo, e para todas as pessoas e coisas animadas ou inanimadas do mundo, utilizando a visão de Cristo, olhando para tudo com os olhos do Ser em nós, ignorando o que nos mostra a percepção dada pelos sentidos ou pela visão dos olhos do corpo. Isto não deve nem ser muito difícil, se mantivermos em mente o que nos diz a instrução acerca do que é o Cristo, que O revela a nós, para que O encontremos em nós mesmos, uma vez que Ele é a única parte verdadeira de nós mesmos, sendo todo o resto apenas ilusão, sonho.

Voltar ao comentário que lhes ofereci para a lição de domingo também pode ajudar a perceber isto de forma mais clara, se lembrarmos que o texto lá dizia existir em nossa aparente dualidade "o pensamento dentro do pensamento, o desejo dentro do desejo", que estão sempre na raiz de todas as nossas impressões passageiras e humores momentâneos. Isto é, quando alguma coisa que desejamos ou pensamos querer não vem a nós é porque, inconscientemente, deixamos que o Cristo em nós, o Ser verdadeiro, tomasse a decisão, uma vez que no fundo de nós mesmos sempre sabemos, mesmo que de forma não consciente, o que é melhor para nós.

É por isto que, naquele comentário, emprestado do texto de um livro que li recentemente, aprendemos que, ao aceitarmos, mesmo que inconscientemente a sugestão do "pensamento dentro do pensamento", do "desejo dentro do desejo", estamos, de fato nos unindo à vontade de Deus, que é nossa própria vontade. E é por isto que aquele texto aconselha a que prestemos mais atenção aos sussurros desta voz interior, desta voz do espírito. E nos lembra de que cada um de nós está exatamente onde está apenas para fazer cumprir a Vontade Deus, que é a mesma nossa.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Com a bênção da paz podemos oferecer a cura


LIÇÃO 270

Não usarei os olhos do corpo hoje.

1. Pai, a visão de Cristo é Tua dádiva para mim e ela tem o poder de traduzir tudo aquilo que os olhos do corpo veem na visão de um mundo perdoado. Quão sublime e generoso é este mundo! Porém, quão mais do que a visão pode mostrar perceberei nele. O mundo perdoado significa que Teu Filho reconhece Seu Pai, permite que seus sonhos sejam trazidos à verdade e espera ansioso aquele único instante a mais que falta do tempo que acaba para sempre, quando Tua lembrança volta a ele. E, nesse momento, a vontade dele fica uma só com a Tua. A função dele, então, é apenas Tua Própria Função e todo pensamento, exceto Teu Próprio Pensamento, desaparece.

2. A paz de hoje abençoará nossos corações e a partir deles a paz virá para todos. Cristo é nossos olhos hoje. E com a visão d'Ele oferecemos a cura ao mundo por intermédio d'Ele, o Filho santo a quem Deus criou perfeito; o Filho santo a quem Deus criou uno.

*

COMENTÁRIO:

Nesta terça-feira, dia 27 de setembro, a ideia que vamos praticar vai permitir que usemos - ou aprendamos a usar - a visão de Cristo para olhar para o mundo e perceber que invariavelmente  "... quando pessoas de mente decidida e coração bondoso acreditam apaixonadamente em alguma coisa, de um modo que ilumina suas vidas, parece que Deus sorri através delas".*

Abrir mão da visão que os olhos do corpo nos apresenta em favor da visão de Cristo pode - e vai, mais dia, menos dia - nos fazer entender que "... Deus não é a causa dos males nem das alegrias da vida. O importante é saber que, independentemente dos acontecimentos, Ele está sempre conosco e só deseja que voltemos ao Seu seio" [de onde, aliás, nunca saímos].*

Esta visão pode e vai nos levar a atingir a meta proposta para esta segunda parte do livro de exercícios, qual seja, a de nos dá a possibilidade de chegarmos à percepção verdadeira, aquela que só podemos alcançar com a ajuda do Espírito Santo. Aquela percepção que nos revela a necessidade de que estejamos sempre prontos e abertos "para receber o amor de Deus na forma que Ele vier".* [ Um parêntese: Esta é uma das grandes lições que aprendi, conforme já lhes disse, de um amigo muito querido há muitos anos. Isto é, é necessário que estejamos sempre preparados para o inesperado. Já imaginaram como seria sem graça um mundo aonde soubéssemos com antecedência tudo o que vai acontecer?]

E isto - estar pronto e aberto "para receber o amor de Deus na forma que Ele vier" - é bastante possível, se não cedermos às falsas promessas de controle e poder do falso eu [o ego] sobre o mundo e não nos rendermos à oferta enganosa que ele faz de nos dar o mundo inteiro, sem revelar que o preço que ele cobra por isso é nossa alma.


Na verdade, com esta, assim como com todas as lições, tudo o que o Curso quer nos ensinar, e ensina, vezes e vezes repetidas, é que tudo o que precisamos mudar é tão-somente nossa percepção. Uma vez que ela não pode nos oferecer a verdade, por estar sempre contaminada pelas interpretações que fazemos dos fatos e das coisas que vemos a partir do que já experimentamos no passado.


É por isso que é útil pensar, por exemplo, "quando você sente [uma] dor física ou quando conflitos psicológicos o(a) atormentam, que Deus está lhe dando um abraço um pouco mais apertado. Provações são uma expressão de Seu amor, não de rejeição"**. Porque, se você estiver bem lembrado(a), cada um de nós é livre para escolher aquilo que deseja e precisa viver ou experimentar. E porque Deus só diz sim a tudo o que você escolhe.

Busquemos, pois, com as práticas da ideia de hoje alcançar a bênção da paz para nossos corações e mentes, para, de fato. sermos capazes de, a partir da cura de nossa percepção, oferecer a cura ao mundo.

* Citações extraídas do livro Apocalipse 2012, de Lawrence E. Joseph. 

** Citação de Thomas Keating, em Mente aberta coração aberto.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Não se pode ser leviano no plano espiritual


LIÇÃO 269

Minha visão vai além para ver a face de Cristo.

1. Peço Tua bênção sobre minha visão hoje. Ela é o intrumento que Tu escolheste para vir a ser o modo de me mostrar meus erros e de olhar para além deles. Cabe a mim encontrar uma nova percepção a partir do Guia que Tu me deste e, a partir das lições d'Ele, ultrapassar a percepção e voltar à verdade. Peço a ilusão que transcende todas as que inventei. Hoje escolho ver um mundo perdoado, no qual todos me mostram a face de Cristo e me ensinam que aquilo para que olho me pertence, que não existe nada a não ser Teu Filho santo.

2. Hoje, de fato, nossa visão é abençoada. Compartilhamos uma só visão, quando olhamos para a face d'Aquele Cujo Ser é o nosso. Somos um por causa d'Ele Que é o Filho de Deus, d'Ele Que é nossa própria Identidade.

*

COMENTÁRIO:

Acho que vale a pena repetir mais uma vez o comentário feito em 2010 para esta lição. É uma forma de estender e ampliar o alcance da reflexão da ideia para as práticas desta segunda-feira, dia 26 de setembro. Assim, como o fiz no ano passado, em lugar de um comentário feito por mim, vou dividir de novo com vocês um pequeno capítulo daquele livro "Christ in You" [Cristo em ti] de que já falei outras vezes. 


Como já disse antes também, cada um dos capítulos do livro é uma lição. Esta em particular, acredito, que pode ser de grande auxílio para aprendermos a mudar a percepção. Ela fala dos processos que nosso pensamentos desencadeiam, o que nos permite aprender que é preciso que prestemos mais atenção a eles, se de fato quisermos aprender a olhar e a ver em todos a face de Cristo.

A lição/capítulo se intitula A vontade de Deus e diz o seguinte:

"Quanto tempo demora para entendermos a vontade de Deus!

Com frequência usas a expressão: "eu me decidi". Esta expressão tem um significado muito forte, se parares para refletir a respeito dela, pois naquele processo mesmo começas a trazer para a manifestação o desejo da mente. Desta forma dizes: "Percebo uma condição errada em minha mente, em minha mentalidade, em minhas circunstâncias; vou me decidir que isto desapareça". Mentalmente pões em movimento as forças visíveis e invisíveis do universo para realizar tua vontade.

Vês, é impossível viver de forma desatenta ou leviana no plano espiritual e estas lições seriam inúteis para qualquer um que não tenha despertado para a verdadeira consciência espiritual, a consciência da humanidade divina, o Eu Sou. De que forma a vontade de Deus pode se exprimir a não ser pela vida, pela humanidade nos corações e mentes de seres que existem n'Ele Mesmo? Sabe, portanto, que a vontade de Deus opera em ti mesmo.

Como é, então, que as coisas que queremos e desejamos não vêm a nós, podes perguntar.

Porque no mais fundo em todos os teus desejos, pensamentos e propósitos existe, por assim dizer, uma propensão oculta, o pensamento dentro do pensamento, o desejo dentro do desejo, e aquilo que tu mais desejas verdadeiramente está sempre na raiz de todas as tuas impressões passageiras e humores do momento. Não sentes muitas vezes que a própria coisa que desejas não é para teu bem permanente? Bem, essa mesma ideia vaga, essa leve sugestão, é do teu Ser que está fazendo tua vida. Dentro de ti mesmo, tu conheces a verdadeira qualidade, as experiências verdadeiras melhor indicadas para teu bem mais elevado. Quando fazes uso integral desta sugestão sutil por detrás de todo o teu sistema de pensamento, tu estás em unidade com a vontade de Deus, que é tua própria vontade. Esta é a voz do espírito, presta atenção a seus sussurros. Não peques contra o Espírito Santo*, ou perderás teus olhos e teus ouvidos e te tornarás cego e surdo*.

No plano dos sentidos isto é mais desastroso, porque tu estás exatamente aonde estás para cumprir a vontade de Deus. Ela é tua comida e bebida. Esta voz interior é tão delicada e tão sutil que tens de permanecer bem tranquilo e humilde, se quiseres ouví-la. Deixa que Jesus fale contigo mais e mais, lê os Evangelhos até seres guiado mais e mais na direção de eliminar o véu que te esconde de teu Ser verdadeiro. Eu só respondi a tua pergunta, mas espero falar contigo de novo a respeito deste assunto.

Paz, Graça Celestial. Deus vive em ti, Ele é tua vida."

*Uma observação apenas em relação a esta frase. Este texto foi publicado pela primeira vez em 1910. Em meu modo de ver, de acordo com o ensinamento do UCEM, "pecar contra o Espírito Santo" significa apenas o que fazemos diariamente ao não dar ouvidos a esta voz interior em nós mesmos, o que traz como resultado toda a insatisfação que vemos no mundo, a partir de nossa própria insatisfação, por estarmos a maior parte do tempo em transe, isto é, cegos e surdos.

domingo, 25 de setembro de 2011

"Deixa que o espírito tome conta de tudo."


LIÇÃO 268

Que todas as coisas sejam exatamente como são.

1. Que eu não seja Teu crítico hoje, Senhor, e julgue contra Tí*. Que eu não tente me intrometer em Tua criação para distorcê-la em formas doentias. Que eu me disponha a retirar meus desejos de sua unidade e a permitir, deste modo, que ela seja tal qual Tu a criaste. Pois assim serei capaz de reconhecer meu Ser da forma que Tu me criaste. Fui criado no amor e permanecerei para sempre no amor. O que pode me assustar, se eu permitir que todas as coisas sejam exatamente como são?

2. Que nossa visão não seja blasfema hoje e que nossos ouvidos também não deem atenção a línguas mentirosas. Só a realidade está livre da dor. Só a realidade está livre da perda. Só a realidade é totalmente segura. E é só isto que buscamos hoje.

*Nota da tradução: No original esta primeira frase diz: Let me not be Your critic, Lord, today, and judge against You. Na tradução de Lillian Paes a frase ficou assim:Senhor, que eu não seja o Teu crítico, hoje, e nem julgue contra Ti. Apesar de não haver especificamente um elemento indicador do que a levou a incluir a partícula "nem" em sua tradução, pode-se pensar que a inferência foi um elemento oculto que deveria/poderia aparecer subentendido após a terceira vírgula do original, que deixaria a frase com a seguinte forma: Let me not be Your critic, Lord, today, and [let me not] judge against You. Em meu modo de ver, minha tradução abole este elemento subentendido sem prejudicar o entendimento do sentido da frase original, porque se eu me colocar na condição de crítico do Senhor, é forçoso que eu julgue contra Ele, que é o que não quero fazer, de acordo com a primeira parte da frase. Ora, se na primeira parte da oração eu peço para não ser crítico, o fato de a segunda obedecer à lógica que resultaria do fato de eu ser um crítico, que seria julgar contra o Senhor, não impede o leitor de perceber que, apesar de a frase dizer "e julgue contra Ti", no final o sentido é o de que da mesma forma que não quero ser crítico, não quero julgar. Alguém quer fazer alguma observação a respeito?

*

COMENTÁRIO:

Uma vez que a maioria de nós, acredito, está já se aproximando desta lição pela segunda, terceira ou mais vezes, creio que cabe repetir neste domingo, 25 de setembro, o comentário feito para ela no ano passado. E até lembrando que é possível também que há pessoas aqui que a veem pela vez primeira e que, assim, não tomaram contato com o que foi dito antes.


Eu disse, em 2010, que a ideia que praticamos hoje traz consigo de forma bem clara a fórmula para se viver neste mundo, sem dor, sem perda, em segurança e em paz e com alegria. E qual é esta fórmula? Simplesmente abrir mão de qualquer desejo de exercer algum controle sobre as coisas, sobre quaisquer coisas.

Voltando, então, a uma lição anterior, da primeira parte do livro de exercícios, vamos perceber lá que ela já nos ensinava a dar tal passo: Libero o mundo de tudo o que pensava que ele fosse [Lição 132]. Aprendemos?

Enquanto, escorados na pretensa força e no pretenso conhecimento do falso eu [o ego], com quem nos identificamos, acreditarmos que podemos, de algum modo, ter controle sobre qualquer coisa que não apenas sobre nossos próprios pensamentos vamos continuar a viver no auto-engano. Aliás, também é auto-engano acreditar, como o ego quer que pensemos, que não podemos controlar nossos pensamentos.

Se pensarmos bem, se prestarmos bastante atenção e olharmos de forma amorosa e desprovida de julgamento ou preconceito para tudo o que vemos no mundo, há alguma coisa que acreditamos poder mudar e fazer melhor? Será que somos capazes de mudar qualquer coisa que não apenas nossa forma de olhar, para aprendermos, como que o Curso, a olhar para tudo de forma diferente?

Quem assistiu ao filme "O Efeito Borboleta" [o primeiro] há de se lembrar de que qualquer mudança que o protagonista introduzia em uma experiência que ele julgava ser necessário mudar gerava um resultado que ele não podia sequer imaginar. Um resultado muitas vezes "pior" do que aquele da situação que ele tentava modificar.

Imagino que, com certeza, se estivermos atentos, despertos, isto se aplica a tudo na vida. Um exemplo pode ser o da pupa [a lagarta] presa no casulo aguardando o instante para rompê-lo e se transformar em uma linda borboleta. Se resolvêssemos ajudá-la, poupar-lhe o esforço aparentemente grande para um ser tão frágil e pequeno, qual seria o resultado? O que já sabemos. Poupá-la do esforço que só cabe a ela fazer só iria trazer ao mundo uma borboleta sem força suficiente nas asas para ser capaz de voar.

Há uma lição, a 21, entre outras, que também nos ensina o que fazer quando, por qualquer razão, não vemos só "a bondade da criação" em tudo o que vemos. Ela diz: Estou decidido a ver as coisas de modo diferente. Ou ainda a lição 28: Acima de tudo quero ver as coisas de modo diferente. Porque, na verdade, ainda não vemos, cegos por todos os preconceitos que atulham nossas cabeças.

Para o ensinamento do UCEM, mais do que olhar com os olhos do corpo e depositar sobre o objeto que nosso olhar capta o reflexo de nosso pensamentos passados a respeito dele,  ver é comungar, é alcançar a comunicação perfeita com o objeto visto, sem separação, alcançar a unidade com ele e com Deus, sendo também o objeto. Pois para Deus, ou para a ideia de Deus, todas as coisas são neutras e todas desempenham uma função igualmente importante para a realização de Seu plano para a salvação do mundo, o único que funcionará, para nos lembrarmos de outra das lições da primeira parte do livro.

Quando aprendermos a abrir mão de quaisquer tentativas de controlar qualquer coisa, entenderemos a orientação do divino em nós mesmos que nos diz: "Deixa que o espírito tome conta de tudo".

É isto que praticamos hoje.

sábado, 24 de setembro de 2011

Somos, cada um de nós, senhores de nosso destino


LIÇÃO 267

Meu coração bate na paz de Deus.

1. Toda a vida que Deus criou em Seu Amor está a minha volta. Ela me chama em cada batida do coração e em cada respiração. A paz enche meu coração e inunda meu corpo com o propósito do perdão. Minha mente está curada agora e tudo o que preciso para salvar o mundo me é dado. Cada batida do coração me traz paz; cada respiração me infunde força. Eu sou um mensageiro de Deus, guiado por Sua Voz, animado por Ele no amor e mantido sereno e em paz para sempre em Seus Braços amorosos. Cada batida do coração chama Seu Nome e cada uma recebe a resposta de Sua Voz, que me assegura que n'Ele estou em casa.

2. Que eu ouça a Tua Resposta, não a minha. Pai, meu coração bate na paz que o Coração do Amor criou. É lá, e só lá, que posso estar em casa.

*

COMENTÁRIO:

Neste sábado, 24 de setembro, vamos relembrar o que eu já disse outras vezes a respeito desta jornada espiritual que fazemos juntos, cada um de seu jeito. Lembremo-nos, portanto, de que a descoberta de que existe apenas um lugar em que podemos desfrutar da paz e da alegria completas, expressões da Vontade de Deus para nós, envolve algum esforço inicial. E, também como já disse antes, envolve em primeiro lugar que nos conscientizemos de que cada um de nós tem de tomar a decisão de buscar viver a Vontade de Deus de paz e de alegria completas para nós de forma mais frequente e duradoura, mesmo aqui neste mundo.


Os que já se decidiram e estão atentos, hão de lembrar que a lição 253 diz ser impossível que alguma coisa se apresente a nossa experiência sem ter sido solicitada por nós mesmos. E mais: diz que [tudo] o que acontece, em qualquer circunstância, é [sempre] o que queremos que aconteça. E, ainda mais, que o que não acontece deixa de acontecer porque não queremos que aconteça. Ela afirma de modo categórico que "mesmo neste mundo" de ilusões e aparências somos nós - cada um de nós - que governamos nosso destino.


Lembram-se do filme Invictus? Quem já o assistiu há de se lembrar de Mandela dizendo ao capitão da equipe de rugby da África do Sul que o que o manteve sempre firme, confiante e o ajudou a suportar os longos vinte e seis anos em que esteve preso foi o poema de William E. Henley*, que, aliás, empresta o título ao filme.

Uma lição mais antiga diz que não somos vítimas do mundo que vemos. O que isso quer dizer? Exatamente a mesma coisa que diz a lição 253 com outras palavras. Isto é, nós mesmos escolhemos tudo aquilo que vamos viver, tudo aquilo que queremos experimentar. Somos cem por cento responsáveis por tudo o que nos acontece. E não só a nós mesmos, mas ao mundo inteiro. Porque o mundo só existe como representação dos desejos e pensamentos que trazemos no interior de nós mesmos. É por isso que o mundo é diferente para cada um de nós.

A ideia que praticamos hoje nos oferece mais uma vez a oportunidade e a ocasião para a tomada de decisão. Ela nos convida a irmos, dentro de nós mesmos, ao lugar em que Deus nos espera, para nos acolher e envolver em Seu abraço amoroso e pleno de paz. E é só nesse abraço amoroso e nessa paz que podemos experimentar a alegria perfeita e sentir o coração bater em total sintonia com "toda a vida que Deus criou em Seu Amor".



*NOTA: O poema Invictus, na tradução de André C. S. Masini ficou assim:


Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi'alma insubjugável agradeço.


Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.


Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.


Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Ver no(s) outro(s) nosso(s) conselheiro(s) visível(eis)


LIÇÃO 266

Meu Ser sagrado vive em ti, Filho de Deus.

1. Pai, Tu me deste todos os Teus Filhos para serem meus salvadores, meus conselheiros visíveis; os portadores da Tua Voz santa para mim. Tu estás refletido neles e, neles, Cristo olha para mim desde o meu Ser. Que Teu Filho não se esqueça de Teu Nome santo. Que Teu Filho não se esqueça de sua Fonte santa. Que Teu Filho não se esqueça de que o Nome dele é o Teu.

2. Neste dia entramos no Paraíso, invocando o Nome de Deus e nosso próprio nome, reconhecendo nosso Ser em cada um de nós; unidos no Amor santo de Deus. Quantos salvadores Deus nos deu! Como podemos perde o caminho para Ele, quando Ele enche o mundo com aqueles que O indicam e nos dá a visão para olhar para eles?

*

COMENTÁRIO:

Repito, como não posso deixar de fazer, nesta sexta-feira, dia 23 de setembro, com algumas poucas e muito pequenas alterações e acréscimos ou subtrações, o comentário feito para esta mesma lição no ano passado. Digo que não posso deixar de fazê-lo em função também do comentário feito à lição de ontem, no qual me vali do texto para salientar que não há nada no mundo, por mais real que nos pareça, que não passe de ilusão. Assim, na verdade, para nos curarmos e para, por extensão, curar o mundo é preciso que aprendamos a curar apenas e tão somente nossa percepção equivocada, corrigindo-a com a ajuda do Espírito Santo. É isto que o Curso nos oferece nesta segunda parte do livro de exercícios. Então, aí vai:

Não há nada a temer [Lição 48]. Nestes tempos aparentemente conturbados que vivemos, em que todos - ou a maioria deles - os veículos de comunicação escolheram nos contar quase que apenas aquelas notícias que confirmam a ideia de - e reforçam a crença na - separação, e nos aconselham a ter medo até do vizinho ao lado, precisamos recorrer com frequência a esta lição. Ela figura, em meu modo de ver, entre as mais importantes no que diz respeito à meta da primeira parte do livro de exercícios: o desaprender daquilo que o mundo nos ensina.

Há uma espécie de sintonia - e não poderia ser diferente - entre a ideia da lição 48 e esta que praticamos hoje. Pois, se prestamos atenção, perceberemos que, de fato, não há razão alguma para temermos nenhuma das pessoas que aparentemente povoam este nosso mundo. A ideia de hoje nos ensina a olhar para todos como nossos salvadores. Todos têm a função de nossos "conselheiros visíveis". Seja qual for a forma com que se apresentem. Seja qual for a mensagem que nos tragam.

Se olharmos bem para cada uma das pessoas que se apresenta em nossa vida, seremos capazes de identificar nela o Filho de Deus, a menos que estejamos nos sentindo separados d'Ele, o que significa que não estamos experimentando o Ser em nós mesmos, que estamos apenas distraídos de nós mesmos.

E, mais uma vez, não há como não lembrar e deixar de voltar às falas do jagunço Riobaldo, do livro Grande Sertão: Veredas. Ouçam o que ele diz a certa altura:

"Pensar mal é fácil, porque esta vida é embrejada. A gente vive, eu acho, é mesmo para se desiludir e desmisturar. A senvergonhice reina, tão leve e leve pertencidamente, que por primeiro não se crê no sincero sem maldade."

Não é mesmo o caso de se praticar com mais afinco?

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Três passos para experimentar uma nova percepção


LIÇÃO 265

A bondade da criação é tudo o que vejo.

1. Certamente eu compreendo mal o mundo, porque depositei meus pecados sobre ele e os vi olhando de volta para mim. Quão ameaçadores pareciam! E como me enganei ao pensar que aquilo que eu temia estivesse no mundo e não apenas em minha mente. Hoje vejo o mundo na bondade celestial com a qual a criação resplandece. Não há nenhum medo nele. Que nenhuma manifestação de meus pecados esconda a luz do Céu, que brilha sobre o mundo. O que se reflete aí está na Mente de Deus. As imagens que vejo refletem meus pensamentos. No entanto, minha mente está em unidade com A de Deus. E, por isso, posso perceber a bondade da criação.

2. Em paz, quero olhar para o mundo que só reflete Teus Pensamentos e também os meus. Que eu me lembre de que eles são os mesmos e verei a bondade da criação.

*

COMENTÁRIO:

Vamos aproveitar a ideia para as práticas desta quinta-feira, dia 22 de setembro, para recomendar o trabalho com os três passos de que tenho falado pessoalmente às pessoas que frequentam os grupos de estudos de UCEM. E quais são estes passos e a que se referem?


Bem, eles se referem a nossa forma de experimentar o mundo e tudo o que o mundo aparentemente nos oferece. A ideia é aprender que não há nada fora de nós mesmos. Nem mesmo o mundo. É por isso que os passos, assim como os exercícios diários, servem para reequilibrar nossa percepção do mundo e do que há nele, dando-nos a correta dimensão de tudo o que vemos.


Voltem, por favor, ao texto que inicia o comentário da lição de ontem. Nele podemos perceber claramente de que forma precisamos nos posicionar em relação ao mundo. E a tudo o que aparentemente há nele. Isto é, nada do que vemos é real. É tudo parte de uma grande ilusão que criamos a partir do momento em que passamos a dar crédito à crença na separação, à crença na possibilidade de que algum de nós ou alguma coisa verdadeira possa estar separada de Deus ou de nós mesmos.


Assim, vamos aos três passos. O primeiro, ao olharmos para qualquer pessoa, coisa ou situação que se apresente a nossa experiência, é reconhecer que a pessoa, coisa ou situação se apresentou porque nós mesmos as solicitamos. Reforçando: nada se apresenta à experiência de nenhuma pessoa sem que ela tenha pedido.


O segundo passo, que decorre do primeiro, é acolher aquilo que se apresenta. Isto é, reconhecendo que solicitamos a presença daquilo que se apresentou, tudo o que é preciso fazer é acolher. A pessoa, coisa ou situação.


E, por fim, o terceiro passo, o que nos dá a possibilidade de "escolher outra vez", é agradecer por aquilo que se apresentou. Aliás, como eu já disse outras vezes, de acordo com o ensinamento do UCEM e com o ensinamento de vários mestres ao longo do tempo, é preciso que sejamos capazes de agradecer por tudo o que nos acontece o tempo todo. 


Cientes destes passos, prestando atenção a tudo o que vemos, tocamos ou percebemos a partir dos sentidos, vamos ser capazes de, como a ideia de hoje nos pede para praticar, ver a bondade da criação em tudo. E, repetindo o que eu disse para finalizar o comentário desta lição no ano passado, o mundo que veremos, então, será apenas o reflexo dos pensamentos que temos na unidade com Deus e refletirá tão-somente os Pensamentos d'Ele, que são os mesmos que os nossos.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Aprendendo que todas as ilusões são iguais


LIÇÃO 264

O Amor de Deus me envolve.

1. Pai, Tu estás na minha frente e atrás de mim, ao meu lado, no lugar em que me vejo e em todos os lugares aonde vou. Tu estás em todas as coisas que vejo, em todos os sons que ouço e em cada mão que busca alcançar a minha. O tempo desaparece em Ti e o espaço se torna uma crença sem sentido. Pois o que envolve Teu Filho e o conserva em segurança é o Próprio Amor. Não existe nenhuma Fonte a não ser esta e não existe nada que não compartilhe a santidade dela; nada que fique fora do alcance de Tua criação única ou sem o Amor que contém todas as coisas em si mesmo. Pai, Teu Filho é igual a Ti mesmo. Hoje, vimos a Ti em Teu Próprio Nome para ficar em paz no Teu Amor eterno.

2. Meus irmãos, juntem-se a mim hoje. Esta é a prece da salvação. Não temos de nos unir naquilo que salvará o mundo junto conosco?

*

COMENTÁRIO:

"Qualquer coisa que acredites ser boa, valiosa e pela qual valha a pena lutar neste mundo pode te ferir, e o fará. Não porque tenha o poder de ferir, mas apenas porque negaste que ela é só uma ilusão e a tornaste real. E ela é real para ti. Ela não é [mais só um] nada. E, por meio da realidade percebida nela, entra todo o mundo de ilusões doentias. Toda a crença no pecado, no poder do ataque, em ferimento e dano, em sacrifício e morte, vem a ti. Pois ninguém pode tornar uma ilusão real e, ao mesmo tempo, escapar das outras. Pois quem pode escolher manter aquelas que prefere e encontrar a segurança que só a verdade pode oferecer? Quem pode acreditar que as ilusões são todas iguais e, ao mesmo tempo, afirmar que uma delas é melhor?" [T.26.VI.1:1-9]


É a partir do texto acima que podemos começar nossas práticas com a ideia que o Curso nos oferece com a lição desta quarta-feira, dia 21 de setembro. Pois, se acreditarmos na ideia que praticamos, isto é, se o que nos envolve é o Amor de Deus, podemos, com certeza, abrir mão de todas as ilusões que o sistema de pensamento do ego, o falso eu, nos oferece, como alternativas à alegria infinita que Deus quer para nós.


Tudo no mundo da ilusão é equivalente a nada no mundo real. Então, só precisamos abandonar toda e qualquer crença que nos diga que há alguma coisa que queiramos neste mundo para alcançarmos a paz e a alegria, que são nossa herança natural como filhos de Deus. É por isso que a ideia para as práticas de hoje pode trazer luz a nossas vidas, ajudando-nos a fazer novas escolhas. 


A partir das práticas de hoje, como eu disse no ano passado, já não vamos mais poder acreditar que alguma coisa diferente da alegria e da paz perfeitas possa se apresentar a nós. Pois a lição de hoje nos oferece a certeza de que é só o Amor de Deus nos envolve.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

"E daí?"


LIÇÃO 263

Minha visão sagrada vê todas as coisas como puras.

1. Pai, Tua Mente criou tudo o que existe, Teu Espírito penetrou em tudo, Teu Amor deu vida a tudo. E eu olharia para aquilo que Tu criaste como se ele pudesse se tornar pecaminoso? Eu não quero perceber tais imagens sombrias e ameaçadoras. Dificilmente o sonho de um louco serve para ser minha escolha, em lugar de toda a beleza com a qual Tu abençoaste a criação; toda sua pureza, sua alegria e sua morada eterna em Ti.

2. E, enquanto ainda permanecemos do lado de fora do portão do Céu, olhemos para tudo o que vemos pela visão sagrada e com os olhos de Cristo. Que todas as manifestações pareçam puras para nós, para podermos ir além delas na inocência e caminhar juntos na direção da casa de nosso Pai como irmãos e como os Filhos santos de Deus.

*

COMENTÁRIO:

Não vou mudar praticamente nada do comentário - nem o título que dei a ele - feito no ano passado para as práticas da ideia que o Curso nos oferece na lição desta terça-feira, dia 20 de setembro. Acredito ser importante que façamos mais uma vez as perguntas que sugeri então. Por isso aí vai de novo:


Vocês alguma vez já pararam para pensar que, na ilusão da forma e dos sentidos, na percepção, "... estamos nos movendo [permanente e constantemente] sem sentir"? Que "além da rotação diária da Terra e de sua revolução anual em torno do Sol, somos passageiros do Sistema Solar, que gira numa órbita não-especificada pela Via-Láctea, a qual, de seu lado, avança não se sabe para onde universo afora" [conforme Lawrence E. Joseph]?

Rivaldo, meu amigo, meu irmão internético, diria: E daí?

Daí, eu diria, como já disse aqui antes, que damos demasiada importância a nossos dramas pessoais, aparentemente "particulares", distraindo-nos, a maior parte do tempo, de nós mesmos e daquilo que é verdadeiramente essencial a nossas vidas. Melhor dizendo, distraindo-nos da vida em si mesma. Inconscientes. Em um transe hipnótico sob a influência das ilusões do ego, avançamos "não se sabe para onde universo afora".

Vivemos, pois, em geral, olhando para o mundo, e para as coisas do mundo, como se precisássemos "ganhar todo o mundo", mesmo à custa de perder a alma. "O Espírito Santo te ensina que não podes perder a tua alma e que não há ganho no mundo, pois em si mesmo não há nada que seja proveitoso no mundo" [T-12.VI.1:2].

Para o ensinamento do Curso que buscamos aprender, a única coisa de valor que existe no mundo são aquelas partes que olhamos com amor. É isto que as práticas da ideia da lição de hoje nos convida a fazer. Olhar para o mundo e para tudo o que aparentemente existe nele com amor. Só isto pode dar ao mundo o valor "e a realidade que ele alguma vez terá". Pois o valor do mundo não está no mundo em si mesmo, mas nosso valor está em nós mesmos. E, como "a valorização do ser vem da extensão do ser, ... a percepção do valor do ser [também] vem da extensão dos pensamentos amorosos para aquilo que está fora" [T-12.VI.3:5].

Por isso, é importante, na busca do auto-conhecimento,  o aprender a "olhar para dentro", pois o que fazemos aqui é "empreender uma jornada", uma vez que não estamos em casa neste mundo. E nossa jornada tem por fim buscar nosso lar, "reconhecendo ou não onde ele está". Se acreditarmos que ele está fora de nós, a busca será inútil pois buscaremos aonde ele não está. E esqueceremos de "olhar para dentro", pois não acreditamos que lá é nosso lar.

O Curso diz, porém: "Não podes ver o invisível. Entretanto, se vires os seus efeitos, saberás que ele tem de estar aí. Percebendo o que ele faz, reconheces sua realidade. E por aquilo que ele faz, aprendes o que ele é" [T-12.VII.2:2-5].

Assim, a partir das práticas podemos até re-criar em nós a consciência de que a verdade acerca de nós pode ser que, diferentemente, das perguntas iniciais deste comentário, a Via-Láctea de nossa consciência, em nossa jornada [no universo interior], avança na direção de nós mesmos, com todos os passageiros do Sistema Solar girando em uma órbita não-especificada, enquanto nos movemos e fazemos a Terra girar em sua rotação diária e em sua revolução anual em torno do Sol.

Ou podemos escolher também continuar acreditando que existe alguma coisa fora de nós mesmos.

E daí?

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Aprender a avaliar a forma com que vemos o mundo


LIÇÃO 262

Que eu não perceba nenhuma diferença hoje.

1. Pai, Tu tens um único Filho. E é para ele que quero olhar hoje. Ele é Tua única criação. Por que eu deveria perceber mil formas naquilo que continua a ser único? Por que eu deveria dar a este único mil nomes quando um só basta? Pois Teu Filho tem de levar Teu Nome, porque Tu o criaste. Que eu não o veja como um estranho para Seu Pai, nem como um estranho para mim. Pois ele é parte de mim e eu dele, e nós, eternamente unidos em Teu Amor, somos parte de Ti Que és nossa Fonte; somos o Filho santo de Deus eternamente.

2. Nós, que somos um só, queremos reconhecer a verdade acerca de nós mesmos neste dia. Queremos ir para casa e descansar na unidade. Pois a paz está lá e não pode ser buscada e encontrada em nenhum outro lugar.

*

COMENTÁRIO:

Nesta segunda-feira, dia 19 de setembro, o Curso nos pede que pratiquemos a ideia de deixar de lado todas as diferenças. Pois é a ideia de que existe alguma diferença entre o que somos e o que são todos aqueles que habitam o mundo conosco que nos leva a comparações e nos prende a julgamentos. Isso é claro só pode redundar em reforço na crença na separação.


Não importa o que o ego nos diz. Tudo o que vemos é fruto de nossa percepção. E nossa percepção como já disse antes não é confiável. E tem mais. Lembram-se de que já lhes falei da forma pela qual Ken Wilber nos dá a indicação para avaliarmos aquilo que estamos vendo? Para termos bem claro se estamos vendo o que, de fato, se apresenta a nossa experiência ou se estamos vendo apenas nossa interpretação do que vemos.


Diz ele o seguinte: quando olhamos para alguma coisa, pessoa ou situação, seja em que momento for, e o que vemos apenas nos informa, estamos olhando de forma correta. Se, por outro lado, olhamos para alguma coisa, pessoa ou situação, em qualquer dado momento, e o que vemos nos perturba, nos incomoda, nos deixa irritados, é preciso que mudemos nossa forma de olhar. Pois isto é uma indicação segura de que estamos reagindo, não ao que vemos, mas à interpretação que fazemos do que vemos.


Faz todo o sentido, pois não, trabalhar com a ideia que o Curso nos oferece para as práticas de hoje, não acham?

domingo, 18 de setembro de 2011

Só Deus pode ser nosso abrigo e nossa proteção


5. O que é o corpo?

1. O corpo é uma cerca que o Filho de Deus imagina ter construído para separar partes de seu Ser de outras partes. É dentro desta cerca que ele pensa viver para morrer quando ela enfraquecer e se deteriorar. Pois dentro desta cerca ele pensa estar a salvo do amor. Identificando-se com sua segurança, ele percebe a si mesmo como aquilo que sua segurança é. De que outra forma ele poderia ter certeza de que permanece no interior do corpo e de que mantém o amor do lado de fora?

2. O corpo não permanecerá. Mas ele vê isto como segurança em dobro. Pois a impermanência do Filho de Deus é "prova" de que suas cercas funcionam e cumprem a tarefa que sua mente atribui a elas. Pois, se sua unidade ainda permanecesse intocada, quem poderia atacar e quem poderia ser atacado? Quem poderia ser vitorioso? Quem poderia ser sua presa? Quem poderia ser vítima? Quem o assassino? E, se ele não morresse, que "prova" haveria de que o Filho de Deus pode ser destruído?

3. O corpo é sonho. Igual a outros sonhos, algumas vezes ele parece retratar a felicidade, mas pode bem repentinamente retroceder para o medo, onde nascem todos os sonhos. Pois só o amor cria na verdade e a verdade nunca pode ter medo. Criado para ser medroso, o corpo tem de servir ao propósito que lhe foi dado. Mas nós podemos mudar o propósito a que o corpo obedecerá mudando o que pensamos acerca de sua finalidade.

4. O corpo é o meio pelo qual o Filho de Deus volta à sanidade. Ainda que ele tenha sido feito para prendê-lo no inferno de forma irremediável, apesar de a meta do Céu ter sido trocada pela busca do inferno. O Filho de Deus estende sua mão para alcançar seu irmão e para ajudá-lo a caminhar pela estrada junto com ele. O corpo se torna sagrado imediatamente. Agora ele serve para curar a mente à qual ele tinha feito para matar.

5. Tu te identificarás com aquilo que pensas que te deixará seguro. Seja isso o que for, acreditarás que é um contigo. Tua segurança está na verdade, e não em mentiras. O amor é tua segurança. O medo não existe. Identifica-te com o amor e estás seguro. Identifica-te com o amor e estás em casa. Identifica-te com o amor e encontras teu Ser.

*

LIÇÃO 261

Deus é meu abrigo e minha proteção.

1. Eu me identificarei com aquilo que penso ser abrigo e proteção. Eu me verei aonde percebo minha força, e penso viver no interior da fortaleza na qual estou seguro e não posso ser atacado. Que hoje eu não busque proteção no perigo e nem tente achar minha paz no ataque assassino. Vivo em Deus. Encontro n'Ele meu abrigo e minha força. Minha Identidade está n'Ele. A paz duradoura está n'Ele. E só n'Ele me lembrarei de Quem sou verdadeiramente.

2. Que eu não busque ídolos. Hoje quero voltar para Ti, meu Pai. Decido ser como Tu me criaste e achar o Filho a quem Tu criaste como meu Ser.

*

COMENTÁRIO:

Neste domingo, 18 de setembro, vamos começar nossas práticas a partir da quinta das instruções particulares de que falava o Curso na introdução às lições desta segunda parte do Livro de Exercícios. O tema de que vamos nos valer para orientar nossas práticas pelos próximos dez dias é, portanto: O que é o corpo?

Como eu disse também no ano passado, a partir desta instrução e das lições que se seguem a ela, vamos buscar aprender - e aprenderemos - de que forma transformar o corpo, criado para ser o símbolo de nossa separação de Deus - que nunca aconteceu -, no meio para voltar à sanidade e à consciência de que ainda somos como Deus nos criou e vivemos na unidade com Ele.

Ao aprendermos a perceber e a utilizar o corpo como apenas um veículo para nos auxiliar a chegarmos à comunicação perfeita com nossos irmãos, com nós mesmos e com toda a criação, vendo-nos, e vendo tudo e todos como extensões amorosas do Pensamento de Deus, devolvemos aos corpos a condição de sagrado. E eles podem voltar a ser um meio para curar a mente.

A primeira das ideias que praticamos neste período serve também para reforçar nossa condição de Filhos de Deus. Ela nos ajuda a identificar em Deus, e a encontrar n'Ele, nosso verdadeiro abrigo, nossa verdadeira proteção.

Na verdade, desidentificando-nos do corpo, aprendemos a certeza de que só em Deus podemos encontrar abrigo, proteção, força, paz duradoura, amor infinito e Identidade.

sábado, 17 de setembro de 2011

O Ser em nós sabe tudo o que há para saber.


LIÇÃO 260

Que eu me lembre de que Deus me criou.

1. Pai, eu não fiz a mim mesmo, embora em minha loucura tenha pensado que sim. Entretanto, como Pensamento Teu, não deixei minha Fonte, e continuo a ser parte d'Aquele Que me criou. Teu Filho, meu Pai, chama por Ti hoje. Permite que eu me lembre de que Tu me criaste. Permite que eu me lembre de minha Identidade. E permite que minha inocência se eleve novamente diante da visão de Cristo, por meio da qual quero olhar para meus irmãos e para mim mesmo hoje.

2. Agora nossa Fonte é lembrada e, Nela, enfim, encontramos nossa verdadeira Identidade. Somos santos, de fato, porque nossa Fonte não pode conhecer nenhum pecado. E nós, que somos Filhos d'Ele, somos iguais uns aos outros e semelhantes a Ele.

*

COMENTÁRIO:

Neste sábado, dia 17 de setembro, vamos voltar a praticar aquela ideia que nos remete à Fonte de onde nunca nos afastamos. Uma das poucas ideias que o Curso nos pede para praticar em mais de uma lição é a que diz: Eu sou como Deus me criou.


A ideia que praticamos hoje diz a mesma coisa com outras palavras, isto é, ela nos convida a exercitarmos o pensamento de lembra que foi Deus quem nos criou. E, como já sabemos, Ele nos criou, e cria, a Sua imagem e semelhança. O que, em última instância significa dizer, que sempre fomos, ainda somos e, na verdade, sempre vamos ser como Ele nos criou. E também que não há nada que precisemos aprender, uma vez que trazemos tudo dentro de nós.


Para nos lembrarmos de que isso também está de acordo com o que o Curso diz e com o que eu disse no ano passado, voltemos novamente nossa atenção a um trecho de primeiro livro da trilogia de Neale Donald Walsch, Conversando com Deus:


"A vida não é uma escola... Por que estamos aqui? Para lembrar e recriar Quem Somos. A vida [esta vida ilusória do mundo dos sentidos] é uma oportunidade para sabermos experimentalmente aquilo que já sabemos conceitualmente. Não precisamos aprender nada para fazer isso. Basta lembrar do que já sabemos e agir de acordo com este conhecimento. Nossa alma [o Ser, o divino em nós] sabe tudo o que há para saber o tempo todo. Nada é misterioso ou desconhecido para ela. Contudo, saber não é suficiente para a alma. Ela quer experimentar."


É isso que a ideia para as práticas de hoje nos convida a fazer. Às práticas, pois.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A percepção de nossos sentidos não é confiável


LIÇÃO 259

Que eu me lembre de que não existe pecado.

1. O pecado é o único pensamento que faz parecer a meta de Deus* inatingível. O que mais poderia nos cegar para o óbvio e fazer o estranho e o tortuoso parecerem mais claros? O que além do pecado gera nossos ataques? O que mais a não ser o pecado poderia ser a fonte da culpa que exige castigo e sofrimento? E o que, exceto o pecado, poderia ser  a fonte do medo, que esconde a criação de Deus; e dá ao amor as características do medo do ataque?

2. Pai, hoje não quero ser louco. Não quero ter medo do amor nem buscar abrigo no oposto dele. Pois o amor não pode ter nenhum oposto. Tu és a Fonte de tudo o que existe. E todas as coisas que existem permancem Contigo, e Tu com elas.

*

COMENTÁRIO:

* Observação: Entenda-se a meta de se chegar a Deus.



Nesta sexta-feira, dia 16 de setembro, a ideia que praticamos busca nos mostra que acreditar no pecado, ou na possibilidade de pecado é loucura. Basta pois que nos decidamos a mudar nosso modo de perceber, isto é, que nos decidamos a olhar para o mundo de forma diferente para entendermos que tudo o que vemos de aparentemente errado é apenas um equívoco de nossa percepção, que, por estar atrelada aos sentidos, não é confiável.


Ou algum de nós já viu alguma coisa, com os olhos do corpo, que vá durar para sempre? Já tocou alguma coisa que vai durar para sempre? Já provou algum sabor que vá durar para sempre? Já ouviu algum som que vai durar para sempre? Já cheirou algum perfume que vai durar para sempre, por toda a eternidade?


É preciso que fiquemos vigilantes para os opções que o ego nos oferece como forma de mudar o mundo. Que mundo queremos mudar? O Curso afirma com todas as letras: "Não há mundo"! A não ser aquele que construímos a partir de nossos pensamentos. Ou ainda não percebemos que tudo o que vemos aparentemente fora de nós é apenas a manifestação "concreta" daquilo que trazemos aqui dentro?


Vejam pois uma parte do comentário feito a esta lição no ano passado. Para aprendermos a ficar atentos ao que acontece à volta de nós. Para desenvolvemos em nós a sabedoria simples do jagunço Riobaldo, ou para aprendermos com ele e com sua sabedoria a pôr nossa atenção em tudo conforme, ele nos diz logo no início do Grande Sertão: Veredas:

"Ah, tem uma repetição, que sempre outras vezes em minha vida acontece. Eu atravesso as coisas - e no meio da travessia não vejo! - só estava entretido na ideia dos lugares de saída e de chegada. Assaz o senhor sabe: a gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais em baixo, bem diverso do em que primeiro se pensou. Viver nem não é muito perigoso?"

E um pouco mais adiante:

"A gente vive repetido, o repetido, e, escorregável, num mim minuto, já está empurrado noutro galho... Um está sempre no escuro, só no último minuto é que clareiam a sala. Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia."

Isto não lhes traz à mente a ideia de que, em geral, vivemos distraídos de nós mesmos e distraídos da vida? Ou como disse John Lennon: "A vida é aquilo que te acontece, enquanto estás preocupado pensando outras coisas". Ou não lhes soa como aquilo que o Curso diz? Que o ego não nos deixa viver o presente [a travessia], mas nos coloca com um pé no passado [a saída] - para lamentar as coisas ruins ou para recordar as boas - e outro no futuro [a chegada] - na antecipação do que há de vir: será bom?, será ruim? - sempre com medo do que possa acontecer?

No entanto, a meta que queremos, de fato, alcançar é possível, conforme comentamos ontem, basta que demos um passo por vez, com toda a atenção voltada para aquele passo particular [presente], conscientes de nós mesmos e do que buscamos, e fazendo o mesmo com todos os passos seguintes. Se vamos ou podemos nos distrair? Sem dúvida. Mas isto não é nem nunca deve ser motivo para desistir de caminhar. 



Desculpem-me pelo atraso nesta postagem, todos aqueles que acessam o blogue nas primeiras horas do dia. Boas práticas a todos.



quinta-feira, 15 de setembro de 2011

"Eu não consigo significa eu não quero."


LIÇÃO 258

Que eu me lembre de que minha meta é Deus.

1. Tudo o que é necessário é treinarmos nossas mentes para não relevarem todos os objetivos mesquinhos e insignificantes e para lembrarem que nossa meta é Deus. A lembrança d'Ele está escondida em nossas mentes, oculta apenas por nossos objetívos mesquinhos e inúteis, que não oferecem nada e que não existem. Devemos continuar a permitir que a graça de Deus brilhe na inconsciência, enquanto buscamos as bugigangas e ninharias do mundo em seu lugar? Deus é nossa única meta, nosso único Amor. Não temos nenhum objetivo a não ser lembrar d'Ele.

2. Nossa meta é apenas seguir nos caminho que conduz a Ti. Não temos nenhuma meta a não ser esta. O que poderíamos querer senão lembrar de Ti? O que poderíamos buscar a não ser nossa Identidade?

*

COMENTÁRIO:

Vocês ainda estão lembrados de que a nova instrução, para as práticas diárias deste período, pede que demos, ao menos, uma passada de olhos no tema central que unifica estas lições que praticamos [O que é o pecado?] agora antes do trabalho com a ideia de cada dia, não?

Repetindo o que disse também no ano passado, bem a propósito da ideia de hoje vamos nos lembrar, mais uma vez, de uma das falas do jagunço Riobaldo, no romance Grande Sertão: Veredas. Diz ele o seguinte:

"... Moço! Deus é paciência. O contrário, é o diabo. Se gasteja. O senhor rela faca em faca - e afia - que se raspam. Até as pedras do fundo, uma dá na outra, vão-se arredondinhando lisas, que o riachinho rola. Por enquanto, que eu penso, tudo quanto há neste mundo é porque se merece e carece. Antesmente preciso. Deus não se comparece com refe, não arrocha o regulamento. Pra que? Deixa: bobo com bobo - um dia algum estala e aprende: esperta. Só que, às vezes, por mais auxiliar, Deus espalha, no meio, um pingado de pimenta..." 


Ora, vejamos o que o Curso nos diz a certa altura no capítulo cinco: 


"Agora precisas aprender que só paciência infinita produz efeitos imediatos. Esta é a maneira pela qual se troca o tempo pela eternidade. A paciência infinita invoca o amor infinito e, ao produzir resultados agora, torna o tempo desnecessário."

Não lhes parece, pois, uma loucura [um pecado?] escolhermos permanecer inconscientes da perfeição, da beleza, do amor e da alegria subjacentes às formas todas que criamos em nossa ilusão de onipotência egóica? Não lhes parece que somos nós mesmos, na ilusão de separação, que espalhamos, no meio de tudo, um pingado de pimenta? E para quê?

Será que, lembrando-nos do comentário feito à lição de segunda, não está na hora de refletirmos a respeito do que é a maioria de nossas ideias? Serão elas única e inteiramente o resultado do pensamento divino? [Alguém ainda se lembra da lição 45?, lá no início do livro de exercícios:Deus é a mente com a qual eu penso.] Ou ainda estamos, cegos pelos sentidos, reforçando a crença em uma separação que não existe e buscando metas que não podemos alcançar nunca?

Na verdade, como eu já disse outras vezes, alcançar a meta que a lição nos propõe não é difícil, se pensarmos no que o próprio Curso nos diz na lição 41: Deus vai comigo aonde eu for. Lá aprendemos que: "É bem possível alcançar Deus. De fato, é muito fácil, porque é a coisa mais natural no mundo. Poderias até dizer que é a única coisa natural no mundo. O caminho se abrirá, se acreditares que é possível".

Acreditamos? 

Para não estender demais este comentário, quero lhes pedir para lembrarem daquilo que praticamos em uma lição bem recente, a de número 253, que nos assegura que: "Mesmo neste mundo, sou eu que governo meu destino. Aquilo que eu desejo é o que acontece. O que não acontece é [só] aquilo que eu não quero que aconteça". Para facilitar, lembrem-se sempre de que "eu não consigo", em geral, significa "eu não quero".

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

As reações são sempre a interpretações, não a fatos.



LIÇÃO 257

Que eu me lembre de qual é meu propósito.

1. Se eu esquecer de minha meta só posso ficar confuso, inseguro do que sou e, deste modo, incoerente em minhas ações. Ninguém pode servir a metas contraditórias e servir bem a elas. E não pode servir sem uma angústia profunda e sem uma depressão muito grande. Por isso, vamos nos decidir a lembrar daquilo que queremos hoje, a fim de podermos unificar nossos pensamentos e ações de forma coerente para realizar apenas aquilo que Deus quer que realizemos neste dia.

2. Pai, o perdão é o meio escolhido por Ti para a nossa salvação. Permite que não nos esqueçamos hoje de que não podemos ter nenhuma vontade a não ser a Tua. E, por isso, nosso propósito também tem de ser o Teu, se quisermos alcançar a paz que Tu desejas para nós.

*

COMENTÁRIO:

Repetindo quase que integralmente o comentário feito para esta lição no ano passado, vamos lembrar nesta quarta-feira, dia 14 de setembro que há um modo de olhar para o mundo e ver nele - para onde quer que olhemos - apenas a realização da Vontade de Deus de alegria e paz perfeitas em um momento qualquer ou em todos os momentos. Afinal, já não aprendemos que a Vontade de Deus e a nossa são a mesma?

Há um modo de pensar a respeito do mundo, e de todas as coisas do mundo, que pode dar ao mundo e a nossa percepção uma coerência e um significado que a simples visão dos olhos do corpo - ou as impressões que nos dão os sentidos - não consegue apreender quando limitada pelo sistema de pensamento do ego. Esse modo de olhar está intimamente ligado ao olhar amoroso do Espírito Santo em nós; é o olhar crístico [não confundir com crítico, do ego].

Para se chegar a tal modo de ver e de pensar, é preciso ter-se em mente, como o Curso ensina, a todo instante, que nunca reagimos às coisas do mundo, às pessoas ou situações, mas, sim, a nossa interpretação delas.

Ora, interpretar, sem uma visão integral, sem acesso a todos os dados e informações relativas à situação, pessoa ou coisa em questão, é apenas julgar de forma parcial. Não somos capazes de julgar, pois, na forma, a partir dos dados registrados pelos sentidos apenas, e por impressões sujeitas à dúvida, e de informações incompletas, nosso julgamento está fadado ao erro.

Assim, um exemplo de uma visão mais coerente e revelador de nossa incapacidade de julgar talvez seja a do jagunço Riobaldo, no Grande Sertão: Veredas, quando diz: " o mais importante e bonito do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão".

Isso nos traz de volta ao mote da alegria, que, aliás, conforme já sabemos também, é o que pode nos dar a indicação segura de que estamos em Deus. Quando, por quaisquer razões, nos afastamos da alegria, que é a condição natural do Filho de Deus, estamos claramente dando ouvidos à voz do falso eu, o ego, que sempre fala em favor da ilusão.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Para transformar o pesadelo em um "sonho feliz"



LIÇÃO 256

Deus é a única meta que tenho hoje.

1. Aqui, o caminho para Deus passa pelo perdão. Não há nenhum outro caminho. Se o pecado não tivesse sido nutrido pela mente, que necessidade haveria de se encontrar o caminho para o lugar aonde estás? Quem ainda estaria inseguro? Quem poderia estar em dúvida acerca de quem é? E quem ainda continuaria adormecido em nuvens carregadas de dúvidas acerca da santidade daquele a quem Deus criou inocente? Aqui só podemos sonhar. Mas podemos sonhar que perdoamos aquele em quem todo pecado permanece impossível, e é isto que escolhemos sonhar hoje. Deus é nossa meta; o perdão é o meio pelo qual nossas mentes voltam, enfim, a Ele.

2. E, por isto, Pai nosso, queremos vir a Ti pelo caminho que Tu designaste. Não temos nenhuma meta a não ser ouvir Tua Voz e achar o caminho que Tua Palavra sagrada indica para nós.

*

COMENTÁRIO:

Nesta terça-feira, dia 13 de setembro, a ideia para as práticas nos convida a assumir um compromisso. Ela nos convida a tomarmos a decisão em favor da única meta que pode dar significado à jornada que empreendemos neste mundo. Pois a busca do auto-conhecimento, a direção a que o livro propõe nos guiar, não é nada mais nada menos do que a busca de conhecer Deus.

Na verdade, conforme o Curso ensina, o que fazemos é uma "jornada sem distância". Porque é só na ilusão que precisamos caminhar. A realidade do que somos, que é parte da realidade divina, nunca sofreu nenhuma mudança. Nós nunca nos separamos de Deus, a não ser na ilusão de que isso é possível.

É somente em nossa identificação com o falso eu (o ego, na denominação do Curso) que podemos acreditar ser possível existirmos separados de Deus. Na verdade, não precisamos fazer nada. Basta que nos voltemos para o Espírito Santo em nós e escolhamos não dar ouvidos a nenhum pensamento do falso eu para que toda a nossa experiência do mundo se transforme. Para que nosso aparente estar-num-mundo passe de um pesadelo a um "sonho feliz".

É a esse "sonho feliz" que a ideia que praticamos hoje, o decidir ter apenas Deus como meta, vai nos levar.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Aprendendo a entregar a dúvida e o resultado

LIÇÃO 255

Escolho passar este dia na paz perfeita.

1. Não me parece que posso escolher ter apenas paz hoje. E, não obstante, meu Deus me garane que Seu Filho é como Ele Mesmo. Que neste dia eu tenha fé n'Aquele Que diz que sou o Filho de Deus. E permita que a paz que escolho para ser minha hoje testemunhe a verdade daquilo que Ele diz. O Filho de Deus não pode ter nenhuam preocupação e tem de permanecer na paz do Céu para sempre. Em Nome d'Ele dedico o dia de hoje a encontrar aquilo que meu Pai quer para mim, aceitando-o como meu e dando-o a todos os Filhos de meu Pai junto comigo.

2. E, por isto, meu Pai, quero passar este dia Contigo. Teu Filho não Te esqueceu. A paz que Tu deste a ele ainda está em sua mente, e é lá que eu escolho passar o dia de hoje.

*

COMENTÁRIO:

A ideia para as práticas desta segunda, dia 12 de setembro, para iniciar a semana, nos convida a pensar em algumas das razões pelas quais não nos sentimos em paz, ou por que achamos que não podemos escolher a paz de Deus.

Repetindo o que eu disse no ano passado ao comentar esta mesma lição, em algum ponto do primeiro livro da trilogia Conversando com Deus, Neale Donald Walsch diz que uma das nossas grandes ilusões "é acreditar que existem dúvidas acerca do resultado da vida". É "esta dúvida quanto ao resultado final da vida quem criou nosso maior inimigo, que é o medo".

Ele explica: "se duvidamos do resultado... temos de duvidar do Criador - temos de duvidar de Deus. E se duvidamos de Deus temos de viver com o medo e com a culpa toda a vida. É por isso que o Curso nos ensina que, quando nos decidimos pela entrega ao Espírito Santo, temos de entregar não apenas a dúvida, mas também o resultado. Pois quando tentamos ajudar o Espírito Santo, orientando-o em relação àquilo que queremos como resultado de nossa entrega, na verdade não entregamos.

E mais, diz Neale: "se duvidamos das intenções de Deus - e da capacidade de Deus para produzir este resultado final - então como podemos relaxar alguma vez? Como podemos achar paz verdadeiramente em algum momento"?

Tomara possamos, com as práticas de hoje, compreender estas questões, respondê-las para nós mesmos e experimentar a paz de Deus, que traz sempre consigo a alegria completa e perfeita que é a Vontade d'Ele para nós.

domingo, 11 de setembro de 2011

Orientações para a limpeza da mente e do corpo

LIÇÃO 254

Que todas as vozes que não A de Deus se calem em mim.

1. Pai, hoje quero ouvir só a Tua Voz. Quero vir a Ti no silêncio mais profundo para ouvir Tua Voz e receber Tua Palavra. Não tenho nenhuma prece a não ser esta: venho a Ti para Te pedir a verdade. E a verdade é só Tua Vontade, que quero compartilhar Contigo hoje.

2. Hoje não permitimos que nenhum pensamento do ego guie nossas palavras ou ações. Quando tais pensamentos surgirem, recuaremos suavemente e olharemos para eles e, em seguida, os abandonaremos. Não queremos o que eles trariam consigo. E, por isto, não escolhemos mantê-los. Eles estão em silêncio agora. E, no silêncio, abençoado por Seu Amor, Deus fala conosco e nos conta de nossa vontade, uma vez que escolhemos nos lembrar d'Ele.

*

COMENTÁRIO:

Neste domingo, dia 11 de setembro, repito o comentário feito para esta mesma lição no ano passado. Como eu disse, então, a ideia que praticamos é poderosa. Com ela, decidimos ouvir somente a Voz de Deus. Nenhuma outra voz, nenhum outro pensamento pode nos desviar de nossa decisão. Vamos nos lembrar de que "tem de haver silêncio quando Deus fala". Ou não O ouviremos.

Lembram-se de que já lhes disse antes, valendo-me de uma expressão de Susanna Tamaro, que "a compreensão exige o silêncio"? Precisamos fazer calar todas as vozes que passeiam por nossa mente, se quisermos ouvir o que Deus diz, se quisermos, de fato, compreender. É para isto que praticamos. É nesta direção que nossa lição de hoje nos conduz.

Bem a propósito da ideia para as práticas deste domingo é que lhes ofereço, também, mais uma vez uma orientação para a limpeza da mente e do corpo, no descanso noturno do sono, conforme texto traduzido do livro Christ in You [O Cristo em Ti], de autor anônimo publicado pela primeira vez em 1910, e que me parece estar em perfeita sintonia com o que praticamos:


"Esta noite, quando fores descansar, não permitas que os sentidos sugiram fraqueza ou cansaço; em lugar disto, deixa que tua camada espiritual dentro e fora te envolva e fortaleça, até ficares consciente da vitória espiritual antes de dormires. Teu corpo inteiro será renovado por este batismo santo e teu despertar pela manhã será um triunfo e uma alegria. O efeito disto é uma limpeza da mente e do corpo. Muito se faz durante as horas de sono e de escuridão. Rezamos para que tu possas verdadeiramente dizer: 'Desperto ou dormindo, eu ainda estou Contigo'. Pára de te preocupar."