sábado, 20 de setembro de 2014

E daí?


LIÇÃO 263

Minha visão sagrada vê todas as coisas como puras.

1. Pai, Tua Mente criou tudo o que existe, Teu Espírito penetrou em tudo, Teu Amor deu vida a tudo. E eu olharia para aquilo que Tu criaste como se ele pudesse se tornar pecaminoso? Eu não quero perceber tais imagens sombrias e ameaçadoras. Dificilmente o sonho de um louco serve para ser minha escolha, em lugar de toda a beleza com a qual Tu abençoaste a criação; toda sua pureza, sua alegria e sua morada eterna em Ti.

2. E, enquanto ainda permanecemos do lado de fora do portão do Céu, olhemos para tudo o que vemos pela visão sagrada e com os olhos de Cristo. Que todas as manifestações pareçam puras para nós, para podermos ir além delas na inocência e caminhar juntos na direção da casa de nosso Pai como irmãos e como os Filhos santos de Deus.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 263

Ainda desta vez, não vou mudar praticamente nada do comentário - nem o título que dei a ele - feito nos últia mos anos para as práticas da ideia que o Curso nos oferece na lição de hoje, a não ser pela adição de um poema, como vocês vão ver abaixo. Continuo a acreditar que é importante fazermos mais uma vez as perguntas que sugeri então. Por isso aí vai de novo:

Vocês alguma vez já pararam para pensar que, na ilusão da forma e dos sentidos, na percepção, "... estamos nos movendo [permanente e constantemente] sem sentir"? Que "além da rotação diária da Terra e de sua revolução anual em torno do Sol, somos passageiros do Sistema Solar, que gira numa órbita não-especificada pela Via-Láctea, a qual, de seu lado, avança não se sabe para onde universo afora" [conforme Lawrence E. Joseph]?

Rivaldo, meu amigo, meu irmão internético, diria: E daí?

Daí, eu diria, como já disse aqui antes, continuamos a dar demasiada importância a nossos dramas pessoais, aparentemente "particulares", distraindo-nos, a maior parte do tempo, de nós mesmos e daquilo que, de verdade, é essencial a
 nossas vidas. Melhor dizendo, distraindo-nos da vida em si mesma. Inconscientes. Em um transe hipnótico sob a influência das ilusões do ego, avançamos "não se sabe para onde universo afora".

Vivemos, pois, em geral, olhando para o mundo, e para as coisas do mundo, como se precisássemos "ganhar todo o mundo", mesmo à custa de perder a alma. "O Espírito Santo te ensina que não podes perder a tua alma e que não há nenhum ganho no mundo, pois, por si mesmo, ele não favorece a nada" [T-12.VI.1:2].

Para o ensinamento do Curso que buscamos aprender, a única coisa de valor que existe no mundo são aquelas partes que olhamos com amor. É isto que as práticas da ideia da lição de hoje nos convida a fazer. Olhar para o mundo e para tudo o que aparentemente existe nele com amor. Só isto pode dar ao mundo o valor "e a realidade que ele alguma vez terá". Pois o valor do mundo não está no mundo em si mesmo, mas nosso valor está em nós mesmos. E, como "a valorização do ser vem de sua própria extensão, ... a percepção do valor do ser [também] vem da extensão dos pensamentos amorosos para aquilo que está fora" [T-12.VI.3:5].


Por isso, é importante, na busca do auto-conhecimento, aprender a "olhar para dentro", pois o que fazemos aqui é "empreender uma jornada", uma vez que não estamos em casa neste mundo. E nossa jornada tem por fim 
buscar nosso lar, "reconhecendo ou não onde ele está". Se acreditarmos que ele está fora de nós, a busca será inútil pois buscaremos aonde ele não está. E esqueceremos de "olhar para dentro", pois não acreditamos que lá é nosso lar.

O Curso diz, porém: "Não podes ver o invisível. Entretanto, se vires os seus efeitos, saberás que ele tem de estar aí. Percebendo o que ele faz, reconheces sua realidade. E por aquilo que ele faz, aprendes o que ele é" [T-12.VII.2:2-5].

Assim, a partir das práticas, podemos até re-criar em nós a consciência de que a verdade acerca de nós pode ser que, diferentemente, das perguntas iniciais deste comentário, a Via-Láctea de nossa consciência, em nossa jornada [no universo interior], avance na direção de nós mesmos, com todos os passageiros do Sistema Solar girando em uma órbita não-especificada, enquanto nos movemos e fazemos a Terra girar em sua rotação diária e em sua revolução anual em torno do Sol.


Ou, quem sabe, podemos aprender com o anti-poeta chileno, Nicanor Parra, que tudo existe no mundo do ego, mesmo a poesia, existe apenas para ser questionado. Vejam um exemplo da anti-poesia do poeta, que completou cem anos no último dia cinco, extraído do site poesianet, de meu amigo, e poeta, Carlos Machado:

CRONOS

Em Santiago do Chile
Os
    dias
          são
               interminavelmente
                                           longos:
Várias eternidades num só dia.

Nos deslocamos em lombo de mula
Como os vendedores de cochayuyo: *
A gente boceja. E volta a bocejar.

No entanto as semanas são curtas
Os meses passam a todo vapor
Eosanosparecequevoaram.
Cochayuyo, palavra de origem quíchua, é uma alga marinha comestível. 


Ou podemos escolher também continuar no auto-engano acreditando que existe alguma coisa fora de nós mesmos.

E daí?


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