domingo, 31 de outubro de 2010

Por que precisamos das práticas diárias?

LIÇÃO 304

Que meu mundo não esconda a visão de Cristo.

1. Eu posso esconder minha visão sagrada, se impuser meu mundo a ela. E também não posso ver as cenas sagradas para as quais Cristo olha, a menos que utilize Sua visão. A percepção é um espelho, não um fato. E aquilo para que olho é meu estado de espírito projetado para fora. Eu quero abençoar o mundo olhando para ele com os olhos de Cristo. E olharei para os sinais infalíveis de que todos os meus pecados foram perdoados.

2. Tu me conduzes das trevas para a luz, do pecado à santidade. Permite que eu perdoe e, assim, receba a salvação para o mundo. A salvação é Tua dádiva, meu Pai, dada a mim para eu oferecer a Teu Filho santo, a fim de que eu possa encontrar novamente a memória de Ti e de Teu Filho tal qual Tu o criaste.

*
COMENTÁRIO:

As práticas deste domingo, dia 31 de outubro, nos oferecem a possibilidade de trazermos à consciência a ideia de que somos nós mesmos que escondemos a visão de Cristo, e de que, ao fazer, isso nos escondemos dela também.

Precisamos das práticas porque nos deixamos enganar a maior parte do tempo pela percepção, considerando-a o instrumento por meio do qual olhar para o mundo.

Precisamos das práticas para reaprender, ou para lembrar de que o que vemos fora de nós é apenas o reflexo daquilo que trazemos dentro. E que, quando não gostamos do que vemos fora, temos de mudar nossa forma de olhar, recorrendo ao que há de mais profundo e verdadeiro em nós e que só podemos alcançar no silêncio. Aquietando a mente. Deixando que o espírito se manifeste em nós. Permitindo que o espírito nos sirva de guia.

Precisamos das práticas porque aprender qualquer coisa, a dirigir um carro, a tocar um instrumento, a nadar, a andar de bicicleta, a falar uma língua estrangeiro, exige atenção, dedicação e uma vontade consciente.

Em meio a vários erros e acertos, o começo de qualquer aprendizado não parece muito divertido. Mas, uma vez dominada a técnica, aprendidos os movimentos e princípios básicos, automatizados os procedimentos, pode-se começar a relaxar e a perceber quão divertido é [pode ser] o resultado do aprendizado. Podemos começar a extrair o prazer e a desfrutar da alegria que resultaram de nossos esforços e de nossa atenção iniciais.

Uma vida espiritual, isto, uma vida que inclua o contato com algo mais do que apenas o corpo e os órgãos dos sentidos, que inclua o contato com o Espírito Santo, ou o divino em nós, também exige dedicação, esforço e atenção iniciais.

Depois de algum tempo de dedicação, esforço e atenção, porém, vamos nos descobrir em contato permanente com nós mesmos, com o Ser em nós mesmos. Mesmo que, às vezes, estejamos momentaneamente distraídos, vamos adquirir e internalizar em nosso dia-a-dia a certeza de que podemos ouví-Lo e buscar Sua ajuda e orientação o tempo inteiro, em qualquer circunstância, para todos os passos que queiramos dar em nossa vida.

sábado, 30 de outubro de 2010

Aprender a só "dar a César o que é de César"

LIÇÃO 303

O Cristo santo nasce em mim hoje.

1. Vigiai comigo, anjos, vigiai comigo hoje. Fazei que todos os pensamentos sagrados de Deus me envolvam e se aquietem comigo enquanto nasce o Filho do Céu. Deixai que os sons terrenos silenciem e que as visões a que estou acostumado desapareçam. Deixai o Cristo ser acolhido no lugar em que Ele se sente em casa. E deixai que Ele ouça os sons que Ele entende e veja apenas as cenas que mostram o Amor de Seu Pai. Fazei que Ele não seja mais um estranho aqui, pois hoje Ele nasce novamente em mim.

2. Teu Filho é bem-vindo, Pai. Ele vem para me salvar do ser maligno que criei. Ele é o Ser que Tu me dás. Ele é apenas o que realmente sou na verdade. Ele é o Filho que Tu amas acima de todas as coisas. Ele é meu Ser tal qual Tu me criaste. Não é Cristo que pode ser crucificado. Em segurança nos Teus Braços, permite que eu receba Teu Filho.

*

COMENTÁRIO:

Neste sábado, dia 30 de outubro, às vésperas de uma eleição considerada a maior e mais importante dos últimos anos neste país, o Curso nos oferece para as práticas uma ideia que pode fazer com que olhemos para tudo e para todos de modo diferente. Se permitirmos o nascimento do Cristo em nós mesmo hoje, poderemos nos voltar para o mundo e dizer como Jesus: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". Sem medo de escolher o Reino, em lugar do mundo e das coisas do mundo.

Mais do que apenas deixar de dar mais valor às coisas mundanas, que não têm nenhum valor, porque não duram eternamente, a ideia pode transformar nosso modo de ver, ao nos oferecer o olhar crístico, amoroso, que nos permite ver em cada um, e em todos, à volta de nós o Cristo que nasce hoje em nós. Ao nascer, em um só de nós que seja, Ele nasce em todos, pois não estamos separados. Somos todos um só, na unidade, em Deus.

É um equívoco pensar que quaisquer mudanças que possamos fazer nas circunstâncias que nos cercam exerçam qualquer efeito no Ser que verdadeiramente somos. As circunstâncias não são mais do que circunstâncias, se vistas corretamente a partir do olhar amoroso de Cristo.

As paixões que as coisas terrenas despertam dizem respeito apenas às circunstâncias que não vão durar, pois só existem na ilusão de tempo que vivemos. Estas paixões fundam as leis que mantêm o amor no cativeiro. E, de acordo com Carol Gilligan, de quem já falei aqui, salvo engano: "As leis que mantêm o amor em cativeiro mantêm este mundo no lugar".

Deixemos, pois, Cristo nascer em cada um de nós hoje para aprendermos a experimentar o Amor que dura para sempre e que é a única coisa que existe realmente.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Que fazemos de nossa vida? Como é a nossa dança?

LIÇÃO 302

Onde havia trevas eu vejo a luz.

1. Pai, nossos olhos se abrem enfim. Teu mundo sagrado nos espera, uma vez que nossa visão é devolvida finalmente e podemos ver. Pensávamos que sofríamos. Mas tínhamos nos esquecido do Filho que Tu criaste. Agora vemos que as trevas são a nossa própria imaginação, e que a luz existe para olharmos para ela. A visão de Cristo transforma as trevas em luz, pois o medo tem de desaparecer quando o amor chega. Permite que eu perdoe Teu mundo sagrado hoje, a fim de eu poder olhar para a santidade dele e compreender que ela apenas reflete minha própria santidade.

2. Nosso Amor nos espera enquanto seguimos em direção a Ele e anda ao nosso lado indicando o caminho. Ele não falha em nada. É Ele o Fim que buscamos e é Ele o Meio pelo qual vamos a Ele.

*

COMENTÁRIO:

Não lhes parece que a ideia para as práticas desta sexta, dia 29 de outubro, nos remete mais uma vez à oração de São Francisco, de que falamos há pouco? Especificamente daquela parte em que a oração diz "onde houver trevas que eu leve a luz"?

Pois é o que me parece. E acho também que a oração serve para ampliar e estender o alcance da ideia de hoje, no sentido de que se vemos luz onde havia trevas é porque já aprendemos, de algum modo em alguns momentos, a ser uma presença de luz no mundo.

Enquanto nos debatemos com todas as atividades e ideia mundanas, envolvendo-nos e nos deixando envolver pelos equívocos que a ilusão resultante do sistema de pensamento do ego nos oferece, ainda estamos andando nas trevas. Sem saber diferenciar aquilo, em nós, que responde à Voz do Espírito Santo daquilo que responde à voz equivocada do ego.

Kaka Werá Jecupé, no posfácio do livro A Terra dos Mil Povos,  fala do caminho do guerreiro, um caminho que pode nos auxiliar a perceber a luz no meio das trevas que nós mesmos criamos. E, quem sabe, até a trazer a luz para substituir as trevas. Ele, um índio txucarramãe, criado no seio de uma aldeia indígena tupi-guarani aqui mesmo no sul da cidade de São Paulo, diz o seguinte:

"No caminho do guerreiro, cabe a você discernir o que foi tecido pelos fios divinos e o que foi tecido pelos fios humanos. Quando você principia a discernir, você se torna um txucarramãe - um guerreiro sem armas. Porque os fios tecidos pela mão do humano formam pedaços vivificados pelo seu espírito. Essa mão gera todos os tipos de criação. Muitas coisas fazem parte de você para se defender do mundo externo pela sua própria mão e pelo seu pensamento. Quando você descobre o que tem feito da sua vida e como é a sua dança no mundo, desapega-se aos poucos das armas, que são criações para matar criações. De repente, descobre-se que, quando paramos de criar o inimigo, extingue-se a necessidade das armas." 

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

"Quando me movo, és tu que te moves."


9. O que é a Segunda Vinda?

1. A Segunda Vinda de Cristo, que é tão certa quanto Deus, é apenas a correção e a volta da sanidade. Ela é uma parte da condição que restitui o que nunca se perdeu e que restabelece o que é verdadeiro para todo o sempre. Ela é o convite para que a Palavra de Deus tome o lugar da ilusão; a disposição de permitir que o perdão se estenda sobre todas as coisas sem exceção e sem reserva.

2. É a natureza todo-abrangente da Segunda Vinda de Cristo que permite que ela envolva o mundo e te mantenha em segurança em seu benigno advento, que abarca todas as coisas vivas consigo. Não há limite para alívio que a Segunda Vinda traz, uma vez que a criação de Deus tem de ser ilimitada. O perdão ilumina o caminho da Segunda Vinda porque ela brilha sobre todas as coisas vivas como uma só. E, desse modo, a unidade é enfim reconhecida.

3. A Segunda Vinda põe fim às lições que o Espírito Santo ensina, dando lugar ao Juízo Final, em que o aprendizado termina em um resumo derradeiro que se estenderá além de si mesmo e chegará a Deus. A Segunda Vinda é o instante em que todas as mentes são entregues às mãos de Cristo, para serem devolvidas ao espírito em nome da criação verdadeira e da Vontade de Deus.

4. A Segunda Vinda é o único acontecimento no tempo que o próprio tempo não pode atingir. Pois cada um daqueles que algum dia veio para morrer, ou que ainda virá, ou que está presente agora é igualmente liberado daquilo que fez. Nessa igualdade Cristo é restabelecido qual uma Identidade única, na qual os Filhos de Deus reconhecem que todos eles são um só. E Deus Pai sorri para Seu Filho, Sua única criação e Sua única alegria.

5. Reza para que a Segunda Vinda aconteça logo, mas não te acomodes nisso. Ela precisa de teus olhos e ouvidos e mãos e pés. Ela precisa de tua voz. E, mais do que tudo, ela precisa de tua boa vontade. Alegremo-nos por sermos capazes de fazer a Vontade de Deus e de nos unirmos em sua luz sagrada. Atenção, o Filho de Deus é um em nós, e podemos alcançar o Amor de nosso Pai por intermédio d'Ele.

*

LIÇÃO 301

E o Próprio Deus enxugará todas as lágrimas.

1. Pai, não posso chorar a não ser que eu julgue. Tampouco posso sentir dor, ou sentir que estou abandonado ou que sou desnecessário no mundo. Este é meu lar porque não o julgo e, por isso, ele é apenas aquilo que Tu queres. Permite-me, hoje, vê-lo sem condenação, pelos olhos felizes que o perdão libera de qualquer distorção. Deixa-me ver Teu mundo em lugar do meu. E todas as lágrimas que derramei serão esquecidas, pois sua fonte desapareceu. Pai, não julgarei Teu mundo hoje.

2. O mundo de Deus é feliz. Aqueles que o observam com atenção só podem adicionar a ele a alegria que sentem e abençoá-lo por ser motivo de mais alegria em si mesmos. Chorávamos porque não compreendíamos. Mas aprendemos que o mundo que víamos era falso e, hoje, olharemos para o mundo de Deus.

*

COMENTÁRIO:

Nesta quinta-feira, dia 28 de outubro, recebemos mais uma das instruções especiais a que o Curso se referiu na Introdução desta segunda parte do Livro de Exercicios. A instrução de número nove que nos apresenta o tema que vai dar unidade às práticas dos próximos dez dias.

Não preciso lembrá-los de que é necessário que voltemos a esta instrução pelo menos uma vez a cada dia, antes da prática da ideia que o Curso nos oferece. Ou preciso?

A nona instrução é: O que é a Segunda Vinda? E ela fala por si mesma. Por isso, uma vez que a ideia para as práticas de hoje trata de nos ensinar a olhar para o mundo de forma diferente, para que vejamos nele apenas o mundo de Deus, ofereço-lhes um texto de Fernando Pessoa. Um texto que, em forma de oração, talvez nos ajude a alcançar de modo mais fácil o entendimento daquilo que a ideia de hoje oferece.

É o seguinte:

"Senhor, que és o céu e a terra, e que és a vida e a morte! O sol és tu e a lua és tu e o vento és tu! Tu és nos nossos corpos e as nossas almas e o nosso amor és tu também. Onde nada está tu habitas e onde tudo está é o teu templo. Dá-me vida para te servir e alma para te amar. Dá-me vista para te ver sempre no céu e na terra, ouvidos para te ouvir no vento e no mar, e mãos para trabalhar em teu nome.

Torna-me puro como a água e alto como o céu. Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos. Faz[e] com que eu saiba amar os outros como irmãos e servir-te como a um pai. Sê digno de ti em mim.

Bendito seja o teu nome de Céu e de Terra, e de Corpo e Alma, e de Vida e Morte! Louve-te a minha boca e as minhas mãos te louvem!

Minha vida seja digna da tua presença. Meu corpo seja digno da Terra tua carne. Minha alma possa aparecer diante de ti como um filho que volta ao lar.

Torna-me grande como o Sol, para que eu te possa adorar em mim; e torna-me puro como a lua, para eu te possa rezar em mim; e torna-me claro como o dia para que eu te possa ver sempre em mim e rezar-te e adorar-te.

Senhor, protege-me e ampara-me. Dá-me que me sinta teu.

Senhor, livra-me de mim...

Que o meu pomar dê frutos saborosos a Ti e a minha vinha dê vinho.

Quando me movo, és tu que te moves; quando falo, és tu [que] me és falando. Quando dou um passo, avanças tu. Se paro, estacas em mim."  

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Quem pode responder quanto dura um instante?

LIÇÃO 300

Este mundo dura só um instante.

1. Este é um pensamento que pode ser usado para dizer que a morte e a dor são o destino inevitável de todos os que vêm aqui, pois suas alegrias desaparecem antes de serem possuídas ou mesmo apreendidas. No entanto, ele também é a ideia que não permite que nenhuma percepção falsa nos mantenha sob seu controle, nem represente mais do que uma nuvem passageira em um céu eternamente sereno. E é esta serenidade, sem nuvens, inegável e segura, que buscamos hoje.

2. Buscamos Teu mundo sagrado hoje. Pois nós, Teus Filhos amados, perdemos o rumo por algum tempo. Mas ouvimos Tua Voz e aprendemos exatamente o que fazer para sermos devolvidos ao Céu e a nossa Identidade verdadeira. E hoje damos graças porque o mundo dura só instante. Queremos ir além deste diminuto instante para a eternidade.

*

COMENTÁRIO:

Quanto tempo dura um instante?

Talvez, aproveitando a ideia para nossas práticas desta quarta-feira, 27 de outubro, pudéssemos ou devêssemos nos perguntar isto. Para que nossa atenção - quem sabe - se volte para nós mesmos e para o uso que fazemos do tempo, e de nossas vidas, adiando, protelando, prorrogando e postergando a tomada de decisão. Acreditamos que sempre haverá tempo. Haverá?

Talvez pudéssemos e devêssemos dar ouvidos a Riobaldo, o jagunço que se apresenta mais uma vez para dizer que: "'Vida' é noção que a gente completa seguida assim, mas só por lei de uma ideia fala. Cada dia é um dia". E ainda que "... o destino da gente às vezes conversa, sussurra, explica, até pede para não se atrapalhar o devido, mas ajudar".

E o que fazemos? E o que pensamos? Olhamos para o lado, olhamos para frente, voltamo-nos para o passado e fugimos à decisão. - Ah! Amanhã eu decido! Amanhã eu faço! Amanhã eu resolvo!

Talvez a ideia que praticamos hoje sirva para que despertemos e nos demos conta de que não há tempo! Ou de que o tempo de sentir só pode ser agora. O tempo de viver só pode ser este dia. E cada dia que se apresentar. O tempo de fazer só pode ser este instante. Este momento.

Lembram-se de "Sociedade dos Poetas Mortos", um filme de algum tempo atrás, no qual o professor exortava os estudantes a agirem com a expressão latina Carpe Diem. Isto é, "aproveite o dia". Aproveitar o dia para aproveitar a vida, para aproveitar cada momento. Afinal, cada momento é único, assim como cada um de nós. E dura só um instante. Assim como cada um de nós. Assim como este mundo.

Quem pode responder quanto dura um instante?

terça-feira, 26 de outubro de 2010

"Somente com a alegria é que a gente realiza bem."

LIÇÃO 299

A santidade eterna habita em mim.

1. Minha santidade está muito além de minha própria capacidade de entender ou conhecer. No entanto, Deus, meu Pai, Que a criou, reconhece minha santidade como a d'Ele. Nossa Vontade conjunta a compreende. E Nossa Vontade conjunta sabe que isso é verdade.

2. Pai, minha santidade não vem de mim. Ela não é minha para ser destruída pelo pecado. Ela não é minha para sofrer ataques. Ilusões podem escondê-la, mas não podem extinguir sua radiância nem turvar sua luz. Ela continua a ser perfeita e intocada para sempre. Todas as coisas são curadas nela, pois continuam a ser tal qual Tu as criaste. E eu posso conhecer minha santidade. Pois a Própria Santidade me criu, e eu posso conhecer minha Fonte porque é Tua Vontade que Tu sejas conhecido.

*

COMENTÁRIO:

A ideia da santidade é recorrente no Curso, por ser nossa condição natural de Filhos de Deus. Aprender a reconhecer e internalizar a santidade em nós é o que vai nos devolver à Graça, ao Eu, de que fala Ramana Maharshi, ao dizer que:

"As pessoas não entendem a verdade nua e crua e - a verdade de sua consciência de cada dia, sempre presente e eterna. Essa é a verdade do Eu. Existe alguém que não esteja consciente do Eu? Embora não gostem de ouvir falar disso, as pessoas estão ávidas por saber o que vai além [de suas vidas momentâneas] - céu, inferno, reencarnação. Exatamente porque elas amam o mistério e não a verdade pura, as religiões as mimam - para, finalmente, trazê-las de volta ao Eu. Por mais que possa vagar, vocês devem retornar em última instância ao Eu; portanto, por que não subsistir no Eu [na santidade] aqui e agora?

"... a Graça está sempre presente desde o princípio. A Graça é o Eu. Não é algo para ser conseguido. Basta reconhecer sua existência.

"Se a realização não fosse eterna, não valeria a pena. Assim, o que buscamos [a santidade, a Graça, o Eu] não é algo que deve ter começado a existir, mas algo que é eterno e está presente agora mesmo, presente em sua própria consciência [habita em nós].

"[Na verdade], passamos por todo tipo de práticas e princípios vigorosos para nos tornarmos o que já somos agora [o que sempre fomos e seremos eternamente]. Todo [o] esforço serve simplesmente para nos livrarmos da impressão errada de que estamos limitados pelas aflições desta vida.

"Inicialmente, é impossível para você não fazer esforço. Quando você vai mais fundo, é impossível para você fazer esforço."

É na direção deste aprendizado [ou da lembrança de que já sabemos isso] que as práticas desta terça-feira, dia 26 de outubro, nos levam.

O aparente esforço que precisamos fazer inicialmente só é necessário porque "no estado do viver, as coisas vão enqueridas* com muita astúcia: um dia é todo para a esperança, o seguinte para a desconsolação", como nos ensina o jagunço Riobaldo.

Porém, ele mesmo nos alerta para o fato de que: "Somente com a alegria é que a gente realiza bem - mesmo até as tristes ações".

*[amarradas]

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

"Colhe o dia, porque és ele." (Ricardo Reis)


LIÇÃO 298

Eu Te amo, Pai, e amo Teu Filho.

1. Minha gratidão permite que meu amor seja aceito sem medo. E, dessa forma, sou, afinal, devolvido a minha realidade. O perdão retira tudo o que se intrometia com minha vista sagrada. E eu chego perto do fim da jornada sem sentido, de carreiras loucas e de valores artificiais. Em lugar disso, aceito o que Deus estabeleceu como meu, certo de que só nisso serei salvo; certo de que atravesso o medo para encontrar meu amor.

2. Pai, venho a Ti hoje porque não quero seguir nenhum caminh a não ser o Teu. Tu estás a meu lado. Teu caminho é seguro. E eu estou grato por Tuas dádivas de refúgio garantido e de sáida para tudo o que quer esconder meu amor por Deus, meu Pai, e por Seu Filho santo.

*

COMENTÁRIO:

Comecemos nossas práticas nesta segunda-feira, dia 25 de outubro, com os olhos, e toda nossa atenção, voltados para a ideia a que o Curso nos oferece.

Atentemos para o conselho que nos dá Ricardo Reis em uma de suas odes, como forma de estender e ampliar o alcance de nossa reflexão neste dia.

Diz ele:

Uns, com os olhos postos no passado,
Veem o que não veem; outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, veem
O que não pode ver-se.

Por que tão longe ir pôr o que está perto -
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este é o momento, isto
É o que somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos , morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.

Há que se dizer mais? Às práticas, pois.

domingo, 24 de outubro de 2010

Aprender o perdão com São Francisco

LIÇÃO 297

O perdão é a única dádiva que dou.

1. O perdão é a única dádiva que dou, porque ele é a única dádiva que quero. E tudo o que dou dou a mim mesmo. Esta é a fórmula básica da salvação. E eu, que quero ser salvo, quero fazê-la minha, para que ela seja o modo como vivo em um mundo que precisa de salvação, e que será salvo quando eu aceitar a Expiação para mim mesmo.

2. Pai, quão seguros são Teus caminhos; quão seguro o resultado final deles, e quão confiantemente já está estabelecido cada passo de minha salvação, e realizado por Tua graça. Graças sejam dadas a Ti por Tuas dádiva eternas, e graças Te dou por minha Identidade.

*

COMENTÁRIO:

Leonardo Boff, em seu livro A Oração de São Francisco, começa sua mensagem a respeito da frase "É perdoando que se é perdoado" dizendo que: "Uma das dimensões mais surpreendentes e até escandalosas da mensagem de Jesus é o anúncio de que seu Deus é um Deus de amor incondicional e de irrestrita misericórdia. Oferece a todos o seu amor e o seu perdão, mesmo quando não [se] depara com a contrapartida deste amor. Ama até 'os ingratos e maus' "(Lc 6, 35).

É esta mesma ideia que o Curso nos oferece para as práticas neste domingo, 24 de outubro. Pois, a se dar ouvidos ao que diz São Francisco em sua oração, "é perdoando que se é perdoado", tudo o que precisamos fazer para obter aquilo que queremos é oferecê-lo por primeiro.

Há ainda na mesma oração mais uma referência ao perdão que diz "onde houver ofensa, que eu leve o perdão". Para fazer isto, é preciso que estejamos dispostos a seguir a orientação do Curso e buscar um modo diferente de olhar para o mundo, é preciso querer ver para ver verdadeiramente. Para tanto, ele nos oferece estas práticas diárias.

Quando nos decidirmos, de fato, a olhar para o mundo de modo diferente, aprenderemos a eliminar a pouco e pouco o julgamento que fazemos daquilo que vemos. Este é o caminho que vai nos oferecer a visão de um mundo perdoado.

E que tal relembrar da Oração de São Francisco?

Senhor,
Fazei-me um instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre,
Fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado,
Pois é dando que se recebe,
É perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se vive para a vida eterna.

Boas práticas a todos.

sábado, 23 de outubro de 2010

Se a ti, vizinho Deus, eu incomodo às vezes

LIÇÃO 296

O Espírito Santo fala por meu intermédio hoje.

1. O Espírito Santo precisa de minha voz hoje, para que o mundo inteiro possa ouvir Tua Voz e escutar Tua Palavra por intermédio de mim. Estou decidido a deixar que Tu fales por meio de mim, pois não quero nenhuma palavra a não ser as Tuas e não quero ter nenhum pensamento que esteja separado dos Teus, pois só os Teus são verdadeiros. Eu quero ser o salvador do mundo que fiz. Pois, tendo-o amaldiçoado, quero libertá-lo, para poder achar saída e ouvir a Palavra que Tua Voz sagrada vai dizer para mim hoje.

2. Hoje ensinamos aquilo que precisamos aprender, e só isso. E, por isso, a meta de nosso aprendizado se torna uma meta sem conflitos e pode ser facilmente alcançada e realizada. Quão alegremente o Espírito Santo vem para nos resgatar do inferno, quando permitimos que Seu ensinamento, por nosso intermédio, convença o mundo a buscar e a achar o caminho natural para Deus.

*

COMENTÁRIO:

Neste sábado, dia 23 de outubro, a ideia que se apresenta para nossas práticas aprofunda e amplia o alcance da ideia da lição de ontem. É preciso que nos ofereçamos espontaneamente ao Espírito Santo para que sejamos um veículo da comunicação perfeita, para que aprendamos a depositar sobre o mundo e sobre as coisas do mundo o olhar amoroso que Ele nos ensina e para que possamos oferecer ao mundo as palavras que nos chegam por Sua Voz.

Para tanto, vejamos o que podemos aprender das palavras de um poema de Rilke. Haverá alguma ligação entre o que ele diz e o que a lição de hoje quer nos ensinar?

Se a ti, vizinho Deus, eu incomodo às vezes
com rude batimento no meio da noite
é que de quando em quando te ouço respirar
e sei que estás sozinho no salão.
E, se careces de algo, lá não há ninguém
que te ofereça um gole às mãos tateantes...
Sempre atento estou eu: ao menor sinal teu
eu estou muito perto.

Só existe entre nós uma fina parede,
por acaso: se houvesse, por acaso,
de tua boca ou da minha algum chamado,
ela se desfaria
sem alarme ou ruído.

De imagens tuas ela é toda feita:
imagens que em tua frente se põem - nomes.
E, tão logo se acende em mim a luz
com que te reconhece a profundeza minha,
ela some como um reflexo na moldura.

E meus sentidos, que em pouco se debilitam,
desligados de ti - ficam sem pátria.

Se ao menos uma vez tudo se aquietasse...
Se se calassem o talvez e o mais-ou-menos
e o riso a minha volta...
Se o barulho que fazem meus sentidos
não perturbassem mais minha vigília...

Então, num pensamento multifário,
poderia eu pensar-te até os teus limites
e possuir-te (só o tempo de um sorriso)
e oferecer-te a vida inteira, como
um agradecimento.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

É possível ouvir e chegar-se à comunicação perfeita

LIÇÃO 295

Hoje o Espírito Santo olha através de mim.

1. Cristo pede para usar meus olhos hoje para, desta forma, redimir o mundo. Ele pede esta dádiva para poder me oferecer paz de espírito e afastar todo o medo e toda a dor. E, quanto se afastam de mim, os sonhos que eles pareciam depositar sobre o mundo desaparecem. A redenção tem de ser única. Quando sou salvo, o mundo é salvo comigo. Pois todos nós temos de ser redimidos juntos. O medo se apresenta de muitas formas diferentes, mas o amor é um só.

2. Meu Pai, Cristo me pediu uma dádiva, e uma dádiva que dou para que ela me seja dada. Ajuda-me a usar os olhos de Cristo hoje, para, deste modo, permitir que o Espírito Santo abençoe todas as coisas sobre as quais eu venha a pousar me olhar, para que Seu Amor misericordioso possa permanecer em mim.

*

COMENTÁRIO:

Pensando nas ideias de alguns dias atrás que buscavam nos ensinar que o passado passou, penso no fato de ainda nos debatermos, no presente, para interpretar e entender as palavras atribuídas a Jesus, ditas há mais de 2.000 anos. Penso que devem ser muito poucos os que se perguntam: - Quem pode garantir que ele disse mesmo o que os escritos trouxeram até nós?

E que dizer, então, dos textos de que nos valemos até hoje e que são muito mais antigos do que os ditos "evangelhos" do Novo Testamento que o cristinanismo nos legou?

Não estaremos todos sugestionados por uma história que foi sendo escrita apenas para atender aos interesses de uns poucos que queriam exercer algum poder sobre um grande número de pessoas, condicionando-as a este ou àquele comportamento, sob a ameaça de uma condenação a um castigo eterno e permanente após a morte do corpo. Uma possibilidade inconcebível, na verdade.

Um dos livros que li a respeito dos textos chegaram até nós diz que: "Quem quer que lesse um livro na Antiguidade nunca estava cem por cento seguro de que estava lendo o que o autor escrevera. Palavras podiam ter sido trocada. E, de fato, eram, mesmo que só um pouco".

E por quê? Porque "as pessoas que reproduziam textos por todo o império [romano] não eram, normalmente, aquelas que queriam ler os textos. Os copistas, em geral, reproduziam os textos para outros", sempre por encomenda.

Assim, remetendo a Orígenes, afirma o autor que muitas vezes "as diferenças entre os manuscritos se tornaram gritantes, ou pela negligência de algum copista ou pela audácia perversa de outros; ou eles descuidavam de verificar o que transcreveram ou no processo de verificação acrescentam ou apagam trechos, como mais lhes agrade".

Somos sugestionáveis! Mas, sabendo disso, não lhes parece ser mais fácil olhar para tudo e questionar se os mapas que estão nos apresentando tem alguma a coisa a ver, de fato, com a geografia do caminho que queremos trilhar ou se não serão apenas mais alguns instrumentos destinados a nos indicar a direção errada, ou uma direção que atenda somente aos interesses dos fazedores de mapas?

É claro que este comentário poderia ser muito mais extenso, dada a imensa gama de possibilidades e de questões que ele suscita. Mas deveria? O que quero com ele é apenas chamar sua atenção para o fato de que não pode ser senão por meio do Espírito Santo, do divino em nós, [alguns podem preferir chamar isso de consciência] que poderemos ter acesso à verdade a respeito de nós mesmos e do que somos de fato.

E é para isto que nos orienta a ideia das práticas desta sexta-feira, dia 22 de outubro. Pois, ainda de acordo com o livro de que falava acima, "... o único modo de entender o que um autor quer dizer é conhecer o que suas palavras - todas as suas palavras - realmente querem dizer".

Há, porém, que nos lembrarmos de que, além disso, todas as palavras estão sempre sujeitas a milhares de interpretações, que variam de acordo com o interesse, com o objetivo e com a experiência de quem quer que esteja lidando com elas. E, mesmo que venhamos a conhecer "todas as palavras" de um autor, o que elas "realmente" querem dizer está além de nossa percepção. E muitas vezes até além da percepção do próprio autor. [Lembram-se da diferença entre percepção e conhecimento?]

Qualquer um, que não o autor, pode se identificar com as palavras dele, pode concordar com o que ele diz, pode discordar e pode até mesmo entender o que ele diz como não tendo absolutamente nada a ver com a realidade de que ele fala, pelo menos não com a realidade da forma como vista por este leitor discordante.

No entanto, se emprestamos nossos ouvidos interiores ao Espírito Santo, para tentar ouvir a partir da compreensão amorosa do divino em nós, é bastante provável que cheguemos à comunicação perfeita. É bem provável que ehegemos a comungar com o(s) outro(s), partilhando o entedimento de que somos um, e de que a diversidade, em lugar de nos separar, nos une e enriquece nossa experiência dando-lhe uma variedade de matizes e cores que ela não teria em muitas circunstâncias, vistas apenas com os olhos do corpo, ouvidas apenas com os ouvidos do corpo.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Para abandonar os medos do destino dos corpos

LIÇÃO 294

Meu corpo é uma coisa inteiramente neutra.

1. Eu sou um Filho de Deus. E posso ser outra coisa também? Deus criou o mortal e o perecível? Que utilidade tem para o Filho amado de Deus aquilo que tem de morrer? E, não obstante, uma coisa neutra não percebe a morte, pois não se investe pensamentos de medo aí, tampouco se coloca um arremedo de amor sobre ela. Sua neutralidade a protege enquanto tiver uma utilidade. E, mais tarde, ela é abandonada. Ela não está doente, nem velha, nem ferida. Ela só não tem mais função, é desnecessária e é dispensada. Permite que eu não a veja como mais do que isso hoje, útil por algum tempo e própria para atender a uma necessidade, para manter sua utilidade enquanto puder ser útil e para ser substituída então por um bem maior.

2. Pai, meu corpo não pode ser Teu Filho. E aquilo que não é criado não pode ser pecador nem inocente; nem bom nem mau. Permite, então, que eu use este sonho para ajudar em Teu plano, a fim de que despertemos de todos os sonhos que fizemos.

*

COMENTÁRIO:

Em um dos grupos de estudos do UCEM das segundas-feiras, fizemos, nesta última, a leitura do texto intitulado O corpo como meio ou fim. Um texto que nos ensina a olhar para o corpo como apenas aquilo que de fato ele tem de ser - e é, na verdade - um instrumento de aprendizado, que só deve ser utilizado como um veículo de informação, de acordo com o ensinamento.

O texto nos revela que, se resolvermos acreditar, a partir da orientação do sistema de pensamento do ego, que o corpo é um fim em si mesmo, isto é, que somos o corpo e que ele é um instrumento de ataque, vamos acreditar também que "o corpo não é... a fonte de sua própria saúde". Isso vai servir para que acreditemos ainda que não somos invulneráveis.

Mas o texto afirma mais que:

"A condição do corpo depende apenas de tua interpretação da função dele. [E que] As funções são parte de ser, uma vez que elas nascem dele [de se ser], mas a relação [entre função, isto é entre 'fazer' e 'ser'] não é recíproca. [Porque] O todo define, sim, a parte, mas a parte não define o todo. No entanto, conhecer em parte é conhecer inteiramente em razão da diferença fundamental entre conhecimento e percepção. Para a percepção o todo se constrói de partes que podem ser separadas e rearranjadas em conjuntos diferentes. Mas o conhecimento não muda nunca, por isso seu conjunto é permanente. A ideia de relação entre a parte e o todo só tem significado no nível da percepção, no qual é possível a mudança. Em outra situação, não há nenhuma diferença entre a parte e o todo" [T-8.VIII.1:8-15].

É exatamente disto que trata a ideia para nossas práticas desta quinta, 20 de outubro. Não podemos embarcar na visão equivocada do ego e acreditar que o corpo tem uma função diferente ou maior do que a de ser um veículo de comunicação. Precisamos aprender a abandonar quaisquer medos que tenhamos do destino que está reservado aos corpos, como a quaisquer veículos de comunicação.

O "corpo é uma coisa inteiramente neutra" e ninguém pode querer nos ensinar a temer sua perda. É preciso, pois, que sejamos capazes de decidir, a partir do aprendizado da verdadeira função dos corpos, como nos ensina mais uma vez o jagunço Riobaldo, que:

"... enquanto houver no mundo um vivente medroso, um menino tremor, todos perigam - o contagioso. Mas ninguém tem a licença de fazer medo nos outros, ninguém tenha. O maior direito que é meu - o que quero e sobrequero -: é que ninguém tem o direito de fazer medo em mim." 

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Nossos preconceitos só nos deixam ver o passado

LIÇÃO 293

Todo o medo passou e só existe amor aqui.

1. Todo o medo passou porque sua fonte acabou e todos os seus pensamentos acabaram com ela. O amor, cuja Fonte está aqui para todo o sempre, fica sendo o único estado presente. O mundo pode parecer alegre e puro, e seguro e acolhedor, com todos os meus erros do passado a pressioná-lo e a me mostrarem formas distorcidas de medo? No presente, porém, é fácil de se reconhecer o amor, e seus efeitos são visíveis. O mundo inteiro brilha como reflexo de sua luz sagrada e eu percebo, por fim, um mundo perdoado.

2. Pai, não deixes que Teu mundo sagrado fuja de minha vista hoje. Nem deixes que meus ouvidos fiquem surdos aos hinos de gratidão que o mundo canta sob os sons do medo. Existe um mundo verdadeiro que o presente mantém a salvo de todos os erros anteriores. E eu quero ver só este mundo diante de meus olhos hoje.

*

COMENTÁRIO:

O que nos impede de seguir em frente com alegria e segurança, sem medo e sem susto, sem nem ao menos levar em conta uma única ínfima possibilidade de que qualquer coisa possa atrapalhar nossa caminhada e não nos deixar viver o Céu aqui e agora?

O passado! A crença na existência do tempo que nos dá o sistema de pensamento do ego, do mundo da ilusão e das formas.

Por que é aparentemente muito difícil, mas muito difícil mesmo, para a maioria de nós acreditar que "cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha, ir tocando em frente", como diz a letra da música a que me referi dias atrás?

Porque estamos ainda apegados a coisas que já passaram, a ideias que já se tornaram obsoletas e que já se provaram inadequadas para explicar o mundo em que vivemos, e para explicar nossa função no mundo. Porque ainda trazemos em nós as marcas de experiências que nos imobilizaram, em vez de enriquecer nossa vida como deveriam se utilizadas e entendidas de maneira adequada, quando se apresentaram. São essas marcas que nos impedem de ver e de viver no presente.

Ou algum de nós já consegue, de fato, olhar para uma pessoa que seja de suas relações ou não e ver nela o Filho de Deus muito amado tal qual Ele se apresenta agora, no momento em que olhamos para ela?

Não! Em geral, olhamos para nossos próprios pré-conceitos, ao olhar para uma pessoa que conhecemos há algum tempo, ou há muito tempo, ou que acabamos de conhecer. E olhando para nossos próprios pré-conceitos, olhamos para algo que não existe mais. Como incluir, então, o amor em nossa experiência, se tudo o que vemos é apenas o passado?

É isto que a ideia para as práticas desta quarta-feira, 20 de outubro, quer - e pode - nos ensinar.

Às práticas, pois!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A necessidade de nossa presença por inteiro

LIÇÃO 292

É certo um final feliz para todas as coisas.

1. As promessas de Deus não fazem nenhuma exceção. E Ele assegura que só se pode achar a alegria como resultado final para todas as coisas. O momento em que se chegará a este resultado, porém, depende de nós; de quanto tempo permitiremos que uma vontade estranha pareça se opor à d'Ele. E, enquanto pensarmos que essa vontade é real, não acharemos o final que Ele estabelece como resultado para todos os problemas que percebemos, para todas as provações que vemos e para cada situação com que nos deparamos. Contudo, o fim é certo. Pois a Vontade de Deus se faz na terra e no Céu. Nós vamos buscar e achar segundo a Vontade d'Ele, que assegura que se faça a nossa vontade.

2. Nós Te agradecemos, Pai, por Tua garantia de apenas resultados felizes no final. Ajuda-nos a não nos intrometermos e, assim, atrasar os finais felizes que Tu nos prometes para cada problema que podemos perceber, para cada provação que ainda pensamos ter de enfrentar.

*

COMENTÁRIO:

Se dedicarmos nossa atenção, por um momento que seja, à ideia para nossas práticas de ontem [Este é um dia de serenidade e de paz.], ou para a ideia que o Curso nos ofereceu para as práticas de domingo [Minha felicidade neste momento é tudo o que vejo.], haveremos de concluir que a ideia que vamos praticar nesta terça-feira, 19 de outubro, tem de ser verdadeira. Mais, não poderemos deixar de concluir que o Curso está certo ao afirmar que o único tempo que existe é o presente.

- Por quê? - Alguns podem se perguntar. E eu diria que o que as práticas diárias fazem é nos pôr em contato - ainda que por alguns instantes apenas - com o que somos e de que nos esquecemos a maior parte do tempo, vivendo de forma inconsciente, fazendo coisas, querendo coisas, obtendo coisas e sonhando em ter e acumular mais e mais coisas, numa busca e numa atividade desenfreadas que nos afastam cada vez mais de nós mesmos e de todos.

Ora, o contato com o que somos nos devolve, ainda que por breves instantes, a consciência do divino em nós e nos permite estar presentes por inteiro em qualquer situação que se apresente. É nossa presença por inteiro que facilita que vivamos "um dia de serenidade e de paz", ou que vejamos apenas nossa "felicidade neste momento".

E é claro que estes vislumbres e vivências do presente, do "aqui e agora", em nós mesmos, ainda que por breves instantes, insisto, podem nos dar - e dão, de fato - a certeza de que: É certo um final feliz para todas as coisas.

Vamos, pois, às práticas, oferecendo ao Pai toda a gratidão de que somos capazes pela certeza de que a Vontade d'Ele "assegura que se faça a nossa [própria] vontade", que é a mesma d'Ele.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

"Todas as coisas cooperam para o bem."


8. O que é o mundo real?

1. O mundo real é um símbolo, igual ao resto do que a percepção oferece. Contudo, ele representa o contrário daquilo que tu fizeste. Teu mundo é visto pelos olhos do medo e te traz à mente as evidências do horror. O mundo real não pode ser visto senão por olhos que o perdão abençoa, a fim de que eles vejam um mundo no qual o horror seja impossível e não se possa encontrar indícios de medo.

2. O mundo real possui uma contrapartida para cada pensamento infeliz que se reflete em teu mundo; uma compensação infalível para as cenas de medo e para os ruídos de luta que teu mundo contém. O mundo real apresenta um mundo visto de forma diferente, por olhos serenos e por uma mente em paz. Não há nada aí a não ser paz. Não se ouve nenhum grito de dor e de tristeza aí porque não fica nada fora do perdão. E as imagens são serenas. Só imagens felizes podem chegar à mente que se perdoa.

3. Que necessidade esta mente tem de pensamentos de morte, ataque e assassinato? O que ela pode perceber a sua volta a não ser segurança, amor e alegria? O que há para ela querer escolher condenar e o que há para ela querer julgar de modo desfavorável? O mundo que ela vê nasce de uma mente em paz consigo mesma. Não há nenhum perigo à espreita em nada do que ela vê, porque ela é benigna e só vê benignidade.

4. O mundo real é o símbolo de que o sonho de pecado e de culpa acabou, e de que o Filho de Deus já não dorme. Seus olhos despertos percebem o reflexo seguro do Amor de seu Pai; a garantia infalível de que ele está redimido. O mundo real indica o fim do tempo, pois a percepção dele torna o tempo inútil.

5. O Espírito Santo não tem nenhuma necessidade do tempo depois que o tempo cumpre o propósito d'Ele. Agora, Ele espera aquele único instante a mais para que Deus dê Seu passo final e o tempo desapareça, levando consigo a percepção enquanto se vai, e deixa apenas a verdade para ser ela mesma. Esse instante é nossa meta, porque ele contém a lembrança de Deus. E, quando olhamos para um mundo perdoado, é Ele Quem nos chama e vem para nos levar para casa, lembrando-nos de nossa Identidade, que nosso perdão nos devolve.

*

LIÇÃO 291

Este é um dia de serenidade e de paz.

1. Hoje a visão de Cristo olha por intermédio de mim. A visão d'Ele me apresenta todas as coisas perdoadas e em paz, e oferece esta mesma visão ao mundo. E eu aceito esta visão em seu nome, tanto para mim quanto também para o mundo. Quanta graça vemos hoje! Quanta santidade vemos à volta de nós! E podemos reconhecer que ela é uma santidade da qual compartilhamos; é a Santidade do Próprio Deus.

2. Hoje minha mente está calma para receber os Pensamentos que Tu me ofereces. E eu aceito o que vem de Ti em lugar do que vem de mim mesmo. Eu não conheço o caminho para Ti. Mas Tu és inteiramente digno de confiança. Pai, guia Teu Filho pelo caminho sereno que conduz a Ti. Permite que meu perdão seja completo e deixa que a lembrança de Ti volte para mim.

*

COMENTÁRIO:

Começamos a semana nesta segunda-feira, dia 18 de outubro, com a oitava instrução para dar unidade às práticas de nosso próximos dez dias. O tema que vai dar unidade às ideias com que vamos lidar neste período é: O que é o mundo real?

É preciso, conforme já fomos informados, que voltemos diariamente nosso olhar para esta instrução antes de cada lição, uma vez que o tema é de particular interesse, principalmente nesta época de eleições para nós brasileiros. Uma época em que as emoções e os ataques se exacerbam de parte a parte em uma batalha na qual - acredita-se equivocadamente - o vencedor vai ser capaz de oferecer ao povo uma visão do paraíso. Vai trazer justiça, equilíbrio, satisfação econômica e financeira e paz de espírito a todos ou à maioria dos brasileiros.

Ledo engano! À luz de todos os ensinamentos espirituais, não há nada fora de nós, de cada um de nós. Envolvermo-nos emocionalmente com um lado ou com outro, numa disputa eleitoral ou em qualquer tipo de disputa no mundo, de sorte a entregar as decisões e a autoridade sobre nossas vidas a um partidarismo, a uma ideologia, a uma religião, é nos iludirmos com a possibilidade de que alguém, que não nós mesmos, possa consertar aquilo que vemos equivocadamente como errado.

Lembremo-nos das quatro leis espirituais ensinadas na Índia para acalmar nossos temores, para refrear nossos julgamentos e ânimos e para aprendermos a olhar para as decisões que temos de tomar como neutras, sabendo que "todas as coisas cooperam para o bem", sabendo que não importa o que façamos - ou o que qualquer um de nós faça - em relação ao mundo aparentemente fora de nós, nada pode mudar o que somos na verdade. O mundo real só é visível para os olhos que perdoam, para os olhos que não julgam.

As quatro leis são:

1. A pessoa que vem é a certa.

2. Aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido.

3. Toda vez que você iniciar é o momento certo.

4. Quando algo termina, acaba realmente.

Podemos também nos valer dos quatro compromissos ensinados pela sabedoria tolteca:

1. Sê irrepreensivel com tua palavra.

2. Não leves nada para o lado pessoal.

3. Não faças suposições.

4. Dá sempre o melhor de ti.

Se aprendermos isto, faremos deste "um dia de serenidade e de paz", como certamente devem ser - e são - todos os dias no mundo real.

Boas práticas a todos.

domingo, 17 de outubro de 2010

Não confundir o que somos com o que queremos

LIÇÃO 290

Minha felicidade neste momento é tudo o que vejo.

1. A não ser que eu olhe para aquilo que não existe, minha felicidade neste momento é tudo o que vejo. Olhos que começam a se abrir veem, enfim. E eu quero que a visão de Cristo venha a mim neste dia mesmo. Aquilo que percebo sem a Moderação Própria de Deus para a visão que fiz é assustadore e doloroso de se ver. Porém, não vou deixar nem mais um instante que minha mente seja enganada pela crença de que o sonho que fiz é real. Este é o dia em que busco minha felicidade neste momento e não olho para mais nada a não ser para a coisa que busco.

2. Com esta decisão, venho a Ti e peço que Tua força me sustente hoje, enquanto busco fazer apenas Tua Vontade. Tu não podes deixar de me ouvir, Pai. Aquilo que pedi Tu já me dás. E estou certo de que verei minha felicidade hoje.

*

COMENTÁRIO:

Neste domingo, dia 17 de outubro, a ideia para nossas práticas busca nos ensinar a fincar pé no presente. Pois o que há para se viver fora deste momento? Se quisermos escolher o amor, só podemos fazê-lo neste momento? A partir da tomada de consciência do que somos, que também só pode se dar neste momento. Aqui e agora.

Com esta ideia podemos também voltar nossa atenção para uma das lições diárias que nos oferece Neale Donald Walsch e que diz o seguinte:

"Neste dia de tua vida, querido(a) amigo(a), acredito que Deus quer que saibas...

... que o amor não é o que tu queres, o amor é o que tu és. É muito importante não confundir estas duas coisas.

Se pensares que o amor é o que queres, irás buscá-lo em todos os lugares. Se pensares que o amor é o que tu és, vais partilhá-lo em todos os lugares. A segunda abordagem fará que encontres o que a busca nunca vai revelar.

Porém, tu não podes oferecer o amor a fim de obtê-lo. Fazer isso é a mesma coisa que dizer que agora não o tens. E esta afirmação, é claro, será tua realidade. Não, tu tens de oferecer amor porque o tens para dar. Nisto experimentarás tua própria posse dele."

Não lhes parece que é, pois, reconhecendo e aceitando ver apenas a felicidade neste momento que podemos olhar para o mundo de modo diferente, inundando-o de paz com nosso olhar amoroso?

sábado, 16 de outubro de 2010

"Cada um de nós compõe a sua história."

LIÇÃO 289

O passado acabou. Não pode me tocar.

1. A menos que o passado esteja acabado em minha mente, o mundo real tem de se esconder de minha vista. Pois não estou olhando para lugar algum de fato; vendo apenas o que não existe. Como posso perceber o mundo que o perdão oferece, então? Fez-se o passado para esconder esse mundo, pois esse é o mundo que só se pode ver agora. Ele não tem nenhum passado. Pois o que se pode perdoar senão o passado, que, se for perdoado, desaparece.

2. Pai, permite que eu não olhe para um passado que não existe. Pois Tu me ofereces Teu Próprio substituto em um mundo presente, que o passado deixa intocado e livre de pecado. Eis aqui o fim da culpa. E aqui estou pronto para Teu passo final. Devo perdir-Te que esperes mais para que Teu Filho encontre a graça que Tu planejaste para ser o fim de todos os seus sonhos e de toda a sua dor?

*

COMENTÁRIO:

A ideia que praticamos neste sábado, dia 16 de outubro, estende e complementa a da lição de ontem, tornando-a mais geral e abrangente. Mais ou menos como nos informa, e quer que aprendamos, a introdução a estes exercícios.

Vejamos: "O propósito do livro de exercícios é o de treinar tua mente de forma sistemática para uma percepção diferente de todos e de tudo no mundo. Os exercícios são planejados para te ajudar a generalizar as lições de modo que compreendas que cada uma delas é igualmente aplicável a todos e a tudo o que vês" [LE-in.4].

Há algum tempo ouvi, em um diálogo de um filme a que assisti, o seguinte: "A história de nossa vida, afinal, não é nossa vida. É apenas nossa história".

E por que me lembrei disto? Porque, se pensarmos bem, prestando bastante atenção ao fato de que cada um vê o mundo a partir de uma ótica muito particular, intransferível, veremos, compreenderemos até, e seremos capazes de juntar a ideia das práticas de hoje a esta frase do filme. E mais, aplicar a ideia a todos e a tudo.

Por exemplo: lembremo-nos de um trecho de uma das músicas de Almir Sater, que diz: "Cada um de nós compõe a sua história e cada ser, em si, carrega o dom de ser capaz, e ser feliz". A música se chama Tocando em frente e acho que vale a pena ouví-la com atenção. Abaixo um dos muitos link para uma das versões que se pode encontrar na web.

http://www.youtube.com/watch?v=ncHhIxr_jc4

Ora, se "cada um de nós compõe a sua história" e "carrega o dom de ser capaz, e ser feliz", para que precisamos do passado?

No fim-de-semana do feriado prolongado - 9 e 10 de outubro - estivemos num segundo encontro de família, em Curitiba. Um encontro de filhos, netos, bisnetos, trinetos e parentes de meus avós pelo lado materno. Um encontro que reuniu cerca de setenta pessoas para compartilhar histórias, comidas e bebidas. Para dividir a alegria de saber-se vivo, para repartir o amor e a gratidão para com todos que, de um modo ou de outro, fizeram e continuam a fazer parte e a construir a história de nossas vidas. Um encontro marcado pela alegria e pelo amor, por mais estranho e incrível que pareça.

Porém, em que família humana não casos de mágoas, de ressentimentos por coisas que aconteceram há muitos e muitos anos? Ou por coisas que ainda estão acontecendo? Em que família não há uma série de dramas pessoais, encenados por uns e outros, que precisam ser trabalhados, trazidos à consciência e superados para que a história possa seguir em frente?

Como seria, pois, um encontro desse tipo, se apenas um dos participantes se apresentasse para reavivar, em si mesmo ou nos outros, feridas, mágoas e dores, presentes ou passadas? É óbvio que o resultado não seria outro senão o da divisão, da separação e do desamor. Tudo o que não se quer em um encontro como este. O que não aconteceu em nosso caso, graças a Deus.

Tudo o que passou não existe mais. E precisamos, mais do que apenas aprender, ser gratos por isto. Daí a razão para que o Curso nos ofereça a ideia de hoje para as práticas. Porque enquanto não abandonarmos o passado, vamos carregá-lo como um fardo sobre nossos ombros. E não seremos capazes de "compreender a marcha, ir tocando em frente", lembrando ainda da música.

Perdoem-me pelo comentário tão longo, com conversas a respeito de filmes, músicas e encontros de família. Assuntos, assim, aparentemente tão desencontrados. Não posso, porém, em função disto, deixar de pensar nele, no jagunço Riobaldo, que, a certa altura da "estória", alerta seu interlocutor para seu jeito de contar, dizendo que:

"A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. De cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa... Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data."

Faz sentido?

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

É teu próprio passado que tens contra teu irmão

LIÇÃO 288

Que eu esqueça o passado de meu irmão hoje.

1. Este é o pensamento que mostra o caminho para Ti e me leva a minha meta. Eu não posso chegar a Ti sem meu irmão. E, para conhecer minha Fonte, tenho primeiro de reconhecer aquilo que Tu criaste uno comigo. É na mão do meu irmão que me guia no caminho para Ti. Os pecados dele estão no passado junto com os meus e eu estou salvo porque o passado se foi. Que eu não o acalente em meu coração ou perderei o caminho para chegar a Ti. Meu irmão é meu salvador. Que eu não ataque o salvador que Tu me dás. Mas deixa-me render homenagem a ele que carrega Teu Nome e, assim, lembrar-me de que Ele é meu próprio nome.

2. Perdoa-me, então, hoje. E saberás que me perdoas se olhares para teu irmão na luz da santidade. Ele não pode ser menos santo do que eu e tu não podes ser mais santo do que ele.

*

COMENTÁRIO:

Eis aqui, nesta sexta-feira, dia 15 de outubro, a ideia chave para abrirmos os portões do Céu. Hoje é o dia do professor, não é mesmo? E que melhor professor podemos ter do que o Espírito Santo a guiar nossos passos na direção do perdão? Pois o que é esquecer o passado de meu irmão a não ser perdoar? E perdoar o passado dele é também perdoar meu próprio passado, uma vez que tudo o que eu pensava que ele tinha feito era apenas ilusão, criada a partir de meu julgamento, a partir de minha percepção.

Vamos ilustrar isto com o que o livro texto diz:

"Os erros de teu irmão não são mais dele do que os teus são teus. Aceita os erros dele como reais e atacas a ti mesmo. Se quiseres achar o caminho e mantê-lo, vê apenas a verdade a teu lado porque vocês caminham juntos. O Espírito Santo em ti perdoa todas as coisas em ti e em teu irmão. Os erros dele são perdoados com os teus. A Expiação não é mais separada do que o amor. A Expiação não pode ser separada porque ela vem do amor. Qualquer tentativa que fazes de corrigir um irmão significa que acreditas que a correção é possível por teu intermédio, e isso só pode ser a arrogância do ego. A correção é de Deus, Que não conhece arrogância" [T-9.III.7].

Mais ainda, quando o texto nos chama para a fé, dizendo não haver "nenhum problema em nenhuma situação que a fé não resolva" [T-17.VII.2:1]. Ou, quando o Curso se refere à necessidade de que deixemos tudo a cargo do Espírito Santo, ao dizer que: "Se te falta fé em qualquer pessoa em relação ao papel que ela desempenhará e de forma perfeita em qualquer situação antecipadamente dedicada à verdade, a tua entrega está dividida" [T-17.VII.6:2].

Por fim, ao nos alertar para o fato de que enquanto acalentarmos o passado em nossos corações ainda estaremos equivocados a respeito da causa para a falta de fé, acreditando que "pensas ter contra teu irmão aquilo que ele fez contra ti. Mas, na verdade, tu o acusas pelo que tu fizeste a ele. Não é o passado dele, mas o teu, que tens contra ele. E te falta fé nele devido ao que tu foste. Entretanto, és tão inocente quanto ao que foste quanto ele" [T-17.VII.8:1-5].

Daí a necessidade de praticarmos com sinceridade a ideia da lição de hoje.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Conhecer a parte para conhecer o todo

LIÇÃO 287

Tu és minha meta, meu Pai. Só Tu.

1. Para onde eu iria, a não ser para o Céu? O que poderia ser um substituto para a felicidade? Que dádiva eu poderia preferir à paz de Deus? Que tesouro eu buscaria e acharia e conservaria que se possa comparar a minha Identidade? E prefiro viver com medo a viver com amor?

2. Tu és minha meta, meu Pai. O que, a não ser Tu, eu poderia desejar ter? Por que caminho, senão aquele que conduz a Ti, posso desejar andar? E o que, exceto e a lembrança de Ti, pode significar o fim dos sonhos e dos substitutos inúteis para a verdade? Tu és minha única meta. Teu Filho quer ser tal qual Tu o criaste. De que outra maneira a não ser esta eu poderia esperar reconhecer meu Ser e estar em harmonia com minha Identidade?

*

COMENTÁRIO:

Neste dia 14 de outubro, quinta-feira, a ideia que vamos praticar nos lembra da meta do ensinamento que o Curso nos propõe, qual seja: o autoconhecimento. Pois como o próprio texto afirma, a parte não é diferente do todo. Isto é, a parte é apenas uma das infinitas possibilidades de expressão do todo. E para conhecer o todo basta simplesmente que conheçamos por inteiro uma de suas partes. Isto é o mesmo que dizer que, ao nos conhecermos por completo, conheceremos Deus. Teremos, então, alcançado a meta a que nos propusemos, quando aceitamos caminhar na direção que o Curso nos orienta.

Lembrando do comentário que fiz para a reflexão a respeito da ideia para as práticas da lição de ontem, vale perguntar mais uma vez: será que algum de nós acredita que há alguma outra coisa para se conhecer ou desejar depois de conhecermos Deus? Existirá alguma outra meta além d'Ele? Na verdade, é preciso que pensemos muito seriamente a respeito do que queremos. Pois a Vontade de Deus para nós é apenas a alegria e a paz completas, que são nosso estado natural.

Reconhecer que nossa meta é chegar ao Pai, e conhecê-Lo, é reconhecer a busca do autoconhecimento como o modo de conhecer Deus. E reconhecer também que não existem outras metas a que possamos dar valor. É também reconhecer que, uma vez estabelecida e aceita, esta meta nos oferece tudo aquilo de que precisamos. Pois é ela que nos permite compreender e aceitar que ainda somos como Deus nos criou e que estamos no Céu, de onde nunca saímos.

Por fim, é sempre bom nos lembrarmos de que, como já citei antes, de acordo com O Livro de Mirdad:

Deus não vos dotou de nenhuma fração de Si - pois Ele é indivisível; mas de toda a sua divindade, indivisível, impronunciável, Ele vos dotou a vós todos. A que maior herança podeis aspirar? E que ou o que vos impede de vos apossardes dela senão a vossa própria timidez e cegueira?

Isto vale também para refletirmos acerca dos limites que nossas crenças, muitas vezes equivocadas, nos impõem.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O livre arbítrio mais uma vez

LIÇÃO 286

O silêncio do Céu preenche meu coração hoje.

1. Pai, quão sereno é este dia! Com que tranquilidade todas as coisas encontram seu lugar. Este é o dia escolhido como o momento em que venho a compreender a lição de que não há necessidade de que eu faça nada. Todas as escolhas já estão feitas em Ti. Todos os conflitos já estão resolvidos em Ti. Em Ti, tudo o que espero achar já me foi dado. Tua paz é minha. Meu coração está em paz e minha mente descansa. Teu Amor é o Céu e Teu Amor é meu.

2. A serenidade deste dia vai nos dar a confiança de que achamos o caminho e de que já fomos longe nele em direção a uma meta inteiramente certa. Hoje não duvidaremos do final que o Próprio Deus nos assegura. Confiamos n'Ele e em nosso Ser, Que ainda é um com Ele.

*

COMENTÁRIO:

Ora, alguns dirão, e onde fica então o livre arbítrio, se "todas as escolhas já estão feitas" em Deus? Se vocês, em certa medida, tiverem sido estudantes aplicados durante este ano de práticas, vão lembrar de algumas lições lá do início que tratam de nossa função neste mundo e da relação dela com o plano de Deus para a salvação. E, se lembrarem disto, hão de lembrar também daquela lição que diz que Só o plano de Deus para a salvação funcionará.

Ora, tudo o que pensamos a respeito do mundo, a respeito do que somos, a respeito do que Deus é e acerca de nosso relacionamento com o mundo, com nós mesmos e com Deus é apenas uma interpretação que se baseia na percepção, que varia tanto quanto muda a direção para que voltamos nosso olhar, ou quanto mudam os objetos aos quais dirigimos nossa atenção. Quem está preocupado com o livre arbítrio? Quem se sente ameaçado com a informação de que "todas as escolhas já estão feitas"? É o Ser que somos na unidade com Deus? Ou será o ego que treme de medo ante a possibilidade de que compreendamos a fragilidade de sua posição, ao descobrirmos que não temos necessidade dele?

Conforme já apontei aqui anteriormente, Jung disse que "livre arbítrio é a capacidade de fazer com alegria aquilo que eu devo fazer". Isto é o mesmo que dizer, de acordo com o ensinamento do Curso, que nós só podemos escolher na ilusão de que somos capazes fazer escolhas. Não somos! É o ego que quer nos levar a pensar que somos, que podemos escolher, confiando em sua orientação. E, se pensarmos bem, sendo o mais honestos possível, vamos reconhecer que quase todas, se não todas, as vezes que escolhemos a partir da orientação do ego, os resultados foram desastrosos. No sentido de que quase nunca nos levaram à alegria ou à paz de espírito.

Por isso, neste dia 13 de outubro, quarta-feira, vamos praticar a ideia que o Curso nos oferece e permitir que o silêncio do Céu preencha nosso coração. Para aprendermos que, se fizermos a única escolha que nos cabe fazer, podemos viver o Céu, que é o Amor de Deus e saber que o Amor d'Ele é nosso. Esta escolha é a que nos garante, sim, o livre arbítrio, pois é escolher apenas Deus como nossa meta. Ou alguém acha que escolhendo Deus ainda há mais alguma escolha a se fazer?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Redescobrir na santidade o estado natural

LIÇÃO 285

Hoje minha santidade brilha luminosa e pura.

1. Desperto com alegria hoje, esperando que apenas as coisas benditas de Deus venham a mim. Peço que só elas venham, e percebo claramente que meu convite será aceito pelos pensamentos ao quais ele foi enviado por mim. E pedirei somente coisas alegres no momento em que eu aceitar minha santidade. Pois qual seria a utilidade da dor para mim, a que propósito serviria meu sofrimento e de que forma a tristeza e a perda me beneficiariam, se a insanidade se afastar de mim e eu aceitar minha santidade em lugar dela?

2. Pai, minha santidade é Tua. Que eu me alegre nela e seja devolvido à sanidade por seu intermédio. Teu Filho ainda é tal como Tu o criaste. Minha santidade é parte de mim e parte de Ti também. E o que pode mudar a Própria Santidade?

*

COMENTÁRIO:

Mais uma vez vou recorrer ao livro Normose, no qual Roberto Crema nos dá uma definição de santidade, de ser santo, diferente daquela à qual fomos e ainda estamos acostumados a aceitar, e que pensa no santo como um ser divinamente perfeito com auréola e, quem sabe?, asas que lhe permitem até flutuar acima dos "mortais" comuns como nós. E, se não asas, uma capacidade particular para desafiar a lei da gravidade.

Em meu modo de ver, a santidade de que fala o Curso é a mesma da qual Jesus falava ao dizer: "Sede santos, assim como vosso Pai no Céu é santo." A santidade é nosso estado natural em Deus. E é desta mesma santidade que nos fala Crema ao dizer que:

"... a santidade [sinônimo de plenitude] não é um privilégio de poucos; é uma responsabilidade de todos nós. Ser santo é ser inteiro, é ser simples, é ser transparente. É ser tudo aquilo que realmente somos. É uma conquista do processo de individuação, da travessia das sombras rumo ao ser, processo que jamais termina e que começa com o primeiro passo neste labirinto de nós mesmos."

Assim, diferentemente do que costumamos pensar, santidade não tem nada a ver com "carolice" e nem tem de ser motivo de zombaria, como já disse aqui, nem sofre a pressão da sociedade [do ego] que faz força para o indivíduo [dito "santo" ou "santinho" em tom de pouco caso ou ironia] contrariar a si mesmo e àquilo em que acredita, fazendo alguma coisa da qual ele tenha consciência de que os resultados só vão afastá-lo da alegria, tirar-lhe a paz de espírito e separá-lo do amor, mergulhando-o no medo.

Vamos, portanto, nesta terça-feira, dia 12 de outubro, praticar uma ideia que pode nos fazer redescobrir, na santidade, nosso estado natural. E se alguém, por curiosidade, quiser ver os comentários e lições em que me vali do conceito de santidade oferecido por Roberto Crema pode ir às postagens de 27 de fevereiro, 02 de setembro e 27 de setembro do ano passado [2009].

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Uma reafirmação de nosso livre arbítrio

LIÇÃO 284

Posso escolher mudar todos os pensamentos que ferem.

1. A perda não é perda quando percebida de forma correta. A dor é impossível. Não há absolutamente nenhuma aflição que tenha algum motivo. E qualquer tipo de sofrimento não é nada a não ser um sonho. Esta é a verdade, primeiro para ser dita apenas e, em seguida, repetida muitas vezes; e depois para ser aceita apenas como parcialmente verdadeira, com muitas reservas. Para, mais tarde, ser refletida mais e mais seriamente e para ser, finalmente, aceita como a verdade. Eu posso escolher mudar todos os pensamentos que ferem. E quero ir além destas palavras hoje, e além de todas as reservas, para chegar à aceitação plena da verdade nelas.

2. Pai, aquilo que Tu dás não pode ferir, por isso tristeza e dor têm de ser impossíveis. Permite que eu não deixe de confiar em Ti hoje, aceitando apenas o que é alegre como Tuas dádivas, aceitando apenas o que é alegre como a verdade.

*

COMENTÁRIO:

Mais uma vez, nesta segunda-feira, dia 11 de outubro, o Curso nos oferece uma ideia que reafirma a liberdade que temos para escolher de que maneira queremos conduzir as experiências que vão se apresentar em nossa vida, isto é uma reafirmação de nosso livre arbítrio.

Podemos, como já aprendemos, escolher considerar todas as pessoas, coisas e situações do mundo neutras, bem como o próprio mundo, o que é verdade, ou podemos escolher atribuir a cada pessoa, coisa ou situação que se nos apresente diferentes rótulos, a partir do valor que queremos dar, considerando cada pessoa, coisa ou situação como algo separado, dissociado de nossa própria experiência. Vendo pessoas, coisas e situações apenas como externas a nós e não como reflexos de nossas escolhas.

Importante é notar que o Curso nos convida a refletir a respeito da ideia para nossas práticas de forma bem específica, aconselhando-nos primeiro a apenas dizer a ideia, isto é, a pronunciá-la em silêncio, ou em voz alta, para nós mesmos, para só então nos convidar a repetí-la vezes sem conta para aceitá-la como parcialmente verdadeira, com muitas reservas.

É claro que vamos avaliar o que sentimos a partir destas práticas.  E, se formos muito, mas muito honestos para com nós mesmos, lembrando-nos de situações por que passamos anteriormente, dor, sofrimento, pesar, aflição, angústia - que já passaram -, vamos poder acessar em nossa consciência aquele momento em que tomamos a decisão de encerrar uma ou mais destas situações. E aprenderemos que foi, de fato, nossa decisão de pôr um fim a ela, ou elas, que permitiu que ela, ou elas, deixasse de existir e que nos permitiu seguir em frente.

O resultado deste processo será, necessariamente, por fim, a escolha de irmos além das palavras e além de todas as reservas para chegarmos à aceitação plena da verdade da ideia que praticamos hoje. A menos que nos furtemos de tomar a decisão.

Às práticas, pois. Embora...

domingo, 10 de outubro de 2010

"Deus é amor e quem ama permanece em Deus."

LIÇÃO 283

Minha Identidade verdadeira permanece em Ti.

1. Pai, eu inventei uma imagem de mim mesmo e é a ela que chamo de Filho de Deus. Porém, a criação é como sempre foi, pois Tua criação é imutável. Que eu não adore ídolos. Eu sou aquele a quem meu Pai ama. Minha identidade continua a ser a luz do Céu e o Amor de Deus. Aquilo que Tu amas não está seguro? A luz do Céu não infinita? Se Tu criaste tudo o que existe, Teu Filho não é minha Identidade verdadeira?

2. Agora somos um só na Identidade compartilhada com Deus, nosso Pai, como nossa única Fonte, e todas as coisas criadas como parte de nós. E, por isso, oferecemos bênçãos a todas as coisas, unindo-nos amorosamente ao mundo, que nosso perdão torna um conosco.

*

COMENTÁRIO:

Vamos falar do amor neste domingo, dia 10 de outubro, para estender nossa reflexão acerca da ideia que o Curso nos oferece para as práticas?

O amor é nossa verdadeira identidade. É ele o caminho que precisamos escolher se quisermos viver a vida eterna em todos os momentos de nossa vida.

Pois vejam o que diz Carol Gilligan, em seu livro O Nascimento do Prazer:

"Talvez o amor seja como a chuva. Às vezes suave, às vezes torrencial, que inunda, desgosta, quieta e constante, que enche a terra e se acumula em fontes ocultas. Quando chove, quando amamos, surge mais vida. Logo, dizer, como disse Moisés ao descer do Sinai, que há duas vias, uma que leva à vida e outra, à morte, e portanto escolhamos a vida, isso quer dizer de fato: escolhamos o amor. Mas qual é o caminho?"

Ora, como já disse acima, se escolhemos o amor, o próprio amor é o caminho. As dificuldades que podem se apresentar se referem apenas aos momentos em que, com certeza, vamos nos esquecer da decisão tomada e vamos, iludidos pelo ego, confundir o amor com outras coisas.

A fala de Gilligan, porém, me lembrou de uma música de algum tempo atrás, intitulada Perhaps Love [Talvez Amor], escrita pelo cantor John Denver e interpretada em uma gravação antológica pelo próprio Denver e pelo tenor Plácido Domingo. A letra, em tradução livre, diz mais ou menos o seguinte:

"Talvez o amor seja como um lugar de descanso, um abrigo para a tempestade. Ele existe para te oferecer conforto, está aí para te manter aquecido. E, naqueles momentos de turbulências, quando estás muito só, a lembrança do amor te trará para casa./ Talvez o amor seja como uma janela, talvez uma porta aberta, ele te convida a vir mais perto, que te mostrar mais. E mesmo que tu te percas e não saibas o que fazer, a lembrança do amor vai ver através de ti./ Oh, o amor para alguns é como uma nuvem, para outros tão forte quanto o aço, para alguns um modo de viver, para outros um modo de sentir. E alguns dizem que o amor é segurar-se, e alguns que é abandonar-se, e alguns dizem que o amor é tudo e outros dizem não saber./ Talvez o amor seja como o oceano, cheio de conflitos, cheio de dor, como um fogo, quando está frio lá fora, trovoada quando chove. Se eu tiver de viver para sempre e todos os meus sonhos se tornarem realidade, minhas lembranças do amor serão de Ti."

Acho que vale a pena ouvir a música e ver as imagens no link abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=3YnfCH7LNcM

Isto me lembra também de outra música. Esta cantada na Igreja em algumas missas aos domingo, que afirmava: "Deus é amor é quem ama permanece em Deus". Não lhes parece que isso tudo reassegura nossa Identidade verdadeira?

sábado, 9 de outubro de 2010

Trilhões vivendo um estado de felicidade perpétua

LIÇÃO 282

Hoje eu não terei medo do amor.

1. Se eu pudesse hoje perceber apenas isso de forma clara, a salvação para todo o mundo seria alcançada. Esta, a decisão de não ser insano e de me aceitar como o Próprio Deus, meu Pai e minha Fonte, me criou. Esta, a decisão de não ficar adormecido em sonhos de morte, enquanto a verdade permanece viva para sempre na alegria do amor. E esta, a escolha de reconhecer o Ser a Quem Deus criou como o Filho que Ele ama e Que continua a ser minha única Identidade.

2. Pai, Teu Nome é Amor e, por isso, o meu também. Esta é a verdade. E pode-se mudar a verdade dando-lhe outro nome simplesmente? O nome do medo é apenas um equívoco. Que eu não tenha medo da verdade hoje.

*

COMENTÁRIO:

Falei-lhes há pouco do livro Prisões que Escolhemos para Viver, da escritora Doris Lessing. Volto a ela em função da ideia que o Curso nos oferece para as práticas deste sábado, dia 9 de outubro. Uma ideia, cujas práticas podem nos levar a compreender o quanto ainda não sabemos a respeito de nós mesmos, apesar de todos os avanços da Ciência nas últimas décadas. Não porque não tenhamos recebido muitas das informações, mas apenas porque nos recusamos a considerá-las como instrumentos que podem nos levar a modificar os comportamentos que nos afastam da harmonia e da unidade.

À época em que Lessing proferiu as cinco palestras que compõem o livro, em 1985, ela já falava das conquistas da Ciência e de como lidamos com elas. Vejam o que ela diz:

"... As pessoas, em grupo (...) tendem a se comportar de maneira estereotipada e previsível. (...) Devemos levar isso em conta e observar nosso comportamento para que possamos controlar a sociedade, ao invés de sermos controlados por ela. (...) Vejam bem, não parece suficiente saber como as coisas tendem a acontecer. (...) Cada vez mais obtemos informações que possibilitam, se nos utilizarmos delas, a compreensão do que nos acontece nas mais variadas situações. Ainda assim, certas pessoas [um número muito grande delas] desconsideram essa nova conquista científica..."

Na última terça-feira, durante o encontro do grupo de estudos, comentei alguns trechos do livro A Biologia da Crença, de Bruce H. Lipton, do qual já falei aqui também. Trechos em que as conclusões dele, Bruce, se aproximam do ensinamento que o Curso nos oferece. Trechos que, de certa forma, corroboram para a compreensão de que somos todos partes de um todo único, no qual nenhuma das partes é mais ou menos importante do que outra. Um todo no qual cada parte tem uma função essencial a cumprir para tornar possível  a convivência de todos em harmonia.

Vejam o que Lipton diz no epílogo do livro:

"Imagine uma população de trilhões de indivíduos vivendo sob o mesmo teto em estado de felicidade perpétua. Sim, essa comunidade existe e se chama corpo humano saudável. Obviamente as comunidades celulares trabalham melhor que as humanas. Nelas não há 'mendigos' ou células discriminadas. A menos, claro, que a comunidade esteja em desarmonia, o que faz com que algumas delas deixem de cooperar com as outras. O câncer é um exemplo disso."

O julgamento não é, pois, o "câncer" de nossos relacionamentos todos? E sem ele não será possível vivermos um estado de felicidade perpétua? Isso serve também para que paremos para refletir a respeito do que fazemos com as informações que recebemos e que podem nos auxiliar a compreender "o que nos acontece nas mais variadas situações", conforme dizia Lessing no início deste comentário. Para que tomemos consciência de que podemos, sim, mudar o que é necessário mudar. Mas apenas se estivermos dispostos a fazê-lo.

O amor é a verdade a nosso respeito. E já aprendemos que a verdade nos libertará. Pratiquemos, pois, hoje pelo menos, não ter medo do amor, para experimentarmos a liberdade que a verdade nos trará.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Para abandonar o auto-exilio que nos impusemos


7. O que é o Espírito Santo?

1. O Espírito Santo se interpõe entre as ilusões e a verdade. Uma vez que Ele tem de construir uma ponte sobre a brecha entre a realidade e os sonhos, a percepção leva ao conhecimento por meio da Graça que Deus dá a Ele para ser Sua dádiva a todos que se voltarem para Ele em busca da verdade. Do outro lado da ponte que Ele provê, todos os sonhos são levados à verdade, para serem dissipados diante da luz do conhecimento. Descartam-se aí, para sempre, cenas e sons. E, aonde eles eram percebidos anterioremente, o perdão torna possível o final tranquilo da percepção.

2. É apenas este fim dos sonhos que a meta do ensinamento do Espírito Santo estabelece. Pois, diferenete de testemunhas do medo, cenas e sons têm de ser transformados em testemunhas do amor. E, quando isso se realizar inteiramente, o aprendizado atinge a única meta que tem na verdade. Pois o aprendizado se torna o meio para ir além de si mesmo a fim de ser substituído pela verdade eterna, à medida que o Espírito Santo o guia na direção do resultado que Ele vê para o aprendizado.

3. Se ao menos soubesses o quanto teu Pai anseia que reconheças tua inocência, não permitirias que a Voz d'Ele apelasse em vão, nem rejeitarias Seu substituto para as imagens e sonhos assustadores que fizeste. O Espírito Santo compreende os meios que fizeste, pelos quais queres alcançar o que é inalcançável para sempre. E, se os ofereceres a Ele, Ele utilizará os meios que fizeste em defesa do exílio para devolver tua mente ao lugar em que ela verdadeiramente se sente em casa. O Espírito Santo, desde o conhecimento onde Ele foi colocado por Deus, te chama para que deixes o perdão descansar sobre teus sonhos, para seres devolvido à sanidade e à paz de espírito. Sem o perdão, teus sonhos continuarão a te aterrorizar. E a lembrança de todo Amor de teu Pai não voltará para assinalar que o fim dos sonhos chegou.

5. Aceita a dádiva de teu Pai. Ela é um Chamado do Amor para o Amor , a fim de que o Amor seja apenas Ele Mesmo. A dádiva d'Ele é o Espírito Santo, por meio do qual a paz do Céu é devolvida ao Filho amado de Deus. Tu te recusarias a aceitar a função de completar Deus, se tudo o que Ele deseja é que tus sejas completo?

*

LIÇÃO 281

Nada pode me ferir, a não ser meus pensamentos.

1. Pai, Teu Filho é perfeito. Quando penso estar ferido de alguma forma, é porque me esqueci de quem sou e de que sou tal como Tu me criaste. Teus Pensamentos só podem me trazer felicidade. Se alguma vez estou triste ou ferido ou doente, esqueci o que Tu pensas e pus minhas ideias insignificantes e inúteis no lugar que pertence a Teus Pensamentos e aonde eles estão. Nada pode me ferir, a não ser meus pensamentos. Os Pensamentos que tenho Contigo são verdadeiros.

2. Não vou ferir a mim mesmo hoje. Pois estou muito além de qualquer dor. Meu Pai me pôs em segurança no Céu e vela por mim. E eu não quero atacar o Filho que Ele ama, porque também me cabe amar o que Ele ama.

*

COMENTÁRIO:

Nesta sexta-feira, dia 8 de outubro, chegamos à sétima das instruções específicas para as práticas das lições desta segunda parte do Livro de Exercícios: o tema que vai orientar nossas práticas de hoje em diante. Esta instrução é: O que é o Espírito Santo? E acho que todos lembram que o livro nos orienta a voltar a ela diariamente antes das práticas com a ideia de cada dia. Assim, teremos, nestes próximos dez dias, a oportunidade de nos familiarizarmos com o Espírito em nós. Poderemos, quiçá, reconhecê-Lo e aceitá-Lo como nosso Guia. A dádiva de Deus para cada um de nós, o meio para termos de volta e para experimentar em nós a paz do Ceú mais uma vez.

O Espírito Santo é o meio pelo qual podemos abandonar a percepção equivocada do ego, que só nos oferece ilusão e sonho. É também Ele que nos pode devolver à consciência o reconhecimento de nossa inocência, para abandonarmos o auto-exílio que nos impusemos como forma de punir e expiar uma culpa que nunca tivemos, não temos e nem teremos jamais.

E é, enfim, o Espírito Santo, na condição de mensageiro do Amor de Deus, que nos permite oferecer e aceitar o perdão a todos os sonhos para voltarmos à sanidade e para que experimentemos a paz de espírito mais uma vez e definitivamente.

Há modo melhor de se aprender isto do que a prática e o entendimento da ideia que o Curso nos oferece na lição de hoje? Se praticarmos da forma devida, vamos compreender verdadeiramente [e lembrem-se de que compreender é aceitar] que nada nos pode ferir, a não ser nossos pensamentos. Se já aprendemos que somos nós que governamos nossos pensamentos [vide Lição 253], deve ficar extremamente fácil, então, escolher os pensamentos que queremos ter a partir desta lição. Ou não?

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

São os limites que nos assustam, ou a liberdade?

LIÇÃO 280

Que limites posso impor ao Filho de Deus?

1. Aquele Que Deus criou sem limites é livre. Posso inventar uma prisão para ele, mas só em ilusões, não na verdade. Nenhum Pensamento de Deus deixa a Mente de Seu Pai. Nenhum Pensamento de Deus não é nada a não ser puro para sempre. Posso impor limites ao Filho de Deus, cujo Pai quis que ele seja sem limites e igual a Si Mesmo em liberdade e em amor?

2. Deixa-me render homenangem a Teu Filho hoje, pois assim encontro o caminho para Ti. Pai, não imponho nenhum limite ao Filho que Tu amas e que criaste sem limites. O louvor que ofereço a ele é Teu e o que é Teu também pertence a mim.

*

COMENTÁRIO:

Não há limites para  o que podemos fazer em Deus, com Ele. E vivemos e nos movemos n'Ele. No entanto, a maior parte do tempo parece-nos que somos limitados, frágeis e indefesos seres que habitam um corpo fadado à deterioração e à morte. Por que razão acreditamos nisto? Há como mudar esta crença? Queremos mudá-la de fato? Ou já estamos tão acostumados a ela que a possibilidade de mudança nos incute medo? Estaremos já tão habituados aos limites que aparentemente nos impomos que a ideia de mudança pressupõe um esforço que não estamos dispostos a fazer? Aceitamos já por inteiro o transe? Aceitamos já de forma incondicional o conforto da acomodação, a ponto de nos assustar a ideia de abandoná-la?

A escritora britânica Doris Lessing tem um livro intitulado Prisões que Escolhemos para Viver, no qual afirma que "todos nós, em certo grau, sofremos lavagem cerebral, efetuada pela sociedade em que vivemos. E verificamos esse fato [dentre outras maneiras] quando viajamos para outro país e somos capazes de enxergar o nosso com os olhos de um estrangeiro. Não há muito o que fazer a esse respeito, a não ser constatar que é assim que as coisas funcionam. Cada um de nós é parte de grandes e confortadoras ilusões forjadas pela sociedade para manter sua própria auto-confiança".

Lembrando-nos, no entanto, de uma passagem do livro, podemos dizer que "isto não precisa ser assim". Basta nos decidirmos a olhar para o mundo de modo diferente.

Porém, o que acontece, em geral, é que, na verdade, a ideia de liberdade nos assusta mais do que as prisões e os limites a que nos sujeitamos. Aliás, Marianne Williamsom, em seu livro Um Retorno ao Amor, diz isto de forma clara e cristalina ao afirmar, como já citei antes, que "o medo mais profundo que abrigamos no peito não tem nada a ver com o fato de sermos medíocres [limitados]. Nosso medo mais profundo é o de que sejamos poderosos para além de todas as medidas. É nossa luz, não nossa escuridão, o que mais nos assusta. Nós nos perguntamos: 'Quem sou eu para ser brilhante, maravilhoso, talentoso, fabuloso?' Na verdade, quem és para não sê-lo? Tu és um filho de Deus. Fingir-se pequeno não serve de nada ao mundo. Não é uma atitude esclarecida encolher-se para que outros não se sintam inseguros a tua volta. Fomos todos feitos para brilhar, como as crianças brilham. Nascemos para tornar manifesta a glória de Deus, que está dentro de nós. Não apenas em alguns de nós; em todos nós. E, quando deixamos que nossa luz brilhe, inconscientemente damos permissão para que os outros façam o mesmo. À medida que nos libertamos de nossos medos [e limites], nossa presença libera os demais automaticamente".

Tomara que as práticas desta quinta-feira, dia 7 de outubro, sirvam para que, mesmo que durante uns breves instantes, aprendamos a trazer à consciência alguns dos limites que aceitamos e aos quais nos sujeitamos, acreditando-os verdadeiros e imaginando que a realidade é apenas esta ilusão que vemos e ajudamos a construir todos os dias com nossos pensamentos equivocados.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A liberdade para escolher o que queremos viver

LIÇÃO 279

A liberdade da criação garante minha própria liberdade.

1. O fim dos sonhos está garantido para mim, porque o Filho de Deus não fica abandonado pelo Amor d'Ele. Somente nos sonhos existe um momento em que ele parece estar na prisão e esperar por uma liberdade futura, se ela existir de alguma forma. Na realidade, porém, seus sonhos acabaram com a verdade estabelecida no lugar deles. E agora a liberdade já é dele. Devo esperar a liberação preso a correntes que já foram cortadas, se Deus me oferece a liberdade agora?

2. Aceitarei tuas promessas hoje e depositarei minha fé nelas. Meu Pai ama o Filho Que Ele criou como Seu Próprio Filho. Tu me negarias as dádivas que me deste?

*

COMENTÁRIO:

Vocês ainda lembram que é preciso que voltemos diariamente nosso olhar para a sexta instrução, O que é o Cristo?, que recebemos junto com estas lições que começaram na de número 271, não?

Neste dia 6 de outubro, quarta-feira, estamos quase encerrando mais um destes períodos de prática. E a ideia que se apresenta para o nosso treino está diretamente relacionada à ideia de que somos livres, porque toda a criação é livre para se exprimir. E e nela que podemos perceber o reflexo de nossa própria liberdade. Mesmo quando nos parece que as coisas se apresentam a nós, independentemente de nossa escolha. Isto não é verdade.

Apenas para nos lembrarmos mais uma vez da lição 253:

 "É impossível que qualquer coisa não solicitada por mim mesmo venha a mim. Mesmo neste mundo, sou eu que governo meu destino. Aquilo que eu desejo é o que acontece. O que não acontece é aquilo que eu não quero que aconteça."

E é isto, por incrível que pareça, que diz também um livro que leio no momento, A Biologia da Crença, de Bruce H. Lipton. Diz ele que:

"... o controle de nossa vida não depende de sorte ou das características [genéticas] estabelecidas no momento da concepção, mas sim de nós mesmos. Somos os senhores de nossa biologia [assim como de tudo o que nos cerca]; administradores do programa de processamento. Temos a capacidade de editar os dados que entram em nosso biocomputador, assim como todas as palavras que são digitadas."

Se agora, depois da Física, até a Biologia nos garante o livre arbítrio, isto não é a confirmação de que, de fato, em todos os sentidos, somos livres para escolher quaisquer experiências que queiramos viver neste mundo e em qualquer mundo que queiramos inventar para nós?

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Escolhendo aprender a afinar o instrumento

LIÇÃO 278

Se eu for limitado, meu Pai não é livre.

1. Se eu aceitar que sou prisioneiro em um corpo, em um mundo no qual todas as coisas que aparentam viver parecem morrer, então, meu Pai é prisioneiro comigo. E é nisto que acredito quando afirmo que tenho de obedecer às leis que o mundo obedece; que as fragilidades e os pecados que percebo são reais e não se pode fugir deles. Se eu for limitado de qualquer modo, não conheço meu Pai nem meu Ser. E estou perdido para toda realidade. Pois a verdade é livre, e aquilo que é limitado não é uma parte da verdade.

2. Pai, não peço nada senão a verdade. Tenho muitos pensamentos tolos acerca de mim mesmo e de minha criação, e trago um sonho de medo em minha mente. Hoje não quero sonhar. Escolho o caminho para Ti em lugar da loucura e em vez do medo. Pois a verdade é segura e só o amor é certo.

*

COMENTÁRIO:

Pois não é que o jagunço insiste em dar o ar de sua graça? Vejam o que ele diz a certa altura do livro Grande Sertão: Veredas, e que pode servir para nossa reflexão acerca da ideia para as práticas desta terça-feira, dia 5 de outubro.

"... o demônio não existe real. Deus é que deixa se afinar à vontade o instrumento, até que chegue a hora de se dansar*. Travessia, Deus no meio..."

Isto é, o ego não existe realmente. Wei Wu Wei também afirma a mesma coisa com palavras diferentes. Diz ele: "nós não possuímos um ego. Estamos possuídos pela ideia de um". Por isso, quando acreditamos que qualquer coisa fora de nós pode nos atingir, fazer sofrer, trazer dor ou alegria, estamos apenas inconscientes das escolhas que fizemos. Ainda estamos afinando o instrumento à espera da hora de dançar. Ainda estamos na travessia. E, com certeza, Deus está conosco.

O jagunço comenta em outro ponto, ainda a este mesmo respeito, que: "Os morcegos não escolheram de ser tão feios tão frios - bastou só que tivessem escolhido de esvoaçar na sombra da noite e chupar sangue. Deus nunca desmente. O diabo é sem parar."

Em que queremos acreditar? No julgamento que fazemos das coisas, sob a orientação do ego, limitando-as a uma aparência que não reflete a pureza, a alegria e a vida que recebemos de Deus, ou na possibilidade de que tenhamos, sim, a escolha de afinar o instrumento para entoar a melodia em nosso próprio tom, em sintonia com o amor ilimitado de Deus? Se vocês ainda se recordam do que a Anna dizia, hão de se lembrar de que "Deus só diz sim". Por isso Ele nunca desmente. E o ego é que é sem parar.

Ou vocês não sentem nenhuma dificuldade para calar os pensamentos, os julgamentos, para aquietar a mente e deixar que o silêncio de Deus a preencha?

Para terminar este comentário, não há como não citar a sabedoria simples do jagunço Riobaldo, que afirma:

"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende."

* A grafia da palavra é escolha do próprio Guimarães Rosa.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Alegria: o vislumbre mais sincero do paraíso

LIÇÃO 277

Que eu não limite Teu Filho a leis que inventei.

1. Teu Filho é livre, meu Pai. Que eu não imagine que o prendo às leis que invento para dominar o corpo. Ele não está sujeito a nenhuma das leis que inventei, pelas quais tento tornar o corpo mais seguro. Ele não muda a partir daquilo que é mutável. Ele não é escravo de nenhuma das leis do tempo. Ele é tal como Tu o criaste, porque não conhece nenhuma lei a não ser a do amor.

2. Não vamos adorar ídolos, nem acreditar em qualquer lei que a idolatria quer inventar para esconder a liberdade do Filho de Deus. Ele não está limitado senão por suas crenças. O que ele é, porém, está muito além de sua fé em escravidaão ou liberdade. Ele é livre porque é Filho de seu Pai. E não pode ser limitado a menos que a verdade de Deus possa mentir e Deus possa querer enganar a Si Mesmo.

*

COMENTÁRIO:

Este dia 4 de outubro, nesta ano uma segunda-feira, é o dia consagrado a Francisco de Assis e, como já lhes disse antes, Francisco é, até hoje, exemplo de compromisso com a verdade e a vida, com o Ser, (re)-descoberto em si mesmo em sua juventude, Ser a Quem se manteve fiel até o fim de seus dias neste mundo.

Há inúmeros registros em muitos livros de histórias a respeito de Francisco e da alegria que brotava naturalmente de sua fé e de sua entrega ao espírito. Um desses livros revela que ele dizia que "o remédio mais seguro contra as centenas de armadilhas e artifícios do inimigo é a alegria espiritual".

Para Sherwood Wirt, citado no mesmo livro: "O universo não é uma variedade aleatória de átomos e esferas flamejantes girando e turbilhonando num espaço vazio, rumo à destruição. Ao contrário, é uma sinfonia de ritmo e harmonia que expressa o prazer de seu Criador. A alegria divina foi e é a razão primordial de sua existência. E, pode-se acrescentar, da nossa também".

A ideia para nossas práticas de hoje, sem dúvida, pode nos pôr em contato com a alegria que Deus quer completa para nós, expressão de Sua Própria Alegria. Pois quando abrimos mão das tentativas de limitar o Filho de Deus, em nós e no próximo, às leis sem sentido de que resultou toda a ilusão que vivemos, receberemos de volta o Sopro Divino que nos devolverá a alegria que "expressa o prazer" do Criador em suas criaturas.

O poeta John Donne disse que "a alegria verdadeira é o vislumbre mais sincero que temos do paraíso, é um tesouro da alma, e, portanto, deveria ser guardada num lugar seguro, e nenhum lugar deste mundo é seguro o bastante para guardá-la".

Elevemos, portanto, nossos corações e mentes em nossas práticas, entregando a Deus nossa alegria por aprendermos a retirar do Filho de Deus toda a carga dos limites que impusemos a ele com as leis que inventamos para preservar o corpo. E sejamos gratos por começar mais este dia com os pensamentos abertos à alegria de Deus. Aprendamos também a encerrá-lo com uma prece de gratidão por tudo o que vivemos durante o dia.