sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Vamos nos decidir a dar o melhor de nós em 2016?


INTRODUÇÃO

1, Um fundamento teórico como o que o texto oferece é necessário como uma estrutura para tornar os exercícios significativos. Contudo, é fazer os exercícios que tornará possível a meta do curso. Uma mente não-treinada não pode realizar nada. O objetivo deste livro de exercícios é treinar tua mente para pensar de acordo com as linhas que o texto levanta.

2. Os exercícios são muito simples. Não exigem muito tempo e não importa aonde tu os fazes. Eles não precisam de preparo. O período de treinamento é de um ano. Os exercícios estão numerados de 1 a 365. Não tentes fazer mais do que uma lição por dia.

3. O livro de exercícios é dividido em duas partes principais, a primeira lida com o desfazer do modo pelo qual vês agora, e a segunda com a aquisição da percepção verdadeira. Com exceção dos períodos de revisão, os exercícios de cada dia são planejados em torno de uma ideia central, que é declarada primeiro. Segue-se a isso a descrição dos procedimentos específicos a partir dos quais a ideia para o dia deve ser aplicada.

4. O objetivo do livro de exercícios é treinar tua mente de um modo sistemático para uma percepção diferente de todos e de tudo no mundo. Os exercícios são planejados para te ajudar a generalizar as lições, de forma a entenderes que cada uma delas é igualmente aplicável a tudo e a todos que vês.

5. A transferência do treinamento em percepção verdadeira não ocorre do mesmo modo que a transferência do treinamento do mundo. Se a percepção verdadeira a respeito de qualquer pessoa, situação ou acontecimento for alcançada, a transferência para todos e para tudo está garantida. Por outro lado, uma única exceção mantida em separado da percepção verdadeira torna suas realizações impossíveis em qualquer lugar.

6. Assim, as únicas regras gerais a serem observadas do início ao fim são: primeiro, que os exercícios sejam praticados com grande especificidade, conforme será indicado. Isso te ajudará a generalizar as ideias envolvidas em cada situação na qual te encontres, e a todos e a tudo nela. Segundo, certifica-te de não te decidires por contra própria que há algumas pessoas, situações ou coisas às quais as ideias não se aplicam. Isso impedirá a transferência do treinamento. A própria natureza da percepção verdadeira é que ela não tem nenhum limite. É o oposto da maneira que vês agora.

7. O objetivo geral dos exercícios é aumentar tua capacidade de estender as ideias que praticarás para incluir tudo. Isso não vai exigir nenhum esforço de tua parte. Os próprios exercícios satisfazem as condições necessárias para este tipo de transferência.

8. Acharás difícil de acreditar em algumas ideias que o livro de exercícios apresenta e outras poderão parecer bastante surpreendentes. Isso não tem importância. O que se pede de ti é simplesmente que apliques as ideias do modo que és orientado a fazer. Não se pede absolutamente que as julgues. Só se pede que as uses. É o uso delas que lhes dará significado para ti e que te mostrará que elas são verdadeiras.

9. Lembra-te apenas disso: não precisas acreditar nas ideias, não precisas aceitá-las e não precisas nem mesmo acolhê-las bem. Podes resistir vivamente a algumas delas. Nada disso terá importância ou diminuirá sua eficácia. Mas não te permitas fazer exceções na aplicação das ideias que o livro de exercícios contém e, sejam quais forem tuas reações às ideias, usa-as. Não se pede nada mais do que isso.

*


PARTE I

LIÇÃO 1

Nada do que vejo neste quarto [nesta rua, desta
janela, neste lugar] significa coisa alguma.

1. Agora olha lentamente ao teu redor e pratica aplicar esta ideia de modo muito específico a quaisquer coisas que vejas:

Esta mesa não significa nada.
Esta cadeira não significa nada.
Esta mão não significa nada.
Este pé não significa nada.
Esta caneta não significa nada.

2. Em seguida, olha para mais longe do que está em tua área de visão imediata e aplica a ideia a uma escala mais ampla:

Aquela porta não significa nada.
Aquele corpo não significa nada.
Aquela lâmpada não significa nada.
Aquele cartaz não significa nada.
Aquela sombra não significa nada.

3. Observa que estas afirmações não estão organizadas em qualquer ordem e que não levam em consideração nenhuma diferença nos tipos de coisas às quais são aplicadas. É este o objetivo do exercício. A afirmação simplesmente deve ser aplicada a qualquer coisa que vês. Ao praticares a ideia para o dia, utiliza-a de forma totalmente indiscriminada. Não tentes aplicá-la a tudo o que vês, porque estes exercícios não devem se tornar ritualísticos. Certifica-te somente de que nada do que vês seja excluído de modo específico. Uma coisa é igual à outra no que se refere à aplicação da ideia.

4. Cada uma das três primeiras lições não deve ser feita mais do que duas vezes ao dia, de preferência pela se manhã e à noite. Elas tampouco devem ser tentadas por mais do que cerca de um minuto, a menos que isso imponha uma sensação de pressa. Uma sensação agradável de ócio é essencial.

*

COMENTÁRIO:

Eis-nos aqui mais uma vez. Com um pouquinho de atraso neste dia, eis-nos de volta! E então? Todos prontos para o recomeço? Para um novo começo? Ou vocês já não vêm necessidade para as práticas? Haverá alguma, de fato? Existe ainda alguma coisa que vocês queiram mudar no mundo? 

Se existir, há necessidade de prática. E por quê? Porque, de acordo com o Curso, o mundo não existe, a não ser como representação ou projeção daquilo que cada um de nós traz dentro de si. Então, se há algo que julgamos ser necessário mudar no mundo, precisamos das práticas, para aprender que a mudança a ser feita é apenas interna. Ou seja, como o Curso quer que aprendamos, uma mudança que precisamos aprender a fazer em nosso modo de olhar para o mundo. Uma mudança que precisamos aprender a fazer na forma de olhar para nós mesmos, aprendendo a evitar o julgamento e a condenação de nós mesmos.

Mas isso tudo é assunto para todas as práticas que virão ao longo destes novos 365 dias [na verdade, 366 dias, uma vez que 2016 é um ano bissexto] que se iniciam neste momento, neste dia.

Assim, voltemos nossa atenção para a responsabilidade que temos em relação ao que somos, ou acreditamos ser, e para o que vivemos e experimentamos a partir daquilo em que acreditamos.

E, para que repensemos o que queremos viver neste ano que começa, dou-lhes abaixo o texto do escritor Luiz Ruffato, publicada em 30 de dezembro [de 2014, e adaptada para este ano de 2015/16 por mim] no site brasil.elpais.com, e que ele chama de:

Receita para ser feliz em 2016

Por uma questão de hábito, os últimos suspiros de um ano e os inaugurais de outro são momentos destinados à reflexão, mesmo que as conclusões a que cheguemos explodam nos céus junto com os fogos de artifício. Não me quero diferente: portanto, nesta derradeira coluna de 2015 e primeira de 2016, gostaria de oferecer algumas considerações a respeito de nossa estadia no mundo, provisória, precária, fugaz, baseadas numa constatação inicial, óbvia, mas quase sempre ignorada, de que o objetivo final de todos nós é alcançar a felicidade. (Mas, alguém poderia indagar, o que é felicidade? Eu respondo, citando e adaptando Santo Agostinho, cujas palavras referem-se na verdade ao conceito de tempo: “Quando não me perguntam, eu sei; mas se me perguntam, e quero explicar, não sei mais nada”).

Nascemos para a morte – eis uma verdade indiscutível. Nosso vagido preliminar não deixa de ser um grito de angústia: obrigados a deixar o conforto de uma relação literalmente umbilical com nossa mãe, que nos proporciona alimento, segurança e afeto sem que tenhamos de nos esforçar quase nada, somos violentamente jogados num mundo adverso ao qual demoramos a nos ajustar, sendo que muitos não se ajustam nunca. Cada dia vivido é uma marca que imprimimos na parede da nossa existência. Se admitimos que só contamos com essa oportunidade – eu pelo menos não creio em vida após a morte, nem em reencarnação –, então temos que tornar nossa passagem pela Terra a mais suave possível.

Portanto, nosso corpo é sagrado, o invólucro de que se reveste nossa essência. E, a rigor, trata-se do único bem material que possuímos de maneira efetiva. Todos as coisas que acumulamos são acessórias e acidentais: podem até nos proporcionar momentos de intensa alegria, mas não satisfazem nossa indigência espiritual. A felicidade que almejamos ultrapassa as necessidades comezinhas, embora não as despreze, pois apenas um corpo saudável, física e intelectualmente, resiste para subsistir no tempo, quando nos transformamos em memória. E se nosso corpo é sagrado, todos os corpos que nos cercam também o são. Segue daí que é na interseção entre eu e o outro que legitima-se o mundo: no ato de reconhecer o outro como igual a mim mesmo, de compadecer com a dor alheia, de regozijar com a conquista alheia. É o outro, enfim, que nos concede o estatuto de ser humano em plenitude. (“Nenhum homem é uma ilha isolada”, escreveu o poeta e ensaísta inglês John Donne, no século XVII).

Se nascemos para a morte, se o corpo é o único bem material que possuímos e se existimos apenas quando reconhecidos pelo outro, concluímos que somos os responsáveis exclusivos pela destinação que damos à nossa existência: somos o condutor e somos o veículo. Evidentemente que fatores biológicos, psicológicos, sociais e econômicos determinam, em parte, o lugar que ocupamos no mundo. Mas só depende de mim, do meu esforço, realizar-me como pessoa – e realizar-me como pessoa é edificar uma estrada larga e pavimentada rumo à felicidade. Neste sentido, ao contrário do que apregoou o escritor e filósofo francês Jean-Paul Sartre, o inferno não são os outros, mas nós mesmos. Nós é que arquitetamos nossa trajetória no espaço-tempo de uma vida, ora por espelhamento, ora por oposição.

Como não conseguimos definir a felicidade pelo que ela é, tentemos pelo que ela não é. Felicidade não é o mergulho no prazer efêmero, na satisfação do gozo imediato; não se confunde com a alegria, mas nutre-se dela; e, embora colocada como horizonte de possibilidades, não se realiza na consumação, mas flui em sua duração. A felicidade não é, enfim, um projeto egoísta, pois para sua consecução encharcamo-nos da Humanidade. Trata-se de uma utopia, dirão alguns. Mas, como diz o poeta Sergio Vaz, “para alcançar utopias é preciso enfrentar a realidade”.

Sejamos melhores, então, em 2016!

Eis aí algo para se pensar, vocês não acham? Algo que podemos, de fato, fazer a partir das práticas. Não ser melhores, mas simplesmente buscarmos viver a partir do que somos, de verdade, do Ser. 

Às práticas?

3 comentários:

  1. Só para dizer : PRESENTE ! Obrigado, Moisés . Bom Ano, para todos os " frequentadores " deste espaço de Luz !

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    1. Ah... que bom, David.

      Um ótimo 2016 para você. Que continuemos com as práticas juntos por longo tempo.

      Abraços. E obrigado por compartilhar.

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  2. Mais um ano juntos
    Muita gratidão Moisés

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