terça-feira, 10 de novembro de 2015

Quem sabe dizer quanto tempo dura um instante?


LIÇÃO 314

Busco um futuro diferente do passado.

1. Da nova percepção do mundo vem um futuro muito diferente do passado. Agora o futuro é reconhecido como extensão do presente apenas. Os erros do passado não podem lançar sombras sobre ele, uma vez que o medo perde seus ídolos e imagens e, por não ter forma, não tem nenhum efeito. Agora, a morte não reivindicará o futuro, pois no presente sua meta é a vida e se provê com alegria todos os meios necessários. Quem pode se lamentar ou sofrer se o presente está livre e estende sua segurança e sua paz a um futuro sereno e repleto de alegria?

2. Pai, estávamos equivocados no passado e escolhemos o presente para ficar livres. Agora deixamos de fato o futuro em Tuas Mãos, deixando para trás nossos erros passados e certos de que Tu cumprirás Tuas promessas presentes e guiarás o futuro na luz sagrada delas.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 314

Repetindo uma das frases de um dos livros de Wayne Dyer que li há não muito tempo:

Muda o modo de olhares para as coisas e as coisas para as quais olhas mudam.

Esta mesma ideia, dita de outro modo, é a ideia que o Curso oferece para as práticas de hoje. Uma ideia a respeito da qual todos, ou quase todos nós, já pensamos à exaustão, conforme já comentei aqui. Cheguei até a perguntar se estaria enganado ao dizer isso. Será que só eu pensei a respeito do tempo? Será que só eu penso a respeito desta questão?

É claro que sei que não. Pois desde que temos notícia de quaisquer seres pensantes, ouvimos dizer que a questão do tempo sempre ocupou espaço de destaque nos pensamentos de vários pensadores que viveram antes de nós neste mundo. Aliás, o tempo é ainda uma das questões de que se ocupam muitos dos pensadores deste mesmo tempo em que vivemos.

E o pior - ou melhor ? - de tudo: ninguém ainda, no mundo, nos deu uma resposta satisfatória. Uma resposta que deixe claro de uma vez por todas que o tempo não existe, pelo menos não na forma que pensamos nele, não na forma de que nos valemos dele, ou nos deixamos aprisionar por ele. Se a deu, preferimos não ouvi-la e apegar-nos às nossas crenças que dizem que o tempo passa, que o tempo cura, que o tempo é o melhor remédio.

Uma música da banda Legião Urbana, cantada por Renato Russo, diz que "temos todo o tempo do mundo", mas muitos de nós não acreditam nisso, não é mesmo? Fala-se cada vez mais hoje  em dia a respeito de uma aceleração do tempo. Aceleração que dá a muitos a sensação de que tudo está passando mais depressa. Muito mais depressa. E até já ouvi dizer que as ditas 24 horas que tem o dia [convencionalmente] se reduziram a 16. 

Será? 

Será que alguém que viva sua vida presente, consciente de que tudo o que acontece só acontece agora, neste instante, tem esta mesma percepção do tempo? Será que é possível, fora da ilusão de tempo em que pensamos viver, marcar a quantidade de horas que dura um dia? Quem de nós já não teve dias que pareceram durar anos e anos que passaram tão depressa que parecem ter sido vividos ontem? Ou, como já vimos o Curso perguntar, alguém saberá responder quanto tempo dura um instante? E já não experimentamos também instantes que nos pareceram ter durado uma eternidade?

O Curso ensina que o único tempo que existe é o presente. O agora. Isto é, o tempo em que nos encontramos quando estamos inteiros no lugar em que estamos, qualquer que seja ele, qualquer que seja o momento, ocupando-nos do que quer que estejamos fazendo. Seja o que for. É por isto que todas as discussões a respeito do tempo não levam a nada. Pois quanto mais nos ocupamos de definir o tempo, dividindo-o em passado, presente e futuro, tanto mais ele nos escapa. 

E muitas vezes nos lamentamos por não termos feito determinada coisa em uma tal situação. Ou por a termos feito noutra. Buscamos ficar mais atentos para não repetir um mesmo erro no futuro. Planejamos o que vamos fazer quando uma situação semelhante se apresentar. Ou seja, em geral, como o Curso ensina, passamos do passado diretamente para o futuro, sem perceber aonde estamos, sem estar no único lugar e tempo em que, de fato, podemos estar.

É por esta razão que as práticas de hoje são importantes. Oxalá elas nos permitam liberar o futuro e esquecer o passado, deixando-o junto de todas as ilusões que trouxe. Perdoado! É só isso que pode nos oferecer a perspectiva de que o futuro não seja mais como o passado, que ele se apresente pleno de potencialidades e possibilidades a serem realizadas no presente. Pois só deste modo poderemos aproveitar o tempo de forma plena. E antes de eu os deixar com o convite para as práticas, ofereço-lhes um poema, de um poeta amigo, com sua forma de pensar o tempo. O poema se intitula Tango. Vejam aí, por favor, e reflitam com as práticas. 

Tango 

Carlos Machado 

Bem que eu desconfiava:
o passo do tempo
não é constante
nem fiel ao
milho seco do relógio
- ração ofertada,
de grão em grão, a um
pássaro invisível. 

Serpente elástica,
o tempo se expande
e contrai como
corda de trapézio
circense
e arrasta o espaço
num laço dodecafônico. 

Para Einstein
ao tempo se permite
uma dança,
e o espaço vai
passo a passo com ele. 

Os dois parceiros,
num tango
cósmico, vibram
no desconcerto desse
trapézio-violino,
que os maestros nunca
saberão se está
dentro ou fora do tom.

Às práticas?

Nenhum comentário:

Postar um comentário