segunda-feira, 5 de março de 2012

Mais uma chance para um longo questionamento


LIÇÃO 65

Minha única função é a que Deus me deu.

1. A ideia para hoje reafirma teu compromisso com a salvação. Ela também te lembra de que não tens nenhuma função diferente desta. Estes dois pensamentos são obviamente necessários para um compromisso total. A salvação não pode ser o único objetivo que manténs, enquanto ainda nutrires outros. A completa aceitação da salvação como tua única função envolve necessariamente duas fases; o reconhecimento da salvação como tua única função e o abandono de todas as outras metas que inventas para ti mesmo.

2. Esta é a única maneira pela qual podes assumir teu lugar legítimo entre os salvadores do mundo. Esta é a única maneira a partir da qual podes dizer com propriedade: "Minha única função é a que Deus me deu". Esta é a única maneira pela qual podes achar a paz de espírito.

3. Hoje, e nos próximos dias, reserva de dez a quinze minutos para um período de prática mais longo, no qual tentas compreender e aceitar o que a ideia para o dia, de fato, significa. A ideia de hoje te oferece saída para tudo o que consideras serem tuas dificuldades. Ela coloca em tuas próprias mãos a chave da porta para a felicidade, que fechas para ti mesmo. Ela te dá a resposta para toda busca que fazes desde que o tempo teve início.

4. Tenta, se possível, empreender os períodos prolongados de prática diária mais ou menos no mesmo horário a cada dia. Tenta também definir este horário com antecedência e, então, ser tão fiel a ele quanto possível. O objetivo disto é organizar teu dia de forma que reserves tempo para Deus tanto quanto para os objetivos e metas corriqueiros que buscarás. Isto é parte do treinamento disciplinar de longo alcance de que tua mente necessita, a fim de que o Espírito Santo possa usá-la de modo coerente para o objetivo que Ele compartilha contigo.

5. Nos períodos de prática mais longos, começa pela revisão da ideia para o dia. Em seguida, fecha os olhos, repete a ideia para ti mesmo mais uma vez e observa a tua mente com bastante cuidado para captar quaisquer pensamentos que passem por ela. Em primeiro lugar, não faças nenhuma tentativa de te concentrares apenas nos pensamentos afins à ideia para o dia. Em lugar disso, tenta descobrir cada pensamento que surgir para se opor a ela. Observa cada um enquanto ele chega a ti, com o menor envolvimento ou interesse possível, descartando-os um a um, ao dizeres a ti mesmo:

Este pensamento reflete uma meta que
me impede de aceitar minha única função.

6. Depois de algum tempo, será mais difícil achar pensamentos de intromissão. Experimenta, porém, continuar por cerca de um minuto mais, para tentar captar alguns dos pensamentos vãos que escaparam a tua atenção antes, mas não te canses nem recorras a um esforço indevido para fazê-lo. Em seguida, dize a ti mesmo:

Que minha função verdadeira seja escrita
para mim neste espaço em branco.

Não é necessário que uses exatamente estas palavras, mas tenta obter a sensação de estar disposto a deixar que tuas ilusões de metas sejam substituídas pela verdade.

7. Finalmente, repete a ideia para hoje mais uma vez e dedica o tempo restante do período de prática a tentar concentrar tua atenção na importância dela para ti, no alívio que sua aceitação te trará ao resolver teus conflitos de uma vez por todas, e no quanto queres realmente a salvação apesar de tuas próprias ideias tolas em contrário.

8. Nos períodos de práticas mais breves, que devem ser empreendidos ao menos uma vez por hora, utiliza esta forma para a aplicação da ideia de hoje:

Minha função é a que Deus me deu.
Eu não quero e não tenho nenhuma outra.

Fecha os olhos algumas vezes ao praticar isto e outras mantém-nos abertos e olha a tua volta. É o que vês que mudará por completo quando aceitares inteiramente a ideia de hoje.

*

COMENTÁRIO:

Trago-lhes mais algumas perguntas nesta segunda-feira, dia 5 de março. Lembram-se do comentário feito para esta lição no ano passado?  Conforme eu disse então ideia que praticamos hoje, uma ideia afirmativa, pode permitir que mudemos a forma de olhar para o mundo e para nós mesmos, para vê-lo e a nós mesmos de modo diferente. 


Por que razão repetir algumas perguntas? Eu diria que é porque alguns de nós acham que têm as respostas. Que sabem as respostas. Sabem? Sabemos? Oxalá, espero mais uma vez, se não todos, que alguns dos que leem este comentário e praticam estas lições tenham e queiram dar-se tempo para pensar a respeito de algumas das perguntas que faço.


E o exercício é apenas mergulhar nas perguntas, sem buscar respostas. Isso pode nos levar a todos, quem sabe?, a algumas percepções interessantes. Para refrescar a memória de quem passeou por aqui no ano passado, eu disse ter chegado à conclusão de que tudo o que dizemos e tudo o que todas as pessoas dizem,  seja de modo afirmativo, seja na forma de pergunta, não passa de questionamento pessoal. Isto é, nossa vida toda, tudo o que dizemos e fazemos, é apenas a manifestação de um enorme ponto de interrogação. Será que é por aí? 


Na verdade, nossas ações e pensamentos no mundo são uma forma de descobrir a que viemos. Porque, em geral, nenhum de nós, mesmo sem querer reconhecê-lo, não sabe nada de nada. É do fato de não se reconhecer isso, ou não querer reconhecer isso, que resultam todos os nossos enganos. Vejamos de novo: 

- Não é verdade que estamos sempre prontos para oferecer a solução a um possível problema que "outro" nos apresente? Será que somos capazes de perceber e aceitar a solução que oferecemos para problemas similares que vivemos? Será que nossa função é buscar resolver, na teoria ou na prática, os problemas dos outros? Do mundo? Da humanidade? De nossos amigos, parentes, vizinhos, parceiros, filhos? Existem outros? Ou tudo é apenas criação nossa? E se tudo está aparentemente virado de cabeça para baixo, quem faz isto?

E as perguntas que nos assaltam quando precisamos tomar uma decisão? Fazer uma escolha? Será que estou pensando certo? Será que estou tomando a decisão certa? Será que eu sei qual a escolha a fazer? Isso é o melhor para mim? Isso é o melhor para todos?  Para todos!? Sim, porque qualquer decisão que tomemos, por menor que seja nossa consciência disso, afeta o mundo inteiro. Mas acreditamos nisto ou pensamos que isto é mais uma bobagem dos "sábios" da Nova Era?

E as perguntas que resultam do fato de nos deixarmos envolver tão completamente pelas coisas do mundo e que nos deixam a maior parte do tempo inseguros do sentido da vida? Será que existe mesmo alguma razão para estarmos aqui? Onde é aqui? Quem é que está aqui? Quem somos nós? Quem sou? Aliás, esta pergunta é o ponto de partida de todo o ensinamento de Ramana Maharshi. E é também a pergunta que nos pode levar ao autoconhecimento, como nos ensina o Curso. Mas o que será autoconhecimento?

A ideia que praticamos com a lição de hoje pode ainda abrir enormemente o leque de perguntas para as quais achamos precisar respostas. Precisamos mesmo? Ela também nos oferece a oportunidade de mudar e de criar uma perspectiva diferente para nosso estar-no-mundo. Ela nos oferece a chance para questionarmos tudo o que nos ensinaram. Ela pode, de certa forma, dar sentido à vida que vivemos aqui. Quem precisa de sentido? Ela nos oferece ainda a chance de dar brilho e cor para as experiências por que já passamos, estamos passando e vamos passar ao longo de nossos dias. 

E tudo isso simplesmente a partir da aceitação da ideia verdadeira segundo a qual nossa única função é aquela que recebemos de Deus. Isto tem o poder de transformar nossa vida, dando-lhe novo significado, enchendo-a de alegria e de paz. Pois que outras sensações podem advir da certeza de que, seja o que for que estejamos fazendo, onde quer que estejamos, estamos cumprindo a função que Deus nos deu? Ou poderíamos estar em outro lugar? Fazendo outra coisa?

Que lhes parece? Alguém se anima a comentar?



6 comentários:

  1. A lição de hoje de fato requer uma grande reflexão.
    As questões que fazemos o tempo todo nos remete a rever conceitos e conduta.
    Hora de refletir.
    O que de fato estamos fazendo com a vida e a missão recebida de Deus.
    Um grande abraco a todos.
    Cassio

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    1. Ora, viva.

      Você está de volta, Cassio? Bem-vindo!

      Obrigado por comentar.

      Abração.

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  2. UAU !!
    O Cassio comentando?
    Isso sim é que é novidade, rs...
    Quanto as lições sigo praticando e sobre esta é preciso refletir de fato com profundidade.
    Bjs

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    1. É verdade, Nina.

      Mais importante, porém, que qualquer reflexão é a aplicação da ideia no dia-a-dia. Na prática. Isto é, a reflexão deve servir para que respondamos a nós mesmos a pergunta que quer saber se, de fato, tomamos a decisão de cumprir nossa função no mundo e se reconhecemos que a única função que temos é a que Deus nos deu.

      É mais ou menos como refletir e reconhecer que, de verdade, o que precisamos "acima de tudo" é ver, mas, como o Curso ensina, "ver de modo diferente". O que significa reconhecer que a maior parte do tempo não somos capazes de ver.

      Obrigado por comentar e ficar conosco.

      Beijos.

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  3. Eis aqui mais uma questão que vem de nossa querida Maria José:

    Bom dia, Moísés, você pergunta, quem se anima a comentar. Eu não só me animei como me arrisco a perguntar.

    Após ter lido, me imaginei caminhando até Santiago de Compostela. Com a minha mochila nas costas e só com um pensamento: chegar lá. E tudo mais que não seria o meu objetivo de concluir esse caminho, seria jogado fora.

    Me ajude nesta associação que eu fiz com o comentário da lição 65.

    Abs. Maria José.

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    1. Pois é, Maria José,

      O que se pode dizer? A mente viaja. A maioria das vezes sem que tenhamos consciência das relações que ela faz. Em geral, quando nos identificamos com as ideias que a mente nos apresenta, como que pedindo que façamos alguma coisa, estamos, como o texto do exercício diz, usando os pensamentos para estabelecer metas que nos afastem de nossa única função.

      Aquilo que cada um de nós é não depende de nada daquilo que fazemos, nem daquilo que pensamos ser. Aliás, a aparente dualidade que vivemos é exatamente fruto desta divisão que pensamos existir entre o que somos, de fato, e o que pensamos ser.

      Isto acontece porque não podemos exprimir em palavras o que somos. Assim, quando falamos de nós, nunca falamos do que somos, mas sim do que pensamos ser.

      Obviamente, se aquilo que você é precisa fazer o Caminho de Santiago, se isto for uma solicitação do Ser em você e se isto de algum modo a colocar em contato com o Ser em você, acho que sua associação tem a ver com o que a lição oferece.

      Entretanto, é sempre bom levar em conta aquilo que muitos mestres já ensinaram: o importante é "viver", no sentido de estar presente, a caminhada, o importante não é "chegar lá", onde quer que "lá" seja, o importante é caminhar. Na verdade, quando nos pomos a caminhar com o objetivo de chegar a algum lugar, que é o que fazemos o tempo todo em relação à vida e às experiências que se apresentam a nós todos os dias, a todo momento, é grande a possibilidade de que não vejamos toda a beleza que o caminho e o caminhar mostram.

      Obrigado por estar conosco e comentar.

      Beijos.

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